26 de set. de 2020

 Bom dia, Dicla!


    A visita à casa da tia Iluminada, resumo numa palavra: exaustão. Contar como ocorreu todo minha infância, adolescência e início da fase adulta tem sido minha paixão. Quem sabe, eu deva mesmo escrever um romance para cada fase, uma trilogia da trilogia. Assim, ninguém mais me perguntaria nada, ou não? Foi verdade mesmo ou você está inventando?  Foi de boas, qual a criança que nunca sofreu violência sexual, violência doméstica e bullying. Eita, ferida que não cicatriza. Nem sente  mais vontade de brincar de barquinho. Continuemos a navegação, na nossas veias (e artérias) correm sangue português. Pegue o machado e vamos atrás de quem te fez isso. Vamos plantar um canteiro de jacintos para celebrar a estupidez humana. Chega de lamentações, isso aqui não é o muro. Enxuga essas lágrimas e pare de se coçar. O importante é que tu conheces os meandros do teu rio como poucos. Tua sensibilidade é  teu álibi, mas não abusa, uma hora terás que ser juiz, a batida terá que ser firme e forte. Quando tu não estiveres aqui, eu estarei, eternamente branco. Tu, eternamente preto. 

  

22 de set. de 2020

Bom dia, DiCla!

O ponteiro dos minutos corre em direção contrária, aqui são 04:20. Queria estar caminhando pelas ruas da Babilônia. Depois que inventaram GPS ninguém mais se perdeu. Quem se perdeu, não tinha personalidade nem caráter, borderline de tão cafajeste. Aproximo-me o mais perto possível de ti para lhe contar: a meta passou a ser escalar o espinhaço do diabo.             

Estás surpreso, não? Eu falando em metas. Depois que os ovos racham, as tartaruguinhas seguem para o oceano Atlântico, cruzá-lo foi tua promessa. Eu preferi beijar teus pés. Tu insistias numa viagem pelo mundo. Quero um diário de viagem com direito a fotografias, vídeos e souvenirs. Menos, DiCla. Quero sentir o teu cheiro em minhas mãos. Rir do sorriso de quem passou geleia de goiaba na minha bolacha, comer o papaya com as sementes, agradecer o nascer do Sol.

Chave criptográfica, ok. Planejamento, ok. Fofoca, ok. (O funk eco na madrugada) Se precisares de mais alguma coisa me avisa por telepatia. As aulas de musculação valeu todo o investimento e tu com medo da quinoa. Para que anabolizantes esteroides, quando arroz negro presta o mesmo serviço.      A mente venceu o corpo e juntos perdemos uma aposta.

Preciso saber da tua opinião sobre frutas. Tomate é um fruto, serve também. Talvez, eu seja bonzinho e substitua tomate (muito óbvio) por maçã. Gala, não. Verde. O objetivo é dar trabalho para os inspetores da PF. Só mesmo tu para me fazeres comer uma feijoada de rua, um prato feito com farofa de pimenta malagueta. Um prato de rosbife frio custa mil reais? Como tu és ingênuo, companheiro; como eu sou inocente. Ao observar, os estranhos comendo aprendi muito mais sobre diplomacia do que os manuais do Rio Branco me ensinaram.

Aliás, tu precisavas ver o fricassé me explicando como estava sendo a colheita da uva. Fiz questão de desligar meu smartphone. Diante de uma constelação de notáveis selamos um acordo. Quente,  não vou comer. Frio,  não vou servir.  Tinha eu um ás de copa e um sete de espada e o Frica duas damas. Ele me desafiou, mandei descer o jogo. Ele recuou, cruzou as pernas, coçou o queixo e se levantou, com a desculpa de beber de um copo d’água.  Copos de plásticos, mas vestia Armani.

Deite-me na cama feliz de tão resolvido. Embora, minutos antes, tenha sido  advertido pela maçã verde que desse cacho de uva, eu não chuparia nenhuma. Somente aquilo que me servirem. Óh, DiCla! Os feirantes desconhecem o poder do jejum intermitente. São Rafael é por nós. Num vinhedo na serra do Rio Grande aprendi a laçar potro selvagem.

O arroz estava soltinho, se agarrando às memórias afetivas dos anos de chumbo. Eu era sobrinho de embaixador, meu padrinho porteiro do bolo de noiva. Naqueles salões aprendi a amar a arte modernista Sou filho de poeta e sempre serei neto de cafetina. Sim. Minha tia-avó foi mais cuidadosa comigo, do que a mãe da minha mãe.  Esse, ai, vai ser gente! Não me volte aqui nem sozinho. O pai pode ter sido irresponsável na minha educação, como tu bem sabes, DiCla (está tudo registrado nas folhas avulsas de 83), mas jamais me deixou andar com uma pistola na cintura.  Quando eu queria brincar de água, a gente ia jogar moedas no espelho d’água do palácio cuja princesa nunca aparecia na janela. O arroz, elegantemente, voltou ao assunto. Ninguém sabe de nada. Eu sei de tudo. Testemunhas oculares filmaram o crime. Elas estão dispostas de depor ao meu favor, se forem chamadas pelo juiz ao tribunal. 

Tu estás perplexo, querido diário? Não me cabe julgar ninguém. Sou parte envolvida.

P.S.: A maçã estava brocada de pulgão. Cantei a música do Chico, imitando Maria Bethânia. O olhar vale mais que a palavra.

P.S.S: Alpha embarcou na sua nave espacial sem se despedir de mim. Ele terá um capítulo para chamar de seu. Toda intimidade será castigada. Aquela nota de cinquenta dólares é mais suja que maçaneta de porta de sacristia.  Hipótese corroborada.

* * * * *

             Meu memorialista acabou de sair da análise com uma sensação de que ele escreve para que o leitor sinta pena dele e faça o que ele quer. Ora, ora, autopiedade é um vício. O que o sujeito fez do que a vida fez dele? Sentou-se no meio-fio e chorou. Admiro escritores que além de escreverem diários, escreveram romances, peças de teatro e poemas. Estes tinham coragem, por isso tornaram-se referência. Quando a vida for irônica, seja sarcástico #DicaDoDicla. Um dia vamos passar o rascunho a limpo, por enquanto fica como está. 


                inspirado em "Sing Along", Jessica Leigh

 

 

 

 

