30 de dez. de 2006

Dez compromissos para 2007


Writer's Block, originally uploaded by Ana June.

7. Guardar as pretensões na última gaveta da estante e participar com afinco e devoção do concurso. Ei de vencê-lo. Essa cena não se repetirá nunca mais.

29 de dez. de 2006

Dez compromissos para 2007


Our Home - Static and Mobile, originally uploaded by Iceburns.

6. Amar somente quem me quer. Amar quem se preocupa em perguntar se já almocei, se quero almoçar, se estou com fome, se quero sair pra jantar, com qual recheio eu quero a pizza. Eu me recusando. Ele solicitando uma "aos quatro queijos" tamanho família à atendente do Drive-thru. Com bastante orégano, senhorita. Relaxar na banheira, sem me importar com a conta do motel que ele nunca fez questão de questionar o preço. Aceitar os convites para acampar na chapada; os convites para pescar no Alto Araguaia. Amar quem quer cuidar de mim. Tornar-se um cão de estimação daqueles que abanam a cauda de tanta felicidade ao ouvir o motor do carro do dono estacionar em frente ao portão. Saio correndo para recebê-lo na porta. Recebê-lo aos beijos. Fortes, quentes, molhados, intensos. Tomar de suas mãos a pasta de couro de búfalo e o paletó. Afrouxar-lhe o nó da gravata. Pular no seu colo. Eu esganchado na sua cintura. Meus pés cruzados por trás. O peso do meu corpo sustentado por seus braços. Minhas costas pressionadas contra parede. Me morde os lábios, me aperta com força, vamos para o chão. "Hail To The Thief" abafando a gritaria.

28 de dez. de 2006

Dez compromissos para 2007


Mestre Athayde, originally uploaded by rrtaddei.

5. Manter-se em silêncio durante o dia. Evocar o mantra durante a caminhada noturna. Meditar antes de ir dormir e adorar o Santíssimo às quintas-feiras na capelinha da Santo Antônio.

Dez compromissos para 2007


Marble abdomen, originally uploaded by Marcus Zorbis.

4. Fortalecer a musculatura do abdome, bíceps e glúteos.

Dez compromissos para 2007


kombucha factory 1, originally uploaded by dontodd.

3. Fazer uso medicinal da Kombucha, dos grãos de Kefir e do levedo de cerveja (ugluh!).

Dez compromissos para 2007


typewriter, originally uploaded by Sandeep Sangaru.

2. Digitar com destreza e precisão. 2.000 toques-líqüidos por minuto seria uma marca invejável.

27 de dez. de 2006

Dez compromissos para 2007


Feline literary snobbery., originally uploaded by jotyco.

1. Ler cinqüentas páginas por dia, teoria ou ficção.

26 de dez. de 2006


around the bend, originally uploaded by m krause.

Ele se arrastava no chão, ouvindo versos que só mais tarde depois de noites e noites quentes e frias conseguiu traduzir e mesmo assim com ajuda da amiga que sempre se encontrava on line. A razão residia naqueles castanhos cachos, cabelos selvagens. Fortes. O namoradinho se deliciava com o fato dele se sentir tão à vontade na sua frente. Ele trazia as novidades que as gravadoras enviavam para loja. Incentiva os trejeitos das mãos, o rodopiar da saia azul-anil. Desde que ele fosse o único espectador a saborear a visão proporcionada pelas curvas das coxas. Não era. Nunca foi. Ele era um ganha pão, assim como viria a ser todos os outros. Não que a música lhe aquecesse os brônquios, apenas as paredes não podiam conter o som que se propagava rua abaixo. Duas horas da manhã. Chama a polícia. Alexandre dopiava desequilibrando o eixo da Terra. Ele desistiria de viver ao lado de um cara que, no futuro, dirigiria picapes dissonantes. Pista cheia. Planava ao som da melodia. Sobrevivência dos seus sonhos garantidos por longos três minutos. E pensar que o orgasmo se perderia no cosmo antes infinito. O vício embrionário se apoderando da boca cujos lábios assoprariam velas projetadas especialmente para derreter-se rapidamente. Parafina incandescente. Uma forma de arrancar notas de cem dólares de estrangeiros gordos de tão peludos. Não me importa. Desde que sejam carinhosos. O que eu faço com esse preto consolo borrachudo que enverga quando o jogo para cima. Bestialidades. Os homens se divertiam. E a canção se repetia dentro de si, num ritmo que se alternava entre o pianíssimo ao estrondoso. Ele queria morrer, mas o drama não permitiria que a tragédia se consumasse. Havia regras a seguir. Obediência, subserviência, uniforme completo. Calcinha branca, com fundo puído, o cós com a renda descosturada o que se trazia naturalidade àquele menino. Peito tenro. Não balançavam ainda como viria a balançar, anos mais tarde, pista de apresentação. Um putinho em formação. Ele se divertia a tarde toda, esquecendo-se de preparar o jantar do pai antes que este chegasse do trabalho.

Ao som da voz do Thom Yorke, baixado daqui.

24 de dez. de 2006

Jonathan Safran Foer

Falaram tão bem dele que agora estou esperando muito de sua narrativa. O risco da decepção é grande.

23 de dez. de 2006


What's In My Bag, originally uploaded by Burnt Pixel.

Ainda assim faltaria você. Inspira-me!

Estou aqui no pelourinho expiando por nossos erros. Quantas vezes precisaremos praguejar contra a operadora? Até aprender a se comportar numa delicatéssen. Veste a jaqueta. Pegue o gravador. Vamos dar uma volta no quarteirão. Tua postura não convence. Como se fosse necessário. O nível da minha insatisfação atingiu o intolerável. Vontade de bater a cabeça na parede até quebrar o pescoço. E porque não o faz? Tenho consideração pelos azulejos do Athos Bulcão. Seja claro, honesto, transparente. Confiro se os telefones estão no gancho. Maçante seria se fosse a antevéspera da bodas de ouro dos louva-deuses. E sua frustração toda seria porque Papai Noel não quis lhe deixar em casa. Ou não pode, ou não fazia questão. O protocolo cumprido no banco de trás de uma pathfinder, ao menos o couro respondia: “me rasga, me arranca, me faz de chicote”. Não adianta tamborilar os dedos no teclado. O verbo continuará atrasado. Vamos ao menos fazer uma empregada doméstica sorrir. “Ah! Você não entende o consumidor". E o que adiantaria se não podemos oferecer o que ele deseja? Respondi numa boa. Hoje, descobri que me davam gelo. Há! Há! Há! Gelo eu chupo ou enxugo. Há a possibilidade de raspá-lo também. Transparente ou opaco? Deixa pra lá. Quarenta graus lá fora; menos vinte, aqui dentro. E a noite, o Senhor Carisma, este escriba fracassado (redundante), estará recebendo os convivas. Reformas de posto de gasolina e mastoplastia tornaram-se assuntos tabus. Mesmo quando o tumor nos corrói os sentimentos. O anfitrião escondido atrás de um pote de nozes a quebrar. Podia ser um baile de máscara, assim não teríamos trabalho nenhum. A mesma expressão, para todas situações. Coloque-se no lugar do Estrela. Dos Estrelas. Quantos se apagaram esperavam você cumprir uma promessa que nunca seria capaz de cumpri-la, se eles não revisem tudo que lhes fora ensinado sobre a prática do coito? Eu menti, enganei e me sinto no direito de emputecido ligar xingando Fulaninho e Beltrano. Eu não tenho direito nenhum. O que você está fazendo? Nada. Se o sicrano tivesse feito a pergunta corretamente, eu teria lhe respondido a mais absoluta verdade: estou escrevendo uma carta suicida. Que mal há nisso? É apenas um exercício literário. Ele com certeza não teria deixado a latinha de cerveja ao lado do teclado. “Abre para mim. Abre-a para mim". Segurou a latinha em suas mãos, como se fosse um capitão levando o troféu da final do mundial de Interclubes. O anel de alumínio que poderia ser estraçalhado, amassado e regurgitado, se ele quisesse, preferiu jogá-lo no bolso da minha camisa. “Para você guardar de lembrança de mim”. “Já tenho muitas lembranças tuas.” Atirei-o longe. Observando sicrano bicar da cerveja, aguçou-me a vontade de recitar-lhe alguns versos de Camões, os que eu conseguisse me lembrar. Irritá-lo com que foi obrigado a estudar no ginasial. O frio alumínio roçando minhas costas a caminho do pescoço. Se tivesse restado alguma gota, estaria ela deslizando pela minha pele. Banhado, lambido e servido. Despejaria em mim todo o líquido sem se importar se eu aceitaria ou não; se eu agüentaria ou não. Pedir para buscar outra bebida, seria covardia com seus lábios a procura dos meus mamilos intumescidos. Precisa aperta-los tanto? Não morde! Solta! As unhas cravadas na nuca, um freio de mão improvisado. A força vento envergando o coqueiro até suas folhas encostarem-se no chão. Que vida se rache em bandas. Pedi apenas para que antes me deixasse salvar o arquivo. Ele chutou o estabilizador e me silenciou gemidos com meus lábios entre seus dentes.

