27 de mar. de 2005

Sandro está em Nova Iorque; Regina em Vancouver; Graça em Brighton; Bel em Paris e Marisinha em Montpellier; Dudy e Neuza, em Turim; Fernanda em Amsterdã; Ana Cristina em Barcelona e não os invejo de jeito nenhum. Cada carta que me chega, desmistifica nosso sonho de estudar no exterior. Todos desistiram do doutoramento. E quando me perguntam como estou, o que ando aprontando, tenho que mentir: "estou estudando."
Eu renunciei minhas metas. Eles nem imaginam que estou preso e até o final do ano, provavelmente, estarei sendo transferido para uma penitenciária de segurança máxima. (Que isso, Márcio! Que exagero!) Poderia contar-llhes sobre meu diário virtual. Assim, diariamente (?), teriam notícias minhas... Seria cometer o mesmo erro em menos de seis meses. Teria que explicar metáfora por metáfora e o Skype ainda não é tudo isso que dizem por aí. Curvo-me diante os caprichos do destino. Resignação.
Ele, o Centauro, havia me alertado para o ciúme que sentia. Não imaginei que fosse brutal. Olhei para o Montanha, surpreso -- não admirado. Nunca imaginei que ele tivesse tantas tatuagens espalhadas pelo tórax. Nunca imaginei que minha coxa podia ser menor que um bíceps. Estou perplexo até agora. Encabuladíssimo! Aquilo lá não pode ser de verdade. As veias paressem gritar socorro. O copo se espatifando no chão, a faca em riste, o empurrão e eu sendo sacudido como se fosse um tapete. Troquei um delegado homicida, por um comandante paranóico.
Acho que eles continuam jogando canastra. Ninguém veio investigar por estou demorando com as cervejas. Vou descer e cumprir minha obrigação de anfitrião, indiferente ao marrento e as piadinhas do Montanha. E amanhã mesmo vou destrancar minha matrícula na Aliança. Afinal, não foi por isso que eu me sujeitei ao Centauro? E quando estivermos brigando por uma posição mais confortável, vou lembra-lhe que ele me prometera não gritar comigo... O filho-da-mãe ainda vem me beijar: "Feliz Páscoa, Amor!" Vá para o inferno!

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