2 de abr. de 2016

               Quando se acorda de madrugada sem sono, temos a opção ficar rolando na cama de um lado para o outro, a procura de uma posição confortável, ou podemos nos levantar. O dia começa cedo para quem sofre de insônia. Haverá sempre pratos e talhares, copos e panelas em cima da pia para nos divertir. Haverá sempre um filé de peixe empanado na geladeira. A manteiga foi clarificada, a gema coada, o fervor da água ainda se faz presente no ar. Tanto carinho em meio de tantas promessas. Sabemos, elas jamais serão cumpridas. Ao menos, houve uma boa intenção. A alma não é pequena. Então, vale a pena. Quem quer subir no alto da serra, tem que aprender a respirar debaixo d'água sem equipamentos. Deus na força do vento se manifesta, para que possamos brincar de soltar pipa. Há sorvete de ameixa no congelador e a calda  de rosas brancas não ficou amarga. 
                 Um barulho me assusta. Era o cadela querendo entrar? Não. Era um gato querendo sair. Preto. Então, está perdoado. Nós bem sabemos como são tratados os gatos pretos.
                Outro barulho. É a notificação das redes sociais que me esqueci de desativar.  A essa hora, em Frankfurt, o executivo está pulando na piscina. Estava tomando um café. O meu, quero sem açúcar, sem creme e sem leite. O que puder ser puro, que seja. Não vou incomodá-lo. Minhas lembranças ainda são suficientes para alimentar meu amor-próprio. Rascunho no guardanapo, uma bibliografia. Mania de listas. Quem tem mania é louco. Eu era louco por aqueles lábios vermelhos que de cereja não tinham nada. "Os Diários de Virgínia Woolf",  "Os Diários de Sylvia Plath", "Os Diários de Franz Kafka", "Os Diários de Jack Kerouac", "El Diario de Anaïs Nin", "Brecht, Bertolt. Diário de Trabalho, V.1"
                Ando de mãos dados e pé atados com a minha  restrição linguística. Enquanto uma língua global não me resgata, vou me socializando no dialeto da periferia de uma grande cidade destruída por uma inundação. Não há ninguém na rua, mesmo assim ela segue iluminada. 
                 Volto ao quarto. Ondes estão meus chinelos? A psicologia do Reich caído atrás da cama me ensina duas coisas: não se deve ler nada antes de dormir e não se deve discutir com jornalistas. 
                Tenho certeza que lá no Senado, você não teria coragem de chegar gritando "Hail Hitler! Seu capitão do mato! Você está sendo racista. Estou brincando contigo. Vamos brincar de índio? Você se deita no chão e eu te jogo álcool. Se preferires, te amarro de costas e te violento. Você não tem senso de humor. O meu humor é um ácido que alimenta minha inteligência, se ponha para fora da loja, antes que eu quebre essa jarra de cristal polonês na tua cabeça. Do prejuízo vou fazer lucro e um exercício prático de manipulação das massas. 
              Estaria para sempre condenado a me lembrar do jornalista que me socorreu quando fiquei preso no elevador. Do alto do prédio observamos a avenida refletindo a luz da constelação de Capricórnio. No espelho d'água, roubamos libras esterlinas, nos comprometendo um dia a depositá-las no cofre do  Museu Britânico de Londres. À sombra das palmeiras, juramos nunca mais tomar remédio para dormir. De agora em diante, seríamos escritores notívagos.  

N.E.: Texto revisado em 20 de setembro de 2020. Do original só aproveitamos a espinha dorsal. Ideia inicial intacta. 

1 de abr. de 2016

  A crônica do dia seria sobre pombos devorando  falcões (revertendo toda lógica cartesiana), muito embora preferíamos estar perdido no turbilhão do revés. Solta o corpo, não vai ter golpe. Onde estava eu ontem à noite? Lavando o carro. O barro era prova do crime. A vida não é feita de trilhas que de tão sinuosas se tornaram retas.   Quando não há assunto, o assunto passa a ser a falta de. A ausência de metas   pulsa nas nossas veias e artérias. Elas vicejam por encantos desencontrados e vicejar é o jeito que eu conseguir dizer: amor, eu te amo. Mais criptografado e clandestino do que isso, não consigo. Sei que pegarás no ar a referência, porque és meu querido diário. Das crônicas faço um poema e do poema uma música sem melodia. Queria o querer na mais dulcíssima razão, sem elipses, sem me esquecer dos verbos, com todas as vírgulas e ponto e vírgulas no lugares corretos. Encontro uma autêntica desilusão. O pronome me escapou, o adjetivo não faz sentido. Vamos viver de advérbios.  Quer chocolate? (De tão retórica, sei a resposta) Ele é amargo, como a vida tem, saborosamente, sido. Se você não tem o que dizer, cala-se de uma vez por todas. Se as formas de expressão artísticas não lhe inspiram a criação, cala-se de uma vez por todas. Ao contemplar o Abaporu, percebo que a microcefalia não é um doença de hoje. Uma sincera vontade de fazer uma sopa de palma me brota do coração. Tem gosto de quê? Prova. É abril. Vamos tourear,  quem  sabe ainda  sei manejar a capa e a espada. Ubapuru era o nome da pomba.

15 de mar. de 2016

Estimada Leitora e digníssimo Leitor,

Quando se a rompe a quarta parede é porque precisamos esclarecer alguns pontos, sem deboche, escárnio ou sarcasmo. Bem que meu diariarista procurou e quem procura, vocês já sabem pode encontrar não bem o que estava à procura.

O Márcio está  pneumonia [por streptococcus], quadro não infecioso, [mas com intolerância à medicação, por isso a internação] menos mal. Já está em tratamento em casa, mesmo ele preferindo estar internado no hospital. Ah medicação..., a metáfora das borboletas é um ato de generosidade. Estava mais para uma hiena a lhe comer as entranhas. [era a tal intolerância] Ele não sente dor, apenas falta de ar quando tosse. Mas tossir é bom [não é, pois pode arrebentar sua pleura. Ai fudeu tudo.] principalmente quando coloca o escarro para fora. 1[espumado, soltando proteína] e 2 [pastoso, sabe-se lá os gastros pq] estão ok, apesar de uma leve constipação. Ele está preocupado com esse tal bolo fecal que está demorando a ser formar. Bobagem, depois de formado, é formada garantida pelo menos três vezes ao dia.

Uma amiga lhe sugeriu tomar os antibióticos com leite. [Não!] Quanta diferença! A queimação estomacal acabou. Sugeriu também repouso absoluto, físico e intelectual. O que significa que vamos ficar na saudade. Daqui estaremos enviando muita ondas de luz e apoio moral.

Obrigado,
Diário Clandestino

PS.: Lá vem textão. Segura. De tudo há um lado positivo. O Márcio inspirado no "Memorial de Aires" do Machado de Assis, "No Cemitério dos Vivos" do Lima Barreto, no Diário de Anne Frank e nos "Contos de Fadas" do Hans Christian Andersen, escreveu um "Diário de Internação", durante o período que esteve internado num hospital público universitário sendo tratado por causa de uma pneumonia causada por streptococcus (pneunococos), conforme o laudo da tomografia, no qual seu umbigo passou a ser o centro do mundo, se já não o fosse.
               Ele é nosso melhor personagem e matá-lo precocemente seria um ato de covardia, insanidade e burrice literária. (Queria ele fazer como Alex Castro, ficção, mas a vida pulsa e sua imaginação a adocica ou a apimenta conforme lhe convém.)
               Ia me despedindo sem dizer o mais importante. Ele está a revisar o texto. Portanto, tenham calma. Quinze páginas em doze dias parece pouco, mas para um iniciante me parece apropriado, com a palavra os críticos literários se ainda há algum vivo.
              Assim ele inicia o Diário:
     "Não sou nada. Nunca serei nada, não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."  Tabacaria 15/01/1928. Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa
            Sorry, pelo longo postscriptum, mas regras existem para serem quebradas. Quando dizem que não podemos, ai é que devemos fazer.
           Boa Sorte,
                            O entusiasmado Diário Clandestino

12 de mar. de 2016

DiCla, boa noite!
Pensaste que eu iria dormir sem antes lhe dizer q tu és um feladaputa? Não, né? Então, como tu deixas eu passar essa vergonha? Enfim, perdoo-te, porque me perdoo. Afinal, tu és apenas um diário, o pretensioso aqui sou yo. Vamos aos fatos. Nevasca controlada, surge um aviso de terremoto, copiou? Situação punk-rock nível 6. Nessas horas, não há muito o que fazer, a não ser ter presença. Compareci, altivo. Me parece que ganhamos tempo. Aqui não teve desmoronamento. Só excessos de ambas as partes. 