Ouvindo Chico Ao Vivo (Disco 2), desde às 5 da manhã.

22 de dez. de 2006


Fé, solidão e linhas, originally uploaded by Marcel Pace.

Que culpa tem os vitrais? Ele poderia ter dito qualquer coisa: "você tem dinheiro para o táxi?". Preferiu o silêncio. A arma estratégica que também uso para me mortificar, quando de fato as opções acabaram. Punhal usado quando desejo que todos saibam que a raiva se faz inteira presente no meu coração, dominando minha mente com pensamentos de fuga. Essa ausência trago dentro de mim. O cosmo contigo numa semente. Tem lógica. Tudo tem sua lógica, mesmo não sendo racional. Esse silêncio me mata. Antes fosse fulminante, como um ataque do coração.

21 de dez. de 2006

Santa Claus de braço engessado


Natal Brasília - Torre de TV, originally uploaded by jvc.

Este ano eu não pude me esconder na velha desculpa de que estava sem tempo.
Cá estou eu a fazer algo que detesto, escrever mensagem de votos de Boas Festas. Nunca sei como iniciar. Nem como terminar. Resolvi seguir a regra. Uma mesma mensagem para todo mundo. Só agora depois de semanas, brigando com as palavras, ouvindo Diana Krall para me estimular, é que me dou conta que estaria sendo muito mais fácil escrever para cada pessoa individualmente. Como falar para pessoas tão diferentes entre si? Sinceramente, não faço idéia.

Seria uma mensagem direcionada a todos meus amigos; os de infância; os do colegial; os da faculdade; os da Oficina Literária; blogueiros e não-blogueiros; os virtuais que só conheço a voz; aqueles que deixaram de ser apenas uma voz; os recém aceitos na minha lista de contatos; os que me conheceram através da loja; os que continuam me chamando de professor; os que me fazem chorar, os que me fazem rir; os do gabinete, os do paintball, os do coro sinfônico, os do grupamento; os que me acalmam quando estou preste a mandar tudo pelos ares; os que são minha primeira opção (e única! rs), quando me encontro em apuros; minha terapeuta que não tem sido amiga (nem deveria); os que inevitavelmente me lembrarei quando esta mensagem já estiver sido enviada. (Desculpa, Tobias! Se eu não pagasse esse mico, não teria sentido.) A todos meus sinceros amigos, confesso:

Queria ser Santa Claus, por uma só noite. Ave nenhuma seria abatida. Nem leitoa. Amigos não seriam mais ocultos. As filas nos Correios seriam extintas (nos supermercados também). Aquele parente zombador não nos provocaria mais com suas piadinhas infames. Aliás, não aceitaríamos provocações. Seríamos todos dotados de paciência de teflon. Descansaria a cabeça no colo daquele(a) que amamos e não teríamos pressa em se levantar para se servir de um pedaço da torta de chocolate. Notas de mil dólares brotariam dos nossos bolsos. Na casa de câmbio teria sempre alguém de confiança para nos atender. Inimigos seculares pediriam perdão uns aos outros e juntos abririam uma nova padaria no bairro. Aquele inesquecível amor de toda vida nos telefonaria (bêbado!) fazendo confissões despudoradas. “Agora é tarde, meu bem, você demorou demais para compreender a diferença entre o que você queria e o que eu precisava.” Reservaria com antecedência um local confortável com visão panorâmica para assistir a queima de fogos na baía de Guanabara, ou na de Sydney, ou em Zurique, ou na Times Squares ou em Taiwan. O lugar não importa e sim quem estaria ao meu lado. O Blackberry silenciosamente se contentaria em ser coadjuvante por vinte e quatro horas.

Aqui, nenhuma gota d’água; lá, nenhum floco de neve. O sereno da noite transformando-se em orvalho. Floridas begônias vermelhas a dançarem no jardim ao compasso da sinfonia dos ventos, composta especialmente para essa ocasião. Seria uma noite de gala. Luvinhas brancas. Abotoaduras de safiras. As damas, de longo. Os cavalheiros, de windsor. Alegria. Felicidade. Euforia. Beleza e Contentamento. O neófito 2007 tranqüilo no seu canto aguardando os últimos dias de 2006 se desfazerem de tudo aquilo que não nos servirá mais. O espocar da champagne. A noite contida no ínfimo das horas. E voltar para casa com sensação de ter realizado todo o possível para que ao menos essa noite em especial fosse feliz.

20 de dez. de 2006


Lappland 379, originally uploaded by salomon10.

Uma mensagem de final de ano para todos meus amigos; os de infância; os do colegial; os da faculdade; os do círculo literário; blogueiros e não-blogueiros; os virtuais que só conheço a voz e aqueles que deixaram de ser apenas uma voz; os recém aceitos na minha lista de contatos; os que me conheceram através da loja; os que continuam me chamando de professor; os que me fazem chorar, os que me fazem chorar de rir, os do gabinete, os do paintball, os do coro sinfônico; os do grupamento; os que me acalmam quando estou preste a mandar tudo pelos ares; os que são minha primeira opção (e única! rs) quando me encontro em apuros; incluindo minha terapeuta, que não é minha amiga, mas nem por isso deixo de amá-la igualzinho; os que inevitavelmente me lembrarei quando essa mensagem for enviada. (Desculpa, Tobias! Se eu não pagasse esse mico, não teria sentido.) A todos meus queridos amigos, boas festas!

Queria ser Santa Claus, por uma só noite. Ave nenhuma seria abatida. Nem leitoa. Amigos não seriam mais ocultos. As filas nos Correios seriam extintas (nos supermercados também). Aquele parente zombador não nos provocaria mais com suas piadinhas infames. Aliás, não aceitaríamos provocações. Seríamos todos dotados de paciência de teflon. Descansaria a cabeça no colo daquele(a) que amamos e não teríamos pressa em se levantar para se servir do farto e sortido buffet. Notas de mil dólares brotariam dos nossos bolsos. Na casa de câmbio teria sempre alguém de confiança para nos atender. Inimigos seculares pediriam perdão uns aos outros e juntos abririam uma nova padaria no bairro. Aquele inesquecível amor de toda vida nos telefonaria (bêbado!) fazendo confissões despudoradas. (Agora é tarde, meu bem, você demorou demais para compreender a diferença entre o que você queria e o que eu precisava.) Reservaria com antecedência um local confortável com visão panorâmica para assistir a queima de fogos na baía de Guanabara, ou na de Sydney, ou em Zurique, ou na Times Squares ou em Taiwan, o lugar não importa e sim quem estaria ao meu lado. O Blackberry silenciosamente se contentaria em ser coadjuvante dessa noite de Santa Claus. Nada de chuva, tampouco neve. O sereno da noite transformando-se em orvalho. Floridas begônias vermelhas a dançarem no jardim ao compasso da sinfonia do vento, composta especialmente para essa ocasião. Seria uma noite de gala. Luvinhas brancas. Abotoaduras de safiras. As damas, de longo. Os cavalheiros, de windsor. A Alegria combinando com a Felicidade a dose de euforia necessária para que a Beleza e o Contentamento promovessem os encontros adiados. O Renascimento e o Despertar aguardando o espocar da champagne. Seria a celebração do encerramento do longo e cansativo ciclo. A Glória observando do seu cantinho o momento exato de entrar em cena. Agradabilíssima sensação de ter contribuído da melhor forma possível para que a noite fosse ao menos feliz. Para todos nós.

19 de dez. de 2006


Last Kiss Party, originally uploaded by achickonspeed.

Façamos (vamos amar)
Cole Porter (Versão: Carlos Rennó)

Os cidadãos, no Japão, fazem,
Lá na China um bilhão fazem,
Façamos, vamos amar.

Os espanhóis, os lapões fazem,
Lituanos e letões fazem,
Façamos, vamos amar
Os alemães, em Berlim, fazem,
E também lá em Bonn;
Em Bombaim, fazem:
Os hindus acham bom.
Nisseis, nikkeis e sanseis fazem,
Lá em San Francisco muitos gays fazem,
Façamos, vamos amar.

Os rouxinóis, nos saraus, fazem,
Picantes picapaus fazem,
Façamos, vamos amar.
Uirapurus, no Pará, fazem,
Tico-ticos no fubá fazem,
Façamos, vamos amar.
Chinfrins galinhas a fim fazem,
E jamais dizem não;
Corujas, sim, fazem,
Sábias como elas são.
Muitos perus, todos nus, fazem,
Gaviões, pavões e urubus fazem,
Façamos, vamos amar.

Dourados no Solimões fazem,
Camarões em Camarões fazem,
Façamos, vamos amar.
Piranhas, só por fazer, fazem,
Namorados, por prazer, fazem,
Façamos, vamos amar.
Peixes elétricos bem fazem,
Entre beijos e choques;
Cações também fazem,
Sem falar nos hadoques.
Salmões no sal, em geral, fazem,
Bacalhaus no mar em Portugal fazem,
Façamos, vamos amar.

Libélulas, em bambus, fazem,
Centopéias sem tabus fazem,
Façamos, vamos amar.
Os louva-deuses, com fé, fazem,
Dizem que bichos-de-pé fazem,
Façamos, vamos amar.
As taturanas também fazem
Com ardor incomum;
Grilos, meu bem, fazem,
E sem grilo nenhum.
Com seus ferrões, os zangões fazem,
Pulgas em calcinhas e calções fazem,
Façamos, vamos amar.

