Não faça isso. Vá lá. Diga-lhes o quanto você os ama. Permita que a maria-fumaça serpenteie os labirintos do seu coração. Prefiro manter-me à parte. Eu poderia ser preso por desacato. Nunca mais jamais. Observo de longe quem entra, quem sai; os falsos, os sinceros. De manhã traço trilhas alternativas; à tarde provo dos picolés de chocolate ao leite ( às vezes de coco ao leite, também ); à noite, acaricio meu sexo, perdido em imagens de calças pretas, desbotadas. Rostos anônimos, caveirados. Sua despedida entrou ragando dessa vez. Não me encare desse jeito, querido. Bastou seu olhar de ódio para eu me arrepender da promessa. Ele é imaturo, devasso, mentiroso, hipócrita. como ele podia estar com medo da penunbra, se o que ele gostava mesmo era acalmar presídios? Medo tive eu do seu olhar de raiva. Precisava ir embora sem ao menos deixar um bilhete? Com o dinheiro da pernoite comprei um bracelete de presente para filha de uma amiga. Bem-vindo à maioridade, Natália. Juro que, se eu não estivesse me comprometido até o gargalo, convidaria ela para jantar. Olhares de soslaio me convertem.
31 de jan. de 2006
30 de jan. de 2006
28 de jan. de 2006
Meu Amor vive de brisa
Flagrei o Minotauro vasculhando as gavetas da escrivaninha. Cínthia, vamos estudar mandarim. É a única solução que antevejo, salvo as paredes de correntes penduradas. E ainda me perguntam, se as marcas são de chicote. Chicotinho queimado, tesouro. Vuuuuuuu... Te mostrei a tatuagem? Na pélvis estava escrito: Bruno Fornazze. Nem quando os pêlos crescerem, será coberto o vislumbre do inferno. Eita, grutinha, quente da porra. Você não ia fazer no cofrinho? O Naz preferiu na frente. Melhor do que piercing. Ela aceitou contrariada. Ele se apropriara do corpo da Cinthia, mas a alma era de Deus; enquanto estiver eu por perto, alimentado sua mente com palavras. Ah! Marcinho você é tão inteligente. Já lhe disse, se eu fosse inteligente estaria em Salamanca, observando os patinhos correrem atrás da mamãe deles? Como é mesmo aquela palavra? Ensimesmado. O telefone interrompera nosso chá. Atendi. Sete palavrões para me convencer da estima que sentia por mim. Eu te amo, declarou-me o sumo pontífice. Papá. Papa. Papão. Atendia como eu bem lhe chamasse. Naz, ela está no banho. Ele pediu-nos que estivessemos no restaurante às nove horas . Passeio completo. Chegamos 10 minutos atrasados. O maitre nos recebeu sorrindo. Encontraram um fuzil que só ele sabia desmontar, levantou-se e saiu. Deixou a garrafa pela metade. Eram sempre as mesmas histórias. Se o celular tocasse, podia ser no meio da trepada, ele vestia a calça, arrancava as meias pretas de dentro do sapato, calçavá-los e saia abotoando a camisa azul. Sempre a mesma. Amante de rituais. Começa de baixo para cima para não se peder. Do dedão-do-pé à orelha. Do calcanhar à nuca. Nossos pés, segurados com as mãos, como se fosse possível fundi-los. Eu relutava. A Cinthia se submetia. De cabeça para baixo havia poucas rotas de fuga. E cade a sua? Você vai pagar?... Fala lá com o Montalvão. ...pelo centímetro quadrado da minha pele. Bota preço. Não estou à venda. Como não queria ser estripado, antes de ser arremeçado contra o espelho, disse-lhe que para ele seria de graça. Além de irritar, o que você quer? -- me perguntou, acariciando-me o pescoço. Devagar, murmurei. Dentro da Cínthia havia um néctar diferente. Cheirava à brócolis. Na posição que me encontrava, me convenci que ele tinha razão em controlar nosso quotidiano, mesmo que para isso espionasse nossa privacidade e pusesse estranhos para nos seguir, nos observar. Sim. Eu tenho um diário, no qual você é o antagonista da minha história. Sinta-se privilegiado. Só me lembro de quem amo, no momento em que estou escrevendo. Seu hálito me refresca. Já tomou cialis? Disseram que só de soprar a brisa... Quando estou saltando a 9.000 pés de altura (acreditava em tudo que ele dizia; a Cinthia, não.), penso na gente, no que iremos inventar na próxima vez que nos encontrarmos; ouço, mentalmente, seus gritos, os gemidos da Cínthia. Só há uma sensação melhor do que saltar de pau duro. Ele me beijou. Afastei-lo ao me levantar. Que aconteceu? Nada, Cínthia. Só não estou com paciência para ficar dando atenção a gente bêbada. Não sei como você agüenta o hálito dele. Perfume dos trópicos, me dissera uma vez. Aquilo foi no início.
