Estava arrependido do produto da caça. Despelado urso leitoso as duas horas da manhã. "E essa solidão dos olhinhos, menino?" Nossa. Como ele pode perceber? Meus olhos castanhos já não conseguem sustentar mais a máscara que me impus. Precisava me sair bem, já que dali a pouco iria me envenenar em outra praça. "Nascemos e morremos só. -- repliquei -- Há de se saber trabalhar a solidão." O Trufa se admirou com o fato de eu ser existencialista.
Nunca os li. Sou analfabeto em alemão e meu francês só me permite ler gibi. "Você deve estar enganado." Talvez deva ter escutado alguém reproduzindo as idéias. Se me alimento da minha dor, autofagia, é porque aprendi de ouvido. E nada pior do que aprender a tocar violão de ouvido. Nada pior do que se servir da carne fria, numa madrugada fria, num banco de couro frio. Será que ainda quero conhecer neve? Com o Seu Jorge tocando vai ser difícil continuar. Mas preciso de algo que me levante. Nem visitar meus Favoritos, consigo. Assim não há porque prosseguir.
O celular toca. É o Urso. Será que ele se apaixonou? Trigéssima-primeira ligação. Vinte e cinco mensagens que não tenho coragem de ler. Ele que vá procurar outro submisso. Meu rosto ainda arde das bofetadas perfumadas e meu proctologista me ameaçara transferir meu caso para outro colega, caso eu viesse a tentar uma dilatação (fist fucking). Não pretendo Dr. Pode ficar tranqüilo. Nunca me passou pela cabeça. Dizer que "adoraria", foi apenas uma estratégia de sedução. Ineficiente diante do Trufa. Arrependimento de não tê-lo beijado até o amanhacer.
Insanamente ótimo.
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