15 de jun. de 2005

A nova tradução de Ulysses

FASCINADO AO LER AS CINCOS PRIMEIRAS PÁGINAS, precisa passear pelas ruas de Dublin conduzido pelas frases do Houaiss com a única certeza de que deveria, o quanto antes, voltar a estudar Inglês. Ler James Jayce no original. Há muito marketing por atrás dos faxs que me chegam, duplicados, com pedidos vermelhos. Se a professora Bernardina da Silveira Pinheiro não fosse lançar sua tradução do Ulysses durante Bloom's Day (e os jornais não divulgassem o evento), eu me esqueceria da data. Assim como, me esqueço dos aniversários de amigos, familiares e colaboradoras. Memória é um ato social (onde eu li isso, mesmo?). Lembramos daquilo que nos lembram, muitas vezes. Queria que me esquecessem. Que me deixassem em paz. Que não me telefonassem nunca mais. Telefonemas noturnos desestabilizam minha libido.
Um cão me mordiscava a orelha, ora era um rottweiler, ora um labrador, era o homem que eu fingira amar. Acordei assustado. Encostei meu dorso no corpulento algoz que me trouxera cravos vermelhos disfarçados de trufas. O vinho tinto seco, mais seco estávamos nós de desejo um pelo outro. Do alto da minha benevolência propus ao corpulento um relacionamento aberto. Não que eu desejasse. Não queria mesmo! Apenas, não gostaria que ele sofresse a agonia da ausência das minhas mãos relaxando seu peito nu. Sinta-se à vontade para fazer sexo com outros caras. -- disse-lhe. Afinal, sexo é atração; amor, apoio incondicional. O Fornazze me abraçou pelas costas, predendo meus braços e perguntou o que eu queria ganhar de Dia dos Namorados. O que eu quero, eu já tenho. -- respondi-lhe. Mas na realidade, eu não sabia o que lhe responder. Agora eu sei. A porra do celular não atende.

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