14 de jun. de 2008


prostituta, originally uploaded by P e.

No bloco de anotações a privacidade que lhe restava, que lhe cabia. Um adorno. Ela perdera o livro dentro do ônibus, sem se importar se haveria de devolvê-lo na biblioteca. Saramago que me perdoe, mas passarei longe da fila que se forma para assistir a adaptação. Suas imagens serão apenas as minhas. E nos bastam. Sonha com ele, nos explicando uma lição. O professor de biologia grita. Voltaria à sala, na aula de matemática. Preciso anotar esse verso. Deixa para lá. Encaixo cá. No laboratório de informática, marca os horários com os clientes. Três visitas a quinhentos reais. Estou ficando preguiçosa. O que eu gosto mesmo é de dar minha contribuição a segurança pública. Carteirada ou o famoso 0800. Uma janelinha do messenger se abre. Escorpião a espreita. Ele não me chama. Ele não me ama. Dever ter encontrado outra, adepta do deep throat. Largar o vício e me entregar a profissão. É o que dá dinheiro. É o que paga o aluguel e a prestação da lava-roupa. Exibir-se diante da webcam parecia uma prática segura, se o cliente não houvesse se recusado a se proteger. Os gays é que entendem de sexo. Bareback sem restrições. Talvez eu esteja sendo pesado. O livro! Onde eu o deixei?compra outro e esquece. O espelho acena do retrovisor. Esse rímel barato me borra as pretensões.

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