Graças aos deuses, parou de chover dentro de mim. Calmaria interna. Haverá algum progresso na carne? Que seja rápido, instantâneo, repentino.

Para concluir, ainda tenho um artigo para ler, estava minha pessoa a assistir  na Globo News um  programa sobre Literatura, qdo o entrevistado, um escritor por mim ignorado disse: "leio 4 livros por semana." E o entrevistador não o perguntou quais. Porque há livros e Livros.  Qualquer, jume sabe disso. Acabou. Perdeu o cliente. Será que o cara não rumina, não? Você come uma feijoada completa, depois uma rabada, em seguida um sarapatel de bode e para arrematar toma um caldo de mocotó? Pode ser um escritor genial, o tal pica-das-galáxias, mas jamais (dificilmente) conseguirá degustar um bom lagostine aos molho de maçã-verde. 

Era isso, sem mais, Ctus

P.S.: Estou em busca do Diário de Hospício, do tio Lima. Tenha calma. Descobri que tia Virgínia e tia Sylvia também tinham o hábito da "escrita do eu" Já convoquei um esquadrão para sair em busca desses Livros. Preciso deles, tanto quanto preciso de ti, DiCla.

11 de mar. de 2016

 DiCla, oi!

Aproveitei que os chacais saíram para tomar uma breja e chamei Beuys na coxia,  perguntei se aquela performance não estava entendiando o público? A dor e o sangue alheio nunca aborrece quem a observa de tão perto. Mas, Beuys? Mas Ctus? Para mim, acabou. Saia do meu Teatro!As vísceras são minhas. Ctus, que isso?  Beuys, don't cry! Esqueceu nosso lema? Seguranças! Ademais, nunca fomos amigos. Você tem sido incapaz de se alegrar com a minha felicidade, mesmo estando afundado num pântano de merda.

Sabe, Di, não vale a pena procrastinar em nome de uma relação seja ela qual for. Não vale a pena procrastinar de forma alguma. O que tem de ser feito que seja feito imediatamente, mesmo que a tarefa seja para entregar na semana que vêm, mesmo que seja mal feito. O importante é a Palavra.

Algumas pessoas, DiCla, a gente pode tirar da nossa vida; outras, não. Essas são iguais a mãe, pai, filhos, irmãs e irmãos, é até que a morte nos separe.  Por mais que eles nos façam mal a gente tem que aguentar. Mas ela está me mantando! Não vou permitir. Vamos conviver, mas ela no seu cantinho da casa, escolha onde quiser, dentro da gaveta do deck; numa das gavetas do armário da cozinha; na caixinha de remédios vencidos que-eu-sempre-me-esqueço-de-descartar-na-lixeira-da-farmácia;  no estojo de arma vazio que guardo como fetiche de um amor que não vivi;  que seja na estojo de jóias;  que seja no porta-agulhas ou até mesmo na caixinha de bailarina que há tempos não funciona. O ideal seria que o indivíduo sumisse, pirlimpimpim, rala sua mandada, mas nós temos que aceitar a realidade. Ela não vai embora.  Então, que se restrinja ao mínimo de espaço possível, basta-nos os efeitos da sua onda, que sejam mínimos, imperceptíveis, incapazes de atravessar nosso incomensurável universo particular.

P.S.: Sabe, DiCla, às vezes, esse seu verniz de "diário de adolescente" me envergonha. Queria algo como o "Diário de Getúlio Vargas'' (q foi revisado pela sua filha. Havia um porção de "erros de português" hehehe. Diário, né? Não seria autêntico, senão os houvesse e se não houvesse erros não seria Diário. Seria um romance estilo "O sofrimento do Jovem Werther. Queria algo como "Os diários de Langsdorff" ou "Diário Íntimo de Lima Barreto". Nem vou citar, o do Saramago e do Jorge Amado. (Chega de falar de quem você só conhece por nome. Ctus!) Entretanto, sou intimista, uma infrutescência, além de primeiro anista. Não convém ficar me comparando com quem tem dez mil horas de prática diária e muitas outras coisas a mais.

P.S.S: Acabo de descobrir q Lima Barreto escrever um Diário enquanto esteve internado no sanatório, no Rio de Janeiro. Vou atrás. Já pensou, DiCla, o que ele possa ter feito com o estilo?




2 de mar. de 2016



 Bom dia, Di!
O jantar com  Jaci e Tupã foi tranquilo, me senti como o Eugène ao visitar os Guermantes. Faltou sêmen, salivação zerada, as mãos inquietas e os pés covardes. Estava disposto a fazer um transmissão streaming, mas logo na hora do lanche dos géiseres, não tive apoio. Eloquência em baixa, solução: me besuntei com de óleo de dendê, como manda os bons modos e fiz a Janete. Acho que os convenci. Serenidade plena, Gaia dorme. Com os Deuses não se brinca, ou se for para brincar, que se saiba perder. Divertimos-nos , rimos e nos abraçamos. Até provei da breja que brota do chão, eu heim? logo, eu que abomino qualquer aditivo. Realmente, eu não sou mais eu. Sou uma persona plurificada em vários selfs. Meu nome é Ctus, o resto é alegoria formal do trabalho. Tio Fê deve estar orgulhoso de mim.

Tu, não imagina a delicia que é se empanar no latossolo vermelho besuntado de dendê, estou bombado até agora, me falaram que os efeitos são eternos. Oh, Glória! Sou um sobrinho-neto de puta de tão privilegiado. Oh, Glória, vem me fazer um massagem. Shiatsu no furico dos outros é refresco.

A novidade são as borboletas, pensei que era uma nuvem  de chuva de mil milímetros, qual o quê? Já foram entrando pelos orifícios e me levando para um passeio de windsurf. Profissionais sérias. Umas  me entraram pelos poros, outras pelo nariz, boca, ouvido e olhos, nem  a uretra elas perdoaram e a maior de todas, ou  o maior de todos, não sei, se borboletas são machos ou fêmeas, me entrou por onde você pode imaginar, sem cerimonia. Uma se aninhou  no meu peito, e disse que daqui eu não saio mais; outra está no umbigo, estou te conectando à web, a do abdome e as dos huevos não cessam de rufar suas asas azuis Klein. Estou parecendo um anil; a da garganta já me disse que se algum dia elas/eles foram embora, era me será fiel; a da testa é um telescópio, de fazer inveja à Nasa, daqui de casa estou enxergando todos os anéis e luas de Saturno, e a que se aninhou-se sob minha cabeça, aquela que me entrou pelo olho de porco, parece um sombreiro de tão grande, de tão roxa, de tão amarela, almiscarada como eu gosto de ser. Di, parece que esse povo advinha nossos gostos e desgostos e quando a Gaia se ajeita saem em tropa para ajudar os justos.