27 de jan. de 2006
Episódios amalgamados
26 de jan. de 2006
O gosto que me arde na boca
Só podem estar de férias. Oh! Meu Amor, estive tão ocupado. Nunca mais ele atualizou o weblog. Isso também me incomoda. Escrever à noite me entorpece, mais do que me incomoda. Até parece que estou de volta à universidade, dormindo durante a viagem, passando da parada de ônibus, sendo acordado. Por quem? Poderia ter sido com aqueles cafés-da-manhã, servidos na cama, acordado com beijos. Meu hálito azedo. É desse azedo que gosto, minha vinagreira decantada, ele me respondia. Meu Amor, não ousa pronunciar meu nome. Entendo-lo. Eu faria pior. Ama-lo-ia e o descarta-lo-ia na manhã seguinte. Sem trocar números de telefones. Sem promessas. Sem esperanças. Aos poucos, vamos revelando os segredos sussurrados durante o jantar no apartamento do senador; ou ainda; aos poucos, vou lhes mostrando os detalhes da decoração da mansão do Almirante. Não sei se interessa. Me permita ser vulgar, leitora, essa frase me ressoa doloridamente: "Eu te amo, vagabunda. Você é só minha, puta. Te quero demais." Por que ele inverte o gênero? Até quando suportarei prededores de roupa presos a bainha da minha camiseta? Tenho péssimas lembranças: "Pensei que você havia desertado?" O corpo arqueado mal conseguia se equilibrar na lustrosa muleta de titânio. As rosas olhavam para o chão por vergonha de serem mais bonitas do que eu, a sobra do bagaço da laranja da terra. A fervura da calda do doce me trazia mãos a me acariciar a cintura. Sai para lá. Me solta. Não tinha mais esperanças de algum dia compartilhar das nuvens, cujas curvas ontem à noite me ensinaram a soltar pipas. Foi bom? Desconfio de quem me permite repuxar suas estrelas. Razoável.
11 de jan. de 2006
GLAUCO DAMMAS
10 de jan. de 2006
Teoria do Caos: bibliografia introdutória
"A essência dos Caos". Edward N. Lorenz.
9 de jan. de 2006
7 de jan. de 2006
Membro da Minustah confirma suicídio de general
Ilse Losa (1913-2006)
SESC-2006. Nós encontraremos lá.
6 de jan. de 2006
Ná Ozzetti - site oficial
O rascunho que não fui capaz de escrever, ontem à noite, por causa de uma preguiça ensurdecedora
(Os astrofíscos devem fazer idéia de quem vem lá.)
5 de jan. de 2006
Laurence Sterne (1713 - 1768)
Não tem.
Não tem.
Não tem?!
Tem. Oba!
Pena que estejam de recesso branco.
Fundação Biblioteca Nacional
4 de jan. de 2006
Abacaxi corta o apetite
Márcio, vai almoçar! Agora, não. Estou escrevendo. E foi assim o dia todo. Vá almoçar. Estou sem fome. E o almoço? Depois. Mousse de maracujá? Deixe-a aí. Tem anis. Ahn-hã. Como se escreve hecatombe? Hmmm... o significado da palavra vai distorcer a idéia do texto. Mordera o nó do dedo da mão esquerda. Vasculhava a memória a procura de outro substantivo. Perfume achocolatado. Veio imediatamente a imagem da fumaça lhe penetrando a pele. As cinzas brancas calmamente depositadas no cinzeiro. O olhar desaprovando a partida compulsória. Telefona, assim que chegar? Lógico! E o beijo? Adeus. Escrever não mais afugenta o arrependimento da saudade que me estrala no peito. Se o Bruno soubesse que não mais será servido almoço aqui na loja, faria galhofa do meu apetite. Estou mandando a barca te buscar, 11h30, pode ser? Seria sua fala. Não te falei que você estaria melhor ao meu lado? Fantasiar a existência de um amante lhe ajudava a superar a humilhação. O Marcinho não almoçou hoje. Pode parar! Você fala que não é para se preocupar com ele. Não te entendo! A vida me empurra para prostituição dissimulada. Ninguém mais me agüenta ouvir lamentar a sorte. A aliança, trouxe guardada no bolso da paletó.
Ouvindo Edu Lobo cantar "Berimbau":
Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou vai ter briga de amor
Tristeza, camará