24 de ago. de 2005

Tenho evitado qualquer manifestação de águas escorrendo pelo bebedouro seco da esquina nove de Setembro. Parabéns para moça de azul que acena sutilezas no caixote. Grito ou uivo? Encaro o motorista da caminhonete estendida e aceito o convite de jantar do Conselheiro e ainda molho meus pés na pia do lavabo. Cor-de-rosa. Turqueza. Verde. Anil. Passadeira persa. Dentes de alhos dourados. Fogo brando. Proibido de pronunciar menina. Muita afetação para um só rapaz, me dissera Branca. Arrependo-me das duras palavras proferidas. Palavrão na minha boca é doce. Torta de morango. Lava bem a vulva quando sair do banheiro, ensinei à balconista. Esfrega com a mão esquerda (ela era destra). Sabonete líquido nos pêlos da braço. Não havia corrimento porque ela sempre me obedecia. Já o bebedouro não. Como vinha dizendo, este estava vazio de tão seco. O supermercado fechado. O conselheiro coçando o nariz. Coriza. Eu a procura de um garfo. Estamos atrasados para a prévia de quarta-feira.
Continuo a escrever lá de casa. Acabou de chegar o excelentíssimo Doutor Pára-brisa. Todos impostam de voz para falar com ele. Transformam-se em formigas antecedendo o aguaceiro. Os telefones gritam meu nome. Será que ninguém pode resolver? Quer falar contigo. É, eu sei. Vamos nos encontrar em Florença, quando for inverno nos trópicos. Os italianos, péssimos negociantes, trocam as tabuletas. Distintas, amassadas, fédidas. O Doutor me chama para me fazer a mesma pergunta de mil maneiras diferentes, continuemos amanhã. Talvez mais tarde sentado na cama conseguirei compreender o haraquiri. Só queria saber se você respondeu à carta. Não só a respondi, Doutor, como também reservei uma mesa para doze pessoas na creperia de uma amiga minha. É onde quero estar. Cansei de traje a rigor.

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