25 de jan. de 2005


Pedrucha, eu de novo! Assim que eu dominar a Fera te convido para um churras. O convite se estende aos seus amigos também. Posted by Hello

Pedrucha, o branco combina com seus olhos. Buquê prometido se encontra guardado no cofre do Banco Central. Nem me pergunte como ele foi parar lá. Incompetência minha, extraviando emoções. Imagem para que recordas da nossa amizade. Obrigado por me ouvir e me aconselhar com jurisprudência internacional. Posted by Hello

Os quadriláteros marrons partiram hoje de manhã. Ainda bem, eu não suporta mais o canto desafinado dos galos. Posted by Hello

Três manchas na parede me dizem quando voltar. Sintomaticamente alerta. Sempre Posted by Hello

24 de jan. de 2005

E eu sofrendo à toa. Faça as malas, Marcinho, uma jornada irá começar. Destino: coração salgado.

21 de jan. de 2005

Fui acordado pelos disparos da glock (que os incautos achavam que fosse uma 765). Levantei-me imediatamente. Odeio quando mexem nos meus brinquedos.

20 de jan. de 2005

Acabo de sair para biblioteca. A noite de segunda-feira ainda emerge na minha memória. Não há ninguém para atender o telefone. Não sinto culpa. Apenas me envergonho pelas gafes cometidas. Poxa! Ele tinha que moder meu calcanhar? Espero que o coice involuntário não o tenha machucado. Tenho certeza que não é para mim. Caso contrário, vou ter que beijar muito aquela boca carnuda de dentes alinhados até sarar. Eu consigo contar mentirinha. Mentirona, não. O que eu faço com o sniper? A pilha de livros que se junta minha mesa começa a me irritar. Nada. Ele estava bêbado. A Branca de Neve riu até chorar da minha frase. Me chamou de gênio. Preciso dormir, nem que seja por cinco minutos. Opinião suspeitíssima. Ela me levaria escondido na babagem para o Canadá, se fosse possível. Três horas não está sendo suficiente.

19 de jan. de 2005

Me arrependo da merda que eu fiz. Como vou dizer a ele eu te amo, sem ser presa? Depois resolvo. Sim, leitores, estou apaixonada. Ele, não sei. Talvez, eu esteja sendo precipitada. Se eu me decepcionar, vocês serão os primeiros a saber. Quando ele for transferido, vocês, também serão os primeiros a saber. E das gafes que tu cometeste na primeira noite, eles saberão? Quando eu perder a vergonha, lhas conto. Tomara que o Sapo continue príncipe por mais seis anos. Sempre soube que o Poder era o melhor dos afrodisíacos, mas nunca imaginei que o desejo ia me deixar a noite toda acordada, sonhando com alguém que não poderia vir. A sensação de um corpo procurando o meu, era inevitável. Eu odeio escalas. E não vou contar, para ele, sobre nós. Todo mundo tem um e-mail secreto, me dissera ele. E muitos adolescentes (adultos, também!) tem problemas em guardar seus pessoais diários íntimos. Ele não irá te conhecer, DiCla. Também, temos direito a privacidade.

18 de jan. de 2005

Querida leitora,

Se você acredita que um dia encontrará seu príncipe encantado, desiste. Você é que será encontrada por ele. E não faça como seu amigo aqui. Esteja bem vestida, maquiada, perfumada e preparada para dividir a conta do motel. (Claro que não será preciso, trata-se de cavalheiro. Mas mesmo assim, pague!) Agora se você estiver borralheira e mesmo assim ele lhe dizer: "cara, passei meses rondando tua quadra, procurando qual seria tua casa." Prepara o enxoval. Você será pedida em casamento. Pena que não poderemos nos casar na Igreja. Seria a forma perfeita de agradecer a Santo Antônio de Pádua. Finalmente, vou poder sepultar o Dente-Amarrado nas minhas lembraças.




