12 de nov. de 2007

Deveria ter sido apenas um teste. Acabou se transformando numa prova de amor.
Resolutamente básico.

10 de nov. de 2007

Os dislexos de todos os dias não saem para fazer compras na feira

Se estou dando uma pausa, é porque meus amigos, os novos, os antigos, os de saideira, os de confissão, solicitam minha presença. Hahahaha! Ele trocou o G pelo C . (Piada de círculo fechado a partir de então.) Foi a pressa. O mormaço. A aglomeração em torno do meu terminal. Não tente justificar o erro, está me assoprando meu Diário. Não estou a justificá-lo, querido. Só enxergo os lapsos, transcorridos alguns anos ímpares. Díspares. Eu sei. Por isso, versos dormitam no fundo da gaveta. Pretensão querer publicar poemas inspirados num amor condenado a viver vizinho de quem não se pode ao menos cumprimentar quando se esbarra na escadaria do prédio. Houve um pega. Depois, o esquecimento, a indiferença. A ignorância do riso, a estética do escárnio. Contive o espirro para ele não ter o prazer de me ver gozar. A prata derretida a sujar o mármore do piso. E agora só resta minha mesa em frente a tua. Sabe o que estou fazendo? O relatório que me pediste. Mentira. Está revendo as fotos que vocês tiraram no sítio. Você, o perfeito garanhão; ele, o diarista ensimesmado com inveja das éguas-suas-amigas requisitadas para o frevo. Lá estava ele de aluno, desarmado, cheirando a hortelã. "Está doendo? Está! Quer que tira? Não." Não diziam outra coisa, até que tudo se transformou num imenso chiclê de clichê. Nausebundo. Saímos à francesa. Sem se importar com a distância que teríamos que caminhar. Eu, a tira colo; ele, sem camisa.

9 de nov. de 2007

No sétimo círculo fustigaremos sua carne.

Diálogo pré-almoço:

-- Estou feliz em saber que a elite da polícia militar, vulgo BOPE, acolhe os ateus. Respeito muito quem não acredita no Deus ex-nihilo. Ou não acredita em Deus nenhum.
-- Ateísmo é tabu no Brasil, Marcinho. Duvido que o major seja incrédulo, logo ele, sendo um militar, sempre ultraconversadores. Em qual círculo do inferno de Dante ardem os omissos?
-- Consultemos o Google:
“Mas olha o vale: o rio é não distante
De sangue, onde verás fervendo aquele,
48 Que violência exerceu no semelhante.

-- Ele(s) deve(m) sentir muita culpa. A menos que sejam psicóticos...
-- Então deveriam estar fora de qualquer corporação.
-- Viver muitos anos se remoendo de culpa, não haveria castigo melhor.
-- Auto-castigo, Marcinho.

8 de nov. de 2007

Num outro patamar qualquer

Exportadores de açaí, de jogadores e de mulheres bonitas. A novidade veio do mar. Terá repercusão internacional?

Transtorno bipolar do humor

Uns vão dizer preguiça, eu diria desânimo. Precisava escrever. Me colocar sentado na cadeira, em frente ao computador e praticar, horas e horas, por tentativa e erro, a alegria de não ser quem se é. Eu quero um IPhone. Eu quero um blackberry. Responder ao jovem québécois a longa carta. (Ah! Se ele fosse americano, o visto teria sido concedido.) Os amores opostos. Eu me escondendo na fornalha, ele se escondendo no frigorífico. Ambos comendo flores e cuspindo espinhos. Para mim o ano já acabou. O dia tem quinze horas e não consigo nem cumprimentar as lamparinas ao entrar no quarto. Eu quero dormir. Eu preciso! As formigas carregaram minha paz, meu esforço ao executar corretamente o movimento. Escondo o mal-humor matutino no emaranhado de fios que me proteje os culhões. Os leitores passam, olham: Será que ele não vai responder aos nossos comentários. Não necessariamente, não necessariamente. Com Harry Potter, eu pedia mais. Meus bombons britânicos a me infartar, se não fosse interrompido pela Lição. Com Neve, a estória está sendo narrada diferente. A nevasca me liberta, por isso a dor. Preciso digerir os acontecimentos, mas o tumor não me permite. A modelo de olhos verdes nos elogia: Esse menino é ouro. Ouro mesmo. Ela só conhece meu lado poético viniciano. Dorme comigo uma noite e você saberá quem eu sou. Um latão de cobre barato desses que os carroceiros, felizes, arrastam por toda cidade fustigando seus despelados cavalos. A chapa esquenta e você se queima. Imagino as gotas de chuva, dulcíssimos flocos de neve. Talvez alivie a tristeza... de não ser quem se é.

6 de nov. de 2007

Esses anarquistas! Precisam conhecer o estado de natureza. O lobo tem fome. Apetite insaciável.

5 de nov. de 2007

A dança


A dança, originally uploaded by Márcio Hachmann.

A destruição assobia nos meus ouvidos canções de ninar. É força da natureza, contra ela não podemos nada. Prevenir, talvez.

3 de nov. de 2007

Desculpem-me leitores. Só hoje consegui responder os comentários e os e-mails (obrigado patota). O DiCla acabou dormindo desconfortavelmente numa cadeira manca, de tanto esperar por atualizações. O post de quinta-feira, de tão longo, acabou-se transformando num capítulo de um livro. Possibilidades. Vinte e três laudas guardadas na pastinha verde. Para nunca mais. A pasta já está toda arregaçada de tão cheia de outros guardados, mas me recuso a passá-los a limpo ou revisá-los. Desconheço a autoria daqueles escritos, se não fosse pela minha assinatura. E isso me apavora. Me deixa inseguro. Inquieto. Há flores: gladíolos brancas e gérberas salmão. Aula de taiji ao nascer do sol. Chuvisca. A idéia do treinamento bombordeando-me a mente. Tudo vai se resolver, conforme a vontade de Deus. Minha libido se restabelecerá-la e voltaremos a ser felizes, copulando sobre as brasas da churrasqueira.

31 de out. de 2007

Quando o alter-ego fala


purgatory, originally uploaded by dEEsign photography.

Quem conhece o purgatório de Dante, sabe exatamente a dor que estou sentindo. A(dor)ei (de) senti-la em outros estados artificiais da natureza, confesso, embora gritasse o código combinado a cada bofetada desferida. Saudade do que poderia ter sido o Taj Mahal de ponta cabeça. O escrivão da Polícia Federal induzia-me o desejo. Seus olhos saltavam para fora, sequiosos da performance que não sei onde por Deus aprendi. É a prática. É a prática. Seu falo descomunal (Valei, Hilda Hislt!) ditava as regras e os pudores. Abre a boca. Engole. Cospe, não! Tá, engasgando, por quê? Engoliria até sua alma, querido, se essas suas algemas pudessem colorir de cinza-prateado a cabeceira desse quarto previssível de motel. (Ui, como ele está erótico hoje. Estou até com medo de pegar doença venérea. Mesmo tão protegido, mesmo tão ausente.) Borrachudos por todos lados, querendo se meter num negócio de adultos. Queremos seu sangue, diriam alguns. Estava sangrando meu lábio superior. O escrivão fez que não viu. Não era com ele. O calor das três da tarde derretia a esperança de continuarmos até o entardecer a lição de tiro. Tira!Tira!Tira! Relaxa, guri. Seja homem. E principalmente nos momentos de dor. Rebola que alivia. É halloween novamente. Escrevo-lhe um e-mail. Aproveito a deixa da ocasião. E se o escrivão responder? Se ele aceitar? Chegaria fantasiado com o uniforme de todos os dias. Eu, com meu kit puta: mini-saia, top e salto alto. Gloss nos lábios, rímel nos cílios. Se não fosse meu chaveirinho, diria que eu era uma mocinha pura provando ao namorado cafajeste o quando o amava. (Está ridículo, eu sei. Tenho espelho na porta do guarda-roupa. Apenas, cumpro ordens. E voz de comando). Doce de abóbora para sobremessa. As velas de citronela espalhadas pelos cantos da casa. As promessas, as juras, um banho frio. Deveria ter-lhe roubado a carteira e jogado no esgoto de onde ele nunca deveria ter saído, nem mesmo para se encontrar com um amigo que não fode o suficientemente para lhe convencer a procurá-lo com mais freqüência. Passado quase um ano e eu ainda querendo acordar de manhã ao seu lado. Meu único compromisso é com a literatura. Valeu como inspiração. Mudarei de endereço, de quadra, de apartamento para que ele não ouse me visitar as duas da manhã, fugindo do plantão, achando que direitos são adquiridos mesmo quando não se faz presente quando solicitado. Se não for do meu jeito, não é de jeito nenhum, disse-lhe o escrivão. Ok! respondi-lhe escondendo o olhar de choro. Foi melhor assim. Tem sido melhor assim.

Atualizado: Escrever, escrever, escrever. Revisar exaustivamente. Salvar como rascunho. Esquecê-lo. Revisar exaustivamente de novo, qdo por acaso lembrar-se-lhe (que estrutura é essa? Chamem o Bechara!) dele. Somente, então, publicar. Gostaria de seguir os meus particulares princípios, mas a avidez me atropela. Ando atordoado por esses dias. Pretensão com "c". Performance sem "n". E outros herrores apontados pela minha linda e adorável prima. Ela pode não ter gostado da explicação e do contra-argumento. Paciência. O bom vendedor que sou nunca me abandona. Você é bom de lábia, me disse ela. De lábia e de boca.

Respondendo perguntas


puzzling, this, originally uploaded by thespacesuitcatalyst.

