22 de jun. de 2009


mel low y ello w, originally uploaded by Dyrk.Wyst.
Depois esvazio a despensa, antes os beija-flores a me perseguir. Hoje a frieza dos calcanhares me assopra verões. Tenho medo de que o telefone toque e eu não possa atendê-lo. Meus dedos sujos de mel percorrem córregos, riachos, rios, lagos e lagoas sem a esperança de que o destino mar se realize. E não se engane leitores, se me faço faca é porque as tentativas se concretizaram. De fato, falta-me assunto, sobram-nos biscoitos salgados, falta-me geladeiras, sobram-nos gelatinas cor-de-rosa sabor chocolate. Como se fizessem diferença. As rosas amarelas no vaso vicejam um aroma diferente. Elas debocham. Um estilete afiado me releva quem fui anteontem. Todos me conhecem, ninguém sabe quem sou, nem eu mesmo. É uma batalha contra o tempo num labirinto hostil. Alguém tem a chave desse ciberespaço onde me encontro?

Sobrenomes impronunciáveis tentam elevar minha auto-estima. Viva, o MSN. Viva, o ultrapassado Orkut. Tenho dono, amor, como você deve ter sido informado nos posts anteriores. Coleira machuca, mais que afaga. O cachorrinho não sabe latir quando quer parar. Irrelevante. Agora sim estamos juntos e comungando do mesmo alfabeto. Laranja denotava todo o tesão que estava por vir. Em cima da moto, ele parecia se masturbar. Mesmo assim, meus sorrisos se reprimiam atrás de tijolos verdes. Musgo, epífitas e afins. Se minhas falésias pudessem dizer bom dia correria atrás de toda jurisprudência, o direito de estar só desgustando uma partida de futebol. (Não será uma vírgula que trará sentido a minha vida).

A semana começou mal, até aqui nenhuma novidade. Nada do que me propus fazer conclui. O caderno escondido dentro do chip obrigá-nos a ler códigos aleatórios. Posso desistir, a mestruação não vai descer. Você foi minha maior decepção, meu pior investimento. Frase que ecoa dentro de mim, me torturando dia e noite. Escondo-me debaixo do travesseiro e deixo a fantasia me dominar. O estupro seria consequência se houvessem causualidades. Fragmentos tornaram-se moda e eu não sei como reverter toda minha imperícia. Talvez devesse me dedicar a sinfonia dos pobres, seus sapatos e suas camisas... Observe, Dicla, o estacionamento do shopping, lotou de repente. Tarde da noite procurava emoções, poderia ter sido assaltado, poderia ter acontecido o programa. Tragédia pessoal. Sim! Sou chamado a atenção: você amaldiçoou seu colega. Posso não saber louvar, mas minhas réplicas contundentes estraçalham o chumbo de nuvens fracas. Havia uma tempestade formando-se sobre meus pés. Alguém dissera algo contra mim e a carranca daquele que diz me querer bem tentava me intimidar.

Olha só, ÍMPIO, respondi-lhe, não construa argumentos sobre axiomas falsos. Foi fácil colocá-lo no seu lugar. Atrás do monitor do laptop, estrumes ferviam. Raiva muita raiva por não saber contra argumentar, me contradizer. As palavras que saem da minha boca são interpretadas como convém aos reis da corte. O bobo aqui não sou eu. Tirei a máscara, desci do salto, amarrei a luva e golpei sem pudor. Vocabulário abrangente faz diferença nessas horas, algum adjetivos anacrônicos e puff... jazia morto um desafeto. Cheirava a carne podre esquecida em gavetas mal refrigeradas. Os vermes em orgias celebravam a vida. Tive piedade dos tomates, tão vermelhinhos, mas a força tomou conta as minhas pernas e pude almoçar em paz, refrescando-me com as palavras da doutora: Você está muito bem. E repetiu com ênfase, você está muito bem. A doutora fita-me os olhos com se soubesse que se não fizesse assim suas palavras perderiam valor. Agradeci, vibrei, concordei. E quando perguntado se estava tudo bem, não pude deixar de contar-lhe uma história que ela classificou como assédio moral. Deixei passar a oportunidade de conseguir uma licença de seis meses. Gostaria de nunca mais olhar na cara dos ímpios. Resistirei até a cãimbra cansar-se de contrair meus músculos. Vaidade é o meu pecado favorido, disse o diabo. Inveja se afasta com folhas de arruda no colarinho do chopp escuro que escorria do copo quando o garçom nos perguntou se desejávamos mais uma porção de quibe cru.

