11 de mar. de 2016

 DiCla, oi!

Aproveitei que os chacais saíram para tomar uma breja e chamei Beuys na coxia,  perguntei se aquela performance não estava entendiando o público? A dor e o sangue alheio nunca aborrece quem a observa de tão perto. Mas, Beuys? Mas Ctus? Para mim, acabou. Saia do meu Teatro!As vísceras são minhas. Ctus, que isso?  Beuys, don't cry! Esqueceu nosso lema? Seguranças! Ademais, nunca fomos amigos. Você tem sido incapaz de se alegrar com a minha felicidade, mesmo estando afundado num pântano de merda.

Sabe, Di, não vale a pena procrastinar em nome de uma relação seja ela qual for. Não vale a pena procrastinar de forma alguma. O que tem de ser feito que seja feito imediatamente, mesmo que a tarefa seja para entregar na semana que vêm, mesmo que seja mal feito. O importante é a Palavra.

Algumas pessoas, DiCla, a gente pode tirar da nossa vida; outras, não. Essas são iguais a mãe, pai, filhos, irmãs e irmãos, é até que a morte nos separe.  Por mais que eles nos façam mal a gente tem que aguentar. Mas ela está me mantando! Não vou permitir. Vamos conviver, mas ela no seu cantinho da casa, escolha onde quiser, dentro da gaveta do deck; numa das gavetas do armário da cozinha; na caixinha de remédios vencidos que-eu-sempre-me-esqueço-de-descartar-na-lixeira-da-farmácia;  no estojo de arma vazio que guardo como fetiche de um amor que não vivi;  que seja na estojo de jóias;  que seja no porta-agulhas ou até mesmo na caixinha de bailarina que há tempos não funciona. O ideal seria que o indivíduo sumisse, pirlimpimpim, rala sua mandada, mas nós temos que aceitar a realidade. Ela não vai embora.  Então, que se restrinja ao mínimo de espaço possível, basta-nos os efeitos da sua onda, que sejam mínimos, imperceptíveis, incapazes de atravessar nosso incomensurável universo particular.

P.S.: Sabe, DiCla, às vezes, esse seu verniz de "diário de adolescente" me envergonha. Queria algo como o "Diário de Getúlio Vargas'' (q foi revisado pela sua filha. Havia um porção de "erros de português" hehehe. Diário, né? Não seria autêntico, senão os houvesse e se não houvesse erros não seria Diário. Seria um romance estilo "O sofrimento do Jovem Werther. Queria algo como "Os diários de Langsdorff" ou "Diário Íntimo de Lima Barreto". Nem vou citar, o do Saramago e do Jorge Amado. (Chega de falar de quem você só conhece por nome. Ctus!) Entretanto, sou intimista, uma infrutescência, além de primeiro anista. Não convém ficar me comparando com quem tem dez mil horas de prática diária e muitas outras coisas a mais.

P.S.S: Acabo de descobrir q Lima Barreto escrever um Diário enquanto esteve internado no sanatório, no Rio de Janeiro. Vou atrás. Já pensou, DiCla, o que ele possa ter feito com o estilo?




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