2 de abr. de 2004

Não entendi o que o Neto quiz dizer com a frase "mas, para aqueles que estão apelando até para o blogspot". Talvez seja pelo fato do meu mergulho na sopa de sépalas. Minha psiquê se aperfumou. Foram emoções encarrilhadas pela locomotiva à vácuo. Minha língua adocica os proxenetas. (Tatah, estou a inverter tudo. Desejo-lhe boa sorte na tradução.)

Que dia! Uns me jogam na cara que moro de favor. Outros, me ameaçam me quebrar com tonfadas e por fim, meu amigo, meu único amigo, me constrange.

Rosas vermelhas seriam a melhor escolha para matar o jardim da mamãe. Olhe o bay-window. Mais uma fatia de Marta Rocha? Aceita um pão-de-queijo? Marcinho sirva-se sem se preocupar, o suflê de camarão não chamará sua alergia de volta. Foram fotografias nas mãos de um profissional. Havia mulheres tanquinho, rostinhos petalados, me chamando de Cicinho. Sotaque do interior, hábitos cosmopolitas.

Amanhã durante o churrasco abrirei explicações. O coreto me fecha os sentidos. Ele me tolhe as palavras. Estou... Que susto levei. Quando ouvi a notícia que o Fornazze havia estado lá na floricultura. Não sei como ele passou pela porta. Sei que ele foi simpático. Intimidou com carinho. Jogou a 765 em cima do balcão para garantir um desconto. Quando voltei para loja, a peãozada queria saber quem era meu amigo. O Marcinho não está? Vocês dão muito folga para ele. A gozação foi generalizada, quando voltei para o coreto, (afinal, estou algemado à ele) mas me mantive sereno. Não vou perguntar-lhe se metade do que disseram é verdade. Que seja! Amigos são a família que a Vida nos permitiu escolher.

Havia escolhido, passar a tarde na biblioteca, cheirando as páginas do falado Ulisses. Sentei-me, ali mesmo, na poeira biblioteca, como se estivesse sendo derrubado pelo livro. Lá estava escrito porra. Fechei-o quando me senti o mais afortunados dos homens. Foi Joyce que me possibilitou vestir minha camisa, sustentar minha verdade. Minha auto-confiança incomoda. Há seres que nem podem ouvir minha voz. Tolice, sou incapaz ser e de escrever o que quer que seja com um mínimo de sexo apeal necessário. Tenho receio de registrar o que se passou e meu tutor possa vir a ler. Pior. Que alguém possa vir a me interpretar mal. São meus medos, erros injustificáveis.

O fulaninho disse algo que me deixou melecado: "não ando com entendidos, senão a sociedade vai dizer. Como cantava o Jair Rodrigues? Deixe que digam, que pensem, que falem... Minha memória me trai, vou para casa documentar os fragmentos que o balanço do baú me permite. Espero vencer a tentação. O postinho deve estar lotado.

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