19 de jun. de 2009

Encontrar amigos on line no MSN, rouba-nos todo nosso tempo para postar algo considerável. Ela é uma vagabunda, ele um cafajeste. Será que não estava claro para ela que ele desde o início queria apenas uma trepada, no máximo duas? Mulher burra, essa minha amiga. Fico devendo, o real tema desse post: o registro da consulta com a psiquiatra. Adianto, que foi excelente (parece mais uma sessão de psicoterapia) apesar do antidepressivo estar cada vez mais caro. Mulher inteligente, aquela minha amiga. "Como assim psiquiatra?" DiClan, muita coisa mudou nesse periodo em que não consegui compartilhar contigo e com vocês, leitores, as emoções vorazes da noite brasiliense. Aos poucos vou te atualizando (digitando os cadernos que acumulhei). Não se assuste.

18 de jun. de 2009

Por entre túneis


salt mine, originally uploaded by micul_alex.
Nem acredito... A borracha, o lápis, a caneta e a folha A4 cumprimentam-nos (me) pela tentativa. Oxalá! Dez para meia-noite e a criança mentia surdamente para aquele que nomeio momentaneamente de Almir. Disseram que quando a "coisa" pega fogo você joga água fria. Boricada, meu bem, para acalmar as veias. Teu desintupidor de ouvido me afoga em sensações extrasensoriais. Ele ri. Aqui faz frio. O ranger de dentes nos denunciam. Pudera. Provaria todo néctar abençoado se seus afagos fossem desalinizados. Meu túnel privado não te levará a lugar nenhum. Falta-me (nos) coragem. Alguém me empresta um isqueiro. Preciso queimar as duplicatas que nos restam. Almir era só gargalhadas. Tem alguém nos escutando: Maurício. Ele disse te conhecer. O amarelo-roxo. Lembrei-me. Manda um beijo para ele, mas... Não mando porra nenhuma. Ciúmes. Te parto em bandas, melão e cia. Agora era minha vez: ri da ameaça. Não é porque suas mãos são ásperas e por você dominar técnicas israelenses que pode falar assim comigo. Cala, vagabunda. Sei como você gosta de ser tratada. Desliguei o telefone. Interrompi por tempo indeterminado a ligação. Celular lançado na lixeira mais próxima, mas há sempre um msn para nos (me) denunciar. Ele me encontrou on line, minutos após. Liga a webcam. Mostra-me a língua curtida de tantas chupetas mal sucedidas. Almir se assustou com os hematomas. Quem te fez isso? Cínico. Do outro lado, a webcam mostrava seu sorriso diabolocamente sarcástico. Prefiro esquecer a frustação e tentar tudo de novo. Em quanto tempo você estará aqui? Manda uma viatura me buscar. Quem sabe, não termino de revisar os processos antes dos capatazes chegarem. Eu mesmo, pessoalmente, irei te buscar. Acorda do sonho, garoto. Ele não vem. Promessas são beijos secos de tão barulhentos. Fui dormir com a sensação de que algo me queimava por dentro. Eram fluídos e eu (nós) sentia (íamos) a imensa necessidade de traduzir as vontade verdadeira do herói enjaulado. Dormi um sonho conturbado. Caminhar aquela hora da madrugada seria uma desculpa se não fosse realmente uma imensa necessidade. Almir, mata aula amanhã. Eu mato o serviço. Seremos homicidas em cima da cama fazendo do proibido o amor que guardamos por meses até nos encontrar. Me liga daqui a pouco. A rua está pesada. Entra no msn. Estou me sentindo tão só. Preciso dos seus pés a me percorrer a espinha. quando ele quer, consegue ser extremamente persuasivo, diário ausente. Isso é um pedido ou uma ordem, Almir? Você que sabe, depois não reclame das consequências. Almir só queria assistir ao último streap tease da miss gay, veados mal montados. Foi fácil. Porque a frieza gatinha, não tem ninguém aqui na sala. Acreditar seria mentir par amim mesmo. Tirei a camisa e me exibi desavergonhamente numa sala de estar mal iluminada. Você me ama? Quem está falando de amor, cacete. Sabão, sabonete e detergente para essa sua boca porca. Terá que escovar muito bem seus brancos dentes alinhados antes de procurar me entorpecer com suas carícias. Preciso ir dormir, Al-MIR. E meu colo não te serviria me travesseiro. Melhor não confiar. rottweileres não tem senso de humor. Tentativa salada de agrião: e o jogo, amor, quem venceu? Que me importa o futebol, quando posso chutar a gol na sua marca de penalti. Ah, Almir, você me lembra um menino quando gosta de mostrar-se machinho. Corinthians venceu o Inter por 2 a 0. Meu silêncio emudeceu as avencas. E agora? -- pensei. Você havia apostado? Aguentar aporrinhações. Não. Aposto naquilo que não acredito, mas mesmo assim arrisco a provar. A minha parte estou fazendo. Se não ser certo, ao menos terei uma história para contar, a quem quer que seja.