Dentre todas, minha favorita. Dentre todos, meu favorito. Traço estratégias. 97 está sendo o ano dos convites (aceitei todos) e das propostas (analisei todas). Venha viver comigo em Toronto. Venha como turista, mesmo. Não tenha medo. Aqui faz muito frio, quando se está só numa banheira de hotel. O frio está para o Canadá, assim como o calor está para o Brasil. Meu ceticismo, nosso freio de mão moderno, me mostra outras possibilidades, DiCla. Seu convite chegou-me tarde, Lindusco, não posso mais. Resta-nos resolver o imbrólio que nos metemos. Enquanto isso, vou aceitando os presentes que me oferecem: os rubiks. Deles me canso fácil. Minha cabeça dói e só penso em você, leitora.

30 de out. de 2007

OFF TOPIC: Entrevista informal por telefone. O headhunter me explicara, jamais revele sua pretensão salarial, assim você perde seu poder de negociação. E assim foi até o final. Não disse à minha futura patroa quanto gostaria de receber pelo meu trabalho. Aceitei a proposta sem pestanejar. Enfim livre.
Antes ser rico desconhecido, a ser pobre famoso. Os papéis se inverteram e esse calor que me escorre pela nuca me convence embarcar no primeiro vôo para Jean-Lesage, conexão Congonhas. Vamos dar asas a essa fantasia. Chorar não vale. Lembra-se do acordo? Abro o caderninho de estimação, vulgo, DiCla (estamos no volume 7, hehehe) e escrevo: meu passaporte chegou. Alguém bate na porta, bate com força. Insiste. Machuca a mão. Quem era? Não sei. Nos sonhos dificilmente enxergo fisionomias. A camareira esquecera o cesto de roupas. O canto das cigarras. O poço seco. Saio de casa para nunca mais voltar. Não consigo me lembrar o que estava escrito no passaporte. Uma forte vontade de ir ao banheiro. O reconhecimento dos seus pares, o nicho restrito se aglomera em torno da tulipa de chopp. Não posso beber. Família, família. Família destroçada pela última gota. Eu bebo por você. Felação após o almoço por ter sido o anônimo mais simpatico dentro todos os outros... Off topic: Preciso telefonar. Acabo de ser indicado para assessorar uma empresária da capital. (Calma, diarista. Será apenas uma entrevista.) Aparo, ou não, o cabelo? Tiro, ou não, o brinco ? O meu sonho, o sonho acabou. E vocês, leitores, não imaginam o quanto estou (fiquei) feliz.

29 de out. de 2007

No Dia Nacional do Livro me deito com os meus, sem me esquecer dos seus. Os telefones não param de me interromper. Agora, é um fax. Agora, é o barulho da pancada de um acidente lá fora. A correria arde, leitores. Fico lhes devendo a história completa about Rilke. As cartas que depois ganhei de presente do cara enganado pela minha sem-vergonhice. Eu não o amava, mas nem por isso tinha o direito de acordá-lo daquela paixão incadescente. Os restaurantes absurdamente caros, a gasolina derramando. Deixei-me seduzir pelo demônio do dinheiro e dos cartões de créditos e dos traveler's check. Seus beijos, saborosos como mashamellows de morango serviam de senha. Entra no meu Orkut, apaga quem você quiser. Se acordasse de madrugada para ir ao banheiro, ele acordava junto. O que foi? Está passando bem? Se quisesse comer mandioca cozida com manteiga e acúçar, ele ia no quintal arrancá-las. Interrompia sua série, para me apoiar a coluna. A academia lotada. No banheiro, um frevo. Ele evitava. Ele levitava quando me via. Lindo demais. Prostituído demais. E Rilke abandonado em algum lugar casa. Eu não o amava, mas havia me decidido: "vou amar quem me ama." O puro desejo se dissolvia no calor da sauna a vapor. Sem eucalipto. Sem sais. Um tapetinho na porta do banheiro para dizer que ali rolava o vale-tudo.
Saiu cedo para treinar e não voltou até agora. Talvez, devesse terminar antes de fato começarmos.

27 de out. de 2007


Pitt bul..., originally uploaded by sayginou.

Lavar as mãos na pia batismal. Afronta. Grandes flocos de neve soterravam o plano estrategicamente elaborado por apressadas mentes vis. Fondue a dois, mas poderia ter sido a três, a quatro, no máximo cinco, pois aviãozinhos terroristas desembarcam no Sudoeste quando as estripulias fogem ao controle pré-estabelecido por mim. Quem manda aqui sou eu, dizia-lhes com doçura, na tentativa dissimulada de não expor nossa vida ao risco. Do que mais sinto falta? Privacidade. Poder esquecer um pedaço de papel dormitanto sobre a escrivaninha sem que ninguém lesse o impropério. Meus arquivos do MSN já não podem ser mais salvos. Copiou, colou e imprimiu. Para quê? Por quê? (Junto ou separado? Nunca me lembro.) Há lições que jamais vou aprender. Levanta-se, pega a gramática, guardada na prateleira mais alta da estante. Interromper equivaleria ao crime de sangrar o mangalarga. Staff. O da patinha rajada é o que tem o veneno. Pardon , mademoiselle. Eu (me) aproveito tudo (de todos). Se assumiu um compromisso tem que ser responsável. Descer com o cão antes que ele me rasgue o sofá. Fica para mais tarde ou para amanhã-nunca-mais a tentativa de explorar o inconsciente doentio dos Prados.

26 de out. de 2007

Ainda não é isso. Desisto, por enquanto. Vou almoçar, me aborreci.

mail, originally uploaded by Márcio Hachmann.

Não consigo, buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaá, "colar" o ícone na cara do meu diário. Viu? Quem mandou não aproveitar aquela oportunidade de fazer o curso de webdesigner. Agora poderíamos ser bonitos e charmosos. Sedutores. Contento-me com o mínimo que me oferecem.
E-Mail Icon Generator com a ajuda do meu amigo Neto Cury. Tks, amigão.
Um oferecia sexo, jamais companhia. O outro, companheiro para todos os momentos, mas nem se cogitava sexo. Me afastei do dois e agora guio-me cego numa das avenidas mais movimentadas da capital.

25 de out. de 2007

Tenho por hábito escrever posts e não concluí-los. Me canso do texto. Começo a refletir demais. Não sei o que fazer de e com eles. A palavras se embralharam (elas ainda escapam de mim, tucunarés) nos pensamentos que por si só já me são confusos. Erros se acumulam, não os enxergo mais. Então, salvo-os, os posts, como rascunhos (bem diferente de se colocar um texto para decantar -- por anos, pequena, às vezes, por anos) e dificilmente os resgato de lá. Almas alocadas, de acordo com temática, em cada um dos círculos concêntricos (terraços?) do inferno proposto por Dante. A citação que segue abaixo, por exemplo, ilustra o fato. Citação originalmente copiado daqui em 15/02/06. Dica do meu amigo Beto Lins.

O processo é trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo acadêmico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de três idiomas pelo menos, estudar muito Aristóteles, muito Platão, muito Tomás de Aquino, muito Leibniz, Schelling e Husserl, absorver o quanto possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do século XX, conhecer muito bem a história comparada de duas ou três civilizações, absorver os clássicos da teologia e da mística de pelo menos três religiões, e então, só então, ler Marx, Nietzsche, Foucault. Se depois desse regime você ainda se impressionar com esses três, é porque é burro mesmo e eu nada posso fazer por você.


O Senhor Olavo de Carvalho oferece uma bibliografia básica para seus alunos que clamam por um orientação. Ganha-se tempo, mas ainda assim, ainda assim, prefiro descobrir tudo por mim mesmo. Se não sou capaz de selecionar uma bibliografia, de que serei capaz, então? De seguir a manada. Pegue sua mochila e vamos embora, diria o diário, se não estivesse de ball gag desde cedo. Você, fala demais, mulher. Ele puto resmungava.

O cérebro vinha nos enganando nessas últimas madrugadas. Tive que virar o colchão para conseguir voltar a dormir... A condição de anósmico pode não ser tão ruim quanto eu temia.

24 de out. de 2007

Sujos de chocolate

O colorido da cidade, a ansiedade a me desestabilizar. Podem vir centanas de milhares de flores, simulando uma chuva de pétalas que nem mesmo assim, que nem mesmo assim, volto atrás. Passado, meu bem. Fazemos parte da história particular de cada um. Quer me rever? Visite o museu da tua memória. Fraca. Pois deixou de ser social. Compartilhar-se foi bom? Razoável, para lhe ser sincero. Digo isso para que tu possas aprimorar suas técnicas e táticas de guerrilha. Tu tens certeza que estiveste onde dizes que estiveste? Para mim tu eres todo, repito, um fraco, essa tua armadura, ossos, músculos, nervos e tendões com o tempo murchará. Levará tempo reconheço, mas seremos implacáveis.

E os banhos de óleo que lhe preparávamos com tanta devoção. Quantas mãos serão preciso para saciar seu desejo a se pôr só depois de levantar o sol. Os recheios dos sushis. Os salmões depurados. Cortar os punhos, da camisa de seda, quando surge um evento imprevisto. Eu me odeio por ter me dedicado tanto. Pela insanidade desatada. O florescimento sempre serviu de pretexto. Quero te polinizar no conforto do tapete do meu quarto. Foi a cantada mais bêbada, escutada. O lóbulo da orelha. A jóia a encontrar refúgio numa boca melodiosa. O atrito das jóias acordaria nossos pais, se já não estivem mortos. Pode ser um psicopata. Boate cheia. Amigos diziam. Todos me invejavam. Alguns nos invejaram.

