1 de abr. de 2016
A crônica do dia seria sobre pombos devorando falcões (revertendo toda lógica cartesiana), muito embora preferíamos estar perdido no turbilhão do revés. Solta o corpo, não vai ter golpe. Onde estava eu ontem à noite? Lavando o carro. O barro era prova do crime. A vida não é feita de trilhas que de tão sinuosas se tornaram retas. Quando não há assunto, o assunto passa a ser a falta de. A ausência de metas pulsa nas nossas veias e artérias. Elas vicejam por encantos desencontrados e vicejar é o jeito que eu conseguir dizer: amor, eu te amo. Mais criptografado e clandestino do que isso, não consigo. Sei que pegarás no ar a referência, porque és meu querido diário. Das crônicas faço um poema e do poema uma música sem melodia. Queria o querer na mais dulcíssima razão, sem elipses, sem me esquecer dos verbos, com todas as vírgulas e ponto e vírgulas no lugares corretos. Encontro uma autêntica desilusão. O pronome me escapou, o adjetivo não faz sentido. Vamos viver de advérbios. Quer chocolate? (De tão retórica, sei a resposta) Ele é amargo, como a vida tem, saborosamente, sido. Se você não tem o que dizer, cala-se de uma vez por todas. Se as formas de expressão artísticas não lhe inspiram a criação, cala-se de uma vez por todas. Ao contemplar o Abaporu, percebo que a microcefalia não é um doença de hoje. Uma sincera vontade de fazer uma sopa de palma me brota do coração. Tem gosto de quê? Prova. É abril. Vamos tourear, quem sabe ainda sei manejar a capa e a espada. Ubapuru era o nome da pomba.
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