30 de mai. de 2008
DEFINIÇÕES
DIÁRIO: anotações avulsas do cotidiano de um indivíduo. Vale tudo. Adoro acompanhar os torneios de vale-tudo. A virilidade escorrendo pelo tatame. Me transformo num animal tal qual. Ninguém me reconhece. Fragmentos. Historicismo. Tudo que aflorar a mente, tudo que lhe inquieta. Diários pessoais. Diários íntimos. Íntimos e pessoais. Diários. Diárias. Diaristas. (Eu a comi. Todos a comiam. Creio em Deus-Pai! Os homens do prédio a faziam de pia de banheiro. Quem nunca, agoniado, se aliviou na pia de um banheiro?) Pergunta retóricas, respostas mal sãs. Rascunho, rascunho, rascunho. Lembrei-me de Drummond agora: "flor, flor, flor". Percebe, querido diário, por não consigo manter-te. A porra da imaginação nos invade sem autorização judicial. Mas eu preciso de ti. E sem eu, você não é você mesmo. Ah! Pro inferno a norma culta. Aqui prevalece o erro de ter caminhado ontem à noite por caminhos de ratos atrás de quê? Atrás de quê? De sexo. Para nós, homosexuais masculinos, é muito mais fácil descarregar os ovos. Nem precisamos das prostitutas. Há os caminhos de ratos e desde que se use camisinha, tudo bem? Acho que estou finalmente conseguindo escrever-te, diário, nesse momento, íntimo. Ele só quer ser o intelectual, acredita que vai me (nos) conduzir a algum diferente deste, onde atualmente me encontro. Percebes que vida de diário não é, nem tem sido fácil através do séculos? Erros que nenhum revisor, por mais esforçado que seja, conseguirá corrigir. Os ques, os nãos. Os mas. A pobreza vocabular. Somos coaclas. Ele escreve mal para cacete. Não digam o contrário. Ele acredita. Falta-lhe discernimento e tempo. Ele me contamina, afinal sou o esgotamento sanitário da sua psiquê. E que não nos percarmos em psicologismos. Ele deu descarga. Abriu a porta. Sinta o cheiro. Mal-educado. Não te ensinaram que não se caga fora de casa. Deve estar doente. Deve ser doente. Não sabemos. Vamos descobrindo à medida que ele resolve/consegue nos dizer algo de... significativo? Não importa. São páginas e mais páginas. Ecos. A moda agora é o tal do work progress, exarcebar a individualidade. Expor a intimidade a troca de centavos. Não julgo. Julgar é uma prerrogativa divina. E os piolhos, eles só os enxerga depois de meses. Chega de se lamentar. De autopiedade. Eu te amo. Eu te amo muito. Muito mesmo. Mais do que a mim. Se te queimei às margem do canal pluvial, foi por medo. (eita, porra! deixa eu te salvar, antes que eu perca tudo. Está dando bug no blogger. Os colegas estão prestem a chegar. Postar do trabalho está longe do ideal. Mas fazer o que, diários, não temos opção. Ele não vê que sua única opção sou eu. Espelho a refletir sua imagem distorcida. A poeira lhe faz espirrar violentamente. Só por que se trata da quadra residencial dos generais do EB, corta-se a grama todo dia. Ele pensei. Na condição de diário, não vejo, não sinto, não tenho acesso ao escritor. Somente ao escrever-apagar. Isso sim. Creia em mim. Posso lhe revelar fatos interessantes, pictorescos, fantasiosos, arrangar-lhe o topo da cabeça, como ocorria com a inglesinha gostosa. Estralos generosos. Ou não? Pode ser um tédio escorrendo pelas mãos (onde ele... ops! onde eu li. Esquece. Estou a confundir o escritor, alter-ego do escritor, com o voz do diário, errando na digitação, me equivocando nas escolhas das palavras. (Puta-que-pariu! Páre de se justificar. Esse sentimento mesquinho afugenta o leitor, afasta-me da glória (gostosonas, dinheiros e drogas, não necessariamente nessa ordem [clichê]. Tem até mescalina. O pó é o mais puro que chega ao Brasil.) A voz do narrador, a voz do diário, eu-que-vos-escrevo, não consigo mais distinguir ninguém. Márcio, respira fundo. REspiro fundo. A qualquer momento chega alguém e isso me estimula a continuar. Amo perigo. O risco. Brinco com a morte de casinha.
29 de mai. de 2008
Acordo e durmo pensando no expressivo romancista que me tornarei. E quanto mais reflito, mais me aproximo de conclusões heterodoxas. Quero distância da mercantilização. Não quero viver da arte e sim viver para arte. Por outro lado, num outro buraco, entro no sistema financeiro, no cassino transnacional, aconselhando solitários, marcando encontros dilatosos. Preciso contar-lhe que a dor a atravessar o peito nos lembra a solidão, mas resume-se apenas num estar de coisas e momentos agudos. É porque você nunca foi vítima, disse-me o agente da segurança pública. Como? O que você sabe da minha vida? Nada.
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