31 de jul. de 2007

Michelangelo Antonioni (29.09.1912 - 30.07.07)


Anche tu... sticazzi., originally uploaded by lovemetwee.

Cometi um erro crasso ao insistir com o amigo, fã de Lara Croft e John McClane, que fôssemos assistir à mostra de cinema italiano. Já na sala de projeção, nem bem dez minutos haviam se passado, um murmúrio: Eu vou dormir. Se você roncar, eu te mato, retruquei. Isso está chato. E aninhou no meu ombro sua cabeça. Raspada. Glabra. Branca. Sem vestígios de pecado. Foi o máximo de intimidade que tivemos naquela noite. Estúpido, eu, tentar mostrá-lo que andamento poderia ser lento sem perder em nada sua magia.

30 de jul. de 2007

Ingmar Bergman (14.07.1918 - 30.07.2007)


Wild Strawberry, originally uploaded by fdecomite.

Essa tristeza tem nome e sobrenome.

28 de jul. de 2007

No Dia do Escritor

Só a pouco consegui concluir meu texto sobre o Dia do Escritor (25 de julho) Salve a todos. Acho compatível com todas as águas que passaram por debaixo da ponte. Seu elogio leitor, ou sua opinião, leitora, dessa vez e somente dessa vez, serão levados em consideração. Porquê? Não sei. Talvez eu esteja conseguindo sair de dentro da minha concha. Talvez, não. Há riscos que nós não estamos preparados para correr. Por enquanto.

Boa leitura

Dia do Escritor. 25 de julho. A novidade se anunciava embrulhada num tablete de chocolate. Mantenho-me distante de qualquer festividade, celebração ou fogos de artifício. Entreternimento para mim é roleta russa (ou seria montanha?) Talvez, devesse congratular meus amigos que exercem tal profissão de fato. Talvez, não. Pulinhos, gritinhos e soquinhos no ar. Muita euforia para pouca cocaína. Definitivamente, nunca vou conseguir sair vivo desse labirinto. Não há nenhuma linha a nos guiar. O peixe no aquário precisa comer. E eu? Depois houve e-mails a perguntar: porque você escreve? Porque escrevo? Simplesmente por causa da muvuca. Mas desde quando você foi de frevo? -- me pergunta o incauto paciente. Sinceramente, escrevo porque acredito ser a forma mais honesta de se marcar um encontro com a Senhorita Glória. (A arte é amoral, lembra-se? Discutimos isso minutos atrás). Mas Glória apresenta-se indiferente às perguntas dos repórteres e aos flashs das câmaras fotográficas. Ela jamais se renderia aos seus versinhos infantis. Há um motivo, uma razão subentendida. Um diagnóstico, uma missão militar em Angola, uma perda irreparável de tão inesperada. Primeiro enviava cartas aos cuidados de Mercúrio. A quem ele ia entregar as missivas? Aí, havia o perigo. Graças a Deus, elas se incendiavam muito antes de chegar ao seu destino. Leitora, já percebeste que minha voz tem mudado de timbre? Isso tem me incomodado deveras. Depois encontrei um livro na biblioteca da universidade: “O escritor de fim de semana” Robert J. Ray. Hmmm... Isso é possível? Se Paulo Coelho pode, eu também posso. Se JK Rowling está podendo, eu também vou poder. E assim fomos cavocando, cavocando, cavocando. Até chegar a Ulysses. Eita, cacete! Dublin fede tanto quanto a cidade onde nasci. Cavoquemos um pouco mais. É bom. As unhas sujas não me envergonham. Os rituais descritos na Ilíada e na Odisséia me lembram passagens do Velho Testamento. Vamos continuar cavocando: Gilgamesh. Nunca mais chamei de dilúvio a tempestade que abria a voçoroca, ameaçando levar nossa casa, juntamente com os postes de luzes. Voltei a biblioteca antes acabasse a luz no quarteirão e sinceramente se eu dizer que escrevo por puro prazer, estarei mentido. Uma orgia com cinco ou seis michês, duas ou quatro ninfetas seria muito, muito, muito mesmo, mais prazeroso de tão apoteótico. Quanto cérebro explode em conexões nunca antes experimentadas. Então porque escrevo? Talvez, por pura necessidade de contar a alguém, no caso, ao namorado da minha namorada, como uma cerimônia de hasteamento da bandeira pode ser entediante de tão trágico. Ou talvez por uma questão de sobrevivência. Contar ao algoz uma história que o mantenha acordado a noite toda, na esperança que ele não cumpra a ameaça de nos devorar inteirinhos.

