Nessa nossa guerra íntima, escolhi o lado que vou ficar. Atravesso os limites da espionagem sem dever nada a ninguém. A minha moral é meu guia, capitão. Me dá licença. Mulheres japoneses teriam histórias a nos contar? Meninas yanomamis teriam histórias a nos contar? Para quem se entusiasma por gemidos sufocados por lágrimas, o espetáculo bate a porta. Senta. Acalma o coração, tenta nos dizer como você foi violado. Foi estupro. Um sumulado, portanto. Nem por isso menos violento. O quando vejo os camuflados em ação, sinto vontade de ligar. Ainda não é o momento.
21 de abr. de 2007
19 de abr. de 2007
18 de abr. de 2007
17 de abr. de 2007
16 de abr. de 2007
Hoje preciso colocar meu alter-ego de lado, e assumir essa tristeza, misto de revolta e dor. Corroa meus intestinos com sua força descomunal. Não seria novidade nenhuma se descobrissem um cancêr me comendo velozmente por dentro. Eu sofreria. Para alguns seria o supra-sumo, para outros a indiferença. Para mim a purificação do milagre. Aumento o volume da caixa de som. A valsa transforma-se em pastiche pop-rock. Convido Dona Morte para dançar comigo. É a última música. Sua chance de conduzir para onde quer que seja. Seu hálito acebolado não me amedronta mais. Eu me acostumei. Giramos pelo corredor até a cozinha, executamos os passos com precisão. Quando me dei conta, é a Senhora que está na porta da sala, se despedindo, mandando beijinho, balançando a mãozinha, dando uma piscadinha. Espera aí, não vá agora. Eu volto, querido. Porque adiar a dor mais ainda, quando poderia ser agora. Suas malas não estão prontas. Come mais um pedaço da torta. A mal-educada sumira. Havia preparado o jantar com tanto carinho. Essa dor é por causa de um amigo não ter me respondido um e-mail. Finge não me conhecer, fingirei tão bem que ele se sentirá magoado. Não foi com o procurador? A vida não é como gostaríamos que fosse. Vou imaginar um final feliz, após todo o sofrimento e provação. É o percurso do herói. Do sofrimento à redenção.
14 de abr. de 2007
Admiro os amantes pelo significado dado ao beijo.
O que é um beijo, senão a ânsia em preencher uma ausência.
Beijo essa sua boca porca, na certeza de que não vai embora mais.
De tanto beijar, sai do cinema nauseado. Temi pela minha vida. Arrependeu-se tarde demais. Qualquer hora, essa tua hemorróida pula para fora.
13 de abr. de 2007
12 de abr. de 2007
11 de abr. de 2007
Na escuridão da folha branca do caderno, fujo dos temas propostos. Distante meta de ferramenta, de linguagem. A vergonha que acabei de passar. Quem era aquele homem. Levantei-me porquê? Poderia ser um assessor qualquer. Jamais se identificam. Nos solitários se colocam flores e a perspectiva se desconfigura. Daria uma bola, um doce e uma bala para ser aquele solitário na mesa da taverna. Admirar meu dorso no reflexo do anel de brilhante. Claro que há um anel. Este seria um outro post publicado sem nenhuma revisão, viver assim é como rodar o tambor do revólver com apenas uma munição. Um desrespeito pelo que poderia haver de melhor dentro de mim. No metablogging me equivoco sempre.
E se restringíssemos a curva da terra. Nenhum objeto deverá pousa na nossa cama. Somente mãos, boca e falo. E os pés. Meu dedão do pé, colônia de coliformes fecais. Aplicaria os golpes com mais força para compensar as novas limitações. Se eu permitisse. Claro, minha puta-vadia-cadela, me respondera sem fitar-me nos olhos. Todo procedimento depende da tua permissão. Suas sobrancelhas contraídas, mandíbula forçadamente cerrada, pálpebras apertando os olhos. Um psicótico sorvia todo chope gelado da tulipa. Garçons de prontidão. Onde fomos achar esse bar uma hora dessa aberta. Esta porta aberta... Uma crise de tosse se desencadeia e o burro do Márcio tenta se explicar, é o frio. Tenho alergia ao frio. Balela. Comportou-se como toda pessoa educada deveria se comportar. Levantou-se, tirou o sobreduto e colocou nos meus ombros. Perdeste a oportunidade de beijar meu cucuruco? Na cabeça eu dou é cascudo. Com o cabo da arma. Sem objetos, reforcei. Minha arma não é um objeto. É minha prótese. Sem ela sou maneta. Vamos dormir juntos todas as noites enquanto estivermos dividindo o mesmo teto. Vou aproveitar para ver o que você traz nos bolsos. Melhor não você pode se arrepender. Não é engraçado ouvir de cara que acabei de encontrar numa sala de bater-papo, piadas de humor negro. Se é que posso chamar isso de piada. Se é que posso chamar isso humor-negro. Você tem um humor-negro. O diabo também precisa soltar umas gargalhadas de vez em quando. Me calo. Concentro meu olhar na pilastra em frente à mesa, como se tivesse admirando andar de uma largatixa. Psiu! Um piscar com o olho direito. Um lento movimento dos lábios, mostrando em amplitude seu alinhado sorriso branco. Despeja mais outra tulipa de chope para dentro de si, com se fosse ele mesmo fosse o barril. A barricada que ninguém atravessa. Sou seu saco de areia, enquanto você respirar. Já conhecia esse chope. Não. Ele pediu a chopeira! Você está me passando vergonha bebendo como se tivéssemos acabado de chegar de uma lua-de-mel no Atacama. Você não bebe. O suficiente. Pede a conta. Calma. Olha as horas. Você não está pensando que vai trabalhar amanhã. Gostei muito de você. Vou te levar para lugar legal. Fechar o contrato num primeiro encontro. Desatinos, atrás de erros. Aconselharia a uma mulher a jamais se apaixonar por um homem. Essa vulnerabilidade, nem para Hitler, nos seus melhores dias. Tenho medo de você. Trata-se de se comportar, portanto. Me fale mais sobre você, minha vagabunda-piranha-vaca. Salvo pelo toque do celular. Pois não, chefe. Tamborila no tampo da mesa, marcando um samba famoso, talvez. Conhece o Rio. Não. Você vai gostar.
