2 de set. de 2005

A gosto Deus. Setembro do Diabo. O sangue me escorre espontaneamente pelo nariz, enquanto tento me livrar de lágrimas pneumáticas. Maçãs-do-amor empaladas me desejando boa sorte. "A gata não agüentou nem dez minutos sexo de anal." E porque ele achava que eu teria que agüentar? Um ciclone se forma longe daqui, o pior acontecerá no mar que trago dentro de mim. Ele terminará por ser assoreado. Da brisa não quero nem beijos, quanto mais lembranças. Quer ir embora, vá! Já fiz as malas. Quer me deixar na secura do plananto, deixa. Vou me proteger numa depressão. Deve ter sido bom para alguém, mas chego a conclusão que minhas tardes de caules retorcidos serão dissecadas folha por folha debaixo do nosso abacateiro. Ninguém podia nos ver da janela. Já estive na sala do reitor, acredite em mim. Não me importo em perder, desde que não seja quem se preocupava com o meu sono. Por algum momento acreditei que chegaríamos ao outro lado da margem, mesmo sem os remos. Operações, operações, operações. "Se alguém perguntar, fui seu instrutor de tiro." Um conhecimento que seria útil agora, respondi-lhe. Ele riu. Aquela risada de deboche que me irrita mais do que ser acordado de madrugada, num domingo, para explorar frias cavernas úmidas de tão escuras com especialistas (imagine se não fossem) que sentem prazer em expor os outros ao perigo. "Eu estava te segurando, amor." Segurando-me com flores, chocolates e presentes. Nada alivia agora ausência. Ao contrário, só agrava. A voz do Barry White a resgatar o cheiro da erva-cideira sendo fervida. Não consigo sentir o som vibrando sob meu rosto. O bolero do Ibrahim Ferrer a lembrar das pisadelas. Dentre tantas opções e ele escolheu logo as que mais me apertam. Não vou passar seis meses lendo a Divina Comédia. Aliás, vou vendê-lo ao sebo (alguém fará melhor proveito) e com o dinheiro pagar um michê para me chicotear as costas. Eu fui um burro-idiota-imbecil. Os ipês amarelos-roxos-brancos-rosa a colorir o céu azul-empoeirado da cidade não compensam os planos doravante esquecidos. Desfeitos. A cidade se reduz a cinza, assim como serei daqui a uns segundos. "Culpa do seu presidente." Se alguém teve culpa, foi eu. Em acreditar que seria capaz. Posted by Picasa

2 comentários:

  1. "Não me importo em perder, desde que não seja quem se preocupava com o meu sono."

    Máááárcio............... Estou delirando com esta frase. Acho que vou copiá-la em algum lugar (mais fixo que o PC) só pra ficar olhando pra ela.

    Lindíssima.

    Te "vi" nesse post. Queria estar lá pra tomar o chá de cidreira também (mas não pro resto, viu?, ou quem sabe sim, depende).

    ;-)

    BEIJO

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  2. Anônimo5:42 PM

    Caraca Marcinho, que texto é esse meu querido?
    Fantástico, estava inspirado... Fazia tempo que não lia um fodão assim.
    Abração

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