São flamboyants! Admiro-me um aluno de geografia desconhecer as espécies da sua própria cidade. Como se ele tivesse uma outra lição a me ensinar.... Estou sentido um ressentimento, acaba de me falar meu primo que está aqui do meu lado acompanhando o desenrolar desse post. Sua função auto-proclamada: corrigir -me a ortografia, a semântica, a sintaxe. Aqui estou no limiar, explico-lhe Normas rígidas nos servem mais. Desse momumento, quero só o alicerce. A vida aqui dentro flui. Observe com que facilidade coloco pés atrás da nuca. Não entendi? Fle-xi-bi-li-da-de. Ostra vienense, para os que fazem do quatro um oito. Ele ri. Eu quero esquecer. Pena que ele não acredita no power bloggers e nas mudanças que estão por vir. Sai os altos flamboyants. (Ah! Era como se eu estivesse tocando nos dedos de Deus.) Entram as delicadas tulipas. (Nos seus canteiros vamos experimentar o verdadeiro orgasmo. Oh! Toronto. Sonho contigo todas as noites.) Isso não é normal, nem verossimil, diarista... Ainda não terminou, primo? Isso não tem fim. Vou dar um chutão no estabilizador. A ansiedade.


, originally uploaded by Márcio Hachmann.

Pelas mentiras que nos contam desde criança. Pelos direitos de todas as minorias.

Para quem consegue ler Flaubert no original, surrupiado daqui.

23 de out. de 2007

Ode ao blogue extinto

Há quanto tempo não navegava indiscriminadamente pela Blogosfera. (Escrevia em pé, se recusando a se sentar no assento morno deixado pelo desafeto. A pérola da ostra, riscada em cinco lugares. Ele bufava. Raiva a lhe roer as víceras.) Nessas últimas viagens, tenho descoberto escritores que não deixam nada a desejar. Gente estudiosa. Tubarões num mar sem recifes. Só sangue B, como se diria no jargão dos caveirados, tão na moda objeitos de fetiche. Nessas horas penso em Manuel Bandeira e em seu primeiro livro de poesias publicado. Penso em Fernando Pessoa e no seu "Mensagem". Penso em Clarice (ah! Clarice me perdôe.) e na sua carta ao um outro Fernando, este o Sabino, pedindo-lhe uma colocação. A vida se renova e tudo floresce. As anêmonas. Quem vai vencer a barreira da editoração? Quem a superou, venceu a distribuição? Às vezes me pego a falar bobagens, como se soubesse de que parte do universo chegam as últimas fotos do Hubble. A parabólica que fui, o telescópio que serei. Sorrio para cada raio a rasgar o céu nublado. É a natureza a me fotografar durante meu hobby: fracassar diante anônimos transeuntes. A sintaxe dos profetas. Os lamentos de um carola. Sinto puta-inveja da clareza e objetividade (e correção!) com as quais esses blogueiros-poetas-escritores narram e descrevem e dissertam suas idéias. Seus personagens risíveis, suas dicotomias implacáveis. Talvez falte-me orientação. Onde guardei a bússula? Me aponte o norte magnético, quero fazer dele, geográfico. Um GPS esquecido no porta-luvas do carro de um paquera inominável. Em banheiras de motel, pés-de-pato importados. Ele era um escritor a procura de uma fonte de renda. Agora que a encontrou (em detrimento da sua suposta literatura, mas uma não exclue a outra, mais que a complementa), num desses palácios luxuosos da capital, compra flores e não manda mais entregar. Ele tem medo. Ele tem medo de mim. Ele tem medo do que vou fazer com aquelas fotos (apaguei-as). Ele tem medo do que vou fazer com aquelas suas despendiosas cartas de amor (joguei-as no vaso sanitário, conforme o costume) escritas em memória de uma relação que nunca existiu de fato. De mão dadas, amor. Só o stabilishment para ele agora importa. Dormiu abraçado com uma tal senhora Glória e se deslumbrou. Sinto pena. E é de mim mesmo, por não ter tido a coragem de fazer i-gual-zi-nho.

Em homenagem a Orhan Pamuk

Lá fora chove, aqui dentro... neve se acumulando sobre o recamier, sobre o aparador da sala de jantar, sob meus pés. Se faz frio? Com o frio a gente se acostuma. Não me acostumo com o desejo implorado de não se querer ser mais do que já não se pode por absoluta falta de espaço. Solidão é um passageiro que pedia carona na altura da 108 sul (para quem não conhece a capital, é a rua da Igrejinha) e agora, bem instalado, a qualquer momento vai descer. E vai levar e vai trazer. Talvez esquecer. O livro (o romance) serviu como quebra-gelo (só agora percebo a ironia me presenteada pela Vida). Falamos sobre a diversidade dos modos e costumes. Uma amiga minha, fulana de tal, foi mais bem acolhida em Istambul do que em Paris... Sobre os fonemas, as diferenças socio-lingüísticas, sobre o injusto sistema de crédito da universidade. Ensinei-lhe alguns macetes. Dei-lhe algumas dicas. Não pega disciplina com professor fulano de tal. Carnificina geral. Trocamos telefones, e-mails. Confidências. Paixões. E aprendi (descobri) que oil wrestling(com licença o leitor-tradutor e a leitora-tradutora se eu errar na tradução, fica assim mesmo. Depois vocês me corrigem), luta-romana, seria principal esporte nacional da Turquia. E Solidão, ex-vencedor na modalidade. E depois diz que não tem nada a nos ensinar.

Chuá, chuá, chuá,
Chuaaaaaaaaaaaaaaaaá, chuá.

Chuá, chuá, chuá,
Chuaaaaaaaaaaaaaaaaá, chuá.


Chuá, chuá, chuá,
Chuaaaaaaaaaaaaaaaaá, chuá.


Me passa a toalha.
Venha trabalhar no MEU Jornal. Obrigado, mas eu prefiro não. Resposta rápida, para movimentos singulares. Pensa com calma, não precisa dar a resposta agora. Poderia ter me justificado, mas... posso precisar dele um dia, novamente. Quando se perde dinheiro, acha-se patrão. Ele olhava para a frase que havia acabado de escrever e tinha a mais absoluta certeza de que havia escrito um aforismo. Seu primeiro aforismo consciente não-encomendado (Hum sei não. Vai com calma!), saído assim do nada, no susto do espirro convertido em tosse seca. Desci do carro com a sensação movediça que toma conta dos deuses quando se arma uma cilada para o incaulto humano bobo-tolo-otário. Foi apenas sexo? Foi. Sexo descartável? Foi. Não mais anônimo. E assim ele quebrava a verossimilhança do post. Já lhe disse: sem pastar, não se produz leite. Ele riu, queria me confessar mais algumas estripulhias vespe-noturno, mas coloquei-o para fora ao lembrar-lhe: seu ovo mole está frio. Diários por mais íntimos e reveladores que sejam também se cansam, principalmente tratando-se de Ninguém.

22 de out. de 2007


Caterpillar, originally uploaded by markopoulos.

Aquela lagartitinha que o eu-passarinho acabou de saborear como se fosse a sobremesa, bem que poderia me representar na exposição de motivos do próximo dia nove. (Gente do céu, e da terra principalmente, não faço idéia onde vou chegar com esse post. A cada releitura insiro uma frase, indiferente se arrebentar a bexiga. (Sentia prazer em colocar nossas vidas em risco.) Meu-eu ficcionista resumer-se-ia (desculpem-me os blogueiros que escrevem em estilo jornalístico, a mesóclice baixou como se eu fosse... perai, escriba, há toda uma preparação para ser receber um orixá, um pouco mais de respeito à crença dos teus antepassados, por favor, disse -lhe o diário intimo, num roupante atrevido adjetivado de matizes lilases.) a uma larva frágil e delicada, camuflando-se em seus medos e ressentimentos, no aguardo de cumprir-se promesa? O Sol é para todos, pena que os dias sejam nublados e a peçonha suficiente para derrubar um cavalo.

21 de out. de 2007

Não posso ter preconceitos, nem contra a moça que se veste como homem para seduzir os colegas de classe. Estratégia arriscada, porém acertada.

20 de out. de 2007

Das apostas erradas feitas no bar da esquina


Monaco, originally uploaded by Conwan.

"O governo de Mônaco vai acabar extraditando o Salvatore Cacciola." Um inocente comentário ( eu não tinha mais assunto) acabou originando a aposta. "Dificilmente. Há outros interesses envolvidos. ", retrucou meu amigo. Conseguia novamente incendiar a roda de chopp. Nossas vozes ressoavam por todo bar, abafando as outras conversas. "Aposto na competência dos nossos sub-procuradores.", disse-lhes. No tom mais sarcástico que eu poderia dizê-lo. E sorvi da tulipa o resto que eu já não mais queria. "Obrigado pela parte que me toca. ", disse ele, "De quanto vai ser a aposta?, perguntou-me, surpreendendo-me com um tom ríspito e arrogante. Fingi que não era comigo. Meu olhar perdia-se no horizonte na esperança de encontrar o ponto de apoio. " Foi apenas uma forma de se expressar.", disse-lhe, titubeando. Ele sem hesitar, tirou a carteira do bolso do paletó e de lá de dentro sacou uma nota de cinqüenta reais que foi cuidadosamente presa debaixo da minha tulipa vazia.
"Quer saber mais do que eu." resmungou como se fosse possível falar entre os dentes. Isso não vai dar em nada. "Jamais, mon cher. Je n'écrit pas en français." E sob olhares ávidos, uma outra nota de cinqüenta fez par a primeira. "Para não fazer desfeita. ", disse-lhe, fitando-lhe nos olhos. Gritaria geral. Fla-Flu improvissado numa calçada de ardósias vitrificadas. Dois galos de briga a se encararem minutos antes de se enfrentarem numa rinha. Ou seriam dois pitbulls? Sua boca espumava e não era espuma do chopp. Eu apenas observava-o sem entender o que eu havia dito de errado. Para onde teria ido o debate com seus elaborados argumentos irrefutáveis. "Confio no empenho do nosso ministro," disse-lhe, sem me importar com a provocação. "Agora, repatriarem todo o dinheiro extraviado seria esperar demais", completei, antes de me levantar sem pedir licença para ir ao banheiro. Quando voltei o bolão estava fechado. Cinco com um. E passei a ser conhecido como namoradinho ingênuo do Gustavo, para os íntimos: Eugênio.

