24 de dez. de 2004
22 de dez. de 2004
Eu sei, sim, o que eu quero! Nessas horas não sou nenhum pouco modesto, apesar da minha alma permanecer de joelhos todos as vezes que preciso cumprir as metas assumidas com Santo Antônio. Como vai demorar um pouco o PowerBook sentar no meu colo, vou me divertindo com meus lápis de cores e minhas folhas A4.
A criptografia me resguarda a privacidade, enquanto reluto a me trocar por uma máquina que me trará problemas ortográficos. Mais adiante, perdido na melodia, concluo, erroneamente, que para cada canelada, há uma bofetada estratégica. Onde estão os sonetos?
Wait a minute, pls! Deseja logo Feliz Natal e vamos embora. Para dentro do forninho quente e cheiroso que me guardo todas as noites. E depois o maninho me diz que se perde, propositadamente, no labirinto demolido. Ruínas recém escavadas com as próprias mãos. Quem?
O bruxo que me oferecia uma maçã mordida. Não há como lhe negar a verdade (única). Passei geléia de capuchinha na torrada e pedi ao pisca-pisca que fosse intermitente durante toda a noite. O caos de inveja, ciúme e cobiça combinam com o fluxo vermelho-grená que me mancha o lençol. Nem diminutivos posso falar. Mando emplastificar minha língua antes de paragrafar todo post?
Cartões em forma de pinheiro me esperam, retribuir o carinho daqueles que evito, preciso. Sim. Desvio-me dos meus amigos quando os encontro remando no lago disforme. Feliz Natal traduzido num acesso. Remos que não me alcançam. Ainda sou bom no quem me descaracteriza.
Há dias precisava escrever. Mesmo sendo assim. A caixa d'água do vizinho vinha transbordando e eu sem poder visitar a metafórica Macau globalizada. Eita! Me perdi nas minhas ruas curvilíneas. Evangélico bebendo cachaça feito uma égua. Foi o que ouvi sobre o diplomata holandês. Porquinho de ouro. Bigorna de prata. Desejar noite feliz durante os altos e baixos que, inevitavelmente, será dois mil e cinco, até porque conflitos nos prende dentro do bombom de cupuaçu. Ah! Como fui ingênuo. Bombons são deliciosos, mesmo os de supermercado. Percebe o erro?
O anonimato chique. Silogismo elegante fuçando o bom gosto do bom senso. Eu sei que foi um equívoco. As provocações me desmoralizam. Mas se o PowerBook sentar-se no meu colo, (Olaxá!) poderei colaborar com meus colegas sem me preocupar em visitar a agência publicitária. Ele me ama; eu não, tanto quanto ele. Sou materialista, ele de direita. E se eu acreditar?
Tenho medo de abrir minha caixa postal e reencontrar vários desesperados e-mails do fulanizo, narrando suas arbitrariedades. Por telefone é mais fácil evitá-lo. Ele está viajando. Ele ainda não voltou. Não sei quando ele volta. Se eu não fosse covarde, se eu curtisse algemas sem travas, largaria o produtor para virar o ano numa cama de motel a R$10,00. Não seria pelo ato, tampouco pela beleza. É pela sensação de não poder respirar seu a ajuda da boca alheia. Vou preferir contemplar o PowerBook, como se películas compusessem meu cotidiano. Malas prontas, rumo o desconhecido conhecido.
Finalmente, deixo para a leitora esperta e o leitor curioso votos de Boas Festas, extensivos aos seus familiares. Só volto a publicar com a chegada dos Reis. Desculpa partir assim sem me despedir de ninguém, muitas vezes o PC dificulta o que deveria ser sempre fácil, simples e limpo.
P.S.: Escavei-me tanto que me esqueci de dizer: Papai Noel, eu gostaria muito de encontrar um PowerBook debaixo da minha cama na manhã do dia vinte e cinco. Juro que fingirei estar dormindo quando subir pelas escadas. Não pretendo, porém, dar-te nenhuma pontinha da coberta. Esse ano eu senti muito o frio da tua ausência. Pretendo te castigar exemplarmente.