Tamanduás e tatus fazem,
Corajosos cangurus fazem,
Façamos, vamos amar.
Coelhos só, e tão-só, fazem,
Macaquinhos num cipó fazem,
Façamos, vamos amar.
Gatinhas com seus gatões fazem,
Dando gritos de "ais";
Os garanhões fazem;
Esses fazem demais...
Leões ao léu, sob o céu, fazem,
Ursos lambuzando-se no mel fazem,
Façamos, vamos amar.

18 de dez. de 2006

Auld Lang Syne (ou era uma vez uma crônica de final de ano)


Maple, originally uploaded by DigiPub.

“Final de Ano”... Não. Me lembra a propaganda que acabei de assistir. “Natal”... Nem pensar. Tenho amigo agnóstico e ele tem nos visitado regularmente. “Boas Festas!”... Quando penso em “amigo oculto”... Na mãe entregando embrulhos e mais embrulhos de presentes ao filhinho mimado... Me sinto constrangido por quem veio apenas cear conosco e assiste aquele show de exibicionismo. Ostentação. “Boas Festas!” Não serve, porque a minha definitivamente não será. Espero sinceramente que a de vocês, leitores, sejam. Pelo menos alguém nesse mundo tem que estar feliz quando o sino da capelinha soar as doze badaladas. E este seria meu último texto de 2006 para desejar-lhes... Como está difícil iniciá-lo. Talvez seja o frio dos dias (não culpe o tempo por sua incapacidade). Talvez seja a interrupção constante. Perco-me no ritmo do toque da Habanera. Vou mudar o toque desse celular. E vai ser agora.

Reestruturo a introdução. Minha imagem turva no espelho das palavras. Desconheço-me nos verbos das orações. Éramos nada mais do que uma simples mensagem de otimismo. Singela, espirituosa, que fazia jus à minhas pretensões estético-literárias e eu-bússula desorientado a caminho de casa. Irrelevante. Nunca sei mesmo o que escrever. Apago definitivamente a segunda frase. Ritmo atravessado. Havias uns ecos. Ao menos, a narrativa fluía, o pensamento quente, os dedos ágeis e eu agora aqui chorando porcas misérias. Gostei desse clichê. Fica como está. Por enquanto.

Rasgo a folha que já se desmancha de tanto ser apagada. Na bolinha atirada ao cesto de lixo estão minhas frustrações de ontem à noite. De todas as noites desse ano de 2006. (A quem interessa isso, Marcinho?) Porque não existe uma borracha grande o suficiente para apagarmos todos nossos erros passados? Já que não aprendemos com eles. O rascunho atirado na lixeira vinha-se mantendo na inspiração do momento. E o momento agora é outro (o dia também). Deste, sinto brotar uma metalinguagem crônica (vocês já devem ter percebido, não?), mas isso não tem nada a ver com as festividades desse ano de 2006. O texto está longo, maçante, um fracasso. Quando, ao contrário, deveria ao menos inspirar uma virada de ano de alegre, festiva, os amigos se confraternizando, o buffet aberto, espetáculos pirotécnicos e um orgasmo desnorteante.

Volto ao Google. Me falta pesquisa. “Ano Novo”, hmmm... hmmm... hmmm... Escritor romântico. Folclore escocês. Meu Deus! Aonde eu vim parar? Eu queria apenas desejar a todos um excelente ano de 2007. Simples. Fácil. Insosso! Vontade de trancar a porta do quarto e fingir que não há ninguém aqui dentro. E não há mesmo. Definitivamente não há. Nunca houve e nunca haverá. Não pode haver. Todos se foram. Quem permaneceu, cego está ofuscando pela luz da iluminação de Natal. Vocês não imaginam o quanto a Esplanada dos Ministérios está linda. Aquele gramado verde. A chuva fina. Sempre chove. A Catedral flutuando sob um néon azul-vermelho futurista. O cenário nos convidando a celebrar o fim, mas nada tem muito sentido. A felicidade foge à lógica. Embriagar-me de vinho de tinto demi-seco, não surtirá o efeito. Diante a dor da saudade, é melhor estar lúcido para poder assistir de camarote o estado de euforia que toma conta das pessoas durante os últimos dias desse dezembro de 2006. Pode ser que dali surgem elementos para um boa história e eu tenha finalmente o que contar para meus amigos.

16 de dez. de 2006


shirtless and jeans, originally uploaded by Tanworkboots.
Já era para ele ter entrado em contato. Eu estava tão fascinado que acabei rezando o Credo. Troquei a ordem dos versos. Um bando de corujas nos cercava. Elas também fazem. Estou apaixonado, querido amigo DiCla. Encantado. Deslumbrado. Ah! O banco de couro... Eu preciso é de dinheiro. Não de alguém que esteja ao meu lado sempre que for preciso. Sei que gosto tem sua virilha, mas não sua saliva. Portanto, esquece aquela nuca raspada. Será apenas mais um conhecido. Nada mais. Pense nas figurinhas repetidas. Elas não preenchiam nossos álbuns. Tomatinhos-cereja na minha salada. Colorida, saborosa, nutritiva. Bonita né? Mas não a sirvo. Onde você estava às vinte três horas, da quarta-feira, do dia treze de dezembro? Onde eu estava?! Sonhando. Imaginando que divertido seria se ele me abraçasse forte e beijasse com furor. Ah, meu Deus! Black Belt. Foram suas idéias que me seduziram. Seu raciocínio lógico-dedutivo. Seduziram o quê? É a coisa mais fácil convencer uma pessoa carente a fazer o que a gente quer. Confesso, foi a braguilha aberta que ele nem se incomodou em fechar quando de relance olhei. Sou observador. Detalhista. Meu olhar captar o pormenor que nos escapa. O fio de cabelo na barba do marido traidor. "--Você me livrou de uma. Estou lhe devendo essa." No outro dia, ele apareceu de cara limpa. Trinta anos usando barba e no outro dia ele estava de cara limpa. Rosto liso, perfumado, irritado, sensível, descorado. Estava sexy demais. "—Nossa, ficou lindo!” E o jeito com que ele desatou o nó da gravata, me fez concluir: não eram somente o ângulo do queixo e o peitoral hipertrofiado que o tornava irresistível. Um imenso leão se limpando após abater a caça. Saciado. É nessa savana que me perco. Assim era o rapaz do estacionamento do shopping. Um anônimo e anônimo permanecerá. Mantinha uma postura de quem está satisfeito com tudo que a vida havia lhe oferecido e que ele procurava unicamente alguém para descarregar sua necessidade. E esse alguém aqui estava disposto a fazer muito mais do que isso. Te conheço, rapá! Você esteve o tempo todo segurando o leme. Manipulou os sentimentos do cara. Estimulou o pavão a abrir a calda. Caçador calejado. A caça estava assustada. Ela tinha muita coisa a perder; você nem as pregas, graças a Deus. Ele vai demorar a entrar em contato, se entrar. Melhor assim. Não posso me envolver. Só o que há de descartável me interessa.

12 de dez. de 2006

Por que Paris, quando pode ser Belo Horizonte?


Igrejinha by night, originally uploaded by ClaudioCosta.

Deixei até recado no seu blog ontem...Oi! Havia chegado gente aqui. Obrigado pelo comment. Olá! Oi! Pois é. Obrigado pelo comentário. Qual o trecho do DiCla que mais lhe chamou a atenção? Tudo, cada frase está perfeitamente bem escrita... e além disso, suas coisas têm uma força, um sentimento...Que dia vai se dedicar a um projeto de se lançar mesmo? E que história é esta de outro blog? Estou mais preocupado com o concurso da Câmara dos Deputados. Para que cargo? É um projeto plenamente justificável no qual pretendo reunir amigos que guardam para si impressões sobre os livros que leram e os marcaram muito. hum...Amei o texto lírico do cara do Câmara dos Deputados. Você pode não lançar nenhum livro, mas um fã já tem... rs. Assistente legislativo. Obrigado, Rick. Mas, depois de inflar meu Ego quero saber quem irá estourá-lo, ok? Não quero ser um balão a vagar sem direção. Tá bom, mas é que você é vida inteligente... e convivo com tanta mesquinharia, burrice.. Você é um oásis. Nem estou preocupado com isso. Quero apenas andar de bicicleta no parque num dia de sol forte, até não me restar mais forças nas pernas ou dar umas braçadas numa piscina olímpica de águas translúcidas de tão puras e depois de horas grunhir exaurido pelo salva-vidas. Ou poderia ser de também, escrever até a LER me entortar os dedos. De fato, queria apenas poder praticar até aprender. Se for escrever, melhor ainda. Por isso está produzindo tão bem. Publicado de certa forma, já está. Vivo minha época. Sou semente brotada da blogosfera. Blogger. Não posso falar em publicar, depois de ter lido um pouco da vida de Lima Barreto e Júlio Cortázar. ;) Vou ter que pesquisá-las. A mesquinharia e a burrice não me incomodam, sabemos o que fazer com o lixo, certo? Todo dia surge um novo maquinário para a indústria da compostagem. Sim, mas eu não consigo me manter alheio ao mundo, ainda não achei uma posição, um balcão, um ambiente floral, onde eu possa existir e observar. Simples assim. Muitos escritores da minha geração, já publicados, eu ignoro solenemente. Não acredito que seja manter-se alheio, simplesmente significa dar um novo sentido para tudo que paira nefasto no ar, nos sufocando, nos envenenando, na maioria das vezes, uns contra os outros. Uma coisa que está foda em seus textos é que estão gramaticalmente perfeitos! Antes sobravam ou faltavam umas palavras mesmo... Enfim.. acho que não é questão de nada... é um caminho. Vou sair Marcinho.... quero passar um fds conversando com você. KKKKK... Cuidado. Não aceito de amigos elogios. Ademais, um pouco da sintaxe, somos nós que fazemos. Quando quiseres. Abraço.