P.S.: Escrevo por não saber me calar diante momentos difíceis. Amar uma pedra, seria o pior deles.
(revisado em 07/02/2008)

Edinanci Silva (BRA) vs Yurisel Laborde (CUB) Judo Pan 2007

Se a Vida é madrasta, Deus é Pai. A única atleta com quem eu gostaria de ser fotogrado. De preferência na saída de um restaurante chinês.

De portas fechas

A particularidade da cantora Elza Soares reinterpretando o nosso hino nacional nos remete a outra apresentação memorável: João Carlos Martins ao piano, pianíssimo, transmutando toda melodia e rítmo em lágrimas e vértices. Espero que ele seja convidado para se apresentar na abertura do Parapan. A propósito, a Força Nacional vai continuar na cidade do Rio de Janeiro até o enceramento do desse segundo evento? Isso não mais importa. Por essa mania de falar sozinho, vou acabar internado na clínica de reabilitação. Mas isso realmente não mais importa.

Dos momentos inesquecíveis que tive ao seu lado.

Pan 2007 Ginástica rítmica (fita): Alexandra Orlando

Essa guria estudou na minha escola: "Não tem? Improvissa!" Sua graciosidade, afrodisíaco a aguçar úlceras estomacais, merecia comentários a altura da sua altivez. O público tantas vezes cariocamente estúpido-grosseiro-selvagem para não dizer simplesmente mal-educado, teve um momento de civilidade ao aplaudi-la de pé. Ela precisava ter sorrido. Como se estivesse acostumada com as intempéries do destino.

Mike Relm Live!

Não o conhecia. Vamos ver o que este senhor vai nos apresentar na cerimônia de encerramento do Jogos Panamericanos de 2007

Judo Pan 2007: Luciano Correa (BRA) vs Sergio Garcia (MEX)

Revejo, revejo, revejo e não entendo, como num ato violento pode haver tanta poesia.

27 de jul. de 2007


foggy street, originally uploaded by Mr. Mark.

Há quanto tempo não escrevo uma crônica. Desde o penúltimo BBB. A vontade de ninguém me invade violentamente. Ouvidos a gritar murros secos. Continuar seria desistir e definitivamente revisões cor-de-rosas deixarão seus óculos de sol sobre a mesa. Eu inclusive havia feito um roteiro. Sério. Estou ficando dedicadinho, picadinho. Sigo orientações da professora peagade. (Mentiras!) Há um rascunho escrito com giz de cera. Mas ceras são quentes e as estátuas se derretem ao enfrentar esse calor de sangrar o nariz. Queria comentar o panpanpanpan. Conversávamos o polícia e eu no messenger. Ele a exibir todo seu vigor suculento. Não via a hora dele se satisfazer. Estava maçante. Eu queria apenas depurar os fatos. Contar nossos mortos. Havia muita mosca. Mudou de assunto. Corpo bronzeado, inveja dilatada. Estou morrendo de saudade de você. Se fosse verdade, as fotografias teriam chegado também na minha caixa-postal. (Tenho acompanhado suas missões pelos jornais cariocas, tesouro.) Seu comandante deve estar orgulhoso. Pode me ligar quando quiser. Mais uma outorga debaixo da chuva que não cai. Queria também comentar o furo vinculado na Folha de São Paulo e/ou a reportagem investigativa vinculada no Correio Braziliense. Meus Deus! A revolução chegou até as redações. Estou com medo. Protegei-me. Temos um novo ministro que sucumbirá diante tanta arrogância. (É profeta, agora?) Há também mais uma oficina. Ah! O tempo em que freqüentávamos os portais adornados de patrocínios. A esperança na terceira geração. A arte e os libelos pendurados na parede. Esse modem, essa conexão, esse reiniciar sem fim. Outro freguês a me interromper. Outra consulta, diagnósticos apressados. Estou perdido nesse labirinto sem paredes. Concluir, eis a aventura do dia seguinte. A multifuncional. Fax aos milhares a me dizer hoje não, hoje não, hoje não. Esqueço o passaporte em cima da mesa. Imagens distorcidas. Vamos ao menos ao barbeiro delinear essa barba e ao chegar em casa espanar os móveis. Ctrl+A. Delete.

