21 de jul. de 2004

      Encostas vermelhas a me olhar por cima. Elas comentam todos os movimento sincronizados dos passos do André. São não-pessoas. Tal qual um gato a servir malabarismos numa mesa entupida de restos de corpos quebrados mais virados que sujos. É o peso das palavras sobre meus ouvidos. Quanto custa algumas horas de privacidade? Os banheiros de shopping fedem de tão sujos. Meu nariz merece adores mais aprumados. Como as pedras lambem meus movimentos nervosos. São dedos atravessando o virtual. Calma, leitor! Estou a procura da frase perfeita para especificar o fato. Mas, o André precisa vestir sua roupa e volta para frente de batalha.  Nous sommes la creme de la creme (?). Pronto, achei a batida perfeita. O que meus olhos vêem, coração nenhum pode violentar.
 
     Então vamos começar assim:
     
         O casal de namorados caminhando de mãos dadas. Afrodite e Ares a passear pelas calçadas rachadas da capital. Sem se importar com a minha presença -- eu ia em direção contrária -- o amante, bruscamente, a segura pelos cabelos castanhos claros. O cavalheiro a dominar sua égua. Suas mãos nodosas pareciam uma colher a conter o mel que insiste em derramar, em escorrer, em nos sujar o uniforme azulzinho.  Eu me assustei ao presenciar o que para meus olhos seria violência. A moça de olhos azuis, riu, soltou um gritinho que eu jurava ser um miado de um siamês e procurou a boca do amado. Porque o Samurai vem fumar aqui perto de mim? Não estou interessado no movimento das estradas. Em casa eu termino. Deixa-me dar atenção a quem precisa de um ouvido amigo para suportar a pressão do carregamento de munição. À noite, silenciosamente ensimesmado penso num final inesperado para o casal de amantes.

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