E o Rick desconectou do MSN e tive a idéia de publicar nosso diálogo, mesmo sem a autorização dele. Modifiquei algumas frases mas o sentido mantive intocado. Obrigado, querido amigo Rick, pelos gentis elogios e por me lembrar do fascínio que Paris nos causa.

Por isso!

11 de dez. de 2006


M&M's, originally uploaded by spellbunny.
Não gosto de escrever o óbvio, até porque passa a impressão que de estou chamando o leitor de burro, nada contra os estúpidos ou ignorantes, tampouco contra o burricos que tanto gosto de montar. Apenas deixar claro o que escrevo, faz com que se perca as sutilezas do discurso escrito. Meus olhares, meus sorrisos, meus arquear de sombrancelhas elas são suprimidas diante a narrativa, por mais que descreva minuciosamente a expressão. Há um tempo impossível para mim, por enquanto, de se captar. A solução encontrada nada original, mas com que me identifico é gerir o caos no dia de tempestade. Antes, durante e depois. Um caos extremamente charmoso, elegante, perfumado e nervoso. Foi por causa dele que li a reportagem da revista "Istoé Dinheiro" e em seguida respondi sinceramente o teste. Você bota fé nesses testes que pipocam no ciberespaço? Claro que não. Foi minha auto-estima atrevida que ficou sorrindo para o espelho.
Estagiário/ Trainee dos sonhos
"Você fez 18 pontos
Pró-ativo, empreendedor, criativo, ágil, responsável: seu perfil é muito próximo daquele que as empresas hoje procuram. Contudo, não é por isso que você deve cruzar os braços e esperar, já que nada (e isso você já deve saber) cai do céu. Continue se empenhando em buscar oportunidades, desenvolver cada vez mais suas capacidades de comunicação e de lidar com equipe, que poderá trilhar uma carreira brilhante. E, o que é importante lembrar: não necessariamente na mesma empresa". (grifo nosso)
Faça o teste aqui

9 de dez. de 2006

Lanche depois das onze

Antes tivessem sido meus ossos todos fraturados. Pisoteados. Moídos. Incinerados. Lã de carneiro vedando olhares. Cera da Índia tampando sussurros. Não consigo servir em copos o vinho que nos entorpece a mente. Cândida nuvem do céu pós-dilúvio. Linha vermelha onde me escondo. É Brisália. Esse céu me lembra Brisália.

A consciência mais me parece um bate-estacas (expressão em homenagem ao soldado) a me condenar: “bem-feito”, “bem-feito”, “bem-feito”, “bem-feito”. E foi bem-feito mesmo. Meu dique particular preste a se romper. E romperá, chegando no limite da TV em cores que já se apagou e não pagou. Venha, venha, venha sonhar comigo.

Pago um preço muito caro por não fazer concessões. Com a única certeza da única possibilidade no beco lusco-fusco onde pichara meu nome sobre o nome de alguém que finjo desconhecer quando encontro na rua. Kant e o Guerreiro eram namorados. Todos diziam. Galhofas de adolescentes. E éramos mesmos, mas não sabíamos. No máximo, troca-troca. Os Colibris dos Alpes. Viciados em pastilhas coloridas. Azuis lhes facilitavam a felicidade. As vermelhas lhes acalmavam. As verdes de praxe impulsionadoras e as cor-de-rosa, tradução do amor. O drama transformado em tragédia. Três atos. Do meio para o final; ou tudo fragmentado, entrecortado. Ainda não me decidi.

Tampouco decidi, se vou narrar a vitória do macho velho que acabou de despejar-se sobre mim. Mingau de maisena, bebê. Toma que é nutritivo. O dedão do meu pé passeando por uma boca que ora me beijava. Viu porque compensa deixar uma fortuna no podólogo? Nunca adivinho quando o cão aparecerá para marcar seu território. Carece de exatidão. Ele não liga. Pára em frente ao comércio e buzina. A cadela aqui vai correndo abanando a longa cauda castanha felpuda. Digo cadela, porque ele faz do braço uma coleira em volta do meu pescoço e se me enforca, é um detalhe que eu sempre suprimo quando caminho de volta para casa. Volta caminhando? Sim. Não me permito incomodá-lo quando acende o cigarro. É um outro homem escondido atrás da densa fumaça que odeia ser incomodado quando se perde em devaneios. Não o reconheço.

Vou caminhar um pouco. Encontro dois conhecidos, na calçada construída à margem do Lago. Cheio, florido, habitado e navegável. Arqueado, os conhecidos. Eles passam por mim. A esperança das horas. Há tantos barcos a passear pelas águas frias do mesmo lago que sinto vontade de... Chorar? Gritar? Regurgitar? Implorar? Vomitar? Engano-me quando penso assim. Vontade de amar. Lembranças de um pôr do sol quando sodomia não era sevícia. Quando três, quatro, uma guarnição sorria mais que se bronzeava. E se algum dia fui um garotinho desses que se escondem debaixo da cama, é porque acreditei que o desejo poderia me salvar. Acreditei que todas as múltiplas formas eram verdadeiras ou que se tratava apenas de uma brincadeira infantil, mas ele era adulto (mas, eu gostava). Ele bem mais forte do que eu e por isso mesmo. Me erguia, me jogava para cima. Aceitava qualquer palavrão saído daquela boca suja. Virilha fedida. Pé podre. Quem arranharia meu espelho quando eu deixasse as dependências da escola? Podia andar sozinho pelas ruas esburacadas de tanto levar enxurrada na cara. Todos sabiam quem eu era. Os marginais o temiam. Qual o professor atrever-se-ia a recusar minhas pesquisas não solicitadas? As aulas de poesia estavam garantidas. E da janela da sala de aula eu via o portão se abrir, o Escolar. A segurança permaneceria sempre ao meu lado, tomando conta das crianças, dos adolescentes, do patrimônio, do corpo docente. Aquele olhar concupiscente. Papai me deixava sozinho em casa. Eu que me virasse com o almoço e como eu adorava me virar. Eu sabia muito bem o que queria. Me achava o adulto que sabia de coisas que os outros meninos apenas especulavam. Eu lhes narrava detalhes de como era e de como não era. Embora a densa fumaça irritasse nossos olhos. Todas faziam questão de mantê-los bem abertos. Completamente atônitos. A fantasia de sorvete derretia-se antes do meio-dia. Me consideravam o rei.

8 de dez. de 2006

Tenho uma confissão a fazer

De tão descaderado, nada mais me choca. Até que chego em casa e me deparo com a HBO anunciando "para logo mais" o show rodado, mas não datado da Madonna. Daqui a pouco troco de roupa. E de toalha permaneci. Sentado no sofá. Boqueaberto. Bombardeado com o que seria o produto de uma indústria cultural que passa por revolução informacional. (-- Onde vamos parar? -- Não sei, mas conheço quem sabe.) Os estilalhaços dos ragmentos permanecem preso a minha retina. É um todo coeso que Madonna regurgita demagogicamente através de um marqueting virulento. Eu gosto de vê-los rebolando. Rebolo ainda mais gostoso.

6 de dez. de 2006


Έρως και Ψυχή, originally uploaded by Pensiero.

