É o mais próximo que consigo chegar do sorriso do R. Homens vestindo camisas cor-de-rosa clara poderiam cruzar mais vezes nossos caminhos aos sairmos desatentos do supermercado. Olho, analiso, suspiro. Tudo muito rápido e discreto. Inquietação. Troca de olhares. Ele pára no lado oposto onde me encontro. Senhoras e suas pesadas sacolas de compras. Estaríamos chamando atenção? Parecemos dois assaltantes aguardando o comando de um suposto terceiro homem. Não há mais ninguém além nós. Uma patolada resolveria o problema. Rogo a Deus (aliás, obrigado Santo Antônio, por trazer o azul do céu para tão perto de mim) que seja discreto. Há crianças, mulheres e homens. E definitivamente, aquele não era o lugar mais indicado para se flertar. Finjo esperar alguém. Ele olha em direção ao jardim de cactos no outro lado do estacionamento, como se o tempo tivesse perdido todo seu valor. Aguarda o táxi chegar ou a namorada vir buscá-lo? Todas suas compras couberam numa branca sacola de plástico. Sua pasta a tira colo desse ser mais pesada. Ansiedade a me formigar os ossos. Aproximo-me? Concluo. Sorriu-me por educação. Vejo possiblidade, onde há somente gentileza. Polido. Deve ser de fora. Olha para dentro do supermercado, como se procurasse um refúgio. Se ele se encaminhasse em direção aos banheiros, saberia eu sua real intenção e poderia ir embora em paz. Tira um maço de cigarros do bolso da calça. Seria a deixa, seu eu fumasse. Com cigarro nos lábios, procura pelo isqueiro. O elegência com que vasculha os bolsos e bolsilhos, produz efeitos colaterais na minha pressão. Palpitações. Tontura. Tolice! Deve ter sido o bacalhau. Não deveria ter aceitado a oferta da demonstradora. Bolinhos ao crepúsculo continuam me fazendo mal.
(...)
2 de ago. de 2007
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