17 de jun. de 2009

O surto passa através de paredes maleáveis e anotações perdem-se no esgoto imaginário de nós mesmos. Semelhante trilha de rato (sentia-me numa masmorra-noite-de-natal-carnavalesca, estratégias parabólicas.) Bombaim estacionara próximo dos pés tortos de cervejas, absintos e alcóois alterados. A dança situava-se no mezzanino forrado de barbitúricos etílicos ou encostavam-se nos tijolos falsos de calabolsos da capital de um república imperialista da qualquer América Latina, ou nem isso, pudesse, embora. Sem efeitos.

Juro,
Juro,
Juros,
Janeiros.

A grávida apresenta-se dentro de mim e nós partíamos para outro estacionamento de shopping supermercado parasita-paradisíaco-parabrisa. Junto e separado pela velocidade incandescente de bolas boleira-boleiro, ambos sentidos.

As críticas pulavam de janelas suícidas e eu me questionava sobre o uso indiscriminado de medicações cozidas em brasas azuis, cozinha do métier.

Para começar.

O vizinho me tortura com olhares enviesados. Ele quer. Eu quero. Quereríamos se não housessem clarisses e lispectors discutindo a conversão de deuses em heróis, semi-deuses. Esqueço para neutralizar a dor-dores-dolores de anteontem. Urge prática sistemática da lebre, nem tudo pode ser assim tão espremido numa fila de transeuntes nos quais pastilhas bonificadas flutuam em banheiras de motéis baratos da EPIA SAIS. (Quem conhece a capital, sabe onde localizar cruzeiros florences. Flórida, meu amor. Floripa, meu bem.)

O homem guapo esculpido em tragicomédias de latéx sensoriais, pudera, embora,b aó de barro. (Aqui ocorre a deixa que não consegui evitar: Tu Barão. "Vamos à feirinha comprar perdões desculpares.")

Erros sequencias sem tremas ou drenos numa única noite ensolarada. Vênus visível a olho nu implorava clemência. Inveja-invejosa de não ter sido convidada a participar do lachinho fast-drug-food. São efeitos. São Jerônino e Gabriel. Anjos que me livraram da vergonha do vídeo postado, vocês, leitores privilegiados, devem imaginar onde, porque e como. Vergonha e censura nessas horas andam algemadas por verdugos bonachões. Calças pretas, fardas puídas de tão amarrotadas. (O vizinho complacente comia no meu prato.) Vomitara minha alma para regozijo da platéia. Vermes, serpentes e mastros cúmplices da covardia. A carne tremia, sangue minava e líquidos alcançavam distâncias surpreendentes. Não ouso ser claro como aquela lua cheia lá fora. Pecados seriam culpas se não fôssemos tão simples-simplórios. Me sinto uma criança na primeira série das nossas capacidades sem saber o que fazer com que sobrou na carteira de couro de búfalo comprado no free shop holandês aeroporto. Aeroportos.

Portos,
Porcos,
Potrancas.

"Tenho cura, doutor?" "Você é mais atrevido do que supunha."

Hipóteses pipocadas de tão levianas. Paguei a sessão e embarquei no táxi conversível daquele vizinho (olhar cúmplice) citado anteriormente. Fui feliz? Por algumas horas.
Retornei a forma original dos copos opacos de bares pé-sujo? Não sei. Ninguém sabe. Saberemos, talvez, porquanto, algum dia. Tudo jogado, assim mesmo, como se eu estivesse desfazendo as malas onde escondia nossas, mais minhas do que tuas, esperanças; azuis, pois o céu nos ilumina e Vênus nos protege mais que vigia.

Amanhã continuo de onde parei. Assaltaram o velho no ponto de ônibus. Preciso averiguar. Quem sabe não surja um outro alter-ego a caminhar pelas ruas arborizadas da pequeno-metrópole-cosmopolita-provincianesca. Passo uma borracha quando puder. Quem se importaria se a verossimilhança viesse almoçar conosco? Ninguém, Ulysses. Repito, incansavelmente, ninguém. Boa sorte aos que conseguiram. Azar dos que tentaram. Franqueza e polidez têm limites.