Aula de sobrevivência em alto-mar


, originally uploaded by *Claudia Schulz*.

Chorar de barriga cheia, como se sabe é muito feio. Nunca ninguém me disse que escrever seria fácil, prazeroso ou me proveria. Quando você começou, tínhamos um objetivo, aprender. Nunca se esqueça da metáfora, escrever é como praticar natação. O problema é que nunca sabemos onde vai ser a aula, na semi-olímpica (onde dá pezinho), na olímpica (onde se dá cãibra), ou no tanque de saltos (onde olhares agonizantes se cruzaram e risadas são prelúdio de um beijo.)

EU NÃO CONSIGO ESCREVER! E não adianta mudar o gênero literário.

18 de out. de 2007

"Não te atrevas a escrever um livro antes de ler mil."
Ditado chinês, copiado daqui.

17 de out. de 2007


My Anna Karenina, originally uploaded by karinga.

Interrompeu a leitura. Com a mão no bolsilho do casaco procurava pelo lápis. Olhou em volta de si. No criado-mudo. Na escrivaninha. No aparador. Fechou o livro e o deixou em cima da poltrona onde se encontrava sentado. Precisa copiar aquela frase: "Não há de ser nada... Tudo vai dar certo." Seu otimismo resistia até 38 graus de febre. Passados calafrios, refletia sobre as escolhas erradas tomadas durante o curto periodo em que o rei se ausentou de casa.

8 de out. de 2007

A primeira frase nunca pode ser pessoal. Preciso das noites sem risoto para desmistificar o sentido do número dez. Desista leitor, estou apenas juntanto aleatoriamente peças de um quebra-cabeça que teima em ser incompleto. Há riscos, eu sei, mesmo assim a lataria nos protege. Nada de dor, nem prazer. Estamos, estou, no limiar. Sorumbático. E não consigo me livrar da primeira pessoa. Talvez um novena. Quinhentos Pai-Nosso. La Cité de Quebec. Os versos em inglês. Atwood a me corrigir o nó da gravata. Observo o candelabro do hall, o teatro de mil vozes, e concluo: o cinema é ente em coma. Do teatro faço minha cama. E não há porque se lamentar. A apólice de seguro bilionária não permitirá a nenhum dos órfão chorar. Meu humor oscila de meio-dia às quatro da tarde. A novidade, um acidente na ponte. Conheço aquela placa. A foto do motorista me excita. O órfão me puxa pela camisa. Daqui a um mês, daqui a um mês, me respondem. Olhar de fúria. Insatisfação. Mando por descarga abaixo todo o meu medo. Agradeceria à força cósmica que rege essa galáxia pelo montinho de massa compacta constituida à forceps dentro do recanto de Atibaia. Não posso, preciso estabelecer contatos por telefone com os torturados exibicionistas. Não é o caso. Dispenso. Grosso! Acabara de perder uma oportunidade. Desligo o telefone. E desisto de nossas tentativas. A noite foi feita para se brincar, não o dia. Volte ao roseiral e termine a colheita de outubro, me aconselha meu diário íntimo que até então acompanhava toda cena como se não fosse conosco.

27 de set. de 2007

A ausência traduz-se numa incapacidade preocupante de enfrentar algozes. Ela me disse, dois pontos, abre aspas, você vai morrer, fecha aspas. Todos nós vamos morrer, foi meu pensamento imediato, mas não lhe disse nada. Permaneci calado. Não havia o que discutir. Preferi deixá-la para nunca mais. Nunca mais talvez. Pera aí! Como assim? Você some, não me deixa um bilhete, não me liga, passa semanas sem me atualizar e de repente surge inesperadamente evasivo e prolixo? Meu diário se comporta mal e o efeito do álcool estava demorando a passar. A vontade de eclodir sem ao menos saber o que significa eclodir. Diários se desesperam quando esquecidos em ambientes inóspitos e estéreis. Eles têm medo. Não sabem viver só. Preferem a esperar na fila para entrar na sala de projeção; fila para comer um crepe; fila para ir ao banheiro; fila para sair em segurança do shopping; desde que, toda a nata da sociedade esteja ali reunida. De vez em quando, do meu leite se forma uma grossa nata e dela faço biscoitos deliciosos. Para consumo próprio. Para consumo próprio. Comerciantes e jornalistas não pisam no meu quintal. Passo horas deitado no sofá da sala de estar pensando no final da história do último menino que colheu flores amarelas no descampado onde marginais, à noite, se escondiam para assaltar os trabalhadores que desciam do ônibus sozinhos e distraídos. Levanto-me. Vou à varanda do quarto da minha irmã. Fazer o quê? Ver o horizonte. Daqui a pouco o sol vai se pôr. Daqui pode-se ter pensamentos mais ousados em relação ao final. Fausto esquecido sobre a espreguiçadeira. Procurei-te por toda casa. Estamos atrasados alguns dias. A bibliotecária se recusará a emitir o boleto da multa mais uma vez. No mais, continua como Deus quer. A dica do óleo foi excelente. Minha pele sobrevive ao castigo da estiagem. Até amanhã, se eu estiver de bom humor.

15 de set. de 2007

Canção da Chuva ou ASAP


Chuva e futebol/rain soccer, originally uploaded by QuelCarvalho.

Venha chuva, acompanhada da primavera,
fazer cócegas nesse corpo, infelizmente seu.
Soro hidrata, mas só você vivifica.

Venha! Mas venha tempestade.
Inunde o parquinho, a praça, o terraço.
Afogue minhas lembranças, todas elas, não me importo,
se for para o nosso bem.

Venha chuva! Acompanhada de ventos. Arranque pelas raízes todo nosso condenado pinheral. Toda gambira.
As telhas quebradas. Arrasse os bananais com seus morcegos.

Voçorocas nos corações do incautos,
Lama e lixo para dentro de casa.
Leptospirose, hepatite, dengue, desabrigados.
Tragédias pessoais televisionadas.

Mas, venha mesmo assim.
ASAP

6 de set. de 2007

20 de ago. de 2007


Last Tango in Buenos Aires, originally uploaded by welsh boy.

Esperava o quanto fosse preciso. Garoto apaixonado pelo nada.

17 de ago. de 2007


Autumn Swan, originally uploaded by PuffinArt.

Segue abaixo, uma piada recebida por e-mail de um parente muito próximo (por acaso, colega de trabalho). Estava mesmo precisando renovar meu velho repertório. Ao contar piadas de gays em reuniões familiares, provo do meu próprio sarcasmo me queimando a língua. Evita-se qualquer pergunta indiscreta. Estou com munição na agulha, não erro o alvo. Fazer humor das próprias angústias passou a ser um modo de vida.

"O FILHO GAY
Desconfiado das atitudes do filho, o pai leva o garoto ao psicólogo para descobrir se seu filho é homossexual.

O Dr pergunta ao garoto:
- Qual o vegetal que você mais gosta?
(Meu Deus, ele vai dizer cenoura ou pepino – pensa o pai).
- Chuchu – responde o garoto.
(Ufa! – pensa o pai).


- Qual seu número preferido? Pergunta o Dr.
(24! – pensa o pai).
- 111 – responde o filho.
(Ufa! Pensa o pai).
- Qual o animalzinho que você gostaria de criar?
(Cordeirinho, carneirinho, viadinho, ai meu Deus, o que esse moloque vai responder?! – pensa o pai).
- Jacaré! – diz o filho.
(Ufa! Aliviado fica o pai).


O que você quer ser quando crescer? -pergunta o Dr.
(cabeleireiro, alfaiate, estilista – pensa o pai).
- Advogado – responde o filho.
- Que fruta você mais gosta? – pergunta o médico [sic].
(Até aqui tudo bem, pensa o pai).
- Jabuticaba, afirma o menino.
O moleque deixa a sala e o pai aliviado, diz para o médico:


- Meu filho é um MACHÃO de primeira linhagem não é Dr?
E o Dr. Responde:
- Seu filho é gay assumido:
- Chuchu, dá o ano inteiro...
- 111 é um atrás do outro...
- Jacaré se defende dando o rabo...
- Advogado vive de vara em vara...
- Jabuticaba é a única fruta que nasce e morre grudada no pau!
Portanto, VIADÃO [sic] mesmo!!!"

16 de ago. de 2007


total chaos, originally uploaded by b_unit.

Calma! A senhora está nervosa. Pedi educadamente a cliente indignada pq a vendedora se confundiu ao passar seu cartão de dédito. Imagine se vou pagar trinta e cinco reais no crédito.

Longo vídeo para aliviar o desejo de estar lá. Cumpre seu propósito. Me leva e me traz de volta.

15 de ago. de 2007

Ode a Jack Kerouac


Ode to Jack Kerouac, originally uploaded by Olivander.


