“Final de Ano”... Não. Me lembra a propaganda que acabei de assistir. “Natal”... Nem pensar. Tenho amigo agnóstico e ele tem nos visitado regularmente. “Boas Festas!”... Quando penso em “amigo oculto”... Na mãe entregando embrulhos e mais embrulhos de presentes ao filhinho mimado... Me sinto constrangido por quem veio apenas cear conosco e assiste aquele show de exibicionismo. Ostentação. “Boas Festas!” Não serve, porque a minha definitivamente não será. Espero sinceramente que a de vocês, leitores, sejam. Pelo menos alguém nesse mundo tem que estar feliz quando o sino da capelinha soar as doze badaladas. E este seria meu último texto de 2006 para desejar-lhes... Como está difícil iniciá-lo. Talvez seja o frio dos dias (não culpe o tempo por sua incapacidade). Talvez seja a interrupção constante. Perco-me no ritmo do toque da Habanera. Vou mudar o toque desse celular. E vai ser agora.
Reestruturo a introdução. Minha imagem turva no espelho das palavras. Desconheço-me nos verbos das orações. Éramos nada mais do que uma simples mensagem de otimismo. Singela, espirituosa, que fazia jus à minhas pretensões estético-literárias e eu-bússula desorientado a caminho de casa. Irrelevante. Nunca sei mesmo o que escrever. Apago definitivamente a segunda frase. Ritmo atravessado. Havias uns ecos. Ao menos, a narrativa fluía, o pensamento quente, os dedos ágeis e eu agora aqui chorando porcas misérias. Gostei desse clichê. Fica como está. Por enquanto.
Rasgo a folha que já se desmancha de tanto ser apagada. Na bolinha atirada ao cesto de lixo estão minhas frustrações de ontem à noite. De todas as noites desse ano de 2006. (A quem interessa isso, Marcinho?) Porque não existe uma borracha grande o suficiente para apagarmos todos nossos erros passados? Já que não aprendemos com eles. O rascunho atirado na lixeira vinha-se mantendo na inspiração do momento. E o momento agora é outro (o dia também). Deste, sinto brotar uma metalinguagem crônica (vocês já devem ter percebido, não?), mas isso não tem nada a ver com as festividades desse ano de 2006. O texto está longo, maçante, um fracasso. Quando, ao contrário, deveria ao menos inspirar uma virada de ano de alegre, festiva, os amigos se confraternizando, o buffet aberto, espetáculos pirotécnicos e um orgasmo desnorteante.
Volto ao Google. Me falta pesquisa. “Ano Novo”, hmmm... hmmm... hmmm... Escritor romântico. Folclore escocês. Meu Deus! Aonde eu vim parar? Eu queria apenas desejar a todos um excelente ano de 2007. Simples. Fácil. Insosso! Vontade de trancar a porta do quarto e fingir que não há ninguém aqui dentro. E não há mesmo. Definitivamente não há. Nunca houve e nunca haverá. Não pode haver. Todos se foram. Quem permaneceu, cego está ofuscando pela luz da iluminação de Natal. Vocês não imaginam o quanto a Esplanada dos Ministérios está linda. Aquele gramado verde. A chuva fina. Sempre chove. A Catedral flutuando sob um néon azul-vermelho futurista. O cenário nos convidando a celebrar o fim, mas nada tem muito sentido. A felicidade foge à lógica. Embriagar-me de vinho de tinto demi-seco, não surtirá o efeito. Diante a dor da saudade, é melhor estar lúcido para poder assistir de camarote o estado de euforia que toma conta das pessoas durante os últimos dias desse dezembro de 2006. Pode ser que dali surgem elementos para um boa história e eu tenha finalmente o que contar para meus amigos.
18 de dez. de 2006
Auld Lang Syne (ou era uma vez uma crônica de final de ano)
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Está faltando alegria nesta tua mensagem, que é isto meu amigo? Mas a confusão do locutor está engraçada, kkkkkkkkk...
ResponderExcluirTu estás precisando fazer o que eu fiz sábado para pôr um pouquinho de colorido neste corpo... peguei um vôo para Porto Alegre e vim na janelinha olhando a plantação de nuvens no céu, ouvindo "Beatriz" de Chico Buarque...
P. S. Ixi... o Beto vai me matar, entrei em outro blog antes de ir no Ponto Cego, kkkkkkkkk...
Beijos e saudades.