26 de jul. de 2007

Sonhar com flocos de neve, pode ter sido um bom presságio.

24 de jul. de 2007


Bis, originally uploaded by gabrielona.

Você sempre me surpreende. Quando menos espero, seu email chega na minha caixa-postal. Isso é muito bom. Quanto a vontade de esquartejar quem me incomodava passou totalmente. Persuadi o temporal a desaguar em outra chapada. hehehehe. Ademais, advogado criminalista, eu já tenho. :P. Aliás, o que eu mais tenho são amigos advogados. Não dou nem bom dia, sem consultá-los antes.

A propósito, queria saber se você deixou de lado aquela idéia ridícula de tão nojenta. Não me imagino provando o sabor do sêmen de ninguém, ok? Por mais gostosa e apetitosa que essa pessoa possa ser.

Beijos, beijos, beijos e um longo abraço apertado.

P.S.: Vamos nos encontrar num lugar bem simples só para eu ter certeza de que ainda consigo lhe proporcionar prazer. Pensei que você gostasse de bis. Eu quero um bis. Só para lambuzar seus lábios de chocolate.

23 de jul. de 2007

Lá em baixo, encontra-se ainda aqueles amores equivocados que deixei guardado na gaveta do criado-mudo. Você e sua truculência... Eu estava brincando. O mal humor fermentado esquivava-se de jogos sutis e indecorosos. Dedo não vale. Lamber é covardia. Lágrimas só para o sorriso. O lúdico afastava-se da cama, arrastando-se no piso emborrachado do lavabo. Ele sorria apreensivo. Eu gritaria a dor, se não fosse acordar nosso gato de estimação. Cavalgadas. Cavalgadas. Trote. A gente podia tomar café da manhã juntos. Tarde demais. Dois erros, eu desculpo. Três, não. Liguei a TV e fingi interesse na reportagem exibida. Um outro avião caiu, antes que dissesse onde, mudei de canal. Tragédia já me basta a nossa. Judocas lutando por uma medalhe de ouro. Deixa ai. Tarde demais. Joguei o controle próximo da jaula da fera e levantei-me ainda meio tonto. Fique com o controle, o cedro do poder que você acredita ter. A porta me convidava a tomar um ar fresco. Sua fumaça me entorpece. Seu perfume me cega. Aonde você vai? Sem você, a lugar nenhum. Me leva para onde a vertigem revoga as preces. Suas idéias me fustigam. Sorri com metade da boca. Ainda estava dolorida. Havia uma varíavel de sofrimento inexplicável até o momento.

21 de jul. de 2007

Esse cara parece que sabe. Foi o que escutei ao descer as escadas do palco, saindo pela coxia. Sem olhar para trás. Sem pedir lenços. Sem me lembrar de pagar a conta. Se é que consumi algum álcool exportável. Sentia-me confiante. Se o puto se atrevesse a revelar sua identidade, eu lhe desculparia todas as noites doloridas de tão carnosas, todos os beijos secos, todas as sandices. O rímel me borrava a lágrima grossa. E mais grossa ainda seria minha resposta à cantadas oportunistas. Estão te gritando. Não é por mim que eles gritam. É pela personagem. Eu não sou nada. O que a gente faz? Ignora. Troquei a camisa suada por uma regata emprestada. Cheiro de cachorro molhado. Olhei para o dono da camiseta. Sim, você me lembra um cão, balançando a calda para o dono, quando este lhe balança a guia da coleira. O cão arrasta o dono pelas ruas, jamais o contrário. Não por acaso chefiava a segurança. Agradeci o trapo. O pessoal quer mais. Não consigo ser sonho de valsa em noites abafadas. Estava difícil contar as estrelas do céu. Os vultos me causavam vertigem para não dizer ojeriza. Se o ambiente fosse mais mix, pediria outro explosivo. A noite agora é do DJ. Vou dar saltos mortais na pista. Desidratar o organismo até a convulsão. Claro que narrava a história com mais clareza e pormenores que não convém expor aqui, num lugar tão sem privacidades. Até porque, nunca pude ser safo na frente da enfermeira. Ela não entenderia (volta e meia ele era preconceituoso). Ela chorava enquanto ria, esquecendo-se às vezes que estava suturando um ferimento. Antes tivesse ido fazer o certo. Conta de novo. E a cada repetição surgia fatos novos. Chopp escuro no bar do Alberto. O cara tinha um piercing na língua. Isso a deixou curiosa. E como é? Há de ser suave o beijo. Abre a boca e deixe ele umedecer a jóia na sua saliva. Que ele prescute o ritmo descompassado do seu coração. Hmmmm... Deve ser muito bom. Ele vai meter a mão debaixo da tua blusa. Não resista, pois será tarde demais. Pronto. Um dia eu volto lá e será muito divertido.