Acordado no meio da madrugada por uma fisgada que me recuso a investigar a procedência. Daqui a alguns posts direi: não era nada. Não é nada. Apenas dói. Sinal que estamos vivos. Levanto-me definitivamente. Acendo a luz. Pego meu laptop. Corro para o banheiro. Não reclama da sorte, rapaz. Houve uma época em que levantar-se no escuro era uma profissão de fé. Fizemos progresso. Floratil a essa hora, nem na rua das farmácias. Distraio-me com quem encontro on line no chat, porque no messenger não há mais ninguém. Quantas identidades terei de assumir até a dor ceder? Quantas forem necessárias. Nasce sol, traz de volta o dia, com a promessa que vou procurar ajuda. Esguicho, acompanhado de abruptos movimentos peristálticos. Sou acrobata e não sabia. Um italiano, um norueguês e um estadunidense. A luz do monitor piscando. Quem me fará esquecer minha humilhante condição de ser humano? O estadunidense lamenta pelo meu estado. Pára, rapaz, senão ele vai chorar. A beleza de um harmonioso par de sobrancelhas distrai, cura, refresca. Liga sua webcam. Ligo-a, mas me recuso a sorrir. Seria contraditório. Sorri para mim. Mostrar os dentes não é sorrir. Estou descabelado. Acabei de acordar. Minhas pálpebras inchadas escondem o castanho dos meus olhos. Tenho algo para você. Bomba de sucção não seria um objeto a se cobiçar no estado em que me encontro. Faltou sensibilidade. Desculpa. Envia-me depois uma fotografia tua... artística, por favor. Condeno pornografia. Gargalhadas atravessam o atlântico na velocidade de um beijo. Não queria se despedir, antes de mim. Até porque o fuso horário lhe favorecia. A luz do sol entrando por debaixo da porta do banheiro. Preciso ir amigo. Ah! Sério? Cinco horas. Tenho mais alguns minutos, já que estamos a sós aqui nós dois, presumo, esqueço o trivial e exploro as possibilidades. Se gostares de literatura, lanço uma moeda no cofrinho. Leio os best-sellers, nem sempre até o final. hehehe. Já que gostas, irei lhe presentear com uma caixa de bombons. A embalagem jogo no lixo, juntamente com o plástico e papel alumínio que nos protegia do chocolate. Veja isso. Ele está lendo o NYT, enquanto conversa comigo. Será que digito tão devagar assim? Conheço. Modestamente considero-o datado. Os anos sessenta pregava o amor livre (e o fim da guerra). Como se o sentimento pudesse ser aprisionado. Hoje, pode-se trazer a namoradinha para dormir em casa. Sem querer ser moralista. Não tenho nada a ver com a vida dos outros. Nem quando os problemas se tornam um caso de saúde pública. Mas eu preferia quando podia burlar os limites impostos pelo meus pais, era mais divertido. Tu és um beatnik? Hã? Como? Tu és remanecente da geração beat? Sou da geração saúde. Percebe-se pelo avantajado do tríceps. Black belt. Cinturões em torno do pescoço me deixam sem ar. Respeito muito minha faixa. Fantasias, meu bem. Fantasias acopladas a teorias sócio-antropológicas. Douglas Coupland agradece.

14 de ago. de 2007


510 Morfina, originally uploaded by Juanjo Martínez.

A Montanha Mágica
Letra: Renato Russo

Sou meu próprio líder: ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio-sorriso, meia-lua, toda tarde.

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal.

Ficou logo o que tinha ido embora
Estou só um pouco cansado
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói
E não há nada a fazer agora.

Para que servem os anjos?
A felicidade mora aqui comigo
Até segunda ordem
Um outro agora vive minha vida
Sei o que ele sonha, pensa e sente
Não é coincidência a minha indiferença
Sou uma cópia do que faço
O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais.

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que eu tenho de suave
E me fazes tão mal.

Existe um descontrole, que corrompe e cresce
Pode até ser, mais estou pronto p'rá mais uma
O que é que desvirtua e ensina?
O que fizemos de nossas próprias vidas?

O mecanismo da amizade,
A matemática dos amantes -
Agora só artesanato:
O resto são escombros.

Mas é claro que não vamos lhe fazer mal
Nem é por isso que estamos aqui
Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio .38

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
Chega - vou mudar a minha vida.
Deixa o copo encher até a borda
Que eu quero um dia de sol n'um copo d'água.

13 de ago. de 2007


NYC - Bowling Green: Charging Bull, originally uploaded by wallyg.

Estava com receio de ter acontecido algo de grave. Continuamos sonhando. Faça as malas. Passado o furacão, sobre os escombros erguirei uma sólida carreira, sem direito a piadas. O humor é ácido, mais que inteligente. E vacilar seria perder de vez toda a esperança.

9 de ago. de 2007


DSC069421, originally uploaded by skintype.

Ele me ama. Não o suficiente.

8 de ago. de 2007


amor e caridade..., originally uploaded by U N I T I *.

Venho selecionando alguns trechos do "A Montanha Mágica" para publicar aqui no DiCla. Eis abaixo uns dos que mais me marcou. Verdades ácidas me guiam até a última página.

“-- Esses produtos da probidade burguesa – replicou Naphta – teriam sido de pouca utilidade para os séculos a que o senhor se refere. Nenhuma das partes interessadas poderia ter lucrado com eles, nem os enfermos e os míseros, nem tampoucos os felizes que se mostravam caridosos, não por compaixão, mas em prol da salvação da própria alma.” Mann, Thomas. A Montanha Mágica. 543 p.

7 de ago. de 2007

Triste, tristinho, tristão, permaneci o resto da tarde. Coincidimos, do Dr. Isoldo e eu, estarmos checando nosso webmail. Ele está on line! Ele está on line! Gritou meu verde coração apreensivo. Vamos plantar trevos nos canteiros da janela do quarto. Quem nunca experimentou o sabor explosivo de surpreender um velho querido amigo a conferir sua correspondência virtual. Há quanto tempo não converso com ele? Três meses, uma semana e quatro dias. (Fui consultar o diário.) Mantenha-se calmo, Marcinho. Olha o tamanho do mico que você vai derrubar da árvore. Qual o nome da cidade onde desabou a ponte? Sinto muito... Off line. Nem ao menos um olá. Estou sobrecarregado de tarefas. Sinto falta de quando éramos livres, poderia ter escrito. Escrever-lhe uma carta lamentando a vida. Ele gosta de ser útil. De me consolar, quando chorar não faz a mínina diferença para mim. Sejamos sinceros, rapaz. Não agüento mais ver a CN Tower, para onde quer que eu olhe. E não poder tocá-la, subi-la, admirar Toronto lá de cima. O mundo aos meus pés. Tocar o céu com as ponta dos dedos sem ser recriminado. Prometo me comportar. Estou estudando para isso. Não pretendo me jogar lá de cima. Jamais. Até porque seria um pouco complicado para não dizer impossível tal proeza. Para contrapor a tua ausência, amigo, busco compensações em bancos de escape. Esse tempo todo fazendo eu da arte um instrumento afiado de escapismo! Pouco me importa, estarei colhendo morangos hoje à tarde debaixo de uma acolhedora poltrona macia. Estropiada, é verdade, mas confortável. Pouco me importando se casais namoram com as vergonhas para fora deixando essas mesmas poltronas macias melecadas de suor e outros fluídos vitais, sobrecarregando a tia da limpeza. Estarei colhendo morangos da tela de projeção. Silvestres. Na esperança de encontrar, quando chegar em casa, ao ligar o computador, ao acessar minha caixa-postal, uma resposta ao tempo que tenho aguardado pacientemente.

6 de ago. de 2007

Para que aumentar a fonte, quando o realmente importa está morto e sepultado?
A multidão não mais me intimida, posso viajar pelo mundo atrás fogo que nos arde a pele; desde que meus olhos brilhem sinceramente. Qualquer dia desses conto-lhes a história do sabonete, prova irrefutável de todas as minhas perversões. Onde se viu resumir uma noite de fantasias num espumante souvenir? Estupidez, hoje. Lígia, incrédula, sorriu e mesmo assim relutava em acreditar no branco objeto perfumado que segurava em sua mãos. É para você. Depois joga fora para não lhe comprometer. Na fila que se formou, difícil seria reconhecer seus doces cílios louros espalhando rímel por onde passava. Há sempre um perfume exagerado a nos guiar pelo apertado labirinto. Ali estávamos. E o longo abraço revelava muito mais do que o reencontro de velhos amigos. Ela perguntou pela minha barba. Suas mãos acariciando repetidamente minhas maçãs lamentavam a ausência do que fora motivos de tantos desentendimentos. Deixei de usar, desde que abandonei a religião. Quanto radicalismo trazes ainda dentro de ti. A segunda pessoa era meu fraco, sua melhor arma de sedução. Corretamente combinados, pronome e verbo. Espontaneamente articulados. Quem ela ouvia falar assim, com essas vogais tão abertas, sem interferência ou distorções. Podia ter aproveitado a aproximidade do seu hálito levemente achocolatado e finalmente ter-lhe beijado os lábios. Ainda bem que não o fiz. Nunca sabemos quem surge subindo as escadas com um ramalhetes de girassóis nos braços.