20 de dez. de 2004
Apartava-se Nise de Montano,
Em cuja alma, partindo-se, ficava,
Que o pastor na memória a debuxava,
Por poder sustentar-se deste engano.
Pelas praias do Índico Oceano
Sobre o curvo cajado se encostava,
E os olhos pelas águas alongava,
Que pouco se doíam de seu dano.
«Pois com tamanha mágoa e saudade
(Dizia) quis deixar-me a que eu adoro,
Por testemunhas tomo céu e estrelas.
Mas se em vós, ondas, mora piedade,
Levai também as lágrimas que choro,
Pois assim me levais a causa delas.»
17 de dez. de 2004
Amor, co'a esperança já perdida,
Teu soberano templo visitei;
Por sinal do naufrágio que passei,
Em lugar dos vestidos, pus a vida.
Que queres mais de mim, que destruída
Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de forçar-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.
Vês aqui alma, vida e esperança,
Despojos doces de meu bem passado,
Enquanto o quis aquela que eu adoro:
Nelas podes tomar de mim vingança;
E, se inda não estás de mim vingado,
Contenta-te co'as lágrimas que choro.
Teu soberano templo visitei;
Por sinal do naufrágio que passei,
Em lugar dos vestidos, pus a vida.
Que queres mais de mim, que destruída
Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de forçar-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.
Vês aqui alma, vida e esperança,
Despojos doces de meu bem passado,
Enquanto o quis aquela que eu adoro:
Nelas podes tomar de mim vingança;
E, se inda não estás de mim vingado,
Contenta-te co'as lágrimas que choro.
16 de dez. de 2004
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
15 de dez. de 2004
Alegres campos, verdes arvoredos,
Claras e frescas águas de cristal,
Que em vós os debuxais ao natural,
Discorrendo da altura dos rochedos;
Silvestres montes, ásperos penedos,
Compostos em concerto desigual,
Sabei que, sem licença de meu mal,
Já não podeis fazer meus olhos ledos.
E, pois me já não vedes como vistes,
Não me alegrem verduras deleitosas,
Nem águas que correndo alegres vêm.
Semearei em vós lembranças tristes,
Regando-vos com lágrimas saudosas,
E nascerão saudades de meu bem.
14 de dez. de 2004
13 de dez. de 2004
11 de dez. de 2004
Feliz Natal?! Boas Festas?
Católico extraviado. Educaram-me assim. Saíra do processo de hibernação para comungar durante a Missa do Galo na Santa Bárbara. É que me possibilitava festejar o Natal. Meu Papai Noel conduzia a cerimônia induzindo-nos a sonhar com seus torcidos olhos azuis. Senhor bem sucedido na sua missão. Ausentava-me durante a homilia com medo da hóstia queimar minha boca.
Padre Johann vinha quebrando seus votos muito antes de haver nos encontrado na sauna japonesa. Não tenho nada a ver com seus pecados. Só queria tomar umas aulas de latim e alemão, todas as tardes depois do almoço até antes das oito. Terças e quintas, ele me ensinava; nos outros dias, eu lhe tomava a lição. "Vai, Amor, recita Safo para mim; em grego, amor, em grego." Nem imagino se ele estava me enganando ou não.
No ínterim, conversávamos sobre vice-presidência. Nunca havia me atentado para bandeirola hasteada na entrada do Palácio. Assustamo-nos com o redemoinho saído da poeira levantada pelo ônibus, ao sermos flagrados comendo peroá frito no quiosque da Concha Acústica. Gritei aos ver patos. Gesto solto de entusiasmo sincero. Opinião dele. Apelidei a bando de patos empoeirados de esquadra britânica. O Pe. sorrira sinistramente.