10 de abr. de 2007
De que adiantou passar a noite na orgia levando chineladas de candidados a carrasco, se minha glande ainda dói. A solução não está atrás do bambuzal, nem na trilha da capivara. Preciso expelir o líqüido que me entorpece. Podia ser cocaína. Minhas pernas doem. Mal consigo me sentar. Em momento nenhum se preocuparam se o músculo poderia se romper ou não. Contratura muscular. Assado é mais gostoso. Comi, tenho que arrotar. Manuseavam as armas como se fossem brinquedos. Senti medo da intimidade. A novidade para todos, desmaiar durante o orgasmo. Nunca houve limites de fato. Bondage é brincadeira de criança. A força do braço me acaricia o pescoço. O peso do corpo me sufoca quando covardemente me imobiliza finalmente. Os hematomas testemunham a ausência do par de meias na gaveta de cuecas, da toalha molhada jogada no chão do banheiro. Nosso tapete de friesias. Precisamos acertar, antes que a sorte nos abandone. Não posso contar com ela todas as vezes que a lua me chama para brincar com filhotes de lobos.
9 de abr. de 2007
Ao abrir a lata de chocolate em pó
Os olhos do anjo nos perseguia por toda avenida. Ninguém vai me impedir de atravessar a ponte que separava o ontem do hoje. Salta! Voltei uns dez passos e correndo, saltei, sob o olhar concupiscente daquele anjo reluzente. Onde mais ele poderia pendurar cordões de ouro? No pescoço dos outros. Eram coleiras. Você não é um outro. Nunca houve ninguém... Melhor teria sido interrompê-lo antes de me voltar para cruzamento, onde veículos limpos e encerrados nos desrespeitava velozmente. Estamos no lugar errado. Na hora certa. Admiro o reflexo do ruído no retrovisor. Olha aquele! Lindo. Seus olhos. Preciso ir. Ir embora. Ir ao supermercado comprar kinos. Não teremos tempo de preparar uma sobremesa. Kino? Kiwano. Ah! E como consigo um convite para essa recepção. Esteja convidado. Espero que se comporte. Passeio completo.Escorreguei do trampolim. Piscina suja de merda. Só a pontinha. Não esquenta. Me preocupava com o bem-estar dos anjos, daquele anjo em especial. Ele queria sentir o cheiro do meu avesso. Fragrância em colônia. De bactérias. Com água boricada, lavei sua asas. Desenvolvidas. Forjadas nas melhores academia de halterofilismo da cidade. Camiseta regata branca sem mancha de ferro. Etiqueta apagada ao gosto da lavadeira.O céu que lhe ofusca, não é mais o mesmo que me impede de sair de casa. Um dia, vou reler tudo isso e vou rir da minha inexperiência. Arrepender-me, nunca. Seus olhos azuis, meu particular mar sem ondas. Sua barba espessa de tão cerrada, meu emaranhado novelo de lã. Com ele, tricotava agasalhos para proteger o Sol do frio da sua indiferença. Doía? Só quando a densa fumaça vinha se alojar nos meus brônquios. Cinza-escura. Jurava que era chocolate amargo. Faz um ano. Poderia ter sido nosso primeiro aniversário, mas outro (sempre haverá um outro, mesmo que demore demais), se pôs a cuidar das nossas orquídeas. Aquelas que me trouxeste supondo que seria eu capaz de regá-las até o florescer. Morremos um pouco quando definitivamente se foste. Algumas mudas esturricaram. Precisavas ver. E renascemos, floridas, como sempre deveria ser. Na esperança de que a enxurrada te arrastasse até as bocas de lobo. Esse ovo de chocolate insosso. As sharrys não exalam mais seu perfume, nem o delas. Chove de arrebentar asfalto. Percorro as salas desocupadas do grande prédio do Tesouro Nacional. Procuro por ti. Meu faro viciado. Seu boné me instiga. Seus óculos-escuros me guiam. Depois os estacionamentos e finalmente na bruma quente e seca. Na vapor. Banheiros de shopping? Seria degradante (somente para quem está fora do círculo, para quem não se senta conosco na mesa do bar.) Nos dos cinema. Vi sem ser visto uns amigos no hall. A fila e a multidão eram as mesmas (noite de amostra). Preferi não cumprimentá-los. Desejar feliz Páscoa a quem deveria ter mandado à puta-que-os-pariu me deixaria frustrado. Convém olhar para cima quando o pé direito é alto. Te encontrei no outdoor da esquina da rua dos restaurantes. Não eras tu. Não aquele que me ameaçou com uma faca de cortar bolo. Estupro consensual. Nossa sociedade com a sorte se derreteu quando me esqueci de fechar a porta do quarto. Quem mais poderia imaginar o vento jogando no chão nossas roupas. Quem mais? Foi um equívoco que me recuso a ruminar.