Bernard Herrmann circa 63, originally uploaded by DanielN.

Era um sangramento atípico, mas a conversa com o doutor engenheiro, me libertou. Posso voltar a viver as estripulias do galho seco com os símios de patas pesadas e faixas pretas amarradas nas cinturas. Se era só por diversão, porque a buffet de chás e cogumelos-cerejas? O sentido inverso das cartas não respondidas, Marcinho. Ah!... Compreendi, mesmo não conseguindo explicar. (Ele não enganava nem a si mesmo. Quantos ippons ainda serão necessários para nos convencer que tortas não são necessariamente de morangos e o amor, de manhã, quando abrimos a janela do quarto para desejar bom dia ao lago, continua nos surpreendendo com seus saltos quânticos. )

Tive que terminar este post de qualquer jeito. A enfermeira (Não pensem que temos um caso. Cumprimento todas minhas amigas com selinhos sentidos.) chegou de surpresa. Sem avisar, nem ao menos telefonar. Surpresa! Queria te flagrar com essa cara de ressaca. Descabelado. Roupas de estranhos espalhadas pelo chão do quarto. Nada disse. Decepcionou-se, talvez. Voltei a me comportar. Cópulas a granel só quando Baco permitir e mesmo assim, se eu não tiver recolhido um desses animais SRD que retardam nossa noite. E o rapaz do piercing. Está no banho. Para quem não gosta, você está muito interessada, não? Curiosa em conhecer sua nova aquisição, somente. Depois as amizades terminam na cama e a gente não sabe explicar porquê.

11 de jul. de 2007

Dentre alguns minutos, receberei alta. Para aonde ir, não sei. Sensato seria procurar o serviço social. Eles chegaram!

10 de jul. de 2007

Desnecessário dizer o óbvio. Há meses, a vontade de atualizar esse blog, meu diário virtual, nosso DiCla, se esvai por entre um emaranhado de fios wi-fi. De fato, jamais pude ser considerado um autêntico blogueiro. O que tenho esperado, afinal? Voltar a nevar no Saara? (Nunca responda uma pergunta com outra pergunta, pq talvez inexista qualquer forma de questionamento.) Os solitários do deserto com suas rosas e juncos ou suas tâmaras e damascos me constipam as idéias. Sabe, leitora, aquele medo recorrente, mencionado anteontem, me sonda às vezes. Medo de não conseguir mais escrever. Mais do que medo de me faltar as palavras, tenho eu de desaprender a reagrupá-las em conjuntos vazios e unitários. Ouço o eco, mas não reconheço minha voz. O frio que fazia em Davos congelava meus neurostransmissores. E só agora me lembro do concurso. Concorrentes psicanalíticos. Professores. Poetas. Quanto mais recifes de corais encontro no fundo desse nosso oceano aprissionado, mais saborosa a água turva se torna. Deleite. Prazer. Esbórnia. E nós que achávamos que esse oceano era o Pacífico. Fotografias aéreas são brinquedos nas mãos de crianças. E, definitivamente, não preciso mais dos lápis azuis.

5 de jul. de 2007

Salve 4 de julho!



Sim! Salve quatro de julho. Feriado a interromper as atribulações. Assim, sobra-se tempo... Telefonar para quem a gente ama: recebi suas cartas... Achava que um ensandecido terrorista iraquiano havia lhe alvejado um daqueles projéteis verdes. Pensei. Não lhe disse. Poderia ser mau agouro. Assustá-lo não iria. Sinto saudades. Se ele pudesse ouvir meu suspiro. So do I. Como está no trabalho? Está bem, está bem. Não quero falar de mim. Quero saber de você. Depois continuo esse post.

3 de jul. de 2007

Sem as mesas, o tapete persa me servirá de lar. Antes fosse eu aquela pulga de dois minutos atrás, espremida cruelmente grunia: por favor. Crudelíssimo era eu, quando escalávamos o Everest de mãos dadas com o sino rouco que não badalava nas horas certas... Não sinto mais prazer em nada que não esfarele em minhas mãos.