Transgredíamos tabus todas as vezes que lhe permitia banhar meus pés. Saliva benta, me explicava, ele. Retraía-me todinho ao ser envolvido por epístolas osculares. Das lições não assimilei nenhuma. Observo a taça derrubada aos pés da santa e não vejo nada. Formou-se uma poça de vinho tinto, presságio de traição. Ele descumpria seus votos; eu enganava o rapaz que acabara de me prometer ser meu guia pela Grande Belém.
Meu pai não se orgulharia de mim em momento algum. Mesmo assim, eis-me aqui, mi amoroso papa, embrulhando-me nas celofanes turquesa, para desejar boas festas ao seu coração exausto de arrancar espinhos de mim. Tente me recriminar, Dad! Diga-me, o senhor, quando estiverse servindo do pernil, se lhe provoquei epifania ao lhe relevar o que o Senhor mal fingia ignorar. "--Pai, foi homicídio premeditado." "--Legítima defesa. E não vamos mais falar nisso!"
Cariño,
Conheço a repulsão que te causa, a violência com que trato o vernáculo. Foi-me impossível conter a erupção de sentimentos que tua mensagem me acometeu. Os sentidos leves nos escrevem quando te vejo assim, nu ao alcance de lábios marcianos. Seus anéis acessanando tchauzinho de quem não pode mais ficar juntinho procurando fios de cabelos loiros agarrados à minhas coxas. Saturno não te merece, tampouco eu.
Conheço a repulsão que te causa, a violência com que trato o vernáculo. Foi-me impossível conter a erupção de sentimentos que tua mensagem me acometeu. Os sentidos leves nos escrevem quando te vejo assim, nu ao alcance de lábios marcianos. Seus anéis acessanando tchauzinho de quem não pode mais ficar juntinho procurando fios de cabelos loiros agarrados à minhas coxas. Saturno não te merece, tampouco eu.
10 de dez. de 2004
Dr. Alfredinho,
Desculpe-me, por haver omitido informações tão relevantes para você. Completo aniversário junto com Duque de Caxias. Nem preciso fazer festa. O foguetório é garantido. Quanto ao fato de não ter te apresentado aos meus amigos, tampouco aos meus familiares, talvez porque sou desajeitado durantes cumprimentos diplomáticos. Fico constrangido. Como ser elo, quando sou todo extremidade que a nada se une? Sabe a flecha de Eros? Aquela ponta lá, queria ser eu, caso, pudesse ser coisificado. Já que não posso (nem devo), contento-me em ser sempre o primeiro a levantar a mão quando precisam de um voluntário. Eis a razão para tanto gostar de mim, suponho. Sinta-se fortemente abraçado e afetuosamente beijado. Hoje, em especial, todos os dias sempre, por mim.
Desculpe-me, por haver omitido informações tão relevantes para você. Completo aniversário junto com Duque de Caxias. Nem preciso fazer festa. O foguetório é garantido. Quanto ao fato de não ter te apresentado aos meus amigos, tampouco aos meus familiares, talvez porque sou desajeitado durantes cumprimentos diplomáticos. Fico constrangido. Como ser elo, quando sou todo extremidade que a nada se une? Sabe a flecha de Eros? Aquela ponta lá, queria ser eu, caso, pudesse ser coisificado. Já que não posso (nem devo), contento-me em ser sempre o primeiro a levantar a mão quando precisam de um voluntário. Eis a razão para tanto gostar de mim, suponho. Sinta-se fortemente abraçado e afetuosamente beijado. Hoje, em especial, todos os dias sempre, por mim.
