24 de dez. de 2004
22 de dez. de 2004
Eu sei, sim, o que eu quero! Nessas horas não sou nenhum pouco modesto, apesar da minha alma permanecer de joelhos todos as vezes que preciso cumprir as metas assumidas com Santo Antônio. Como vai demorar um pouco o PowerBook sentar no meu colo, vou me divertindo com meus lápis de cores e minhas folhas A4.
A criptografia me resguarda a privacidade, enquanto reluto a me trocar por uma máquina que me trará problemas ortográficos. Mais adiante, perdido na melodia, concluo, erroneamente, que para cada canelada, há uma bofetada estratégica. Onde estão os sonetos?
Wait a minute, pls! Deseja logo Feliz Natal e vamos embora. Para dentro do forninho quente e cheiroso que me guardo todas as noites. E depois o maninho me diz que se perde, propositadamente, no labirinto demolido. Ruínas recém escavadas com as próprias mãos. Quem?
O bruxo que me oferecia uma maçã mordida. Não há como lhe negar a verdade (única). Passei geléia de capuchinha na torrada e pedi ao pisca-pisca que fosse intermitente durante toda a noite. O caos de inveja, ciúme e cobiça combinam com o fluxo vermelho-grená que me mancha o lençol. Nem diminutivos posso falar. Mando emplastificar minha língua antes de paragrafar todo post?
Cartões em forma de pinheiro me esperam, retribuir o carinho daqueles que evito, preciso. Sim. Desvio-me dos meus amigos quando os encontro remando no lago disforme. Feliz Natal traduzido num acesso. Remos que não me alcançam. Ainda sou bom no quem me descaracteriza.
Há dias precisava escrever. Mesmo sendo assim. A caixa d'água do vizinho vinha transbordando e eu sem poder visitar a metafórica Macau globalizada. Eita! Me perdi nas minhas ruas curvilíneas. Evangélico bebendo cachaça feito uma égua. Foi o que ouvi sobre o diplomata holandês. Porquinho de ouro. Bigorna de prata. Desejar noite feliz durante os altos e baixos que, inevitavelmente, será dois mil e cinco, até porque conflitos nos prende dentro do bombom de cupuaçu. Ah! Como fui ingênuo. Bombons são deliciosos, mesmo os de supermercado. Percebe o erro?
O anonimato chique. Silogismo elegante fuçando o bom gosto do bom senso. Eu sei que foi um equívoco. As provocações me desmoralizam. Mas se o PowerBook sentar-se no meu colo, (Olaxá!) poderei colaborar com meus colegas sem me preocupar em visitar a agência publicitária. Ele me ama; eu não, tanto quanto ele. Sou materialista, ele de direita. E se eu acreditar?
Tenho medo de abrir minha caixa postal e reencontrar vários desesperados e-mails do fulanizo, narrando suas arbitrariedades. Por telefone é mais fácil evitá-lo. Ele está viajando. Ele ainda não voltou. Não sei quando ele volta. Se eu não fosse covarde, se eu curtisse algemas sem travas, largaria o produtor para virar o ano numa cama de motel a R$10,00. Não seria pelo ato, tampouco pela beleza. É pela sensação de não poder respirar seu a ajuda da boca alheia. Vou preferir contemplar o PowerBook, como se películas compusessem meu cotidiano. Malas prontas, rumo o desconhecido conhecido.
Finalmente, deixo para a leitora esperta e o leitor curioso votos de Boas Festas, extensivos aos seus familiares. Só volto a publicar com a chegada dos Reis. Desculpa partir assim sem me despedir de ninguém, muitas vezes o PC dificulta o que deveria ser sempre fácil, simples e limpo.
P.S.: Escavei-me tanto que me esqueci de dizer: Papai Noel, eu gostaria muito de encontrar um PowerBook debaixo da minha cama na manhã do dia vinte e cinco. Juro que fingirei estar dormindo quando subir pelas escadas. Não pretendo, porém, dar-te nenhuma pontinha da coberta. Esse ano eu senti muito o frio da tua ausência. Pretendo te castigar exemplarmente.