Ah, descobri que eu era Sagitário, agora sou Peixes. Eu gostava de ser Virgem. Não sei onde deve estar minha Lua ou meu Ascendente, quando esse informação cair, eu te repasso. Só sei que estou gostando de ser um tubarão, os golfinhos são super-amigos, os cavalos-marinhos uns fofos e os corais... Di, eu preciso de uma google pro! Bem que, uma coisa é foto, outra é in loco, mas é só para ti ter um ideia.

Para terminar, ahhhh, sim, querido, estou no dendê, mas temos obrigações. Três coisas que eu tenho certeza que você vai ficar feliz em saber.

A botão de flor-de maracujá se abriu só para me dizer que a flor de jabuticaba sorriu para ela. Depois de toda minha diplomacia, não esperava outro resultado,  me surpreendeu a rapidez da força-tarefa. Botânica não é das disciplinas das mais fáceis, se tu não tiveres diplô, fode tudo.

os dígrafos voltaram, robustos e soberbos como tudo deve ser.

e por fim, o subcomandante foi no meu escaninho avisar: "fica ai de orgia com suas  lepidopteras, filho da puta, sortudo, mas amanhã é dia das formigas. Vamos devorá-las fritas, ou melhor, você vai, por que  eu vou virar gás.  Já viu, né, Di, substituir o Comte não é fácil. Odeio ser babá de artista.  Datum perficiemus munus.  
 Beijo no toba, tiamu, Ctus










1 de mar. de 2016

Di,  nem se dê o trabalho de se levantar, pode ficar deitadinho mesmo. fui no condomínio fazer um divulga express e acabei trocando frase com umas antenas. deu choque, voltei. olha só o que eu trouxe de lá.

"eu tinha q voltar a escrever, não pra me juntar ao movimento, mas pq a salvação da nossa humanidade individual e particular está na palavra. A Palavra é Mantra. E eu não quero Pátria, tampouco Mátria, muito menos Frátia, eu quero Pa Pa Pa Pa e gozar o trabalho. "

ducaraleo, né? tambem achei, minha boceta é profunda, mano, pode vir com as duas mãos.  livro livre vai nascer, no formato q seja, no tempo dele. Para quê? Para quem? Por quê?

nuvens de controvérsia vindo em nossa direção. espero que chova.
DiCla, tô atrasado, eu sei eu sei eu sei, sem a prótese tá complicado. mas um detalhe de ontem q não nem mencionei. os botões das flores do pé de maracujá disseram que não iriam mais desabrochar, que isso, que aquilo. manu, foi the clash, arranquei um folha do pé, botei na boca e  mastiguei com força, mastiguei como a gente mastiga brita com areia lavada e cimento. e engoli à seco, pq vc sabe, melhor do eu, q não passo KY, não, é só saliva e deus. e deu certo. Amém, Irmão? Só um dia, tem sido nosso mantra desde, então.

Tinha outras mencionalidades a mencionalizar, mas q agora se avergonharam diante o branco. medo de branco da porra, já pensou, levar um balaço de grátis e de troco um sorriso de escárnio. q as ondas nos protegem.

sobre as ondas, tá por dentro? tô me inteirando, tem um astrofísico americano famoso na mídia, no ytb vc acha, não consigo guardar sua graça, mas enfim, o cara é um pica, grelo grande, do cu pelado.enfim, as ondas, estou captando-as, enviando-as, em movimento, isso é q importa.

não queria q fosse assim, queria melzinho na chupeta, leite com pera, danoninho de tutifruti, diretamente transmitindo da maçã central que eu a devoraria tal qual Caetano à Leonardo di Caprio, sorry, babi, mas dijavanear é sempre. temos dna irlandês esqueceu? não. enfim, eu perdoei, ele. ele era um cego. frustrado por não poder ter sido o q ele de fato era. um eric clapton sentado diante um mesa cheia de papeis, coitado, feliz ele não tá. a adega deve tá fazia, como sempre estava, se não fosse eu para sair para comprar seus velhos barreiros.

DiCla, talvez tu estejas assustado, tá freak, Ctus, relaxa. é estilo, manu. to segurão. cê acha q depois da aula da tia clarice, eu abaixo a cabeça para quem quer q seja? não! nós somos livres, meu irmão. total. entrou uma mosca no quarto, vou fazer sopa dela, deixa ela se aproximar.  então, depois de conhecer a Jenny Beavan, Di, ovulei na hora. segura de si. altiva, senhora do mundo. no meu dia, eu quero q seja assim e vai ser, Amém, Irmão?

acho q isso, a água acabou. outra coisa coisa, leva nada sério não. nada é. Manja o  Eclesiastes, trombou comigo numa situ punk rock nivel 3, copiou? Peguei pra mim, tô comendo gostoso, logo heim, Di, quem diria? É a fome, irmão, sou/estou magro demais, kkkkkk. Numa tradução falava q tudo era vaidade, mas malandro q sou peguei outra "nada faz sentido"

é isso meu amor, nada faz sentido, o sentido da vida cabe à nós encontrá-lo.

e eu tive a honra e o privilégio de te encontrado. demorei pra entender, precisei levar um esporro do Tio Sara, eu entendi. Tio Sara descendo as chicotadas nas minhas costas e o Tio Bulko e o Tio Faulk só pentelhando: "qual é a parte q vc não está entendendo." é trabalho,Ctus, trabalho, trabalho, trabalho, trabalho, nós somos pedreiros.  e todo mundo parado assistindo, até q Tia Clarice interveio (fui dá um googlada, eu nunca tinha usado essa palavra, deu um medo da porra, rsssss, mas veio assim e mandei a intuição) recitou um poema e disse q era para mim, para eu transcrevê-lo e assinar. quem disse q eu lembro de algum verso da porra do poema, deixa pra lá, tô nem ligando pra isso.

eitapoha, tenho q ir, se eu conseguir da uma fugidinha, a gente se fala. bs, tiamu. as louças estão tintilhando. queria ir não, Di, tô lá, mas pensando na gente. tiamu pra reforçar, minha VIDA.

diretamente do q restou do herbário de mudas de araticum.











DiCla, querido, tô aqui te enrolando, mas tu sabe né se eu começar a escrever, vou virar a noite e ai vai ser foda. tá sabendo? inventei uma história q eu morri e renasci,  não sei se está colando, mas estou sendo super dramático, não sei se todo mundo está acreditando, mas enfim, não vou ficar me passando de coitado. Dignidade, sempre. 

