30 de abr. de 2004

Ele queria ter capital sem comer da rabanada. Clara de ovos não deixam comentários, meu querido diarista. Principalmente quando te negas a fazer seus deveres de casa. Prometi levá-lo para ver o aveludado das rosas de São Benedito. Do Ceará à França. Seriam mais problemas de trigomometria para as caspas que não deixavam de lhe admirar as pernas.

Tudo poderia ser resumido num lençol esticado diante armamentos ávidos pelo toque das patas dos ratos cinzas. Estou cansado de não-ser. O fulaninho me induzia a compactuar com a negação do travestismo caótico que chovia sobre nossos pés. Meu vampiro queria me sugar, mas a lua não favorecia. "Hem, Marcinho, quando você vai me acompanhar? Tenho uma garrafa de vinho branco nos esperando." E para me irritar, me lembrou: "tortura nunca mais". E repetiu: Tortura nunca mais, Marcinho. Com o ombro me empurrou, para logo em seguida me segurar pelo braço. O homicida agora está a inverter os papéis. Ao me recusar a entregar minhas esperanças ao fulaninho chumbado, ele me acusou. A prova: um filete de lágrima escorrendo-lhe por fora do nariz. Era fingimento. Mas eu gostava de precisar daquilo. Lá estou eu, sendo julgado por mau-tratos. Eu poderia ter apertado a ponta do dedo onde existira uma unha. Infecção. Ele gritaria de dor e assim nossos crimes seriam igualados. E ele me olhando com a cabeça baixa. "Olha o que você fez?" Só faltou me pedir para beijar-lhe o curativo do dedo mínimo. As catilengas cochichavam. Era sobre a gente, eu poderia ler nos olhos delas. "Relaxa, rapaz, dois amigos não podem mais conversar? Agora se fôssemos o que eu gostaria, seria diferente; a essa hora, você estaria em casa dormindo esperando seu amor voltar do serviço." Ri e lhe disse que já era hora de eu ir para o berço. Despedimos-nos com um aperto de mão excessivamente balaçado. Sai sonhando com aquela possibilidade. Só que ele não desconfia, nem o Naz.

29 de abr. de 2004

Mom petit Cinho,

Bonjour, espero que você esteja muito bem. Jà estou na frança e eu não pude me despedir. Infelizmente o tempo não deu porque quando eles me avisaram que eu tinha um vôo, jà era a hora de embarquar. Que pena, agora eu posso sò escrever um mail para você. Eu adoro você, mesmo se eu não vou escrever muito, nunca esquecerei você. Você foi muito bom comigo, e ainda uma vez eu queria agradecer você. Espero que tudo vai continuar bem para você.
Eu acabei de ver minha familia e meus amigos, nòs somos muito feliz, tem sò um pequeno problema; ESTOU MORRENDO DE FRIO. Ah! que tempo gostoso você tem! Enfim eu vou dever me acostumar de novo. Se cuidem e tudo de bom. Enormes beijos Até mais Sua B.


Sentirei saudade da torta murcha de maçã. Assumi a postura de um modelo fotográfico disciplinado. " Adoro seus olhos." Gladíolos assumiram outro significado para mim depois de todos flashs opacos. Eu em sépia ilustrando um outdoor particular em Toulosse. French kisses são agora beijos brasileiros. Eu mais ensinei do que aprendi. Deveria ter sido o contrário. Croqui de ramalhetes de rosas me farão falta. Como é que ela conseguia amarrá-las daquela forma? Deve ter aprendido com o pai marinheiro.

28 de abr. de 2004

Com os olhos fixos no monitor, tentava elaborar uma solução. Uma carta ao reitor sairia igual a um alívio. Mas, me lembrei que beijos sufocados não significavam nada. Foi, então, quando tive a idéia de correr quarenta quilômetros até a igreja mais próxima para garantir a primeira fila. Não era um show de rock, (como outrora) nem a garantia de salvação. Mas meus dedões não suportavam mais o cor do esmalte café que me servia de calmante.

27 de abr. de 2004

O rascunho do argumento-final me cheira a chuva lilás. Freud que me ajude. Meu sentido orgânico me processará por maus tratos. Antes, vou passar uma mensagem para celular do Fulaninho, já que a secretária insiste em querer falar comigo. Não sou garoto de recados. Sou daqueles que gostam de saber como os mocinhos fazem para controlar um rebelião num presídio federal.
--Hoje, você não vai poder sair à tarde. -- dissera-lhe a madrinha.
--Porquê? --perguntou ingenuamente.
Ela lhe deu as costas e entrou na butique.

