Ela tem aparecido em todas as mídias, mas nunca quis conhecê-la. Seu visual não me dizia nada. E drogado por drogado, me basta aquele que vem buscar quando o expediente termina. A repetição, a superexposição, venceu minha indiferença e agora resta-me aqui tentando resgatar a noite de ontem, a madrugada de hoje, o nascer do sol às 5h15. Sempre achei o palio um carro muito apertado para se fazer sexo dentro. Há compensações. A lataria é uma das mais confortáveis. Vamos para um motel? Vamos ficar aqui mesmo. Concordei resignado. E minha submissão foi recompensada quando ele ligou o MP3 do carro. Abriu o porta-luvas. Tirou um maço de cigarros. Qual marca? Não importa. A temperatura caíra a níveis constrangedores. Eu tremia, mas agora era de prazer, em apenas contemplar a imagem de homem que eu havia encontrado por acaso na rua. Pensei que não conseguiria arrastá-lo daquele boteco très chic, o nome do boteco. Irônicos, os donos. Ele e eu. Enquanto fumava, me perguntou: E aí você tem namorado? Não. Não tenho. Tenho um amante. O arquear das suas sobrancelhas, me levou a justificar-me. A gente se vê todos os dias. Quando te encontrei, você estava sozinho. Sim. Havia acabado de descer do carro dele. Entrei no bar para comprar uma coca-cola. Ele não terminava de fumar. Aquele inquérito se prolongaria até o último momento de prazer dele. A distância que nos afastava era a mesma que nos aproximava. Essa é a tal da Amy? E ele pronunciou o sobrenome dela com uma pronúncia perfeita. Por segundos, fui levado a Brighton a trazido de volta. Sente o cheiro do mar nos meus dedos. Aproximei-me do seu corpo perfumado, este era cítrico, respirei dentro da sua camisa azul, reflexo da lua, convergência da noite, a procura do suporte para minhas pernas. O abraço. E a melodia movimentando seu corpo e por inércia o meu. O dia amanheceu com os outros carros passando por onde estávamos. O estacionamento do pithon não era mais discreto. Conheço uma padaria na seis que serve um delicioso café-da-manhã. Eu aceitei e agora estou aqui postando, na tentativa atordoada de me lembrar de tudo. Qual seu telefone? E o seu amante. Não quero atrapalhar relacionamento nenhum.
11 de jun. de 2008
O mesmo amor cego, jamais consegue ser surdo
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