25 de nov. de 2004

Arthur Schopenhauer

Lágrimas iluminam meu olhar. Então, possível verdade esperando-me empoeirada na estante laminada. Estou enamorado. Elaborei mentalmente várias hipóteses, que daqui a pouco serão testadas. Lá vou eu, ensimesmado no meu passo longo, para que minha madastra não me alcance. Me desculpem, mas não tenho tempo para mais ninguém, este (meu tempo) jaz na relva seca do postinho. Recolham as mesas, as cadeiras, as garrafas de cerveja, as primeiras encontram-se escondidas dentro do porta-mala. Cleptomaníaco. (Tem certeza que você não bebe?) Chamem os bombeiros. Há uma alma esvaindo-se de corpo que até ontem à noite, eu chamava de "meu amor". Suas espáduas me seduziram, eu rebobinaria toda fita, só para sentir seus pensamentos esfolando minhas vísceras novamente. Ele parecia um fruto seco caído do Olimpo. (Não faz mal misturar cerveja com caipirinha?) Eu não sabia de nada. Nem beijar seus olhos azuis, eu conseguia. Nem a dor, sempre dilacerante, eu suportava. Minha carne chorava. (Nossa, imagine se meus parentes souberem que eu escrevi isso? Serei motivo de chacota até o carnaval, quando todos assumimos nossas máscaras) Meu tempo agora, corpo estendido no chão. Aquele lá sou eu, meu amante de nado borboleta, e uma menina prometi lhe dar. Adoção, querido, adoção. Meu tempo acabou. Eu o matei. Nunca pensei que uma taurus pesasse tanto na consciência de alguém. Ela parecia tão cromada. Acabei com o tempo que me sustentava ao fio estreito da rua. A leveza que sinto, chamo de felicidade. Estou livre, condenado a minha liberdade -- seja lá o que isso possa vir a significar.

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