Ele estava cansado de se enconder no porta-luvas. As paredes do cubículo transpiravam o sangue dos seu gemidos. O Marcinho havia sido convidado para um prisão. Na piscina, as sessões de afogamento nunca seriam esquecidas. Suas roupas penduradas no fio de alta tensão. A tese esperando por ele. (Outra promessa que ele não conseguira cumprir.) Ao pensar em voltar para o casa onde os cãos jogam autorama, ele resolvera pixar o guarda-roupa com o mesmo polegar que, repedidas vezes, furava o microondas, para logo em seguida, sentar na mesinha de centro até terminar a leitura do livro dos cores. Era uma saída, a pior dentre tantas.

26 de abr. de 2004

Ele buscou a história sócio-econômica brasileira para justificar seu apoio à política de cotas. Argumentos sólidos e contra-argumentos preventivos. A platéia branca o escutou calada. Não houve réplicas, para tristeza dele. A tréplica engatilhada seria a luva. Aquele era o pau-de-fumo que os primos gostavam de açoitar. O pai sentiu-se orgulhoso. O arrependimento se desfez. Era um aniversário de criança. A ocasião que o Marcinho aguardara para espezinhá-los com suas lembranças maternais.
Cor-de-rosa com laranja não combina. Agora, suco de laranja com pétalas de mini-rosas rosa é um potente afrodisíaco. Será que vou resistir à vontade de telefonar? Pedidos de desculpas são aceitos na hora do almoço. Eu bem sei.

25 de abr. de 2004

Estive tão concentrado estudando o funcionamento da minha memória, que me esqueci do encontro com o Fulaninho. Agora ele quer meu pescoço. E meus braços e meu tórax e meu abdômen, minhas pernas. Tudo junto, em perfeito funcionamento. Ok, me entrego. Mas o coração já tem dono, quero dizer, donos. Meu casal de pólvora me aguarda em Curitiba. Vão se cansar. Minha resposta continua sendo não. Eles que tratem de voltar para casa o quanto antes. A noite está muito fria sem eles.

24 de abr. de 2004

Superpromoções se abrem aleatoriamente impedindo o bem-estar daquela formiga aprendiz. Não quero promoção, antes uma imitação. Que os seres imitativos me desculpem, mas quando farinha é pouca, meu pirão primeiro. Seria assim, se o céu de abril não tivesse vermelhinho dos respingos da nossa indignidade. Quando a farinha é realmente pouca, uma nequinha para cada um que estive sentado no tapete de cordas. Solidários nas refeições, comungamos ideais. Eis que nos surge uma tese apetitosa para defender. Elas acaba de nos escapar. Sabonete de mercúrio que se escorre pela minha perna. Vai embora, vai. Idéias vem e vão na circunsferência da minha vizinhança. E quando eu resolver cochilar com a lascívia, chamem os cavalos dos cães, pois vou conta-lhes em detalhes, não todos, o que as folhas dos pinheiros sussuram ao serem tocados por esquilos desavergonhados. Depois continuo, acabo de ser pisoteado na contra-mão. Alguém me esmurra, alguém me cospe e depois me chama de Drummond.

23 de abr. de 2004

Márcio,

Segue o comprovante de pagamento da cesta com 60 botões rosas vermelhas importadas com um quilo de sonhos-de-valsa.
Local de Entrega:
- SAS (...)
- Entregue à (...)
- Horário de entrega: 17h

Os dados do cartão estão em negrito:

Acerolinha,
Não quero dizer nada além de... TE ADORO MUITO!
Feliz Páscoa!!!
Beijos do seu Fofucho
08 de abril de 2004



OBS.: Faça bem feito, bem caprichado. Obrigado pela atenção. Gostei
muito do atendimento. Qualquer dúvida me ligue: (...)