Virgem santíssima! Quinta-feira e ainda não atualizei nosso weblog. Desculpa-me DiCla, internautas e meus verdadeiros sinceros amigos. Até agora nenhuma novidade concreta. O mesmo café amargo, as mesmas pistas falsas e uma pá de urubu sobrevoando minha vontade de viver na e para.Algumas idéias surgiram, em relação a Balzac (onírico-Brasil-metalinguagem-Ovídio-Dante Aliglieri); em relação a Eros (minorias e maiorias interagindo harmonicamente) e em relação a um novo weblog temático e coletivo. Penso em estreá-lo em janeiro, como tudo que acontece no lado de cá. Antes, preciso, ouvir a opinião da minha sócia. (Sim! Ela aceitou sem pestanejar. Capital somado.) O projeto tornou-se prioritário... (-- E o Senado? -- Sem Arte, não faço política. Preciso me apoiar no ombro de Luís de Camões para adquirir e transmitir confiança. Não vou entrar lá em pele de ovo. Não resisto um dia.) Como eu ia dizendo antes de ser interrompido, esse projeto, o novo weblog, (-- Mas, vc já não tem um outro weblog? Que pelo nos consta, está completamente desatualizado. -- Isa, só um minuto. Depois a gente conversa sobre o erotismo da Montanha. Acompanha caladinha.) Do que eu estava falando, hmmm, hmmm, onde está... "Esse projeto tornou-se prioritário... " hmmm... Então, passei a tarde de ontem no campus (espaços amplos que me levam à euforia, loopings de final de tarde, tumblings no minhocão), rascunhando o tal projeto. Gramado verde, abacateiro carregado de frutos pesados (você está enrolando...) que desafiavam a força da gravidade e a biblioteca insuportavelmente LOTADA! (-- Final de semestre, sempre foi assim. Esqueceu-se? -- Não. Jamais me esquecerei.) Havia neguinho sentado até no chão. Aliás, naquele mármore azul-petróleo eu me refestelaria, Dormiria por horas. Descansaria a mente. Revigorado o corpo. Muriçocas não me incomodariam por fazer das minhas costas -- e braços e pernas e pescoço -- pista de pouso e decolagem. O celular tocaria e não ouviria, mas o substrato era outro. Formigas me picavam a bunda -- o que a Reflexologia explica muito bem; o cheiro da grama me fazia espirrar intermitentemente; a sombra, mancomunada com os cúmulos, me protegia do sol que tentava me convencer a aceitar o convite do rapaz de Botafogo (-- Estou no site da Gol comprando suas passagens, janela ou corredor?) e o campainha do celular, o miado dos gatos selvagens espantava minha concentração. (-- Finalmente, ele chegou onde pretendia. -- Essa história eu já sei. Ele a contou para todo mundo. -- Porque ele simplesmente não escreveu que o cliente o procurou? -- Sei lá! Exibicionismo. -- Oh, neurose!)

-- Alô, Márcio? Aqui é Gustavo da Casa Civil. Está lembrado de mim?
-- Claro, Gustavo! Tudo bem?
-- Tudo jóia e você?
-- Tranqüilo.
-- O pagamento foi feito direitinho?
-- Acho que sim. Minha T. não reclamou comigo. Quando você precisar de alguma coisa é só pedir...
-- Eu quero pedir com você. Estou precisando de umas rosas. Só que dessa vez é para mim. Estou chegando lá loja daqui a pouco.
-- Gustavo, eu estou aqui no campus, mas em quarenta minutos estarei na loja.
-- Mas, disseram que você só voltaria às 18h.
-- Pois é, eu estou aqui apertado com uns trabalhados atrasados. Você se importa em ser atendido pelo Sr. Z.?
-- Quem é o Sr. Z.?
-- Ele é o florista e o proprietário da loja. Foi ele quem fez a decoração do evento. Vou ligar para ele avisando que você está indo lá, ok?
-- Ótima idéia! Muito obrigado.
-- Obrigado a você e me desculpa, viu?
-- Que isso. Tranqüilo.
-- Tchau.
-- Tchau.
Desligou o celular. Difícil era conter o sorriso. (Terá sido uma cantada, Meu Deus? Estou ficando esperto. Carioca. Novinho. Morando só cidade. Deve estar ouriçado. A solidão deve estar enlouquecendo ele. Alguém me quer. Alguém gosta de mim.) Não se concentrou em mais nada. A tarde se perdeu em desvãos. Os devaneios e fantasias dominaram sua mente com pensamentos libidinosos. E o sorriso permanecia sem se importar com as formigas. (De novo?) Fazia tempo que não se sentia tão feliz. Satisfeito. (Meu Deus! E que homem lindo. Aquele perfume. (-- CK One. --D´Issey,). Cinto largo, combinando com o sapato. (-- Marrons de superfície lisa. Sem costura aparente. -- Imagino.) A camisa com os punhos dobrados. (--Azul-clara lisa. Fly Cotton . -- O que está acontecendo com ele hoje? -- Não faço idéia.) Decidiu ir embora. Na cama seria o local certo para sonhar.

3 de dez. de 2006

O Às e o tédio


March 28, 2006 - 17:19, originally uploaded by Hugo*.

De tudo desprendido da minha pele, não sentirei da fumaça orgânica a saudade assintosa. Sou o cão de companhia a cheirar testosterona alheia. Voou longe meu desejo. Faltava-me sangue no cóccix. (Problema doce seu) O Grave me ajudou. Palavras tolas de tão hesitantes. Compromissos assumidos na tarde diluída na água do sanitário. Só Deus por mim. Talvez telefone para o Pedreira. Certamente não o farei. A promessa do cabo da tonfa surpreendeu-me. Então a idéia planava na imaginação da classe? Muito mais. Foi uma proposta aceita sem hesitação.

2 de dez. de 2006


Torn poster, originally uploaded by fotologic.

Era um fevereiro lunar. Minha identidade diluída em álcool barato tentava submergir entre espelhos e pilastras. Copos sujos de tão embaçados emaranhados debaixo da mesa denunciavam nossas piores intenções. Marcas de dedos a comprometer o colarinho azul-claro que se soltava na pressão do polegar contra o indicador. Azul, os olhos; claro céu. Meus cabelos eram rédeas nas mãos do estranho (que mais tarde viria, a saber, quem era). Três da manhã e eu completamente comprometido numa experiência etílico-narcótica. Psicotrópica, enfim. (Eis uma confissão que nem à amiga Dra. Psiquiatra, contei). Beijos musculosos de bíceps hipertrofiados tentavam me convencer a provar da uréia anabolizada. Resquícios. Se fosse semiótica eu aceitaria. Não lhe disse isso. Provocar seria demais. Um apetite descomunal para o pouco de mignon estruturado que eu era. Meu sofrimento traduzido em dor, embora o sorriso me convencesse a entregar-me a luz que refletia no espelho. Essa não me ofuscava. Marcas de mordidas no calcanhar denunciando o quê? Nem satisfatório, por causa da culpa beatificada. Ela me corrói. Estacionada. “Essa tua cintura, é o que tens de mais gostoso”. Era a primeira vez que ouvi um elogio-azeitona. Engoli. Mantenha-me imobilizado junto à cama, poderia lhe suplicar, mas sufocado com uma mangueira de sucção a me lavar o estômago, eu tentava exprimir o máximo de prazer que já não mais sentia, nem poderia. Meus dias de masoquista, definitivamente, haviam sido queimados num beco do conjunto D, em frente à casa 14, numa Guariroba que não mais me reconheceria, nem eu à ela. Vamos fazer novas fotos De Leite... Preciso ir ao banheiro mijar toda cerveja de ontem à noite. De tudo que já foi feito, tomemos posse da nossa herança. (Depois encaixo isso. Volto mais tarde, leitores, minha consciência pesa por não estar lendo Balzac)
— O que você está lendo dele?
— A Comédia Humana. Estou na biografia ainda.
— E o que está achando.
— Necessário.

1 de dez. de 2006


Rose rosse- Red roses, originally uploaded by *DaniGanz*.

Tampouco entendo de flores, meu amigo Neto, apenas me encaixo na situação ilustrada "em terra de cego quem tem um olho é rei". Toco minha flauta, atraindo ratos que não são os cinzas (aqueles que me proporcionam delírios oníricos), mas amarelados de tanto queijo roubado comido. Aceito resignado aquele meu quinhão.


Nissan Pathfinder, originally uploaded by audisport.

Ele estava prestes a alçar um vôo envergado para direita. Se foi bom, só poderei concluir daqui a alguns dias quando ele voltar de viagem. Com que voz responderei a sua ligação. Com a mesma voz que seduziu a gangue do quartinho. (Quanta vantagem, por um mero fetiche.)

29 de nov. de 2006

Oncidium


Oncidium, originally uploaded by ChrB.

Gosto de argumentos irrefutáveis. De pressionar contra o balcão titulares de contas bancárias no exterior. Nunca vi, respondera o rapaz à cliente, quando perguntado sobre a existência de orquídeas vermelhas. Existe sim, disse-lhe, Catleia vermelha. Ele incrédulo me fitava assustado. Consultou no Google. Satisfeito não encontrou nada. Perguntei-lhe, sem parar de escrever o cartão: de que cor é a Sherry baby? Ninguém me respondeu. O que me leva a creer que o encurralei novamente. Minha auto-estima precisava desse estímulo antes de voltar a noite.

Estava cansado daquele alaranjado, daquele fonte (Georgia?), do tamanho das letras. (Escolhas infelizes acompanhavam a sua aprendizagem.) Do acento, do móvel, das chamadas de madrugada para copular via grambel. Correria atrás dos mil antílopes, se o rinoceronte ordenasse. Vozes de comando. A guarda unida. Muitas estrelas servindo de forro de cama. Entrego toda a inocência que nunca possui em troco das gargalhadas. Desde que os celulares continuassem desligados valia tudo no vale-tudo dos competidores. Os ratos desarmavam a cena e eu me sentia muito à vontade, atrás do micro-ônibus.

Amores para amoras


blackberry, originally uploaded by marissa.