20 de dez. de 2004
Apartava-se Nise de Montano,
Em cuja alma, partindo-se, ficava,
Que o pastor na memória a debuxava,
Por poder sustentar-se deste engano.
Pelas praias do Índico Oceano
Sobre o curvo cajado se encostava,
E os olhos pelas águas alongava,
Que pouco se doíam de seu dano.
«Pois com tamanha mágoa e saudade
(Dizia) quis deixar-me a que eu adoro,
Por testemunhas tomo céu e estrelas.
Mas se em vós, ondas, mora piedade,
Levai também as lágrimas que choro,
Pois assim me levais a causa delas.»
17 de dez. de 2004
Amor, co'a esperança já perdida,
Teu soberano templo visitei;
Por sinal do naufrágio que passei,
Em lugar dos vestidos, pus a vida.
Que queres mais de mim, que destruída
Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de forçar-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.
Vês aqui alma, vida e esperança,
Despojos doces de meu bem passado,
Enquanto o quis aquela que eu adoro:
Nelas podes tomar de mim vingança;
E, se inda não estás de mim vingado,
Contenta-te co'as lágrimas que choro.
Teu soberano templo visitei;
Por sinal do naufrágio que passei,
Em lugar dos vestidos, pus a vida.
Que queres mais de mim, que destruída
Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de forçar-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.
Vês aqui alma, vida e esperança,
Despojos doces de meu bem passado,
Enquanto o quis aquela que eu adoro:
Nelas podes tomar de mim vingança;
E, se inda não estás de mim vingado,
Contenta-te co'as lágrimas que choro.
16 de dez. de 2004
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
15 de dez. de 2004
Alegres campos, verdes arvoredos,
Claras e frescas águas de cristal,
Que em vós os debuxais ao natural,
Discorrendo da altura dos rochedos;
Silvestres montes, ásperos penedos,
Compostos em concerto desigual,
Sabei que, sem licença de meu mal,
Já não podeis fazer meus olhos ledos.
E, pois me já não vedes como vistes,
Não me alegrem verduras deleitosas,
Nem águas que correndo alegres vêm.
Semearei em vós lembranças tristes,
Regando-vos com lágrimas saudosas,
E nascerão saudades de meu bem.
14 de dez. de 2004
13 de dez. de 2004
11 de dez. de 2004
Feliz Natal?! Boas Festas?
Católico extraviado. Educaram-me assim. Saíra do processo de hibernação para comungar durante a Missa do Galo na Santa Bárbara. É que me possibilitava festejar o Natal. Meu Papai Noel conduzia a cerimônia induzindo-nos a sonhar com seus torcidos olhos azuis. Senhor bem sucedido na sua missão. Ausentava-me durante a homilia com medo da hóstia queimar minha boca.
Padre Johann vinha quebrando seus votos muito antes de haver nos encontrado na sauna japonesa. Não tenho nada a ver com seus pecados. Só queria tomar umas aulas de latim e alemão, todas as tardes depois do almoço até antes das oito. Terças e quintas, ele me ensinava; nos outros dias, eu lhe tomava a lição. "Vai, Amor, recita Safo para mim; em grego, amor, em grego." Nem imagino se ele estava me enganando ou não.
No ínterim, conversávamos sobre vice-presidência. Nunca havia me atentado para bandeirola hasteada na entrada do Palácio. Assustamo-nos com o redemoinho saído da poeira levantada pelo ônibus, ao sermos flagrados comendo peroá frito no quiosque da Concha Acústica. Gritei aos ver patos. Gesto solto de entusiasmo sincero. Opinião dele. Apelidei a bando de patos empoeirados de esquadra britânica. O Pe. sorrira sinistramente.
Transgredíamos tabus todas as vezes que lhe permitia banhar meus pés. Saliva benta, me explicava, ele. Retraía-me todinho ao ser envolvido por epístolas osculares. Das lições não assimilei nenhuma. Observo a taça derrubada aos pés da santa e não vejo nada. Formou-se uma poça de vinho tinto, presságio de traição. Ele descumpria seus votos; eu enganava o rapaz que acabara de me prometer ser meu guia pela Grande Belém.
