9 de abr. de 2005

Recebi, na madrugada de hoje, uma prova irrefutável que ele me ama. Uma lágrima caiu inocuamente no teclado testemunhando nossa paixão. Precisava dizer-lhe o quanto me sentia protegido pelo seu ato. Não tive tempo. Fora isto, comi arroz com ovo no almoço, debaixo do mesmo abacateiro de sempre. Este já nem mais me expulsa à bacatadas. Parece que se afeiçoou a mim. Pudera. Meus olhos escuros castanhos, inchados de apanhar, entregam facilmente, minhas contradições congênitas. Olha a sintaxe estralando minha quinta vértebra. A árvore se deleita... Fui à biblioteca e estudei o quanto minhas pálpebras permitiram, versificação clássica. (Portanto, ...) Um dia quem sabe não aprendo a me dirigir a tratores com polidez?
A caminho do estacionamento, decepcionado com o ipê branco de tão florido, rasguei uma fresta na parede de páginas de livro que concluía seus trabalhos. Amanhã é segunda-feira, surpreendi-me ao olhar para o relógio; nem conto mais com o domingo -- mesmo morno, chuvoso e televisivo, assustei-me. E aquela sensação de me automutilar agitou uma folha de pata-de-vaca interrompendo meu cemitério íntimo. E a vontade sobrepujou-me: sacar toda a poupança e voltar ao inferno: degustar café descafeinado, tomar cerveja sem álcool, fazer suco de tomate-caqui. De jeito nenhum. A bacia vermelha cheia de camisas de linho branco de molho me espera para jantar. Antes que eu me vá, publica, virtual e anonimamente declaro: Gaúcho, eu te amo. Nunca imaginei dizer isto a um homem que não fosse pai. Continuemos com o treinamento, se permite, com uma única mudança: não.

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