4 de ago. de 2007

Antes de você chegar

Não reconheço essa voz como sendo do Tim Maia. E surpreso estou por descobrir que a minha música predileta do J. Quest é uma cover de autoria de um mestre da black music brasileira: Hyldon. (Você, não sabia, Marcinho? Que desinformado você é!) Adoro escavar o solo vermelho do planalto central a procura de uma possível essência de mim mesmo. As compulsivas e sonolentas tardes de sábado tornaram-se rimas ricas numa profusão de acordes e melodias dissonantes. Nenhuma novidade até então. Nossa, ele é um gato. Onde você o conheceu. Comecei a contarolar desafinado e sem saber a letra. Não podia contar-lhe o quão cheiroso podia ser o banheiro de um centro comercial semi-abandonado. Ah, esqueci de lhe dizer: Baudelaire é uma bíblia que ele consulta antes de se deitar para dormir.

2 de ago. de 2007


Hello, Again, originally uploaded by Natascha2007.

É o mais próximo que consigo chegar do sorriso do R. Homens vestindo camisas cor-de-rosa clara poderiam cruzar mais vezes nossos caminhos aos sairmos desatentos do supermercado. Olho, analiso, suspiro. Tudo muito rápido e discreto. Inquietação. Troca de olhares. Ele pára no lado oposto onde me encontro. Senhoras e suas pesadas sacolas de compras. Estaríamos chamando atenção? Parecemos dois assaltantes aguardando o comando de um suposto terceiro homem. Não há mais ninguém além nós. Uma patolada resolveria o problema. Rogo a Deus (aliás, obrigado Santo Antônio, por trazer o azul do céu para tão perto de mim) que seja discreto. Há crianças, mulheres e homens. E definitivamente, aquele não era o lugar mais indicado para se flertar. Finjo esperar alguém. Ele olha em direção ao jardim de cactos no outro lado do estacionamento, como se o tempo tivesse perdido todo seu valor. Aguarda o táxi chegar ou a namorada vir buscá-lo? Todas suas compras couberam numa branca sacola de plástico. Sua pasta a tira colo desse ser mais pesada. Ansiedade a me formigar os ossos. Aproximo-me? Concluo. Sorriu-me por educação. Vejo possiblidade, onde há somente gentileza. Polido. Deve ser de fora. Olha para dentro do supermercado, como se procurasse um refúgio. Se ele se encaminhasse em direção aos banheiros, saberia eu sua real intenção e poderia ir embora em paz. Tira um maço de cigarros do bolso da calça. Seria a deixa, seu eu fumasse. Com cigarro nos lábios, procura pelo isqueiro. O elegência com que vasculha os bolsos e bolsilhos, produz efeitos colaterais na minha pressão. Palpitações. Tontura. Tolice! Deve ter sido o bacalhau. Não deveria ter aceitado a oferta da demonstradora. Bolinhos ao crepúsculo continuam me fazendo mal.

(...)

31 de jul. de 2007

Michelangelo Antonioni (29.09.1912 - 30.07.07)


Anche tu... sticazzi., originally uploaded by lovemetwee.

Cometi um erro crasso ao insistir com o amigo, fã de Lara Croft e John McClane, que fôssemos assistir à mostra de cinema italiano. Já na sala de projeção, nem bem dez minutos haviam se passado, um murmúrio: Eu vou dormir. Se você roncar, eu te mato, retruquei. Isso está chato. E aninhou no meu ombro sua cabeça. Raspada. Glabra. Branca. Sem vestígios de pecado. Foi o máximo de intimidade que tivemos naquela noite. Estúpido, eu, tentar mostrá-lo que andamento poderia ser lento sem perder em nada sua magia.

30 de jul. de 2007

Ingmar Bergman (14.07.1918 - 30.07.2007)


Wild Strawberry, originally uploaded by fdecomite.

Essa tristeza tem nome e sobrenome.

28 de jul. de 2007

No Dia do Escritor

Só a pouco consegui concluir meu texto sobre o Dia do Escritor (25 de julho) Salve a todos. Acho compatível com todas as águas que passaram por debaixo da ponte. Seu elogio leitor, ou sua opinião, leitora, dessa vez e somente dessa vez, serão levados em consideração. Porquê? Não sei. Talvez eu esteja conseguindo sair de dentro da minha concha. Talvez, não. Há riscos que nós não estamos preparados para correr. Por enquanto.

Boa leitura

Dia do Escritor. 25 de julho. A novidade se anunciava embrulhada num tablete de chocolate. Mantenho-me distante de qualquer festividade, celebração ou fogos de artifício. Entreternimento para mim é roleta russa (ou seria montanha?) Talvez, devesse congratular meus amigos que exercem tal profissão de fato. Talvez, não. Pulinhos, gritinhos e soquinhos no ar. Muita euforia para pouca cocaína. Definitivamente, nunca vou conseguir sair vivo desse labirinto. Não há nenhuma linha a nos guiar. O peixe no aquário precisa comer. E eu? Depois houve e-mails a perguntar: porque você escreve? Porque escrevo? Simplesmente por causa da muvuca. Mas desde quando você foi de frevo? -- me pergunta o incauto paciente. Sinceramente, escrevo porque acredito ser a forma mais honesta de se marcar um encontro com a Senhorita Glória. (A arte é amoral, lembra-se? Discutimos isso minutos atrás). Mas Glória apresenta-se indiferente às perguntas dos repórteres e aos flashs das câmaras fotográficas. Ela jamais se renderia aos seus versinhos infantis. Há um motivo, uma razão subentendida. Um diagnóstico, uma missão militar em Angola, uma perda irreparável de tão inesperada. Primeiro enviava cartas aos cuidados de Mercúrio. A quem ele ia entregar as missivas? Aí, havia o perigo. Graças a Deus, elas se incendiavam muito antes de chegar ao seu destino. Leitora, já percebeste que minha voz tem mudado de timbre? Isso tem me incomodado deveras. Depois encontrei um livro na biblioteca da universidade: “O escritor de fim de semana” Robert J. Ray. Hmmm... Isso é possível? Se Paulo Coelho pode, eu também posso. Se JK Rowling está podendo, eu também vou poder. E assim fomos cavocando, cavocando, cavocando. Até chegar a Ulysses. Eita, cacete! Dublin fede tanto quanto a cidade onde nasci. Cavoquemos um pouco mais. É bom. As unhas sujas não me envergonham. Os rituais descritos na Ilíada e na Odisséia me lembram passagens do Velho Testamento. Vamos continuar cavocando: Gilgamesh. Nunca mais chamei de dilúvio a tempestade que abria a voçoroca, ameaçando levar nossa casa, juntamente com os postes de luzes. Voltei a biblioteca antes acabasse a luz no quarteirão e sinceramente se eu dizer que escrevo por puro prazer, estarei mentido. Uma orgia com cinco ou seis michês, duas ou quatro ninfetas seria muito, muito, muito mesmo, mais prazeroso de tão apoteótico. Quanto cérebro explode em conexões nunca antes experimentadas. Então porque escrevo? Talvez, por pura necessidade de contar a alguém, no caso, ao namorado da minha namorada, como uma cerimônia de hasteamento da bandeira pode ser entediante de tão trágico. Ou talvez por uma questão de sobrevivência. Contar ao algoz uma história que o mantenha acordado a noite toda, na esperança que ele não cumpra a ameaça de nos devorar inteirinhos.

P.S.: Escrevo por não saber me calar diante momentos difíceis. Amar uma pedra, seria o pior deles.
(revisado em 07/02/2008)

Edinanci Silva (BRA) vs Yurisel Laborde (CUB) Judo Pan 2007

Se a Vida é madrasta, Deus é Pai. A única atleta com quem eu gostaria de ser fotogrado. De preferência na saída de um restaurante chinês.

De portas fechas

A particularidade da cantora Elza Soares reinterpretando o nosso hino nacional nos remete a outra apresentação memorável: João Carlos Martins ao piano, pianíssimo, transmutando toda melodia e rítmo em lágrimas e vértices. Espero que ele seja convidado para se apresentar na abertura do Parapan. A propósito, a Força Nacional vai continuar na cidade do Rio de Janeiro até o enceramento do desse segundo evento? Isso não mais importa. Por essa mania de falar sozinho, vou acabar internado na clínica de reabilitação. Mas isso realmente não mais importa.

Dos momentos inesquecíveis que tive ao seu lado.

Pan 2007 Ginástica rítmica (fita): Alexandra Orlando

Essa guria estudou na minha escola: "Não tem? Improvissa!" Sua graciosidade, afrodisíaco a aguçar úlceras estomacais, merecia comentários a altura da sua altivez. O público tantas vezes cariocamente estúpido-grosseiro-selvagem para não dizer simplesmente mal-educado, teve um momento de civilidade ao aplaudi-la de pé. Ela precisava ter sorrido. Como se estivesse acostumada com as intempéries do destino.

Mike Relm Live!

Não o conhecia. Vamos ver o que este senhor vai nos apresentar na cerimônia de encerramento do Jogos Panamericanos de 2007

Judo Pan 2007: Luciano Correa (BRA) vs Sergio Garcia (MEX)

Revejo, revejo, revejo e não entendo, como num ato violento pode haver tanta poesia.

27 de jul. de 2007


foggy street, originally uploaded by Mr. Mark.