17 de jan. de 2005

O novo vizinho está colocando vitrais nas janelas. Só espero que o casal de rotweiller seja educado. Não vou me levantar da cama, para cumprimentá-los, nem para nada. Os três aparecem nervosos. Os cãos não param de latir. O viking, de gritar com os homens que carregam caixas de madeiras. Só de olhar sinto o peso. Eu também preciso me mudar. Se pelo menos o Dente-amarrado atendesse minhas ligações, eu poderia compartilhar meus planos com seus sonhos. Ele nunca vai conseguir ter tempo para mim. E mesmo assim eu insisto no erro. Quero um aparador igual aquele no meu quarto. Ouro envelhecido refletindo o amor que se esvai dos nossos corpos numa nublada tarde de domingo.

15 de jan. de 2005

A última vez que chorei em público foi quando o Carrasco fez omelete do meu polegar. Depois, aprendi a jogar a emoção para o platéia. Minhas lágrimas, leitora e leitor, decorrem da minha amadorística prática cênica. Em falsete, desenterro feijões que não mais crescem a custo de falsos herbicidas. Dói. Sinto repulsão em fazer o que eu gostaria que fizessem em mim. Sobreviverei ao final de semana. Espero que vocês também. E se hoje apareço cabisbaixo, decorre do pedido de hoje cedo: "quando você tiver sozinho aqui na loja, por favor, não fica no computador." Ainda nem eram seis horas e eu já sentido a fervura do chá de boldo. Será que se eles vierem a ler meus pensamentos ou mesmo se estiverem me lendo poderão vira a romper os laços de papel sulfite? Iniciar-se-á uma era de gelo? Do lado do Carrasco não encontro a tranqüilidade prometida, do lado da família não encontro a serenidade esperada . Me debato dentro da jaula, feito mico leão-dourado. Fazer programa na sauna seria uma solução, difícil de arriscada, mas já executada de bem-sucedida. Assim, poderia pular de biblioteca em biblioteca, de prateleira em prateleira, atrás de referências nem sempre confiáveis.

14 de jan. de 2005

Antes de mais nada, fui pedindo desculpas. Não admito atrasos.

11 de jan. de 2005

Dia sim, dia não, vou ao bosque de bougainvilles brincar de roleta russa. No momento de puxar o gatilho, já me encontro, totalmente, dominado pelo topor que os olhos verdes me proporciona. Não será nos braços dele que a fatalidade ocorrerá. Ele vai saber pelos jornais. Seus colegas, estarrecidos, não poderão dizer nada (eles nos ignora). E no banheiro do segundo andar, os olhos verdes ficarão vermelhos, depois inchados e depois pequenos (ele terá uma recaída). Enviara-lhe uma mensagem por celular para lhe comunicar do hematoma no meu lábio superior. Evidência irrefutável, meu bem! Disse-lhe, quando finalmente resolveu me ligar. Me dá quinze minutos que estou passando aí para te levar ao IML, me respondera. Espatifei o celular no chão. E não me arrependo. Aos poucos vou me soltando das algemas que ele me impões.
Vísceras vazias me servindo, na taça, águas do Adriático. Ela também sofre por não encontrar alguém que esteja disposto a viver um romance sincero de duradouro. O que não se vive, se cria, se reelabora. Assim, ela se libertou. Menina de pele leitosa, pura nuvem que nos anuncia o veranico. Está frio aqui dentro do peito Miss P.. Meu calcanhar se congela ao pisar no chão. Tio M. me pergunta se tem café. Café preto, Tio? Pergunto-lhe abrindo sorrindo cúmplice. Estou deixando de beber, Marcinho. (Graças à Deus!) Só vou beber durante seis meses. Dia sim, dia não. Começo a rir a ponto de meu estômago dar nó. Acordo a Sabiá insone. Você tratou dela, hoje? Tio M. me faz rir, quando eu preferiria me enfurnar no quarto permanentemente lusco-fusco. Ele me tirou a lembrança do copo vazio. Não quero mas servir pratos rápidos, comidas instantâneas. Três minutos é muito pouco. Duas horas não é nada, se telefonema não me acorda logo cedo: Só liguei para lhe desejar bom dia, meu amor! Arroz com feijão tão básico de gostoso. Porque amor e sexo não marcam um encontro logo mais depois das 21h em frente ao Centro de Convenções? Vou voltar à peleja, antes que seja necessário colocar luvas para cumprimentar os incautos. Lutaria, se possível, ao lado dos Troas contra os Aqueus. Queria fazer diferença.