Muito obrigado,

L.
Analista de Sistema (...)
(...)
(...)
PR-Br

22 de abr. de 2004

Olho para imagem de satélite e penso: "não sei por onde começar o plano de manejo." A fotografia está muito brilhante. As cores não combinam. Plotaram a imagem num papel muito mole. Não consigo reajustar a inclinação da minha mesa. A luz da iluminária está fraca. Minha cadeira baixa me dói a coluna. E poderia continuar com uma seqüência de queixas até completar 3.000 ou 5.000 palavras, vai depender do sarcasmo do meu orientador. Quando fujo das minhas obrigatórias, algo me empurra para elas. O Arthur acabou de chegar com os lápis demarcatórios. Vamos nos livrar logo desse carma. Depois do almoço, não sei para onde minha bússula vai apontar. Vou matar a aula de fotointerpretação aplicada ao planejamento urbano. É a decisão mais coerente. Nem penso em aparecer ao happy hour do Postinho. Bem que lá... eu poderia ouvir algumas histórias; aprender palavras novas. Mas, um plano se forma dentro de mim. Escrever é preciso, viver não.

21 de abr. de 2004

A cidade está morta de vazia. Ninguém para lhe dar os parabéns. Melhor assim. Meu amor e eu no Clube do Exército para se torrar debaixo de um solasso. Eram planos, antes do telefone tocar.

20 de abr. de 2004

Ainda sobre o churrasco de domingo. Por debaixo do travesseiro acompanhei o ir e vir da bola. Levantei várias hipóteses. Questionei a validade do malte escuro derramado no chão. Reconheço minha ignorância diante a turba de oponentes que teimavam em tocar seus bumbos perto de mim. No churrasco do rival corria o risco de ser linchado, caso o Flamengo perdesse. Quem não era vascaíno, era anti-Flamengo. Da minha camisa fariam churrasquinho para eu comer. Calado eu ria constrangido. O que eles queriam mesmo era que eu fosse embora dali. Ser hostilizado não faz bem a auto-estima de ninguém. O olhar do Fornazze me protegia da água verde da piscina, mas não era suficiente.

19 de abr. de 2004

A aula de Estética e Cultura de Massa me aguarda, então só para não perder o costume do vício que solapa minha franja, lembro-me da mudança do domingo. Na estante do escritório, meus livros estão bem guardados. Espaço é fundamental para se guardar o Conhecimento. Já o tempo. Esse é escasso. Uma coisa compensa a outra e assim vou-me lembrando do churrasco de aniversário do vascaíno xexelento. Parabéns pelos seus 27 anos. Assim disse para o filho do pai do meu amor. Não fui bem recebido pelos Fornazzes. E nem sei como falar disso. Vai que o Alessandro venha a ler isso algum dia. Se não me bastasse ser filho de vascaíno, os braços que me protegem também gostam de bacalhau. Depois penso nisso, o professor já deve ter chegado.

17 de abr. de 2004

Não tem post hoje. Estou indo levar mis abuelos para vacinar. Vou aproveitar a ocasição para coletar algumas historietas, principalmente aquela que me impede de ter um sonho calmo.

Antes de eu ir, em definitivo, quero registrar: apenas trinta por cento dos candidatos que utilizaram as cotas para o vestibular da UnB, eram realmente negros ou pardos. Tal fato me leva as seguintes conclusões: ou os candidatos não leram o formulário de inscrição ou eles querem protestar contra a medida. Podem reclamar, vivemos numa era de mudanças. Se não se muda a política econômica (sai para lá inflação!), ao menos temos políticas compensatórias. Assim vamos tocando a Nau, ou melhor, (bem melhor) o Transatlântico. Titanic? Não, absolutamente. Somos um povo pacífico de tão covarde. E que deixem os miseráveis morrerem a míngua, a fronteira é minha língua que nenhum general pode me impedir de excitá-la.

P.S. Eis aí , querido diário, um textículo mais que improvisado. Para quem disse que não teria nada, até que teve, senão muito, ao menos o suficiente.

16 de abr. de 2004

Óh, meu Deus! Que lindo! É por isso que eu tenho a maior consideração pelos militares, pricipalmente pela Polícia Militar. Viva a Corporação Fluminense! O pitbull do traficante Lulu foi adotado pelo soldado do Bope. Quem se chamava Digimon agora atende por 21, número da matrícula do polícia.

Moro num país onde a vida de um cão tem mais valor do que de um ser humano. Mas, Marcinho, o meliante-marginal-sanguinário era um homicida, daqueles que obrigam o filho a comer o fígado do pai delator. Ok! Não argumento mais. Vamos fazer com eles, como eles fazem conosco. É a versão brasileira da Lei de Talião. Para cada morte no asfalto, uma na comunidade.

Aqui não é o Haiti, mas me lembra o Afeganistão. Deve haver alguma célula do Talibã infiltrada lá no Rio e ela deve estar bem sentada em alguma cadeira oficial.