A flor de maracujá está em botão e isso está gerando um crise econômica nas bolsas valores de todo mundo, copiou? e eu to aqui , sei lá, parece q virei o bom samaritano, logo eu, o mais porra-louca dos porra-louca, não foi por acaso né, DiCla, todos nós sabemos. tô no apoio, se sentindo o Tio Sam. Estou confiante. O terremoto vem destrói e lá estou eu cavocando os escombros, se achando o chefe da equipe de bombeiros. logo, eu piromax de nascença, essa pretensão afasta as pessoas de mim. preciso trabalhar essa megalomania, o desejo de ser antena.


um artista antes de tudo é uma parabólica. Thomas Mann falava sobre tudo. Proust nem se fala. James Joyce não perderia a oportunidade. to cansado dessa gente rasa e desses intelectuais babacas q só pensam em como fazer dinheiro com sua artigos de opiniões. escrever de forma clara e objetiva não significa nada. Por isso q Autran Dourado se cansou de nós, por isso q João Gilberto não sai de casa, por isso q Lygia Fagundes Telles recusa a dar palestras. Aliás, no dia q vc souber q eu estive numa feira literaria pra assistir palestra de quem quer q seja, chama o Samu. seu diarista surtou. beijo, amor, te amo. o universo conspira, se contra ou a favor não sei, mas qdo eu descobrir, venho correndo contar pra ti primeiro.

29 de fev. de 2016

to bebado até agora , tOõ bebaço , para mim a melhor cerimônia do Oscar de todos os tempos. . tomei uma garrafa de champagne sozinho, faço isso mais não. ´to passando malll. O Chris mandou muito bem, piadas bem sem graças. não era pra fazer aquele povo riri não. A Whoppi divou e o Leo, ah, Leo, gente, o Leo pula catrata, O Leo é povão. pega na mão de todo mundo te abraça e não te solta, olha no olho, chora junto com você, senta pra comer do teu lado, oferece comida do prado dele, prova da comida do teu prato pra ver ser se tá gostosa mesmo, vai numa missão com ele em qualquer canto do continente Africano, no Haiti,.... saudade, o cara é muito gente, . e gato e lindo, e ele podia está só passando o rodo, pegando geral , só ostentando, mas não. está ali no miolo do furacão, aguentando pressão de todos os lados. uma vez perguntei para ele de onde ele tira forças, ele me respondeu: Marcito, não sei. sei lá. é o que tem o que fazer? Então vamos fazer. by the way, o leo fala português. pensa q fala mas tá valendo. #saudadesdeportoprincipe saudade do voluntariado, dos vinculos e das pessoas que nos ajudavam. Não acredito em deus , mas acredito em anjos e eles se disfarçam, alguns para estar no meio de nós. ai, eu preciso vomitar e dormir é o maximo q consigo escrever sobre ontem. me desculpe, DiCla. gritei muito, pulei muito. exxtravassei. e me perdoa tá. por ter perdido os trechos de porto de príncipe na minha bagunça organizada.

28 de fev. de 2016

Escrever é como socar massa de pão. A gente escreve, escreve, escreve, numa folha de papel de preferência, com caneta esferográfica da cor que mais lhe agrada e depois joga o texto para lá. Qdo a volta para reler. A massa inchou, dobrou quase de tamanho. Soca mais. E vai socando enquanto a massa estiver crescendo. Qdo não der para mexer em mais nada sem alterar a ideia original, então, o pão está pronto. O pão da alma que a gente compartilha com todos. É um milagre. Dá para todo mundo comer e ficar super satisfeito. #workinprogress

27 de fev. de 2016


Preciso ler esse livro, não para aprender a pular amarelinha. Isso eu nunca vou conseguir.  Porque quando nossos olhares se cruzam é como encontrar aquele-amigo-que-mal-conhecemos-mas-q-a-gente-considera-pra-caralho (perdoe-me as feministas, mas este post tem um público-alvo.) e o livro volta para estante. Ele ainda tem o cheiro do suor das suas mãos. Desgraça de vida! Pelo menos, tomei um decisão. Bravo. Eisaí, mlk. Parabéns, meu querido. Uhuuuu, Putaria, putaria! Marcel me olha. Seu ciúme escorre como gotículas de um copo de limonada suíça. Ouvi, ingrato? Marcel se aproxima de mim e sussurra no meu ouvido. Cena de trash movie. você não está pronto. primeiro, vou te fazer leitor, e se você se comportar direitinho, se somente se,  pode ser que eu venha a te fazer escritor. Agente, Editora, Marqueteiro e leitores (já ia me esquecendo do mais importante) é por tua conta. Era o Diabo assoprando no meu ouvido. Dei para ter alucinações, ultimamente. Sai daqui, capeta! Para começar, vc nem existe. Você é a cruza do meu medo rejeição com insegurança de um auto-didata, o q se é esperado pelos críticos, o-não-estar-pronto. nunca estamos, desconfio que nunca estaremos. Reconheceria a voz do Marcel mesmo se ele tivesse usando auto-tune amplificado num coro de mil vozes.  Pego o Júlio de volta na instante e beijo sua capa devotamente, sinto o cheiro do desgraçado... o CK One fica diferente na tua pele...  É a água do Amlstel, amor. Você vai se apaixonar pela minha cidade, assim como eu me apaixonei pela sua. Vamos, ficar morando aqui, heim? Não. Bati o pé. Bate o pé é modo de dizer, o Marcio ficou nervoso com a insistência dele. O Márcio também era carne-de-pescoço, né? Muito temperamental. Não foi à toa que o apelidaram de Nina Simone do Cerrado. Ele se deitou com o Jogo da Amarelinha sob o peito e dormiu sem trocar de meias. Teve um extraordinário estasiante sonho que está tentando se lembrar agora, mas só consegue se lembrar de uma frase: Casado sou com ele, contigo somente 3 dias. Se tu for um pica das galáxias, a gente passa mais tempo juntos. #workinprogress

Cortázar faz confidências que podem assombrar os críticos
In: Folha de São Paulo, 27  de fevereiro de 2016

Hachmann faz confidências que podem assombrar os críticos.
In: Folha de São Paulo, 27 de fevereiro de 2116

25 de ago. de 2012

I Need



Para quando a madrugada dormir um sonho:
http://www.uiowa.edu/~acadtech/phonetics/english/frameset.html
(guia de pronúncia  com vídeo de pronúncia)
http://fonetiks.org/index.html
(guia de pronúncia com algumas elisões)

A safra de 25


#Bolo de Cenoura#, originally uploaded by Adriana Casellato.

Sean Connery, Frei Betto, Tony Ramos, Salif Keïta, Elvis Costello, Paulo Autuori, Tim Burton, Soninha Francine, Stuart Murdoch, Claudia Schiffer, Fernanda Takai, Rivaldo, Hulk e eu vamos celebrar o novo ciclo que se renova.

Happy B'day Catherine!


Happy B'day Catherine!, originally uploaded by David Briard.

24 de ago. de 2012

Provocações com Jards Macalé - 22/05/2012




Onde está a música? "Você pode encontrá-la nas cordas vibrando, no bater dos martelos, nos dedos que tocam as teclas, nas notas escritas, na partitura e até nos impulsos no cérebro do pianista. Mas são apenas códigos. A realidade da música é uma forma invisível, misteriosa e difusa que desperta algo nas pessoas  sem estar presente no mundo físico."

(Deepak Chopra autor das As  Leis Espirituais do Sucesso)

Sergio Mendes - Agua de Beber




Jurassic 5 - What's Golden



para servir no nosso café-da-manhã. nosso desjejum, doravante.