O que eu gostaria de ganhar de presente de Natal? A serenidade que um amante jamais me proporcionaria. (Nunca foi assim. Nem poderia ser.) Óleo de amora para friccionar no peito do De Leite durante o interlúdio. [Eu (te) amo tua boca carnuda de tão macia. Eu (te) amo tua língua áspera e atrevida.] Se fosse menor o amor, não teria medo das conseqüências. Mas não é. ( Parabéns por suas sábias conclusões.) E a imensidão do descomunal resvala quando de fato deveria me acordar do pesadelo. Me tira daqui. Estou tão leve. Trocar e-mails antes e depois pode ser um aperitivo (melhor que a tequila). Pode ser. Não é. Que o De Leite se derrame quando ferver.

3 de nov. de 2006

Lendo, alegre, Lolita num porto feira-livre

Os pernilongos e seus vôos rasantes. Meu sangue se fez veneno ontem à noite.

31 de out. de 2006

Onde perdi a minha paz

O vento bate e não sai nada. Era só barulho. Grãos de almíscar impregnavam a camisa de seda branca do meu pijama, suores amanhecidos conjugados. Tínhamos uma história com data de validade vencida e acenei com tchau o que não podia ser mais eu. Boa semana, disse-lhe. E não mais nos falamos, desde então. Trim. Trim. Trim-trim. Trim-trim. O número no visor do celular denunciava a vontade inconcebível Dos Anjos. Se ele for bom mesmo, que rastreie meus andares na penumbra dos bosques (contra-informação pernóstica). O vento era ele assoprando meu ombro arranhado. Deixa pra lá.

28 de out. de 2006

Testamento de Heilingenstadt

"Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou! Pareceu-me impossível deixar o mundo antes de haver produzido tudo o que eu sentia me haver sido confiado, e assim prolonguei esta vida infeliz. Paciência é só o que aspiro até que as parcas inclementes cortem o fio de minha triste vida. Melhorarei, talvez, e talvez não! Mas terei coragem. Na minha idade, já obrigado a filosofar, não é fácil, e mais penoso ainda se torna para o artista. Meu Deus, sobre mim deita o Teu olhar! Ó homens! Se vos cair isto um dia debaixo dos olhos, vereis que me julgaste mal! O infeliz consola-se quando encontra uma desgraça igual à sua. Tudo fiz para merecer um lugar entre os artistas e entre os homens de bem." Ludwig van Beethoven (grifo nosso)

18 de out. de 2006

Sinais de que o entusiasmo voltou a freqüentar essa casa. Só escrevo quando estou muito feliz. Compatilho euforia. (Pq eu sei que você gosta de mim.) Só escrevo quando estou muito triste. Poupo meus amigos de desabafos tolos. E se ontem eu fui dormir ao soar de vinte e duas badaladas e se domingo estive entregue a facadas foi porque, meu intercessor junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo, eu era fuligem. Meu papel é carbono. E não tenho nenhuma novidade a não ser que estou sofrendo e amando o RICD.
Preciso responder à Brighton. Socorro. Preciso avisar o embaixador que eu já sei o que gostaria de receber de presente de Natal; a luz parisiense contida num minúsculo mini-papiro (Cyperus papyrus). Preciso enviar uma porção de e-mails similares ao praça caveirado na esperança que ele me espere. Deitado, decúbito dorsal. Era só a glande a se sujar no meu esfíncter. Que não se dilatava. Drogas. Drogas, não! Medicamento. O que é preciso realmente: memorizar os verbos. Assim evito acidentes aéreos na rota de colisão de um pleito que me leva ao outro lado do pacífico atrás de argumentos irrefutáveis para defender o sr. presidente. E daí?Penso nisso depois, plantaram médicos no nosso jardim. Colheita ingrata.

17 de out. de 2006

Quando sentir finalmente por minha falta, estarei debaixo da cama lendo livros proibidos que me possibilitem refazer o caminho de volta. Desculpe-me leitores a fraqueza das metáforas encontradas na poeira dos polens. Asfixia hiperbólica me evapora em tardes ímpares, por isso, aquilo. Ele só me machucava, com a minha permissão. Bastava encostar o cotovelo, levantava-se de cima de mim. Bufando. Com raiva. Encarando nuvens disformes. (Eram cavalinhos.) Tinha vontade de se jogar da varanda? Nunca saberemos. Não deu tempo. Sentou-se ao lado esquerdo da cama. Silêncio. Esperava pela mão escabrosa descer minhas vértebras como se fossem escadas. Meu corpo de bruços queria apenas descansar. Olhos fechados. “Tentava me lembrar do sonho de hoje de manhã”. Os tempos não se conjugavam mais. Azar de quem queria estar ao lado do mestre-de-armas. O peso do corpo que agora me era alheio pressionou minhas costelinhas antes mordiscadas. (Se aquilo se chamara carinho, sobreviveria eu anos trancado no porão do maníaco que mora ao lado dos meus pensamentos.) Tirou o fone do gancho. Desemaranhou o fio do aparelho como se estivesse se preparando para mais uma vez extrair a verdade de um seqüestrador da filha do superintendente.
— Eu gostaria de fazer um pedido.
— ...
— Quero uma pizza portuguesa e outra aos quatro queijos.
— Pede um suco de cupuaçu para mim.
— Vocês servem suco?
— ...
— Traga cerveja, por favor. A do frigobar acabou.
— Pede um refri.
— Pode ser. E uma coca light.
A intimidade com que ele falara sabe-lá-Deus-com-quem me tirou o apetite.
— Posso?
— Fica à vontade.
O último pedaço de pizza a passear por uma boca que eu não mais reconhecia. Largou o garfo e a faca sobre o prato com uma insolência intencionalmente irritante. Levantou-se da cama, indo na direção do cabide de madeira desbotado. Uma mão de verniz lhe faria bem. Vasculhou os bolsos da calça à procura do maço de cigarros. Os bolsos do paletó. Observá-lo movimentando-se, lembrava-me os rinocerontes do zoológico brigando por uma poça d’água.
— Tive uma idéia. Joga-me esse cinto.
— Por favor.
— Por favor, você poderia me jogar o cinto.
— Posso não.
E refugiou-se na varanda. Encostado no parapeito da sacada. Contemplava a linha de estrelas que delimitavam o horizonte, como se nada tivesse acontecido, ignorando-me, como eu vinha lhe ignorando há semanas. Eu tinha motivo. Ele apenas se vingava.

13 de out. de 2006

Ele estava sentindo-se feliz por ter aberto sua primeira conta corrente na farmácia da esquina.
O imbecil achava que ele mesmo não seria alvo de investigações. O poder tende a corromper. Os fracos que o digam.

7 de out. de 2006

Mais avacalhado do que já está, não fica.
Acabo de fazer um tour pelo versão beta do Blogger. E daí? Vamos jogar amarelinha, enquanto nuvens sérias não nos ameaçam.

6 de out. de 2006

Jeri beach


Jeri beach, originally uploaded by Niki Needham.

A brisa que desarrumou as folhas soltas do caderno foi embora sem se despedir da gente.

5 de out. de 2006

César Vallejo

"AMOR PROHIBIDO

Subes centelleante de labios y de ojeras!
Por tus venas subo, como un can herido
que busca el refugio de blandas aceras.
Amor, en el mundo tú eres un pecado!
Mi beso en la punta chispeante del cuerno
del diablo; mi beso que es credo sagrado!
Espíritu en el horópter que pasa
!uro en su blasfemia!
el corazón que engendra al cerebro!
que pasa hacia el tuyo, por mi barro triste.
!Platónico estambre
que existe en el cáliz donde tu alma existe!
?Algún penitente silencio siniestro?
?Tú acaso lo escuchas? Inocente flor!
... Y saber que donde no hay un Padrenuestro,
el Amor es un Cristo pecador!"

3 de out. de 2006

























"Janta comigo? O convite deveria partir dele." Posted by Picasa

2 de out. de 2006

ACM, a derrota

Que seja o começo do fim.

30 de set. de 2006

Garcia: "o delegado disse que ia f... o Lula"

Em quem acreditar?
No Pássaro? Ou no Vento?
Resta-me aguardar.
E guardar:
O pó revirado pela brisa,
(Essa janela que não fecha.)
Os dólares que forram o cofre do lado de cá da prostituição legalizada.
Há versos borrados na mureta do jardim,
Um leão-de-chácara a se despedir de nós.
Amsterdã me prometia sonhos
E o que eu vejo daqui me alimenta
O ódio do tempo,
Em que eu ainda tinha inocência entre as pernas.
A Indiferença, minha parceira intelectual, me ensina:
Edmilsons não são Brunos,
E jornalistas comem com porcos,
quando lhes servimos pérolas.
Renovo minha esperança (nossa!)
A caminho da embaixada.

Sega Dreamcast - Wikip�dia

Onde te encontro?

PlayStation 2 (ps2)

Não conhecia por esse nome.

Entrevista com Leones (SESC-2005)

Chypre Cítrico

Da época em que o rastilho combatia radicais livres.

Carta Maior

De votos abertos e outros empecilhos.

29 de set. de 2006

Somos todos plagiadores

Se é inevitável, porque fugir?

28 de set. de 2006

Google Agenda

Quem sabe assim organizo o churras na chácara do Ccelinho.

