21 de dez. de 2006

Santa Claus de braço engessado


Natal Brasília - Torre de TV, originally uploaded by jvc.

Este ano eu não pude me esconder na velha desculpa de que estava sem tempo.
Cá estou eu a fazer algo que detesto, escrever mensagem de votos de Boas Festas. Nunca sei como iniciar. Nem como terminar. Resolvi seguir a regra. Uma mesma mensagem para todo mundo. Só agora depois de semanas, brigando com as palavras, ouvindo Diana Krall para me estimular, é que me dou conta que estaria sendo muito mais fácil escrever para cada pessoa individualmente. Como falar para pessoas tão diferentes entre si? Sinceramente, não faço idéia.

Seria uma mensagem direcionada a todos meus amigos; os de infância; os do colegial; os da faculdade; os da Oficina Literária; blogueiros e não-blogueiros; os virtuais que só conheço a voz; aqueles que deixaram de ser apenas uma voz; os recém aceitos na minha lista de contatos; os que me conheceram através da loja; os que continuam me chamando de professor; os que me fazem chorar, os que me fazem rir; os do gabinete, os do paintball, os do coro sinfônico, os do grupamento; os que me acalmam quando estou preste a mandar tudo pelos ares; os que são minha primeira opção (e única! rs), quando me encontro em apuros; minha terapeuta que não tem sido amiga (nem deveria); os que inevitavelmente me lembrarei quando esta mensagem já estiver sido enviada. (Desculpa, Tobias! Se eu não pagasse esse mico, não teria sentido.) A todos meus sinceros amigos, confesso:

Queria ser Santa Claus, por uma só noite. Ave nenhuma seria abatida. Nem leitoa. Amigos não seriam mais ocultos. As filas nos Correios seriam extintas (nos supermercados também). Aquele parente zombador não nos provocaria mais com suas piadinhas infames. Aliás, não aceitaríamos provocações. Seríamos todos dotados de paciência de teflon. Descansaria a cabeça no colo daquele(a) que amamos e não teríamos pressa em se levantar para se servir de um pedaço da torta de chocolate. Notas de mil dólares brotariam dos nossos bolsos. Na casa de câmbio teria sempre alguém de confiança para nos atender. Inimigos seculares pediriam perdão uns aos outros e juntos abririam uma nova padaria no bairro. Aquele inesquecível amor de toda vida nos telefonaria (bêbado!) fazendo confissões despudoradas. “Agora é tarde, meu bem, você demorou demais para compreender a diferença entre o que você queria e o que eu precisava.” Reservaria com antecedência um local confortável com visão panorâmica para assistir a queima de fogos na baía de Guanabara, ou na de Sydney, ou em Zurique, ou na Times Squares ou em Taiwan. O lugar não importa e sim quem estaria ao meu lado. O Blackberry silenciosamente se contentaria em ser coadjuvante por vinte e quatro horas.

Aqui, nenhuma gota d’água; lá, nenhum floco de neve. O sereno da noite transformando-se em orvalho. Floridas begônias vermelhas a dançarem no jardim ao compasso da sinfonia dos ventos, composta especialmente para essa ocasião. Seria uma noite de gala. Luvinhas brancas. Abotoaduras de safiras. As damas, de longo. Os cavalheiros, de windsor. Alegria. Felicidade. Euforia. Beleza e Contentamento. O neófito 2007 tranqüilo no seu canto aguardando os últimos dias de 2006 se desfazerem de tudo aquilo que não nos servirá mais. O espocar da champagne. A noite contida no ínfimo das horas. E voltar para casa com sensação de ter realizado todo o possível para que ao menos essa noite em especial fosse feliz.

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