The Roots - The Seed (2.0) ft. Cody ChesnuTT



é fácil ser sofisticado, qdo se tem bom gosto.

18 de ago. de 2012

quiet winter night


quiet winter night, originally uploaded by paul bica.

-- que frio...
-- que frio nada! Eu quero é neve. Patinar no gelo. Praticar snowboard. Fazer bonecos de neve. Torcer pelos Leafs. Zuar os Habs.
-- Você ainda tem esperança que o visto seja concedido.
-- Não. Minha minha esperança é no amor.
-- "Um amor que não ousa dizer seu nome.
-- Aqui. Por que lá, não causa nenhum constrangimento os casais andarem de mãos dadas.

6 de jul. de 2012

e ai, sai ou não sai?


ainda bem que papai-do-outros me outorgou imaginação (fértil ou não, é uma questão de ponto de vista). resta-me acionar os motores e espalhar-me pelo chão em lágrimas de gozo, construindo mentalmente os arcodes desde então ressoantes. Queria ouvir os arranjos no piano. Queira papai-dos-outros que um milanês publique o vídeo no youtube.

2 de jul. de 2012

Proustianos por Wilson Martins Influência de Marcel Proust no modernismo brasileiro Pedro Nava: os caminhos da memória entre o esquecer e o lembrar Por Cristina Ribeiro Villaça Análise da proposta memorialista de Pedro Nava Miguel Torga Poeta, memorialista português Marcel Proust y otros ensayos (1951) por Mário Benedetti Escritores Críticos: Charles Baudelaire, Marcel Proust, Paul Valéry, Machado de Assis. Sem contar os alemães, os ingleses, os norte-americanos e os russos e os espanhóis e os italianos.

1 de jul. de 2012

Naturally 7 - "Feel it (in the air tonight)"

Feel It (In The Air Tonight)
Letra original : Phil Collins -- Single: In The Air Tonight (1979)
Letra adicional: Naturally 7 -- Álbum: Ready II Fly (2006)
Tick, tick, tock- it's time for closure
I watch the hands on the clock, it's almost over?
I feel it's coming like it's winter cause it's colder now
Fat-lady type singing, like it's over now
Knock, knock, knock......it's coming closer
I whispered to my baby don't cha worry cause I told -ja
Don't be cryin for me, I'm a soldier now.
I know who's knocking at the door that's Jehovah now (What!)

I know your scared, I see your tears
Got to believe (got to believe)
Can't be deceived (don't be deceived)
Don't lose your faith, we'll meet one day
I see the light, (I see the light)
I feel alright...

Chorus

I can feel it coming in the air tonight.. oh lord
I've been waiting for this moment for all my life.......oh lord
(Oooh I can feel it)
I can feel it in the air tonight...
Can ya feel it in the air tonight
(Oooh Can feel it)
Cause if ya feel it in the air tonight..
We gon'sleep (that's right)
But it won't be (all night)
(Oooooooh I remember)
That night....cause I was dreaming
I didn't understand, but now I know the meaning
I know that baby you'll be fine, you won't be weeping long
I see the signs of the times, I won't be sleeping long
So tell me can ya feel it, are you listening
Cause if ya feel it, like I feel it, don't be drifting...
Thinking it's too late.(na)...judgement only God can make.
Just wait! Rise you up like he baking cake. (What!)

I'm not afraid...My trust won't fade
Got to believe (got to believe)
Can't be deceived (don't be deceived)
My faith is strong, I'm holding on
I see the light....(I see the light)
I feel alright
Chorus

I see your tears
I feel your pain
Don't ever worry we'll meet again

30 de jun. de 2012

A real politik ferve enquanto os gansos voam baixo.
Manteiga escorrendo pela chapa.
O melindre dissonante supurado.
Alarmes disparados, vizinhança aflita.
Aço distorcido, contorcido. 
destroços de plásticos,  corrente arrebentada
e um novo elo.
Graxa nas mãos e na cabeça um obsessão.
Aniversário de colisão cinza-prata


No site da delegacia, registro meu desejo:
cruzar na rua com aquele gato preto,
do azar se fez sorte,
e a demora em clarear o dia. 
Não largara a latinha de skol, 
dos males, o menor. 
Alguém poderia ter se machucado,
se é que não se machucou.
Os corações se  abraçam ao poste de energia elétrica.
Da próxima vez, aceito o convite para  fazer amor no alto da torre telefônica.

29 de jun. de 2012

De repente, improvisa


Freestyle - Um estilo de vida (a style of life) COMPLETO (Part.1)


Há quanto tempo  venho escrevendo de improviso, sem saber que a alma se desprende da mente quando a sentimento é verdadeiro.
"Como estou feliz! Nosso memorialista está de volta." 

Num momento, cocaína (a escrita,
                                      o rascunho),
depois heroína (reescrita,
                        revisão),
mas nunca crack (o feedback do crítico,
                                              do leitor,
                         seus aplausos e recriminações).

Retroalimento minha expressão com as lições...

Clarisse Lispector,

Fernando Pessoa,

Ariano Suassuna.

"Citar os mestres é foda."

A Odisséia em algum momento teve que ser escrita.

A filosofia de Sócrates em algum momento teve que ser escrita.

As parábolas de Cristo em algum momento tiveram que ser escritas.

Portanto, vagabundo, senta  bunda na cadeira e escreva, até a artrite deformar seus dedos.

Não fará diferença nenhuma o ato por si só,
a não ser para mim mesmo.
E basta.

A solidão não é o diabo que se pintam.

Escrever é consequência.
Reescrever, reflexão.
Revisar, questão de tempo.

E  o VOLP continua sendo um grande amigo.

28 de jun. de 2012

Velório às cegas

A mula trazia um machado no coração e um escapulário no bolso da fina camisa azul desbotada cuja a falta dos quatro primeiros botões era notada. Ele sentou-se à mesa  mais próxima da porta e pediu um pingado. 


Cíntia chamou a garçonete Soraia  para atendê-lo.  "Oh, Jesus! Só o Senhor na causa."-- resmungou, a gerente, ao observar o entusiasmo da funcionária. "Então, é causa ganha." --, retrucou a yonseique rebolava na cadência do pêndulo do relógio de parede. 


Um risco dourado de luz, um fiasco de sol, num dia nublado, tremeluzia, demarcando o território de Mulato. O curió cantava,  prevendo a discussão entre os amantes. 


Horas depois, o perito C. Carvalho, se encarregaria de contar aos colegas: "Perdemos dois informantes, num só dia." "Veja por outro lado. -- contra-argumentou, o delegado Fornazze que vinha fazendo uso do seu direito de permanecer calado diante da tropa.  O  diabo está recebendo mais dois virtuosos na sua blues band." 


Todos riram. Inclusive, eu, imaginado atento quem seria aqueles "mais dois". Permaneci de cabeça baixa, fingindo rascunhar uma anotação. Não iria constrangê-lo diante seus subalternos com uma pergunta idiota de tão ridícula.  