22 de set. de 2006

Viciados em Livros - Principal

O acervo cabia num sábado de chuva.

18 de set. de 2006

Emir Larangeira - Escritor e Polêmico

Se eu não tivesse não tanto sono, iria coar um café para você.

16 de set. de 2006

Desde aquele noite

Com o mesmo entusiasmo que me apresentei ao professor (sou escritora), sem titubear, respondi-lhe: "sou vendedora." Faltava-me um rumo, o prumo de Ariel. E as nuvens eram uma incógnita impossível de derivar. Na realidade, sou a mesma puta que me pariu numa sala asséptica de uma clínica conveniada do SUS. Um susto que sensibilizou a obstetra. Madrinha, seus presentes já não cabem mais nos meus sonhos. O rapaz a me oferecer uma porção de lactobacilos moles, transparentes, vivos. E eu duvidando do amor que todos depositavam devotamente em mim. Aos poucos, o ar, veneno-volante, me traz de volta à realidade. Eu vendo. Mentiras. Aquelas que eu nunca terei coragem de repartir com ninguém. Essa solidão, fumaça ansiosa que me arde nas retinas, me indica o caminho. De ágape em ágape, me convenço que a borda da piscina não é escorregadia, mas, por via das dúvidas (sempre elas), uso o capacete protegendo meu rosto com a balaclava que ainda me lembra o perfume, nenúfar com tabaco. Ontem eu sonhei com ele e não me dei o trabalho de me levantar para trocar o travesseiro. Molhado de tantos soluços. Era uma paixão, paizão, pezão, faisão, Paixão, que aprendi a contorcer quando ninguém (ela acreditava nos seus clientes) me observava.

A Livreira

Não cabe adjetivos na força dos verbos.

11 de set. de 2006

Newton Mendonça

Poesia em forma letra de música.

9 de set. de 2006

Viciados em Livros

Trocando aquela compulsão por esta outra.

6 de set. de 2006

Primeiro Livro

Não quero mais brincar com você.

4 de set. de 2006

UnB vive inédita situação de patrulha racista

Queria ser intolerante, mas a ironia não me permite.

2 de set. de 2006

Wipipedia

Se eu pretendo abordar o assunto, tenho que estar muito bem informado. :P

Grupos do Google

acho que vamos nos divertir

28 de ago. de 2006

ARTIGO VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DOMÉSTICA NA EDUCAÇÃO DE ESCRITORES BRASILEIROS

Vou gostar desse tema.

Guerras na África

No Coração das Trevas", de Joseph Conrad"
Bom dia Camaradas", de Ondjaki "
Feras de Lugar Nenhum", de Uzodinma Iweala "
Os Cu de Judas", de António Lobo Antunes

A prisão secreta de Israel

Sevícia.

Korean War

Ele esteve lá. Ele quem, Paty? Foi apenas uma idéia.

Free Willy

como eu era tolinho

27 de ago. de 2006

À 120 km/por hora, ele gritou eu te amo

Fiquei esperando pela faca que iria cortar meu bife. Maminha, às três da manhã. Estaria pronto o suficiente para as apulhaladas de Jó, as pauladas na face? Graças ao vinho espesso, escuro e forte, sim. E a cópula que de descartável, só tinhas os códons, não me lembro mais pormenores. Saquinhos borrachudos que me lembravam pele de cobra. Jogados ao pé da parede, perdi a conta no oitavo. Eram muito mais. O álcool me impedia de recusar toda a parafernália de objetos extranhos que me invadiam até os oríficios mais sensíveis. O tímpano reclamando do ritmo descompassado da respiração. Do outro. Porque eu me fingia de morto, ou melhor morta (conforme, mandava meu parceiro). Nessa ópera, eu era Carmen, pura lascívia do amor imaculado que se extraia do buquê de perfumado de rosas brancas. Eu queria morrer por me sujeitar a uma paixão tão descomunal.

24 de ago. de 2006

Distante o suficiente para não cair


Arc, originally uploaded by konaboy.

Lexotan, chá de tranca servido de madrugada. Minha orientação a deriva sem me dizer quem eu sou. (Como se isso fosse importante.) A moda a desfilar a identidade vencida. Kefir, licença prêmio, afônico. "Evite se medicar, pois assim se mascara o real problema." O real problema é que eu choro quando tendo escolher: Tóquio ou Beijing, Beiture ou Tel Aviv. Sou franco fraco facho. Os poros, esporos de testogerona em excesso, espelem mentiras. Esqueci como eram os esparmos. Músculos estriados atrofiados. A lexotan escorrendo o néctar, ouro derretido que me alimenta ontem à tarde, de manhã e à noite. O macho que fui anteontem resvala na fêmea que se monta diante do espelho. A glock esquecida no fundo da gaveta falsa. As navalhas de barbeiro. A seda vermelha, Tóquio. O sargento me aguardando com o descomunal desconhecido carne de muqueca. Você está a procura de quê? Muleque. Não vai sair, talvez entre, mas você estará tão dopado (ainda bem!) que o sangue incendiará tua retina. Era uma história. Presente de aniversário. "Quantos anos, querido." Você sabe, Madrinha, melhor que eu que nunca teremos como saber. Eu sou cara nervoso e nem quando o adjunto me beija a nuca me acalmo. Pede a saidera por favor, disse-lhe. Quero comemorar meu aniversário, agarrado à uma árvore, feito jabuticaba. Há kefirado suficiente para me cicatrizar as vísceras.

Enxerto de eu

Lembro-lhes que Clarice Lispector, segundo reza a lenda, tinha apenas 17 anos quando escreveu "Perto do Coração Selvagem".

22 de ago. de 2006

Blogger.com refomulado

Não o troco por nenhum outro. Cliente satisfeito. Cliente cativo.

17 de ago. de 2006

Introducing The Hardline According to...

Terence Trent D'Arby

Wishing Well (A Tone Poem)
Kissing like a bandit

Stealing time
Underneath a sycamore tree
Cupid by the hour sends Valentines
To my sweet lover and me
SlowlyBut surely
Your appetite is more than
I knewSweetly
SoftlyI'm falling in love with you
Wish me love a wishing well

To kiss and tell
A wishing well of butterfly tears
Wish me love a wishing well
To kiss and tell
A wishing well of crocodile cheers
Hugging like a monkey see

Monkey do
Right beside a riverboat gambler
Erotic images float through my head
So I wanna be
Your midnight rambler
Quickly
Quickly
The blood races through my veins
Quickly
Loudly
I wanna hear those sugar bells ring
Wish me love a wishing well

To kiss and tell
A wishing well of butterfly tears
Wish me love a wishing well
To kiss and tell
A wishing well of crocodile cheers



Era uma menininha, a canção já velha. Mas, ela ficou marcada para sempre. E nem a tatuagem que cobriu a anterior, fez esquecê-la do passado emergido pela melodia. A ducha norma lhe provou que ainda podia sonhar, quando quisesse.

5 de ago. de 2006

Atitude - Jiu-Jítsu - Técnica, Garra, Determinação e muito treino.

Suave era o hálito da cevada procurando meus lábios, que se recusava a se entregar às desmensuradas mordidas. Machucava mais meu coração do que a carne, esconder-nos de todos e até de nós mesmo. Em algum momento foi satisfatório, só não saberia dizer quando. Sinto saudade dos golpes que não aprendi.

Erotismo na Cidade

Se tudo fosse ordenado conforme o plano diretor do meu olfato, o azul esmaecido do céu de Abisralí teria sido tombado.

linkBlog.com.br - seus favoritos na web

Olha só, o que encontrei perdido nos meus favoritos. My Web do Yahoo! é muito mais eficiente.

27 de jul. de 2006

Minha primeira crônica esportiva

A perna encolhida prestando atenção na pontada, ora incomoda, enquanto os ouvidos percorriam milimetro por milimetro do campo adversário. Patrícia pensava nas oportunidades descartáveis de anteontem. Afastou o Dr. Nefasto (se um dia ele me ligar novamente, serei cortês) e se concentrou no tricolor que se divertia com o fato de ser mais pungente do que todo o time da gávea. Sua emoção se dissolvia num orgulho mal curado e gritar ao som dos coachos secos, comprovaria que havia feito a melhor escolha. A poça de suor no lençol a desconcentrou e decidiu-se por assistir depois os melhores momentos. Era seu momento. O melhor, desde então.

26 de jul. de 2006

Meteoritos incandescentes visita-nos com freqüência. Choro. A dócil menina tentar ser malvada. Patrícia, Patrícia, deixa de tolice. Bancos de couros não falam francês. Vai lá. Aceita. Aceita-se. Pode ser que dilarece a moral hipócrita dos jesuítas. Mas ao morrernos, estaremos vivos. Quem sabe, celebrar, ao som da sinfonia das alfaces alquebradas, o ouro branco fundido que escorre na bacia esmaltada. Coloque o tango, dance conosco. Esqueça o travesseiro de ontem. Os ácaros discretos jamais divulgariam a lanternagem padrão. Muito além do combinado, Princesinha de gelatinha. E o razoável deveria compor este teu vocabulário salubre. Ela coça as mãos. Delicaleza ensurdecedora. A mesma voz que seduziu o investigador, irrita os acionistas. Minoria articulada. Você não fez nada de errado, gritava-lhe a consciência. Então porque ele não me telefonou até agora? Brincando de espanar fósseis marinhos, descobriu o óbvio. Batatas.

