28 de jul. de 2007

No Dia do Escritor

Só a pouco consegui concluir meu texto sobre o Dia do Escritor (25 de julho) Salve a todos. Acho compatível com todas as águas que passaram por debaixo da ponte. Seu elogio leitor, ou sua opinião, leitora, dessa vez e somente dessa vez, serão levados em consideração. Porquê? Não sei. Talvez eu esteja conseguindo sair de dentro da minha concha. Talvez, não. Há riscos que nós não estamos preparados para correr. Por enquanto.

Boa leitura

Dia do Escritor. 25 de julho. A novidade se anunciava embrulhada num tablete de chocolate. Mantenho-me distante de qualquer festividade, celebração ou fogos de artifício. Entreternimento para mim é roleta russa (ou seria montanha?) Talvez, devesse congratular meus amigos que exercem tal profissão de fato. Talvez, não. Pulinhos, gritinhos e soquinhos no ar. Muita euforia para pouca cocaína. Definitivamente, nunca vou conseguir sair vivo desse labirinto. Não há nenhuma linha a nos guiar. O peixe no aquário precisa comer. E eu? Depois houve e-mails a perguntar: porque você escreve? Porque escrevo? Simplesmente por causa da muvuca. Mas desde quando você foi de frevo? -- me pergunta o incauto paciente. Sinceramente, escrevo porque acredito ser a forma mais honesta de se marcar um encontro com a Senhorita Glória. (A arte é amoral, lembra-se? Discutimos isso minutos atrás). Mas Glória apresenta-se indiferente às perguntas dos repórteres e aos flashs das câmaras fotográficas. Ela jamais se renderia aos seus versinhos infantis. Há um motivo, uma razão subentendida. Um diagnóstico, uma missão militar em Angola, uma perda irreparável de tão inesperada. Primeiro enviava cartas aos cuidados de Mercúrio. A quem ele ia entregar as missivas? Aí, havia o perigo. Graças a Deus, elas se incendiavam muito antes de chegar ao seu destino. Leitora, já percebeste que minha voz tem mudado de timbre? Isso tem me incomodado deveras. Depois encontrei um livro na biblioteca da universidade: “O escritor de fim de semana” Robert J. Ray. Hmmm... Isso é possível? Se Paulo Coelho pode, eu também posso. Se JK Rowling está podendo, eu também vou poder. E assim fomos cavocando, cavocando, cavocando. Até chegar a Ulysses. Eita, cacete! Dublin fede tanto quanto a cidade onde nasci. Cavoquemos um pouco mais. É bom. As unhas sujas não me envergonham. Os rituais descritos na Ilíada e na Odisséia me lembram passagens do Velho Testamento. Vamos continuar cavocando: Gilgamesh. Nunca mais chamei de dilúvio a tempestade que abria a voçoroca, ameaçando levar nossa casa, juntamente com os postes de luzes. Voltei a biblioteca antes acabasse a luz no quarteirão e sinceramente se eu dizer que escrevo por puro prazer, estarei mentido. Uma orgia com cinco ou seis michês, duas ou quatro ninfetas seria muito, muito, muito mesmo, mais prazeroso de tão apoteótico. Quanto cérebro explode em conexões nunca antes experimentadas. Então porque escrevo? Talvez, por pura necessidade de contar a alguém, no caso, ao namorado da minha namorada, como uma cerimônia de hasteamento da bandeira pode ser entediante de tão trágico. Ou talvez por uma questão de sobrevivência. Contar ao algoz uma história que o mantenha acordado a noite toda, na esperança que ele não cumpra a ameaça de nos devorar inteirinhos.

P.S.: Escrevo por não saber me calar diante momentos difíceis. Amar uma pedra, seria o pior deles.
(revisado em 07/02/2008)

Um comentário:

  1. caro sr.

    escrevo-lhe a propósito do post onde reproduz, indevidamente, uma foto de antónio lobo antunes, que é da minha autoria. parece às vezes ser do desconhecimento geral, que mesmo fotos ou textos na internet, tenham autor e na maioria dos casos direitos reservados da sua utilização. a lei aplica-se da mesma forma aos contéudos impressos ou na internet; só porque está na net, não é público nem de uso livre. esta premissa aplica-se da mesma forma aos blogs e aos bloggers.

    não recebi nenhum contacto seu a pedir autorização ou a mencionar a intenção do uso da fotografia (não há sequer o recurso ao crédito devido). e como toda gente tenho de trabalhar para ganhar a vida.

    aguardo uma resposta, no sentido de saber o que vai fazer? retirar a foto, ilegalmente utilizada, ou pagar os direitos.

    atenciosamente,

    David Clifford
    dclifford[at]net[ponto]novis[ponto]pt

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