31 de jan. de 2006

No banco detrás


...and again, originally uploaded by mhatilda.

Não faça isso. Vá lá. Diga-lhes o quanto você os ama. Permita que a maria-fumaça serpenteie os labirintos do seu coração. Prefiro manter-me à parte. Eu poderia ser preso por desacato. Nunca mais jamais. Observo de longe quem entra, quem sai; os falsos, os sinceros. De manhã traço trilhas alternativas; à tarde provo dos picolés de chocolate ao leite ( às vezes de coco ao leite, também ); à noite, acaricio meu sexo, perdido em imagens de calças pretas, desbotadas. Rostos anônimos, caveirados. Sua despedida entrou ragando dessa vez. Não me encare desse jeito, querido. Bastou seu olhar de ódio para eu me arrepender da promessa. Ele é imaturo, devasso, mentiroso, hipócrita. como ele podia estar com medo da penunbra, se o que ele gostava mesmo era acalmar presídios? Medo tive eu do seu olhar de raiva. Precisava ir embora sem ao menos deixar um bilhete? Com o dinheiro da pernoite comprei um bracelete de presente para filha de uma amiga. Bem-vindo à maioridade, Natália. Juro que, se eu não estivesse me comprometido até o gargalo, convidaria ela para jantar. Olhares de soslaio me convertem.

2 comentários:

  1. Pô, márcio, difícil de te acompanhar! vc abandonou de 11-26 seu blog e agora tá numa fúria excelente
    Cara, gosto do jeito como vc escreve, mais especificamente: do jeito como vc conta histórias. vou ler tudo, embora não prometa comentar tudo.

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  2. Duas coisas que adorei nesse post "olhares de soslaio me convertem" (é quase uma frase do Manoel de Barros) e os "falsos sinceros".
    é por essas e outros que sou adicto deste site.

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