Meu pai não se orgulharia de mim em momento algum. Mesmo assim, eis-me aqui, mi amoroso papa, embrulhando-me nas celofanes turquesa, para desejar boas festas ao seu coração exausto de arrancar espinhos de mim. Tente me recriminar, Dad! Diga-me, o senhor, quando estiverse servindo do pernil, se lhe provoquei epifania ao lhe relevar o que o Senhor mal fingia ignorar. "--Pai, foi homicídio premeditado." "--Legítima defesa. E não vamos mais falar nisso!"
Cariño,
Conheço a repulsão que te causa, a violência com que trato o vernáculo. Foi-me impossível conter a erupção de sentimentos que tua mensagem me acometeu. Os sentidos leves nos escrevem quando te vejo assim, nu ao alcance de lábios marcianos. Seus anéis acessanando tchauzinho de quem não pode mais ficar juntinho procurando fios de cabelos loiros agarrados à minhas coxas. Saturno não te merece, tampouco eu.
Conheço a repulsão que te causa, a violência com que trato o vernáculo. Foi-me impossível conter a erupção de sentimentos que tua mensagem me acometeu. Os sentidos leves nos escrevem quando te vejo assim, nu ao alcance de lábios marcianos. Seus anéis acessanando tchauzinho de quem não pode mais ficar juntinho procurando fios de cabelos loiros agarrados à minhas coxas. Saturno não te merece, tampouco eu.
10 de dez. de 2004
Dr. Alfredinho,
Desculpe-me, por haver omitido informações tão relevantes para você. Completo aniversário junto com Duque de Caxias. Nem preciso fazer festa. O foguetório é garantido. Quanto ao fato de não ter te apresentado aos meus amigos, tampouco aos meus familiares, talvez porque sou desajeitado durantes cumprimentos diplomáticos. Fico constrangido. Como ser elo, quando sou todo extremidade que a nada se une? Sabe a flecha de Eros? Aquela ponta lá, queria ser eu, caso, pudesse ser coisificado. Já que não posso (nem devo), contento-me em ser sempre o primeiro a levantar a mão quando precisam de um voluntário. Eis a razão para tanto gostar de mim, suponho. Sinta-se fortemente abraçado e afetuosamente beijado. Hoje, em especial, todos os dias sempre, por mim.
Desculpe-me, por haver omitido informações tão relevantes para você. Completo aniversário junto com Duque de Caxias. Nem preciso fazer festa. O foguetório é garantido. Quanto ao fato de não ter te apresentado aos meus amigos, tampouco aos meus familiares, talvez porque sou desajeitado durantes cumprimentos diplomáticos. Fico constrangido. Como ser elo, quando sou todo extremidade que a nada se une? Sabe a flecha de Eros? Aquela ponta lá, queria ser eu, caso, pudesse ser coisificado. Já que não posso (nem devo), contento-me em ser sempre o primeiro a levantar a mão quando precisam de um voluntário. Eis a razão para tanto gostar de mim, suponho. Sinta-se fortemente abraçado e afetuosamente beijado. Hoje, em especial, todos os dias sempre, por mim.
9 de dez. de 2004
8 de dez. de 2004
7 de dez. de 2004
É Natal! É Natal! A vitrine em chamas me convida para que eu leia os arquivos dos Oficiais promovidos. Depois! Antes, vou responder à minha querida leitora: Lena, estimada amiga, não poderia eu te enviar uns dos cadernos nos quais contabilizo a quantidade de endorfina que exala do meu cérebro quando encontro italianos na penunbra do bosque de bouganvilles? Manga verde, Lena. Manga verde, saborosa, da qual faço creme de leite enquanto não me sinto à vontade para criar ficção. Antes, deveria eu escrever ao Exmo. Sr. Homero (alguém, aí, me traduz para o grego?) e à Exma. Sra. Clarice Lispector rogando suas respectivas bênçãos. Os russos, enciumados, me castigariam, com certeza, se eu me atrevesse. E para contê-los, nem se eu solicitasse o auxílio dos franceses, quem sabe os estadunidenses (preferiria os ingleses, ou os irlandeses ). Ah! Lena, estou indo lá, correr riscos no espelho d'água que circunscreve os raios de sol que nunca me bronzearam. Na diagonal do círculo vou derramar molho rosé, preparado de véspera, para esperar pelos italianos. Que o vinho não me venha azedo novamente... Ia me esquecendo, Lena, os fatos recebem várias nuances quando saltam dos meus dedos. Realidade ou ficção, não mais me interessa, apenas a emoção de sons acidamente adocicados.