15 de abr. de 2004

Finalmente, consegui me cadastrar no blogspot. Venho para ajudar a esclarecer. Trocar umas idéias com minhas leitoras e leitores. Segredos do meu diarista surgirão em forma de vigança. Não sou de me sujeitar à caprichos de um adolescente tardio. Principalmente, quando descubro que estou sendo traindo. Quero a verdade. Mesmo que isso signifique o tédio se infiltrando nas minhas páginas. Não me importo. Estou farto de servir de confissionário. Não sou padre, tampouco psicólogo. Minha ética é uma bolinha de papel amassado que se arremeça no lixo. Seja de ser testemunha muda, passiva, imóvel. Quem mada aqui agora sou eu.
Burra! Retiro todos os elegios que eu havia feito. A empregada matou afogado o cacto do Senador. A plantinha estava mole de tão podre. Ela deve ter achado que aquilo lá era um mandacaru ou uma palma. Idiota! E ela ainda diz que entende de jardinagem. A oposição está muito mal servida. Ainda bem (hehehe).

14 de abr. de 2004

MUDANÇAS NA PAUTA



"Existem 200 tipos de negros. Se eu não for aprovado, recorro à Justiça", afirmou o estudante Ricardo Zanchet, de 18 anos, que pela terceira vez concorre a uma vaga para o curso de Química.

O rapaz reconhece que seus traços nem de longe lembram os da raça negra. "Não importa." Como forma de protesto contra o sistema de cotas, Zanchet pensou em ir com o rosto pintado de preto. "Mas pensei bem e percebi que teria minha inscrição indeferida. Não quis perder a chance."

In:Estado de São Paulo 13/04/2004

Se ele tivesse lido esta entrevista (no lixão virtual, encontro diamantes), não teria se dado ao trabalho. A comissão organizadora do vestibular da UnB não é previsível. Mas como eu gostaria que o tema da redação fosse relacionado a adoção das cotas para mestiços. Queria ver os aspirantes a bacharéis (e a licenciados também) tropeçando nas suas próprias falácias. A banca examinadora é uma mãe. Aposto um polenguinho que pedirão aos candidatos que dissertem sobre um tema subjetivo: paz, amor, justiça, misericórdia, compaixão. Da escada do gazedo vou admirar a batalha entre estudantes (ou seriam alunos?) apreensivos contra a Arte Argumentativa. Se o primeiro vencer, será a glória de todos. Cansado de escrevinhações volto-me para a minha pesquisa. Antes, vou pedir para a Vanessinha reservar um filme para mim. Qual? Este:


Porque o rosto deles estão pintados de preto? Talvez
aqui, tu encontras uma resposta.

13 de abr. de 2004

ILÊ Ai YÊ para rimar dor com flor daqui a cinco anos

Qual foi minha alegria ao ver o Leandro fazendo sua inscrição para o vestibular da UnB. Se eu não estivesse trabalhando na homologação das inscrições, teria feito a algazarra em torno dele. Sete tentativas frustadas em passar pelo vestibular de Medicina. O que me deixava mais triste, era que o danado tinha pontuação para qualquer curso das Humanidades, (caralho! chego a me arrepiar quando me lembro do boletim de desempenho dele. Estava eu diante de um burro empacado na persistência de um sonho.) Agora ele entrará para colorir o campus. Colorido tal qual nosso pentafutebol; colorido tal qual nossa musicalidade. São cotas de indenização que desejo para todos, mesmo subjudice.

12 de abr. de 2004

Conforme havia dito para uma amiga, fui raptado pelo Coelhinho que não era da Páscoa. Camping, cerveja no grau, piau torrado, chuva (blagh!), beijos e afagos. Esquecimento, rispidez, desententimento, discussão, exasperação, briga, gritos, luxação, ocorrência, choro e o pedido de perdão. Tudo necessariamente nessa ordem.

No carro, hoje, a caminho da faculdade, conversava com o Naz como se nada, absolutamente nada, tivesse ocorrido. A Ester se impressionara comigo. Como você é dissimulado. Você precisa ver, quando quero ser cínico. Que percepção a dela! Mulher é mulher. Naz é bruto e eu sou um tolo; um bacaca viadinho que acha que pode sustentar um romance que não tem nada a ver. Divergimos quase sempre (nosso jogo de duplas). Parecemos duas crianças geniosas a medir forças. Quase sempre perco. Por isso, não retiro porra nenhuma de queixa. Vai ficar lá. É meu seguro de vida.


