5 de set. de 2005

Vou mergulhar na piscina de baratas novamente. Asco, se elas não proclamassem a Paz. A bandeja contava os passos. Desfalque de quinze sacas de cimentos. A Branca me fazia cobranças, confissões. Seu pai me quer. "Eu o aceitaria como genro, aquele lá não!" Ainda bem que o Fornazze estava longe o suficiente. Nossos lábios protegidos. Eu estava cochichando? Pelos corredores toda conversa ocorre ao pé do ouvido. Quanto mais político, quanto mais importante, mais inaudível. "Ela estava me convencendo a trabalhar na campanha. Deixei claro que não iria." Imprensado no muro chapiscado, com um braço pressionando meu pescoço, sustentei minha verdade. "Não gosto de ver você conversando com ela." Mas ele adorava me ver fodendo aquela bunda morena, ou me ver sendo fodido pela prótese calejada, ou ainda foder alternadamente nós dois, na fantasia dele, nós duas. O hálito da cerveja me incomodava mais do que o semi-estrangulamento. Dizer-lhe que estava me machucando, que estava doendo, só iria excitá-lo ainda mais. Dizer-lhe que estavam todos olhando, só serveria para ele me lembrar que todos ali lhe devem favores. "Vamos dar uma volta de moto, amor. Fazer uma trilha. Assim não haverá testemunhas, será mais fácil se desfazer do meu corpo." "Não, não. Eu gosto muito de você." Há quanto tempo não ouvia ele me dizer que me amava. Haveria desistido ou se conformado? "Gosta?! Não me ama mais?" Ele olhou para os lados, para se certificar que ninguém nos observava. As pessoas estavam mais preocupadas com a picanha assando. E sussurou. Só tive forças para corresponder ao beijo. Era um churrasco de despedida. Todos ficaram felizes.

Um comentário:

  1. Anônimo1:22 AM

    Cuidado, quem muito exige palavras de afirmação, presta muita atenção aos sons e não consegue enxergar (sentir) os verdadeiros sentimentos...
    Abração

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