9 de dez. de 2004
8 de dez. de 2004
7 de dez. de 2004
É Natal! É Natal! A vitrine em chamas me convida para que eu leia os arquivos dos Oficiais promovidos. Depois! Antes, vou responder à minha querida leitora: Lena, estimada amiga, não poderia eu te enviar uns dos cadernos nos quais contabilizo a quantidade de endorfina que exala do meu cérebro quando encontro italianos na penunbra do bosque de bouganvilles? Manga verde, Lena. Manga verde, saborosa, da qual faço creme de leite enquanto não me sinto à vontade para criar ficção. Antes, deveria eu escrever ao Exmo. Sr. Homero (alguém, aí, me traduz para o grego?) e à Exma. Sra. Clarice Lispector rogando suas respectivas bênçãos. Os russos, enciumados, me castigariam, com certeza, se eu me atrevesse. E para contê-los, nem se eu solicitasse o auxílio dos franceses, quem sabe os estadunidenses (preferiria os ingleses, ou os irlandeses ). Ah! Lena, estou indo lá, correr riscos no espelho d'água que circunscreve os raios de sol que nunca me bronzearam. Na diagonal do círculo vou derramar molho rosé, preparado de véspera, para esperar pelos italianos. Que o vinho não me venha azedo novamente... Ia me esquecendo, Lena, os fatos recebem várias nuances quando saltam dos meus dedos. Realidade ou ficção, não mais me interessa, apenas a emoção de sons acidamente adocicados.
6 de dez. de 2004
Marcinho: Oba! Sexta-feira. Dia de beijar na boca.
Maninha: Você, eu não sei. Eu vou.
Marcinho: Eu preferia não ir. Atchim! Atchim!
Minha irmã fizera cara de deboche que pelo retrovisor eu pude ver. Nem me importei. Minha preocupação era o que eu iria fazer com aqueles olhos miúdos que eu ampararia mais tarde. Como vou dizer para o charmoso psicótico que eu pretendo reconsiderar uma posição?
Maninha: Você, eu não sei. Eu vou.
Marcinho: Eu preferia não ir. Atchim! Atchim!
Minha irmã fizera cara de deboche que pelo retrovisor eu pude ver. Nem me importei. Minha preocupação era o que eu iria fazer com aqueles olhos miúdos que eu ampararia mais tarde. Como vou dizer para o charmoso psicótico que eu pretendo reconsiderar uma posição?
4 de dez. de 2004
Finalmente resolvi utilizar o w.bloggar para te atualizar. Quando os pernilongos vierem nos sugar nosso sangue perdido, corro para a janela virtual. Nada nem ninguém vai impedir nossa ginástica greco-latina. Graças a ela, vivo sem a medicação. Não quero um ninho de cupim caminhando pelas minhas veias. Está mais difícil sobreviver-viver-escrever do que eu imaginava, nem sempre consigo me conectar a Fada Metáfora, que agora só através dem sonhos vem me aconselhar. O pernilongo me acorda às três da manhã para ler o que eu estou escrevendo. "É uma honra! Quem me dera tê-lo como leitor." E pensar que ainda tem a ceia de natal. Porque a mágica não mais funciona? No meu casulo, preso, eu era muito mais feliz. Por isso eu te digo, Marcinho, sempre, escolha a opção mais difícil, o mais improvável de impossível, complexa, complicada. Facilidades escondem armadilhas que dificilmente conseguiras se livrar. Não tenho a mínima estrutura emocional para ceiar ao lado daquele traficante de corações. Eles (o traficante e seus músicos) forjaram uma situação na qual me vejo obrigado a pintar uma tela monocromática. Pior do que está, impossível. Qualquer mudança será sinal de melhora, mesmo se for o inevitável encontro com a minha mãezinha querida. Ah! Gente me desculpa o tom pessimista, é que eu sou um mercenário. Se eu tivesse com um conto de réis na algibeira, um mísero puto no bolso, estaria extremamente feliz, tirando onda de bacana. Ainda tenho opções. Prostituir-me sempre se apresenta como saída, pena que o celular do delegado não esteja atendendo (talvez, ele nunca mais volte a falar comigo). Aí, então eu poderia comprovar se Paris é mesmo uma festa .