6 de dez. de 2004
Marcinho: Oba! Sexta-feira. Dia de beijar na boca.
Maninha: Você, eu não sei. Eu vou.
Marcinho: Eu preferia não ir. Atchim! Atchim!
Minha irmã fizera cara de deboche que pelo retrovisor eu pude ver. Nem me importei. Minha preocupação era o que eu iria fazer com aqueles olhos miúdos que eu ampararia mais tarde. Como vou dizer para o charmoso psicótico que eu pretendo reconsiderar uma posição?
Maninha: Você, eu não sei. Eu vou.
Marcinho: Eu preferia não ir. Atchim! Atchim!
Minha irmã fizera cara de deboche que pelo retrovisor eu pude ver. Nem me importei. Minha preocupação era o que eu iria fazer com aqueles olhos miúdos que eu ampararia mais tarde. Como vou dizer para o charmoso psicótico que eu pretendo reconsiderar uma posição?
4 de dez. de 2004
Finalmente resolvi utilizar o w.bloggar para te atualizar. Quando os pernilongos vierem nos sugar nosso sangue perdido, corro para a janela virtual. Nada nem ninguém vai impedir nossa ginástica greco-latina. Graças a ela, vivo sem a medicação. Não quero um ninho de cupim caminhando pelas minhas veias. Está mais difícil sobreviver-viver-escrever do que eu imaginava, nem sempre consigo me conectar a Fada Metáfora, que agora só através dem sonhos vem me aconselhar. O pernilongo me acorda às três da manhã para ler o que eu estou escrevendo. "É uma honra! Quem me dera tê-lo como leitor." E pensar que ainda tem a ceia de natal. Porque a mágica não mais funciona? No meu casulo, preso, eu era muito mais feliz. Por isso eu te digo, Marcinho, sempre, escolha a opção mais difícil, o mais improvável de impossível, complexa, complicada. Facilidades escondem armadilhas que dificilmente conseguiras se livrar. Não tenho a mínima estrutura emocional para ceiar ao lado daquele traficante de corações. Eles (o traficante e seus músicos) forjaram uma situação na qual me vejo obrigado a pintar uma tela monocromática. Pior do que está, impossível. Qualquer mudança será sinal de melhora, mesmo se for o inevitável encontro com a minha mãezinha querida. Ah! Gente me desculpa o tom pessimista, é que eu sou um mercenário. Se eu tivesse com um conto de réis na algibeira, um mísero puto no bolso, estaria extremamente feliz, tirando onda de bacana. Ainda tenho opções. Prostituir-me sempre se apresenta como saída, pena que o celular do delegado não esteja atendendo (talvez, ele nunca mais volte a falar comigo). Aí, então eu poderia comprovar se Paris é mesmo uma festa .
3 de dez. de 2004
2 de dez. de 2004
Sentia muita preguiça. Deixara para depois a revisão do post. Peguei-lhe pela orelha e lhe disse: corrigi-lo imediamente. A qualquer momento elas podem chegar! Então, ele tirou a caneta do bolso do paletó, me pegou a mão e escreveu a letra s do meu nome. Sem me beijar, tampouco se despedir, entrou no Cherokee e foi para casa (suponho). Torço para que ele se lembre do que me aconteceu de manhã. Peder dois posts no mesmo dia é muito azar para quem acabou de voltar de viagem.
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