10 de jan. de 2005

O e-mail ainda não chegou na caixa de entrada. O que a pessoa está achando? Minha próstata se derrama sempre quando me lembro da impossibilidade de tê-la dentro de mim novamente. Não vou dar orçamento nenhum, não agora. Preciso me convencer a não beber da leitosa resina que escorre do Carvalho. Estou cansado de banheiros fedendo à creolina.
Devia se tratar de uma neurótica ansiosa, que nem tão bonita era. Se fosse meu número, teria ligado no outro dia mesmo. Teria lhe respondido imediatamente a mensagem. E minha glândula me sufocando impiedosamente. Porque não encontro conforto nos corações impuros? Será que todos nos postinho só estão à procura de alívio? Minha vontade era ir ao bar, tomar todas as porrinhas disponíveis e me despir de todas as convenções impostas. O que me interessa o que o Lula diz ou deixa de dizer!
Eu quero cavalo branco galopando sem ar em minha direção. Me atropele. Me faz de paçoca, sem antes confessar que me quer amanhã cedo acordando ao seu lado. Me ame, mas não espere por concessões minhas. Ainda bem que vai chover. Na grama molhada, não terei de me ajoelhar. No banheiro imundo não vamos fazer amor. (Amor?) Nem eu nem ninguém. O idiota do diplomata me agradecendo o arranjo de acácias. Deve entender muito de política internacional, porque de flores não sabe nada.
Eu também não sei nada. Nada sobre como andar de mãos dadas no shopping. Cansei, em casa continuo. Se alguém souber de um amigo disponível, me escreva. Seja cupido! Pode ser qualquer pessoa neurótica, boca murcha, fedendo à cachaça. Só não pode ser a pessoa. Quem não a quer mais sou eu.
Também não pode ser quem eu idealizo quando me escondo debaixo do travesseiro. Então, não é qualquer pessoa? Não enche! Pode ser o pernilongo que me atrapalha a concentração. Pode ser a camisa azul-turquesa que me interrompe para perguntar o preço das phalaenopsis. Só não pode ser eu.
O Assessor da Senadora sempre consegue me apavorar. Me socorre! Dormi fora de casa. Me ajuda aqui a escrever uma mensagem romântica. Putz! Desde quando estou aceitando encomendas? São só três frases, Marcinho. Mesmo que fosse só uma. Não escrevo por encomenda. Me diz aí, se ela era loira ou morena? Eram negras. Negras de pele branca. E foi me contando minuciosamente sua performace de contorcionista. Hmmm, sei...conheço a cantada. Eu lhe disse sim, apertando-lhe firmemente a mão ao nos despedir. Sexo à atacado serve de acalanto enquanto não descubro quando vai ser o sepultamento.

8 de jan. de 2005

Affonso Romano Sant'Anna nos explica no seu "A sedução da palavra" (Letraviva, 2000) os rituais de iniciação enfrentado pelo iniciante escritor. Participar de grupos de amigos escritores, seria interessante. Lá fui eu, tímido, levando minha carta de apresentação, escondida dentro das calças, conhecer o pessoal . Não resisti, contudo, a tentação de publicar no ciberespaço (não custa nada, além da tendinite) a tal carta. Cumpra-se, assim, outro ritual: expor ao maior número possível de leitores o texto e solicitar que, se eu estiver sendo ridículo, me avisem. Eu também quero rir. Coaduno com a opinião do Rainer Maria Rilke, porém. Os críticos não tem nada a acrescentar à obra-de-arte, posto a impossibilidade de se comprender o Ser.
"Gaudz,
Cá estou, me unindo aos bons bombons. Li os contos, as crônicas, as mensagens. Senti vontade imensa de narrar o estupro por mim sofrido na semana passada. Desabafo entre amigos. Mas me lembrei que eu era macho. Aliás, era não! Ainda sou. Por enquanto, não sei até quando. E na condição de sexo sensível, protejo meus culhões na redoma de
vidro do meu padrinho. Melhor assim, sem acidentes. Gaudz, apague as frases anteriores. Definitivamente, não consigo dizer a verdade. Eu ia me apresentar ao grupo (Oi, Vizinhos!), ao proprietário (Blz, Paulo!)e acabei tecendo ficção. Problema sério conseguir completar a frase: eu sou...

