Amor, co'a esperança já perdida, 
Teu soberano templo visitei; 
Por sinal do naufrágio que passei, 
Em lugar dos vestidos, pus a vida.
Que queres mais de mim, que destruída 
Me tens a glória toda que alcancei? 
Não cuides de forçar-me, que não sei 
Tornar a entrar onde não há saída.
Vês aqui alma, vida e esperança, 
Despojos doces de meu bem passado, 
Enquanto o quis aquela que eu adoro:
Nelas podes tomar de mim vingança; 
E, se inda não estás de mim vingado, 
Contenta-te co'as lágrimas que choro. 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário