30 de out. de 2010

Quem sou eu? 

O barco à devira sem porto, nem vela,
o Leme, a Âncora, o Mastro e o Convés. 
O Comandante da minha própria vida. 
A cicatriz do corte suturado
A água, o sal, o ácido e o adstringente. 
O Hércules expulso do Olimpo.
O verdugo carismático.
O acidente na trave
 A faísca no corrimão.

o molho da salada, 
o cotonete esquecido, 
a placa-mãe do 386, 
a roda da motocicleta que se soltou em alta velocidade. 

O amigo do JJ. 
O cunhado da Mary Fat. 
A pimenta engarrafada. 
O vendedor atencioso. 

O poeta a escrever versos jamais lidos.
O raio de Sol numa noite de luar, 
o clarão da Lua a dourar a pele esfoliada. 
A folha de citronela afugentando insetos. 

O filhinha da mamãe,
o orgulho do papai. 
O imperfeito, tal qual a ikebana vendida minutos atrás. 
O persuasivo transtornado. 

O filho do (censurado) 
e da (censurado), 
o neto da (censurado) 
e do (censurado). 

O encontro marcado às escuras.  

O bebê a mamar orvalho de folhas de eucaliptos. 
O filho entregue a Fortuna.
O gato amarelo preso na grimpa do flamboyant vermelho. 
O orientando do Doutor-Consultor-do-Banco-Mundial. 

O amigo a consolar vizinha traída. 
A incógnita: x³/7. 
A contraditória resposta ao senador. 
O revisor da tese de doutorado do Guil. 

Sou o Não-ser, porque apenas Ele é. 

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