4 de abr. de 2005

Vamos construir lingüinças debaixo dos portões verdes que selam nossa saudade austríaca? O ligustro a caminhar pela coluna vertebral, ora mármore rosado, ora marshmellow insonso, vértebras da zebra negra. Me chamam de Lua, antes do meio-dia; durante invernos homicidas, de Sol. A luz por mim emitida faz a plantinha me revirar em codinomes indecifráveis e ainda assim gosto de assinar seus comprovantes de cartão de crédito (desenho rúbricas à base d´água para que ele , o ligustro, aceite meu convite). Nada nos convence a digerir corações servidos em falsas baixelas de prata. Vou refletir sobre o verde, enquanto me desapareço na azul fumaça levantada pela plantinha, enquanto não me telefonam para me dizerem: até que enfim. Estou em stand by, nem por isso vou esfregar os kimonos pingando a suor. Vou a biblioteca mais tarde trocar nossas passagens aéreas. E para o jantar, vou, sim, servir-lhes rodelinhas de lingüinça de carne marreco ao molho de pétalas de rosas chá. Quem não quiser, que não (nos) coma!
Caso toquem no assunto, conto-lhes a verdade: Sou aquele filho que havia sido abandonado na porta do Convento das Irmãs Mercedárias. Todos, eu disse todos, sabiam da minha existência, mas lembrar do dia que eu nasci, seria tabu, sendo eu, filho da estelionatária foragida, cafetina na maior parte do tempo, e do alcólatra sifilítico, prostituto de boa estirpe (nada mais almodovariano). Isso que é ser um pouco gay. Tem dias que dá pra tirar uma onda, outros não. Não se surpreenda, portanto, querido diário, ao ser acordado com o telefonema de que blogueiro esfaqueia filho de deputado, supostamente amantes, em frente ao STF. Pais condoídos se perguntam: Como não houve testemunhas, numa área de policiamento ostensivo?

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