2 de dez. de 2005

Embora o test-drive na esquina dos beijos amanteigados, lamentasse todas as fossas enterradas em pedras de gelo, resistimos às água de coco-verde deflorada nas costas. Que costume bizarro misturar sexo com comida! Terça-feira da semana passada. Hoje, choverá diferente. Me sufoca, me bate, me espanca. Sou sua flor em botão. Ele acreditou. E ele acreditou. Insensato. Irresponsável. Por mais que nos esforcemos, o travesseiro ronrona à noite. Não dói, porque o cansaço não deixa. O sorriso banguela causava tristeza à vizinha da casa da fachada verde. Detalhe importante para um dente de siso. Ela estende as fronhas quando nos preparamos para partir. Agora é tarde, princesa, depois te conto. Suspiros de leve atenuaria nossos olhares d-e-s-c-o-n-f-i-a-d-í-s-s-i-m-o-s. Não consigo. Não dá liga. Ele chegou à quinze minutos. Me acena lá de fora. Já pedi que não viesse me buscar no serviço. Disfarço. Passo a mão no cabelo, finjo que estou ao telefone. Estou vulnerável. Do estacionamento, pode-se me ver movimentando dentro da loja. Se fosse o sniper... Ele está sendo inconveniente. Ascendeu um cigarro. Está decidido a me esperar. Test-drive no barracão da obra. Já me arrependi de tê-lo beijado. Cofiou a barba grisalha. Fuma tranqüilhamente como se estivesse acabado de gozar em cima de mim (sonha!) e eu aflito, arrependido, com vontade de me dar um tiro. Ele nem é tão bonito assim, nem tão gostoso assim. Eu era apenas a vontade de enlouquecê-lo de desejo. Brincar de beijar na boca. Tê-lo de joelhos, a me mordiscar os artelhos. Só de cueca na cama, a procurar estrelas no céu da boca com a ponta dos dedos molhados na vodka. E eu a negar-lhe a saciedade. Quero te ver de cueca branca, da próxima vez. Ele balbuciou latidos roucos. Se você quiser posso chamar uma amiga. Enfermeira do HFA. Há! Há! Há! A fantasia de todos nós. A classe que nos perdoe. Disse-lhe que bastava, nós dois. Queria um relacionamente fechado. Esse foi o meu erro. Ele vai investir numa instituição falida. Vai perder dinheiro.

2 comentários:

  1. Nesse vc se superou. sexo e comida!, alimentos pra vida.
    Como não tenho seu email, vou dizer aqui mesmo: "Ele chegou à quinze minutos". vc se esqueceu do H.
    Foi mal mandar por aqui, mas pode apagar o comment, se achar melhor.
    Abração.

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  2. Luiz Roberto, não se preocupe, comentários não deveriam ser só elogios. Quanto ao texto, fui inserindo os pensamentos, as lembranças, as falas e as reflexões com tanta sofreguidão que acabei me perdendo no me próprio labirinto. Mas para tudo encontro uma justificativa. hehehe. Se eu te entendi, faltou a referência ao horário. "Ele chegou à quinze minutos". vc se esqueceu do H." A hora está no quanto direito do post: # posted by Márcio Hachmann : 11:40 Ou pode-se deduzir da narrativa. Por volta do horário de almoço, por isso sexo com comida. Almoço executivo em motel. Algo muito corriqueiro em Brasília. Não falo por experiência própria. Espero sempre dos leitores uma construção da história junto com o narrador, talvez por isso, os lapsos, as pausas, as falhas e os erros. Um diário muito bem escrito, não me transmite verossimilhança, parece que foi reescrito à exaustão. Prefiro o calor do momento, mesmo não sendo o momento, e que os leitores interpretem como quiserem. De toda forma, gostei muito da tua intervenção. Fique à vontade, sempre. Anota aí o e-mail hachmann arroba gmail ponto com. Abraços!

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