Posso te/lhes adiantar, Gaudério San/caros calegas, que minha mente pervetida me assunta quando chego de madrugada em casa para preencher meu particular inquérito íntimo.(O DiCla, meu ciberdiário, anda muito criterioso, ultimamente.) Copos ensebados, sujos de melados, me acompanham. Eles desistem de preencher minha mente biologicamente atrofiada. Sou daquelas, opa! Tenho daquelas capazes de justificar, sorrindo, as fissuras anais em um recém-nascido. Mas o que me tensiona mesmo é homem de barba. E/ou mulher estriada. Homens sarados. E/ou mulheres obesas. Deformidades mentais me violentando a culpa. Siliconadas travestis empunhando navalhas. Adoro me travestir nas segundas-feiras à tarde. (Que Papai não venha a saber, o que ele já sabe, mas finge não saber. Finge, mal p'ra cacete!) Deliro quando me corto, acidentalmente, com navalha. Razão pela qual só saio com mulheres que saibam dar nó em gravatas. Quase enforcamento, só com homens (mesmo os que ninguém quer. Não me importo de ser comido no chão, mesmo).

E no mais, Daniel, estou triste com minha pressa de todos os dias. Triste por só agora te conhecido o ciberdiário do seu amigo Paulo. Dane, tu já se deste conta da quantidade de escritores atraídospor ti, ou melhor, pela tua sonoridade hipertextual? A qualidade circunscrita me pergunta: Onde estaremos daqui a vinte e cinco anos, Gaudério? Da água que escorre da serra gaúcha, eu bebo. Não tem me feito bem, meu amigo, Dane. Nem me feito mal.Tem apenas me motivado a seguir, agora não mais sozinho de tão isolado, lendo ( morto diante os mundanos) e escrevendo (vivo diante os escombros) porque só a nado vamos conseguir chegar ao outro lado do rio.

P.S.: A crônica do dia (07/01, o dia da volta do meu recesso) me pareceu um amontoado de frases desconexas.Ocupado estava, ávido por atualizar o DiCla, publiquei o rascunho mesmo. E olha só o que nos aconteceu. Obrigado! Meu destino é a catarse, um gozo jorrando sem ser tocado que os teóricos devem saber explicar.

P.S.S.: Alguém aceita de acelora?


7 de jan. de 2005

Quente saliva me escorre pela coluna. Saio do carro sem me despedir de Ninguém. Voltei para lhe dizer: presentes foram rasgandos diantes de parentes. Ele é louco, ouvi não sei de quem. Esquece, Marcinho. Esquece. Entrega-me algum manuscritos até dezembro, foi sussurado por quinze minutos na nuca suada, mordida e bronzeada. Minhas costas ainda arde. Único compromisso assumido. Arder-se até quando as floreiras sorrirem. Sou cozinheiro sem canela para temperar o arroz-doce. Vou precisar de muita calda de figo para chegar até o ponto final. O saculejo do ônibus me revira os pensamentos dentro de mim. A comida será servida crua mesmo, problema de quem queimar a língua. Não se apressa o fogo que me leva de volta às cirros-nimbus. Respeito a precisão com a qual o poeta corta as estrelas, mas ao observar o céu, não vejo caminho de volta. Solfejando no escuro até o despertador me chamar. Os labirintos revestidos de políticos hábeis me convencem a vender educação. Sim, senhor. Vou buscar o óleo de amêndoa.