Há quanto tempo não escrevo uma crônica. Desde o penúltimo BBB. A vontade de ninguém me invade violentamente. Ouvidos a gritar murros secos. Continuar seria desistir e definitivamente revisões cor-de-rosas deixarão seus óculos de sol sobre a mesa. Eu inclusive havia feito um roteiro. Sério. Estou ficando dedicadinho, picadinho. Sigo orientações da professora peagade. (Mentiras!) Há um rascunho escrito com giz de cera. Mas ceras são quentes e as estátuas se derretem ao enfrentar esse calor de sangrar o nariz. Queria comentar o panpanpanpan. Conversávamos o polícia e eu no messenger. Ele a exibir todo seu vigor suculento. Não via a hora dele se satisfazer. Estava maçante. Eu queria apenas depurar os fatos. Contar nossos mortos. Havia muita mosca. Mudou de assunto. Corpo bronzeado, inveja dilatada. Estou morrendo de saudade de você. Se fosse verdade, as fotografias teriam chegado também na minha caixa-postal. (Tenho acompanhado suas missões pelos jornais cariocas, tesouro.) Seu comandante deve estar orgulhoso. Pode me ligar quando quiser. Mais uma outorga debaixo da chuva que não cai. Queria também comentar o furo vinculado na Folha de São Paulo e/ou a reportagem investigativa vinculada no Correio Braziliense. Meus Deus! A revolução chegou até as redações. Estou com medo. Protegei-me. Temos um novo ministro que sucumbirá diante tanta arrogância. (É profeta, agora?) Há também mais uma oficina. Ah! O tempo em que freqüentávamos os portais adornados de patrocínios. A esperança na terceira geração. A arte e os libelos pendurados na parede. Esse modem, essa conexão, esse reiniciar sem fim. Outro freguês a me interromper. Outra consulta, diagnósticos apressados. Estou perdido nesse labirinto sem paredes. Concluir, eis a aventura do dia seguinte. A multifuncional. Fax aos milhares a me dizer hoje não, hoje não, hoje não. Esqueço o passaporte em cima da mesa. Imagens distorcidas. Vamos ao menos ao barbeiro delinear essa barba e ao chegar em casa espanar os móveis. Ctrl+A. Delete.

26 de jul. de 2007

Sonhar com flocos de neve, pode ter sido um bom presságio.

24 de jul. de 2007


Bis, originally uploaded by gabrielona.

Você sempre me surpreende. Quando menos espero, seu email chega na minha caixa-postal. Isso é muito bom. Quanto a vontade de esquartejar quem me incomodava passou totalmente. Persuadi o temporal a desaguar em outra chapada. hehehehe. Ademais, advogado criminalista, eu já tenho. :P. Aliás, o que eu mais tenho são amigos advogados. Não dou nem bom dia, sem consultá-los antes.

A propósito, queria saber se você deixou de lado aquela idéia ridícula de tão nojenta. Não me imagino provando o sabor do sêmen de ninguém, ok? Por mais gostosa e apetitosa que essa pessoa possa ser.

Beijos, beijos, beijos e um longo abraço apertado.

P.S.: Vamos nos encontrar num lugar bem simples só para eu ter certeza de que ainda consigo lhe proporcionar prazer. Pensei que você gostasse de bis. Eu quero um bis. Só para lambuzar seus lábios de chocolate.

23 de jul. de 2007

Lá em baixo, encontra-se ainda aqueles amores equivocados que deixei guardado na gaveta do criado-mudo. Você e sua truculência... Eu estava brincando. O mal humor fermentado esquivava-se de jogos sutis e indecorosos. Dedo não vale. Lamber é covardia. Lágrimas só para o sorriso. O lúdico afastava-se da cama, arrastando-se no piso emborrachado do lavabo. Ele sorria apreensivo. Eu gritaria a dor, se não fosse acordar nosso gato de estimação. Cavalgadas. Cavalgadas. Trote. A gente podia tomar café da manhã juntos. Tarde demais. Dois erros, eu desculpo. Três, não. Liguei a TV e fingi interesse na reportagem exibida. Um outro avião caiu, antes que dissesse onde, mudei de canal. Tragédia já me basta a nossa. Judocas lutando por uma medalhe de ouro. Deixa ai. Tarde demais. Joguei o controle próximo da jaula da fera e levantei-me ainda meio tonto. Fique com o controle, o cedro do poder que você acredita ter. A porta me convidava a tomar um ar fresco. Sua fumaça me entorpece. Seu perfume me cega. Aonde você vai? Sem você, a lugar nenhum. Me leva para onde a vertigem revoga as preces. Suas idéias me fustigam. Sorri com metade da boca. Ainda estava dolorida. Havia uma varíavel de sofrimento inexplicável até o momento.

21 de jul. de 2007

Esse cara parece que sabe. Foi o que escutei ao descer as escadas do palco, saindo pela coxia. Sem olhar para trás. Sem pedir lenços. Sem me lembrar de pagar a conta. Se é que consumi algum álcool exportável. Sentia-me confiante. Se o puto se atrevesse a revelar sua identidade, eu lhe desculparia todas as noites doloridas de tão carnosas, todos os beijos secos, todas as sandices. O rímel me borrava a lágrima grossa. E mais grossa ainda seria minha resposta à cantadas oportunistas. Estão te gritando. Não é por mim que eles gritam. É pela personagem. Eu não sou nada. O que a gente faz? Ignora. Troquei a camisa suada por uma regata emprestada. Cheiro de cachorro molhado. Olhei para o dono da camiseta. Sim, você me lembra um cão, balançando a calda para o dono, quando este lhe balança a guia da coleira. O cão arrasta o dono pelas ruas, jamais o contrário. Não por acaso chefiava a segurança. Agradeci o trapo. O pessoal quer mais. Não consigo ser sonho de valsa em noites abafadas. Estava difícil contar as estrelas do céu. Os vultos me causavam vertigem para não dizer ojeriza. Se o ambiente fosse mais mix, pediria outro explosivo. A noite agora é do DJ. Vou dar saltos mortais na pista. Desidratar o organismo até a convulsão. Claro que narrava a história com mais clareza e pormenores que não convém expor aqui, num lugar tão sem privacidades. Até porque, nunca pude ser safo na frente da enfermeira. Ela não entenderia (volta e meia ele era preconceituoso). Ela chorava enquanto ria, esquecendo-se às vezes que estava suturando um ferimento. Antes tivesse ido fazer o certo. Conta de novo. E a cada repetição surgia fatos novos. Chopp escuro no bar do Alberto. O cara tinha um piercing na língua. Isso a deixou curiosa. E como é? Há de ser suave o beijo. Abre a boca e deixe ele umedecer a jóia na sua saliva. Que ele prescute o ritmo descompassado do seu coração. Hmmmm... Deve ser muito bom. Ele vai meter a mão debaixo da tua blusa. Não resista, pois será tarde demais. Pronto. Um dia eu volto lá e será muito divertido.


Bernard Herrmann circa 63, originally uploaded by DanielN.

Era um sangramento atípico, mas a conversa com o doutor engenheiro, me libertou. Posso voltar a viver as estripulias do galho seco com os símios de patas pesadas e faixas pretas amarradas nas cinturas. Se era só por diversão, porque a buffet de chás e cogumelos-cerejas? O sentido inverso das cartas não respondidas, Marcinho. Ah!... Compreendi, mesmo não conseguindo explicar. (Ele não enganava nem a si mesmo. Quantos ippons ainda serão necessários para nos convencer que tortas não são necessariamente de morangos e o amor, de manhã, quando abrimos a janela do quarto para desejar bom dia ao lago, continua nos surpreendendo com seus saltos quânticos. )

Tive que terminar este post de qualquer jeito. A enfermeira (Não pensem que temos um caso. Cumprimento todas minhas amigas com selinhos sentidos.) chegou de surpresa. Sem avisar, nem ao menos telefonar. Surpresa! Queria te flagrar com essa cara de ressaca. Descabelado. Roupas de estranhos espalhadas pelo chão do quarto. Nada disse. Decepcionou-se, talvez. Voltei a me comportar. Cópulas a granel só quando Baco permitir e mesmo assim, se eu não tiver recolhido um desses animais SRD que retardam nossa noite. E o rapaz do piercing. Está no banho. Para quem não gosta, você está muito interessada, não? Curiosa em conhecer sua nova aquisição, somente. Depois as amizades terminam na cama e a gente não sabe explicar porquê.

11 de jul. de 2007

Dentre alguns minutos, receberei alta. Para aonde ir, não sei. Sensato seria procurar o serviço social. Eles chegaram!

10 de jul. de 2007

Desnecessário dizer o óbvio. Há meses, a vontade de atualizar esse blog, meu diário virtual, nosso DiCla, se esvai por entre um emaranhado de fios wi-fi. De fato, jamais pude ser considerado um autêntico blogueiro. O que tenho esperado, afinal? Voltar a nevar no Saara? (Nunca responda uma pergunta com outra pergunta, pq talvez inexista qualquer forma de questionamento.) Os solitários do deserto com suas rosas e juncos ou suas tâmaras e damascos me constipam as idéias. Sabe, leitora, aquele medo recorrente, mencionado anteontem, me sonda às vezes. Medo de não conseguir mais escrever. Mais do que medo de me faltar as palavras, tenho eu de desaprender a reagrupá-las em conjuntos vazios e unitários. Ouço o eco, mas não reconheço minha voz. O frio que fazia em Davos congelava meus neurostransmissores. E só agora me lembro do concurso. Concorrentes psicanalíticos. Professores. Poetas. Quanto mais recifes de corais encontro no fundo desse nosso oceano aprissionado, mais saborosa a água turva se torna. Deleite. Prazer. Esbórnia. E nós que achávamos que esse oceano era o Pacífico. Fotografias aéreas são brinquedos nas mãos de crianças. E, definitivamente, não preciso mais dos lápis azuis.

5 de jul. de 2007

Salve 4 de julho!



Sim! Salve quatro de julho. Feriado a interromper as atribulações. Assim, sobra-se tempo... Telefonar para quem a gente ama: recebi suas cartas... Achava que um ensandecido terrorista iraquiano havia lhe alvejado um daqueles projéteis verdes. Pensei. Não lhe disse. Poderia ser mau agouro. Assustá-lo não iria. Sinto saudades. Se ele pudesse ouvir meu suspiro. So do I. Como está no trabalho? Está bem, está bem. Não quero falar de mim. Quero saber de você. Depois continuo esse post.