Ouvindo David Bowie "Never Get Old" para me inspirar.

(Rever a paragrafação. Algo estranho)

8 de abr. de 2004



Quinta-feira santa. Abril de dois mil e quatro. A coelha me respondeu, com o coelho vou jantar. Flores de Godiva quero para eles. E para meus leitores, hem? Textos claros, objetivos e íntimos seriam bem lidos. Vai lá, curta o final de semana santo, para depois nos detalhar sua concupiscência. Ninguém te recriminará pelos lencóis amarrados ao pé da cama. Sou duas bandas de um ovo de páscoa açucarado. Minhas idéias acendem o rastilho que me seduz. O delegado está me perdendo. Burro, não percebe; ou finge que não. Estou a derrubar uma muralha de confiança. O desconhecido me fascina, eis aí meu principal defeito. Sua principal qualidade. Se todos fossem assim...
Tua língua é um tapete, mas não é esse tapete da sala, não. É tapete de igreja. Será que é pisoteado? Há! Há! Há! Sendo assim, o Língua vai tirar férias. A partir de hoje, vocês vão almoçar no Pé Sujo. Quem apela perde. Não estou apelando. Só estou jogando com as armas que possuo. Mas eu estou desarmado. Eu também. Eh? Os homens da guarda não estão de prontidão. (ão-ão-ão. Voltar para corrigir o eco)

7 de abr. de 2004

PUBLICANDO COMENTÁRIOS, ACEITO CO-AUTORIAS

Maria Luíza comentou: Ler os teus pensamentos já virou rotina pra mim...e-mail, seu blog, icq... mas eu nem me toquei que você continuaria o DiCla, deixei outra mensagem lá no post do gatinho...
beijos, gatinho :)

Marcinho respondeu: Lu, minha querida, estou transferindo todos os arquivos do DiCla para o Blogspot. Lá guardarei meus segredos que divido contigo; com todos. (Minha intimidade resvala numa ficção de querer ser) Aos poucos estou ajeitando o templante, visto que não sou webmaster. Um pouquinho todos os dias, chego lá. Lá?! Onde? Onde é o advérbio que melhor sei pintar. Beijos de mudança. ;-)
A vida é um show. Celebridades e heróis no espetáculo da mídia

6 de abr. de 2004

Tatah,

Abre parenteses, volto para te dizer, não tentes encontrar sentido naquela vida sem razão, ele não sabe mais o que escrever. Apesar de ler e ler e ler. Apesar de anotar e anotar e anotar. Estou sendo claro, querida? Não!? Ouça, vou te dar uma sugestão, uma dica, uma motivação. Estou te mostrando um afloramento, não rochoso, mas inconsciente. Talvez, as ferramentas que porte não lhe sirvam. Calma. Há saída, estreita, nem por isso escuras. Se te parece que me jogo como um bilboquê, pode ter certeza. O cansaço tem vencido minha vontade de escrever. Vontade que dúvido que realmente exista. Fecha parênteses.
Mordi os dedos do meu desejo para soltar verbos abundantes de tão defectivos. As copilações das copilações me exploram e me abrem e me enxortam. Associações me resgatam daquilo que faço questão. Já que os trabalhadores insistem em manisfestar seus pontos de vistas, vamos, a partir de agora, transcrever suas falas. Silêncio. Meus dedos a procurar a combinação no teclador virtual.

5 de abr. de 2004

Duas tequilas, vários beijos. Disse-lhe "de jeito nenhum" com convicção. Até onde vai a paciência do praça?

Vou parar com essa história, minha networking está se exaurindo, a não ser que eu redirecione meu público. Hoje não. Estou com cãimbra nos lábios.

3 de abr. de 2004

Enquanto não concluo minha relação de links. Vou adolescendo:

Minto.
A mentira dos pistilos,
Dos pistolos polenizados,
Por abelas, colibris e o vento.
Do vento que chove,
Da enxurrada que me arrasta para um final recomeço.
Um começo primário,
Primário de berço,
Berço de pólvora, que preciso senti,
Que preciso tocar para depois engolir.

E para depois ruminar.
Um bolo de pétalas para a massa pisar,
Pisotear com vontade como fosse matar.

Somos versinhos louquinhos para impressionar,
Quem desconhece a cultura das fotossintetizantes,
Bactérias guerreiras a nos dentrar.
A nos comer por fora.