25 de jul. de 2006

Manteve-se afastada por receio de vomitar no objeto de devoção. Era o sol de julho cumprindo seu ritual. Aquela luz alaranjada que lhe ofusca a retina. Forma, pureza e conteúdo. A profissional iniciante tomada pelo vício solicitava por retornos mais rápidos e intensos. Todas minhas lembranças me levam ao clube. O que fazia, eu, lá, sendo que destruo esperanças, quando deveria alimentá-las. A dor caminha sobre minha falsa pele poluída com a promesa de que à noite serei uma criança comportada e obediente. Permita que o engenheiro derrube o alicerce que restou de nós. Puxe a cadeira, sente-se à mesa. Conte-nos minuciosamente o fato. Como se fosse possível, carinho meu. Cinqüentas moedas de ouro e o vôo para Zurique cancelado. Os transeuntes riam. Gargalhadas esteriofónicas a ameaçar segredos translúcidos. Colméia deflagrada. Enxame em nossa direção. E ela parada. Patrícia? Nenhuma reação. As falésias lhe absorviam. Murmurou outra promesa. Impossível.

15 de jul. de 2006


Praha 18_02 027, originally uploaded by la page d'AL.



“O embaixador disse: -- É da polícia.
-- Se é da polícia, deveria ser mais discreto – observou Tereza. -- Para que serve um polícia secreta que não se esconde?
O embaixador, sentado na cama, juntara os pés sob o assento como aprendera no curso de ioga. Emoldurado na parede, Kennedy sorria e concedia a suas palavras uma espécie de consagração.
-- D. Tereza – disse com tom paternal --, os policiais têm diversas funções. A primeira é clássica. Escutam o que as pessoas falam e informam aos seus superiores. [grifo meu]
‘A segunda é uma função de intimidação. Mostram que nos têm à sua mercê e querem nos intimidar. Era o que seu careca pretendia.
‘A terceira função consiste em encenar situações que possam nos comprometer. [...] encontrar haxixe em nossos bolsos ou provar que violentamos uma menina de doze anos. Sempre acharão uma garota para servir como testemunha.’ "
Id., 1985, p. 165.

14 de jul. de 2006


Run doggie, run! , originally uploaded by Mutantcat


“Finalmente escolheu um dos cãezinhos, uma fêmea. [grifo meu] [...]”
— Será possível que o fato de chamar-se Karenin não vai afetar sua sexualidade?
-- É possível – disse Tomas -- que uma cadela que é sempre chamada pelos donos por um nome de cão acabe com tendências lésbicas”.
Id., 1985, p. 30.


A primeira vez que Karenin viu Mefisto, ficou desconcertada [grifo meu] e passou muito tempo ando em volta dele e o cheirando. Mas tornou-se amiga do porco, que preferia aos cachorros do lugar, sempre presos em suas casinholas, latindo sem razão o tempo todo. Karenin apreciava a originalidade do porco e prezava muito a amizade dele.
Id., 1985, p. 285.


“Uma antiga idéia retornava [à Tereza] : seu lar não era Tomas, mas Karenin. Quem marcaria as horas de seus dias quando o cão não estivesse mais lá? [grifo meu]”
Id., 1985, p. 295.

13 de jul. de 2006


Karlovy club, originally uploaded by kisluvkis.
A MÚSICA
“ Para Franz, é a arte que mais se aproxima da beleza dionisíaca concebida como êxtase. [...]
Para ele, a música é libertadora: ela o liberta da solidão e da clausura da poeira das bibliotecas e abre-lhe no corpo as portas por onde a alma pode sair para confraternizar-se.[...]
Sabina diz: -- É um círculo vicioso. As pessoas tornam-se surdas porque colocam a música cada vez mais alto. Mas, como se tornam surdas, não lhes resta mais nada senão aumentar o volume. [...]
[...] Em seguida, no limiar do sono, as idéias começaram a se embaralhar na cabeça de Franz. Lembrou-se da música barulhenta do restaurante e pensou: ‘O barulho tem uma vantagem. No meio dele não se ouvem as palavras.’ ”
Id., 1985, p. 98.

12 de jul. de 2006


Prague, originally uploaded by Lylla Lausanne.

“[...] Para Tereza, o livro era sinal de reconhecimento de uma fraternidade secreta. Contra o mundo de grosseria que a cercava, não tinha efetivamente senão uma arma: os livros que pedia emprestados na biblioteca municipal [grifo meu]; sobretudo romances: lia-os em quantidade, de Fielding a Thomas Mann. Eles não só lhe ofereciam a possibilidade de uma evação imaginária, arrancando-a de uma vida que não lhe trazia nenhuma satisfação, mas tinham também para ela um significado como objetos: gostava de passear na rua com um livro debaixo do braço. Eram para ela aquilo que uma elegante bengala era para um dândi no século passado. Eles a distinguiam dos outros.
(A comparação entre o livro e a bengala elegante do dândi não é inteiramente exata. A bengala era o toque que distinguia o dândi, mas o transformava num personagem moderno e na moda. O livro distinguia Tereza das outras moças, mas a transformava numa pessoa fora de moda. É claro que ela era ainda muito jovem para poder captar o que havia de ultrapassado na sua pessoa. Achava idiotas os adolescentes que passavam por ela com seus rádios barulhentos. Não percebiam que eram modernos.)”

Id., 1985, pp. 53-54.

“Uma jovem que em vez de ‘se educar’ tem de servir cerveja a bêbados e passar o domingo lavando a roupa suja de seus irmãos e irmãs, tem dentro de si uma imensa reserva de vitalidade, inconcebível para pessoas que freqüentam a universidade e bocejam diante dos livros. Tereza lera mais do que elas, sabia mais do que elas sobre a vida, mas não se dava conta disso. O que diferencia aquele que estudou do autodidata não é a extensão dos conhecimentos, mas os diferentes graus de vitalidade e confiança em si. [grifo meu]”
Id., 1985, p. 61.

11 de jul. de 2006


waiting at metro, originally uploaded by alba.
"Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz que a vida sempre pareça um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo do esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.Tomas repete para si mesmo o provérbio alemão: einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver senão uma vida é como não viver nunca. (grifo nosso)

In: KUNDERA, Milan. A Insustentável Leveza do Ser. Nova Fronteira. 1985. 14p.

10 de jul. de 2006



“Ele dizia para si mesmo que o problema fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: seriam inocentes apenas porque não sabiam? Um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade somente pelo fato de ser um imbecil?
[...]
Nesse ponto Tomas se lembrou da história de Édipo. Édipo não sabia que dormia com a própria mãe, e, no entanto, quanto compreendeu o que tinha acontecido, nem por isso se sentiu inocente. Não pôde suportar a visão da infelicidade provocada por sua ignorância, furou os olhos e, cego para sempre, partiu para Tebas.”

Id., 1985, p. 178-179.

9 de jul. de 2006

Pirlo e Cannavaro

Ah! Quando eu terminar de processar os pedidos, responder as mensagens. Escrever aquela crônica, prometida desde janeiro.

Pirlo e Cannavaro

A imagem mais linda da Copa do Mundo, segundo meus colegas papiros. Desde semana passada, a ironia lhes permeia as frases. Como se houvesse sido culpa minha.

Ironicamente zagueiro

originally uploaded by FoGGy123.

7 de jul. de 2006

Cãimbra? Novidade.
Não queria ter vindo.
C'est finit?
Calma, gata. Tô quaaaaaase...
C'est finit?
Peraí, porra!
Abaixar a campainha do telefone;
Ignorar as folhas de fac-simile;
Desativar o alerta do outlook,
do MSN,
do Google Talk,
esquecer por cinco minutos o abalo sísmico, no interior do sertão paraibano.
O orgasmo continua sendo meu ansiolítico preferido, mesmo sem ejaculação.
"(...) Algumas sementes se desprenderam da mureta e nem assim me convenci da irresponsabilidade que se interpões entre os dois quadrantes adjacentes do Imperador. Precisamos ligar para o engenheiro, pisar nos bancos-de-couro, relaxar os músculos enquanto ele se esforça para extrair petróleo. Tem tatuagem? Não. Deixa-me ver seu peitoral. Continua. As confissões, lamurias, lamentos e reclamações podem ser peça chique no salão de jogos, se soubêssemos jogar totó. Você sabe? Eu não sei. E os erros acumulam-se sobre a maca da enfermaria. Luzes azuis, verdes e amarelas. A nutricionista me acorda do sonho. Vamos? Me entrega seu braço, como estivesse me entregando seu coração. Ofereço-me para carregar sua bolsa de anéis de latinha de alumínio. Pesada. Peço os livro. Pesados. Ela me puxa a orelha com carinho: quem mandou não seguir o regime? Aperta meu bíceps esquerdo para se certificar das desatenções levianas que eu mesmo vinha comento com o meu corpo. Martírio. Quer ser santo é? (...)"