3 de jul. de 2007

Sem as mesas, o tapete persa me servirá de lar. Antes fosse eu aquela pulga de dois minutos atrás, espremida cruelmente grunia: por favor. Crudelíssimo era eu, quando escalávamos o Everest de mãos dadas com o sino rouco que não badalava nas horas certas... Não sinto mais prazer em nada que não esfarele em minhas mãos.

27 de jun. de 2007

Entrou em casa e seguiu direto para o quarto. Queria observar traquilamente seus hematomas no espelho da penteadeira.

25 de jun. de 2007

-- E as novidades?
-- Nenhuma. Continuo acendendo fogueiras com notas de cem dólares.

23 de jun. de 2007

Precisamos conversar. Terno branco para a cerimômia de casamento. Rosas brancas, suavemente açucaradas. Ontem, estávamos em São Petersburgo discutindo o crime também cometido por mim. Hoje, acompanho estranhos à caminho de Davos. A neutralidade me comove. Não posso ser eu mesmo. O tempo é uma flor sem espinhos no inverno, porque no verão são só espinhos, o tempo. Ah! Uma porção de borboletas lilás nos perseguindo. Por acaso, quem eu era? A pensão acabou antes do mês e a moça abre bem as pernas para que possamos admirar sua glabra vulva rosada. Curioso, pergunto-lhe como seria amá-la com preservativo feminino. Ela ri. Eu não faço amor. Simplesmente, amo. Você! Tenho que encerrar essa conversação. Fecho a webcam. Do lado de lá com certeza ficaram com raiva de mim. Mas o terno chegou e tenho que me vestir. Corsage na lapela. Canela em alcóois para permitir que o vôo seja no Niagara. Você ainda sonha, me pergunta o incauto arroz-doce. Descendo pelo meu esôfogo, ele não pode me ouvir e mesmo se pudesse não compreenderia. Sonho com o vento frio sapecando minhas maçãs. Meu rosto vermelhinho, meus olhos umedecidos. A moça pergunta o que foi, respondo: Nada, com toda força confinada no coração. Deito sobre aquele corpo suarento e descarrego toda minha culpa dentro dele. Precisamos conversar. Quando você quiser, meu amor. Mas não agora. Notas de cinco euros lhe caem dos bolsos e ele não abaixa para apanhá-las. Veste o traje e sai. O hábito nunca fez o monge.
Apesar do corte lhe cair exatamente na altura dos ombros.

2 de jun. de 2007

Radiohead - Creep V Festival 2006

Poderia ser uma canção de amor. Mas nunca sabemos com quais versos iremos concluir o poema.

16 de mai. de 2007


matchstick skiers, originally uploaded by gridrunner.

Queria continuar utilizando o Mandriva, mas essa decisão não cabe a mim.

10 de mai. de 2007

Sou mesmo um verme.

Há meses queria vincular meu weblog... blog... diário virtual... (Eita porra! Eu tenho vergonha de assumir a paternidade do caderninho de LCD, por isso a hesitação em denominá-lo.) Começando de novo. E sem digressão! Esse texto já não pertende, mais a racionaliade... Joaninhas não podem pisar nos seus pés. Dança com ele. Ritmo a gente marca no estralar do batidão. Dói na altura do diafragma. Deixa de ser veado, berol! É figado. Tenho certeza. Sou fraco. A bebida é forte. A medicação comprada com receita azul. Potência 10... Publicar algum vídeo do youtube, assim que conseguir chegar em casa. O âncora me persuadiu. Marinheiros e suas tatuagens. Nos dois bíceps. Meu tríceps. A mulherada delira, se vangloria ele para mim. (Furo teu ego com alfinete de segurança sem você se dar conta do quanto o mal pode ser traiçoeiro.) DiCla, (Oi, Qto tempo!), cá estamos nós aqui de novo, tirando do teclado pentelhos de ontem à noite. (São seus? Meus, não! Então, eram meus.) Tu me deixas falando sozinho. A tela do monitor passa a ser meu espelho, mas essa nossa imagem distorcida, me desmotiva. Não és tu visto aqui. O labirinto do castelinho. Chupei um cumulonimbus com a língua esfolada. A vertigem de querer transpor aquele muro rapado. Caíria numa coberta piscina semi-olímpica aquecida. Ofurô carioca. 2 a 2 no tempo regulamentar. Sua boca fervia impropérios onde lugar nenhum se projetava sobre a ponte de balanços de cordas soltas. A medicação começa a fazer efeito (foi aqui que parei, voltei e comecei de novo), não deveria ter tomado aquela copada de vodca. Vomitar, o desperdício interminável. Não posso cometer erros, type, type, type, type, type e finalmente... TYPE. Vai sair um droga de texto, mas o ar que respiro transita por todas aquelas sensações proibitivas. Metido rapaz. Lábios espessos. Umedecidos. Me arrancavam os pêlos do braço. Minha orelha goma de avelã. Seu perfume doce, meu mar no cio... Cítrico. Levemente feminino. Só que tem um problema, disse-lhe. Só deixo entre as coxas. Então, vamos para um motel. Você vai ser minha indiazinha. Sorriu. Mostrou bem os dentes. Depois ficou sério. Até demais. Não gostei da piada. Mas o cérebro chacoalhava minhas pernas e me faltava sangue nos olhos. Ai! Que vergonha. Ah! Que delícia. A sensação de que minha alma se desprendeu do meu corpo. A melodia me rodopia. Sou o biruta a medir a força da tempestade. Um sol a lançar bolas de fogo sobre mim. O peso da força da energia vital. Não me morde. Gado meu é marcado. Na abundância do orgasmo, esqueci meu nome, me arrependi de não ter levado uma caneta e desafinei no penúltimo acorde do arranjo. (Sexo anônimo numa blitz do BPtran, não teria sido diferente, né Isabelle?) O lixo recolhido da mesa, DiCla, não é apenas resto de papéis amassados meticulosamente. Há um pouco da gente ali dentro. A perda só não foi maior, porque a letra de "Creep" continua atual. I don't belong here. Acho mesmo que jamais pertencerei. Talvez um dia o revise, querido amigo, por enquanto vais ficando assim. Passe bem as próximas 24h. Volto se Ele permitir.

21 de abr. de 2007

Nessa nossa guerra íntima, escolhi o lado que vou ficar. Atravesso os limites da espionagem sem dever nada a ninguém. A minha moral é meu guia, capitão. Me dá licença. Mulheres japoneses teriam histórias a nos contar? Meninas yanomamis teriam histórias a nos contar? Para quem se entusiasma por gemidos sufocados por lágrimas, o espetáculo bate a porta. Senta. Acalma o coração, tenta nos dizer como você foi violado. Foi estupro. Um sumulado, portanto. Nem por isso menos violento. O quando vejo os camuflados em ação, sinto vontade de ligar. Ainda não é o momento.

19 de abr. de 2007


Paper Crane, originally uploaded by www.DaveWard.net.

A lenda escondida debaixo do colchão. Lágrimas de felicidade. Meu passaporte batendo na porta. Levantei-me de pronto. Coração diposto a empacotar os livros e os papéis sujos. Depois, espero passar o avião.

18 de abr. de 2007


untitled, originally uploaded by .faramarz.

O patinho feio não sabe nadar. Não sabe dançar. Mas sabia muito bem o que fazer mãos. Minha melhor amiga sofrendo por uma paixão, jamais correspondida. Se não fosse o vinho, se ela não me chamasse para ver os fogos. Aquele lá, não era eu. Nunca foi. Jamais poderia ser.

17 de abr. de 2007

Não fui capaz de guardar tua identidade, suposto beija-flor. Todos já sabem de ti, menos eu. Menos eu.

16 de abr. de 2007


VT War Memorial - HDR, originally uploaded by GarretB.

Nas minhas mãos há sangue que não é meu. Por quantas vezes a história se repetirá? O quanto for necessário. Vamos aprendendo por tentativa e erro.


True Romance?, originally uploaded by Renata Baião.

Hoje preciso colocar meu alter-ego de lado, e assumir essa tristeza, misto de revolta e dor. Corroa meus intestinos com sua força descomunal. Não seria novidade nenhuma se descobrissem um cancêr me comendo velozmente por dentro. Eu sofreria. Para alguns seria o supra-sumo, para outros a indiferença. Para mim a purificação do milagre. Aumento o volume da caixa de som. A valsa transforma-se em pastiche pop-rock. Convido Dona Morte para dançar comigo. É a última música. Sua chance de conduzir para onde quer que seja. Seu hálito acebolado não me amedronta mais. Eu me acostumei. Giramos pelo corredor até a cozinha, executamos os passos com precisão. Quando me dei conta, é a Senhora que está na porta da sala, se despedindo, mandando beijinho, balançando a mãozinha, dando uma piscadinha. Espera aí, não vá agora. Eu volto, querido. Porque adiar a dor mais ainda, quando poderia ser agora. Suas malas não estão prontas. Come mais um pedaço da torta. A mal-educada sumira. Havia preparado o jantar com tanto carinho. Essa dor é por causa de um amigo não ter me respondido um e-mail. Finge não me conhecer, fingirei tão bem que ele se sentirá magoado. Não foi com o procurador? A vida não é como gostaríamos que fosse. Vou imaginar um final feliz, após todo o sofrimento e provação. É o percurso do herói. Do sofrimento à redenção.