Naquele mesmo dia, à noite, na intimidade de um banho com improvisos, haveria de saber que o Naz ao manobrar a caminhonete dentro da garagem,  com aquela delicadeza de orgulhar búfalos e rinocerontes, esmagou acidentalmente  a gaiola  com o nosso casal de hamsters, dormindo dentro. 


Tratava-os como fossem meus filhos. A fantasia que a Justiça nos nega. E filhos não se compra numa loja especializada no dia seguinte. 


Não aqueles que haviam nascidos cegos. 

20 de jun. de 2012

MEU PONTO DE VISTA

De:(...)
Enviada em: quinta-feira, 6 de fevereiro de 2003 10:32
Para:(...)
Assunto: RES: Por que você faz parte da minha vida

Marcinho,

Achei lindo a mensagem que me mandou, gosto de receber esse tipo de e-mail também e reconheço que realmente expresse o que estar sentindo. Entretanto ontem quando eu estava já saindo abri o e-mail só para ver se eu tinha recebido algum, quando olhei aqueles vários e-mail seus com títulos bem sugestivos quase morri pelo o quanto gostaria de lê-os, porém tinha que ir embora por causa da minha condução. Chegando aqui fui logo abrindo-os.

Não gostei, de você, não quero receber e-mail (não relacionados aos estudos) prontos. Gostaria que você me escrevesse mesmo literalmente. Sei que também não escrevo, e talvez você mandou por mandar, mas estar vendo o grau de importância que dou as coisas relacionadas a você. Não quero que fique triste com isto, só quero um pouco mais de você para mim. É tão engraça como a minha felicidade estar próxima, à proximamente 10Km apenas! ! ! (Esplanada ao Lago).

_________________________________________________
Tatah,
Imagine Stephen Daldry tentando captar nossos sentimentos, enquanto dançamos ao som de:

No Rain
(Blind Mellon)

All I can say
Is that my life is pretty plain
I like watching the puddles gather rain
And all I can do
Is just pour some tea for two
And speak my point of view
But it's not sane


It's not sane

Chorus:

I just want someone to say to me, oh
"I'll always be there when you wake"
You know I'd like to keep
My cheeks dry today
So stay with me
And I'll have it made
And I don't undestarnd
Why I sleep all day
And I start to complain
There's no rain
All I can do
Is read a book to stay awake
Maybe it rips my life away
But it's a great escape (4x)
All I can say
Is that my life is pretty plain
You don't like my point of view
You think that I'm insane
It's not sane (2x)

CHORUS

And I'll have it made...



06/02/2003

19 de jun. de 2012





Agora vai,
nem que  se rache em bandas.


06/02/2003

18 de jun. de 2012

1º Ato

-Alô! Boa noite. Sr. Gustavo, por favor?
-É ele...
-Oi, meu amor, sou eu, Patrícia. Como você está?
-Cansado, princesa, muito cansado... (Desanimado)
-Eeeh, você...
-Aah! Que nº você está?
-243 89 01 (Não sei como ele ainda não decorou esse nº? Como se ele não soubesse que eu sei que ele me rastreia...)
Triiiiiiim...(Breves minutos.)
-Oi, amor! Me diz como você está?
-Amor... tomei coragem....
-Como é que é?
-E isso mesmo...
-Peraí que eu vou pegar uma cadeira. (Empolgadíssimo)
Alguns longos minutos depois....
-Amor?

-Oi?
-Continua.
-Eu estava teclando com um cara, o nick era OSkAFAJESTES , achei diferente e dei corda... (Ofegante)
-E?
-Me enviou umas fotos e o celular dele. (Ofegante)
-Ai, amor, não sei como te conto isso.
Estou sentindo vontade de chorar...
-Estou percebendo, gatinha, relaxa...
-Estou me sentindo culpada... ( Mais ofegante ainda)
-Mas foi bom?
-Na hora sim, foi maravilhoso. Eu fiquei bem puta.
-Rolou dois ao mesmo tempo?
-Claro! Fizemos inclusive várias algemas chinesas.
-Ahaa... Continua
-Liguei para eles e combinamos.
Fui até o apartamento deles... era umas três horas da tarde... tinha mais dois... me receberam com muita educação...estavam muito diferentes... era como se fossemos conhecidos...estavam jogando truco... e nem tocaram no assunto...me ofereçeram cerveja, suco, bolo. Eu estava muito nervosa. Como estou agora... (Ofegante) - Fica tranqüila, meu amor.
-Está difícil... Pedi para ir ao banheiro. Depois ficamos conversando... Sobre várias coisas...
-Quatro estavam jogando, naturalmente, como se minha presença ali, fosse super normal.
Enquanto eu conversava com um garoto, super gatinho... Mas toda mundo estava participando. Não era nada reservado, nada íntimo... Era como se a gente não houvesse tido aquela conversa pelo chat.
-Depois de muito tempo e alguns silêncios, olhei no relógio.
-Tá querendo ir embora?

-Tá tarde, minha mãe nem imagina onde estou.
-Eu te acompanho.
-Então, amor, quando fui me despedir dos rapazes, dando três beijinhos. Foi quando um deles me pediu um beijo, na boca. Sem graça o menino, mas beijei assim mesmo, sem hesitar, com vontade. Os meninos começaram a gritar, acho que de alegria, sei lá. Um que estava mais afastado tirou a camisa e comecei a ri e a me despir. Um outro sai correndo lá para dentro do apartamento. Voltou com alguns preservativos. Quando eu percebi já estava todo mundo pelado se masturbando.


-Será que vai dá? (risos...)

-Eu tenho mais na bolsa.
-Aí, amor o resto você sabe...

-Não sei de nada, eu não estava lá...
-Amor, deixa de ser chato. Fizemos de dois em dois. Ah! Depois chegaram mais dois. Acho que ligaram para eles, chamando-os.
-E como você está se sentindo.
-Ah, amor, ruim foi depois... estou me sentindo muito culpada. Comecei a chorar quando entrei no carro.
-É...( aquele silêncio pensativo)
-Eles me trataram super bem... Ai, Meu Deus, como te falo isso... estou com vergonha...
-Continua.
-(...)
-Fala mais alto...
-Eu estava fazendo uma felação num deles e um outro se aproximou duro, bem perto do minha boca, o que eu estava recebendo disse: "Ela gosta com camisinha."
-E agora como você está...
-Fisicamente bem, não aconteceu nada forçado... era tudo como eu pedia.... faz assim, faz assado. Mas estou me sentindo mal.
-Não tem por que se sentir culpada, você realizou uma fantasia sua. Você foi muito corajosa.
-Senti muito medo, há muito tempo eu queria fazer isso.
-Mas você tem consciência de que foi usada.
-Mas eles fizeram o que eu queria, do jeito que eu pedia.
-Ãham...
-Será o que eles vão pensar...
-Isso não tem como você controlar.
-O importante é o que você está sentindo.
-Tenho medo de querer de novo, tenho medo de ficar sem vergonha. Tenho medo de só querer assim. Foi muito bom. Foi muito diferente.
-Você já pensou no homem?
-Como assim?
-Você e outra mulher.
-Depende. Nós dois nele?! Sem problema.
-Não, não! É ela te chupando, você chupando ela.
-Ah! amor, isso não. Acho muito perigoso...
-Você tem que ver que o cara pode ter algumas idéias...
-Então eu vou negociar. Mas depende do que ele vai querer. Sabe amor, eu quero alguém criativo, bem maluco que as idéias dele coincida com as minhas, sem eu ter que dizer nada. Quero ser surpreendida.
-Princesa, preciso voltar ao trabalho. Tenho que ouvir algumas fitas. -Aaaaaaaaaaaah, já?
-Tem que ser amor. Me escreva, ok!
-Então um beijo
-Outro bem gostoso -.
________________________
2º Ato