E por fora é saboroso.
E libidinoso.
E muito, muito mesmo meloso.
Ácido meloso, que me dessarruma as tendões.
Que me acelera os intestinos.

De novo para dentro.
De novo para fora.
Como se estivesse me socando o feijão.
Fazendo paçoca.
Do meu coração.

São oito horas,
Ele acabou de chegar do Batalhão.
Condeno covardes, ao mostrar compaixão.
Se assim quiserem, digo perdão.
Lamento mentir,
Quando digo não.

2 de abr. de 2004

Não entendi o que o Neto quiz dizer com a frase "mas, para aqueles que estão apelando até para o blogspot". Talvez seja pelo fato do meu mergulho na sopa de sépalas. Minha psiquê se aperfumou. Foram emoções encarrilhadas pela locomotiva à vácuo. Minha língua adocica os proxenetas. (Tatah, estou a inverter tudo. Desejo-lhe boa sorte na tradução.)

Que dia! Uns me jogam na cara que moro de favor. Outros, me ameaçam me quebrar com tonfadas e por fim, meu amigo, meu único amigo, me constrange.

Rosas vermelhas seriam a melhor escolha para matar o jardim da mamãe. Olhe o bay-window. Mais uma fatia de Marta Rocha? Aceita um pão-de-queijo? Marcinho sirva-se sem se preocupar, o suflê de camarão não chamará sua alergia de volta. Foram fotografias nas mãos de um profissional. Havia mulheres tanquinho, rostinhos petalados, me chamando de Cicinho. Sotaque do interior, hábitos cosmopolitas.

Amanhã durante o churrasco abrirei explicações. O coreto me fecha os sentidos. Ele me tolhe as palavras. Estou... Que susto levei. Quando ouvi a notícia que o Fornazze havia estado lá na floricultura. Não sei como ele passou pela porta. Sei que ele foi simpático. Intimidou com carinho. Jogou a 765 em cima do balcão para garantir um desconto. Quando voltei para loja, a peãozada queria saber quem era meu amigo. O Marcinho não está? Vocês dão muito folga para ele. A gozação foi generalizada, quando voltei para o coreto, (afinal, estou algemado à ele) mas me mantive sereno. Não vou perguntar-lhe se metade do que disseram é verdade. Que seja! Amigos são a família que a Vida nos permitiu escolher.

Havia escolhido, passar a tarde na biblioteca, cheirando as páginas do falado Ulisses. Sentei-me, ali mesmo, na poeira biblioteca, como se estivesse sendo derrubado pelo livro. Lá estava escrito porra. Fechei-o quando me senti o mais afortunados dos homens. Foi Joyce que me possibilitou vestir minha camisa, sustentar minha verdade. Minha auto-confiança incomoda. Há seres que nem podem ouvir minha voz. Tolice, sou incapaz ser e de escrever o que quer que seja com um mínimo de sexo apeal necessário. Tenho receio de registrar o que se passou e meu tutor possa vir a ler. Pior. Que alguém possa vir a me interpretar mal. São meus medos, erros injustificáveis.

O fulaninho disse algo que me deixou melecado: "não ando com entendidos, senão a sociedade vai dizer. Como cantava o Jair Rodrigues? Deixe que digam, que pensem, que falem... Minha memória me trai, vou para casa documentar os fragmentos que o balanço do baú me permite. Espero vencer a tentação. O postinho deve estar lotado.

1 de abr. de 2004

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Vulgo Dicla,

A toda hora a Pezinho passa pela minha mesa. Minimizo sem hesitar. É uma carta de amor para a morena da fila, digo. Ela ri e torce e incentiva. Muita sujeira por aqui. Um espirro de texto para não me perder do vício. Outra vez, faltei a aula. Não beijei na boca. Quando gosto de alguém, faço doce até açucarar. Ele me ligou libidinoso, além do esperado. Não trai meus votos, sigo a retidão dos espantalhos. No final de semana volto para corrigir seus erros. O vernáculo está escangalhado. Até!

Dicla,

Sabe esse telefone no qual você está sentado. Tirá-lo do gancho. Murmure palavras confortadoras para só a mim. Desde ano passado padeço do peso do piano e não há mais ninguém ao meu lado. Todos sairam para o chá. Fui restando debaixo da cama. A mesma cama onde te escondia dos olhos inquisidores dos Bolas de Pêlos. A guarnição chegou, depois a gente se fala.