28 de jun. de 2004

Mais nervoso que os candidados a andar de pé virado eu lamentava. Na academia se aprende a ler e escrever em mandarim, por que em hindi, supõem-se, que já se saiba. No restaurante vegetariano será preciso distinguir artelhos de grilo de tortas de bananas nanica e a fumaça que sair da sala ao lado, não será necessariamente de carburador envenenado. Uma pausa por um pouco de privacidade.

Minha prima achou que eu seria mais revelador na carta. O que ela quer saber, afinal? Ela não entenderá que felação é um esporte que pratico sem as mãos. E deixo que as nuvens entremeiem minha nuca, minhas costas, meu dorso. Permito que meus dedos calmamente deslizem pelo teclado projetado. Os pedaços me chamam de volta, eles me clamam numa amálgama amarela. Lençóis que ontem me serviram, hoje me amarram para que eu cumpra licenciosamente meu papel de concubina. Observo a nota de vinte dólares esquecida debaixo da cama, rezando para que o Novidade não a veja. É mais que um suco de graviola. Meu rascunho de hoje sem elogios.

Copos ensebados emborcados numa bacia de vinho tinto seco é a única coisa que transpiro. Era eu um australoptecus recheado para o almoço, tendo que responder ao Novidade por onde andaria o Corno. Eu ri obrigado, perguntei-lhe por quantos tempo eles permaneceriam no morro. Ouvi um depende que não me convenceu de nada e o barulho da taça se espatifando no chão. Fez-se uma poça de vinho, que muito bem podia de sangue.

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