-Paty, que cara inbecil! Descarta ele!
-Marciiiiiinho, por favor!
-Tenho paciência não, Paty. Esquece ele... E ele acreditou na sua história?
-Acho que sim... -Ele ficou se masturbando? -Acho que não, eu contei para ele quase chorando.
-Por quê?
-Não sei na hora que eu começei a contar, fiquei com medo dele desconfiar e comecei a respirar com dificuldade.
-O que deu credibilidade...
-Isso eu nunca vou saber.
-Díficil, viu...Por ele ser federal, acostumado com interrogatórios...
O que ele é mesmo?
-Escrivão.
-Então... Ele te deu corda.
-Mas por que você contou isso para ele?
-Sinceramente, Marcinho, não sei. Na hora, saiu. Sem eu nem mesmo planejar.


07/02/2003

17 de jun. de 2012

O BOTO ENGENHEIRO

Ele a raptou para que pudessem assistir ao documentário tranqüilamente. Pode parecer mania, mas para eles não havia nada melhor do que sair do cinema arrastados pela inércia dos espectadores impacientes que se levantam abruptamente antes dos créditos terminarem.
Logo após o filme, ainda atordoados e inebriados, levou-a para jantar. O algoz pediu um pato no tucupi, belensíssimo por sinal. Entre uma garfada e outra, ela lhe disse que havia na mesa ao lado um sujeito que a incomodava de tanto olhá-la. Cafajestamente, perguntou-lhe se ela achava dele. Ela sorrindo lhe repondeu que era o número dela. Ele, possesso, olhou imediatamente, para trás. No reflexo, o sujeito abaixou a cabeça. Ele lhe perguntou o que iriam fazer. Sem hesitar, ela sugeriu que o convidasse para experimentar do pato.
Discretamente, como tudo naquele lugar, acenou com os olhos para o garçom de sempre que prontamente se dispôs. Ofereceram uma garrafa de vinho junto com um cartão de visita. O estranho o leu atenciosamente. Pediu a conta e aproximou-se da mesa deles na intenção de agradecer. Apresentaram-se. Convidaram-no para experimentar o tal do pato. Ele não resistiu, nem queria.
Papo animado o dele, empresário da área de mergulho submarino que ainda estranhava o tempo da cidade: dias quentes para noites frias. Talvez não sobreviveria. Num primeiro momento, eles não compreenderam porque o estranho veio trabalhar ali, já que estávamos a 1.200m acima do mar. O estranho com um sorriso orgulhoso olhou para o lago explicando que uma monumental ponte iria interligar as margens. A atribuição dele seria analisar as condições físicas do relevo numa profundidade média de 14 m. Segundo ele arcos seriam imersos a uma profundidade de 30 m solo adentro. Como os engenheiros fariam isso, cabia a ele solucionar.
A expressão do casal era de que aquilo era um delírio sem fundamento. Ele olhou para lago apontando de onde até onde iria a tal ponte. Rabiscou um croqui do projeto e como uma criança, balbuciava palavras que só os peões entenderiam. Ela, inquieta, percebendo que lhes estavam escapando uma oportunidade ímpar, interrompeu-o dizendo-lhe, a queima-roupa, que se impressionara com sua altura, sua largura, enfim com seu porte. Sorrindo de vergonha, ele lhes confessou que se sentia como um paquiderme.
De repente, aqueles olhos castanhos desanuviados esbravejava contra os fabricantes de portais, calçados, roupas, móveis. O mundo nunca lhe fora amistoso. Ele sofria por não pertencer ao padrão. Havia lugares que ele deixara de entrar barrado pelo constrangimento. Para compensar, invadia sem permissão lugares inóspitos. Ele sorriu. E sorrindo eles perceberam a deixa. Convencido do que ele queria, o namorado antes ciumento lhes disse que formavam um belo casal. O Empressário-Mergulhador, surpreso, lhes perguntou se não eram casados. Cúmplices, negaram qualquer envolvimento íntimo-emocional.
Imediatamente, aparentando irritação, ele se ajeitou na cadeira, pigarreou. Com uma expressão de quem parecia não ter gostado da piada, sugeriu que pedissem a conta, queria levá-los para um passeio exclusivo a águas profundas. Ingênuo, achava que seria capaz de suportar a pressão. Incautos seguiram a experiência suja e prazerosa.
_______________________________________
N.E.: Escrito, originalmente, durante um sufocante sábado de nuvens grandes. 16/11/2002 ou 08/02/2003

16 de jun. de 2012

ERRANDO TAMBÉM SE APRENDE

Voltei para desenterrar os ossos. Tinha medo que alguém me achasse.

- Ainda tenho seu número, olha aqui na minha agenda...lhe disse.

Estava coberto de ouro. O relógio dourado me incomodava as vistas. Quem tem não ostenta. Desta vez não piscou, nem precisava. Entrei, sentei, conversamos. Era a mesma petulância. O mesmo incômodo. De repente, ouço uma música que minha hipocrisia manda eu dizer que odeio. Não caia. Linha-dura.

- Esses babacas ficam usando os animais ...
-(...).
-Acione as travas.

Queria ter sido punido pelo meu crime. Entretanto, não reconheço sua autoridade pois, não sou aquele menininho. Queria comer jamelões, mas agora só no próximo verão. Revivi tudo aquilo, ao presenciar a RPMon utilizando seus animais para catar jamelões. Escutei, atenciosamente, seus delírios. Aquela dos dedos foi triste. Dez polegadas. Quem agüentaria?

-Me dá seu número?
De jeito nenhum, pensei.


De Taunay a Nava: grandes memorialistas da literatura brasileira
Prof. Dr. Paulo BUNGART NETO (UFGD)

RESUMO:  O trabalho apresenta um panorama da produção de alguns dos principais memorialistas brasileiros,  de românticos de fins do século XIX tais como  Visconde de Taunay, Joaquim Nabuco e José de Alencar, até os modernistas da primeira metade do século XX (Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Erico Veríssimo, Murilo Mendes e Pedro Nava, dentre outros).  Pretende-se demonstrar também de que maneira o gênero memorialístico aparece bem representado na atividade literária de escritores sul-matogrossenses como Otávio Gonçalves Gomes, Ulisses Serra, Elpídio Reis e Manoel de Barros, através de crônicas, poemas, autobiografias e volumes de memórias que retratam, além da vida pessoal de seus autores, a inserção cultural e identitária do Mato Grosso do Sul como nova realidade fronteiriça.

PALAVRAS-CHAVE: literatura brasileira, memórias, memorialismo modernista