Precisamos conversar. Terno branco para a cerimômia de casamento. Rosas brancas, suavemente açucaradas. Ontem, estávamos em São Petersburgo discutindo o crime também cometido por mim. Hoje, acompanho estranhos à caminho de Davos. A neutralidade me comove. Não posso ser eu mesmo. O tempo é uma flor sem espinhos no inverno, porque no verão são só espinhos, o tempo. Ah! Uma porção de borboletas lilás nos perseguindo. Por acaso, quem eu era? A pensão acabou antes do mês e a moça abre bem as pernas para que possamos admirar sua glabra vulva rosada. Curioso, pergunto-lhe como seria amá-la com preservativo feminino. Ela ri. Eu não faço amor. Simplesmente, amo. Você! Tenho que encerrar essa conversação. Fecho a webcam. Do lado de lá com certeza ficaram com raiva de mim. Mas o terno chegou e tenho que me vestir. Corsage na lapela. Canela em alcóois para permitir que o vôo seja no Niagara. Você ainda sonha, me pergunta o incauto arroz-doce. Descendo pelo meu esôfogo, ele não pode me ouvir e mesmo se pudesse não compreenderia. Sonho com o vento frio sapecando minhas maçãs. Meu rosto vermelhinho, meus olhos umedecidos. A moça pergunta o que foi, respondo: Nada, com toda força confinada no coração. Deito sobre aquele corpo suarento e descarrego toda minha culpa dentro dele. Precisamos conversar. Quando você quiser, meu amor. Mas não agora. Notas de cinco euros lhe caem dos bolsos e ele não abaixa para apanhá-las. Veste o traje e sai. O hábito nunca fez o monge.
Apesar do corte lhe cair exatamente na altura dos ombros.
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