3 de dez. de 2004
2 de dez. de 2004
Sentia muita preguiça. Deixara para depois a revisão do post. Peguei-lhe pela orelha e lhe disse: corrigi-lo imediamente. A qualquer momento elas podem chegar! Então, ele tirou a caneta do bolso do paletó, me pegou a mão e escreveu a letra s do meu nome. Sem me beijar, tampouco se despedir, entrou no Cherokee e foi para casa (suponho). Torço para que ele se lembre do que me aconteceu de manhã. Peder dois posts no mesmo dia é muito azar para quem acabou de voltar de viagem.
30 de nov. de 2004
Desde muitos posts venho fazendo a vontade do leitor. Escrevo o que ele quer ler. (O quê?) (Ãnh?!) Eu particularmente há muito tempo gostaria de me desfazer do sistema de comentários. (Porquê?) Por vários motivos que de tão perniciosos (de onde me saiu essa palavra?) não consigo elaborá-los como deveria. Pois bem, meu tesouro, vivo estou em função de você. Está aí o espaço para suas contribuições ao meu umbigismo patético e calhorda. Agora não sei como continuar a publicar (será que posso ser considerado um publishman?) os trechos da intimidade sob encomenda. Isso me cheira a Big Brother, e de big eu só queria o Brother. Interação fede a pétalas pobres e podres só os importados franceses, queijos. Perenes sobrevivam, o espaço para os comentários, tão caro ao que se tornou o mundo. Minha teogonia quereria uma folha-bits planando sobre a imensidão volátil do ciberespaço até se prender a um canto da teia virtual. Desiste! Eu sou virtual. Um vir-a-ser particularíssimo. Há autoridades que a detestam. Em compensação, o Exmo. Sr. Senador gosta das minhas bits, a Exma. Sra. Embaixadora me incentiva a continuar rasgando a folha e a princesa ao ler o que eu arranco de dentro de mim, com raiz e tudo -- cúrcuma -- chora, ri, se excita, xinga, se entristesse, não entende, me liga, me escreve um longa carta me explicando que eu não deveria ficar tanto tempo sem escrever, não a resposta a doce carta, mas uma crônica no sentido crônica da vida. Pessoal. Íntimo. Particular. DiCla, condição na qual meus amigos (leitores!) possam conferir se o arroz com ovo servido no almoço estava salgado ou não. (Qual a relevância do tema, Dr.?) Precisa atuaslizá-lo (o DiCla) todos os dias, como se o telejornal estive invadido o morro? Sim! "Se for uma necessidade intrínseca de ti mesmo." (Ela sempre me tuteia com maestria). Sim, Vossa Alteza. Siiiiiiiiiiiiiiiiiim. E mais tarde, (amanhã se eu tiver tempo) volto para revisar o texto que a pressa me permite. No meu mundo (mundinho froxo) existe uma compensação para o pormenor.
25 de nov. de 2004
Arthur Schopenhauer
Lágrimas iluminam meu olhar. Então, possível verdade esperando-me empoeirada na estante laminada. Estou enamorado. Elaborei mentalmente várias hipóteses, que daqui a pouco serão testadas. Lá vou eu, ensimesmado no meu passo longo, para que minha madastra não me alcance. Me desculpem, mas não tenho tempo para mais ninguém, este (meu tempo) jaz na relva seca do postinho. Recolham as mesas, as cadeiras, as garrafas de cerveja, as primeiras encontram-se escondidas dentro do porta-mala. Cleptomaníaco. (Tem certeza que você não bebe?) Chamem os bombeiros. Há uma alma esvaindo-se de corpo que até ontem à noite, eu chamava de "meu amor". Suas espáduas me seduziram, eu rebobinaria toda fita, só para sentir seus pensamentos esfolando minhas vísceras novamente. Ele parecia um fruto seco caído do Olimpo. (Não faz mal misturar cerveja com caipirinha?) Eu não sabia de nada. Nem beijar seus olhos azuis, eu conseguia. Nem a dor, sempre dilacerante, eu suportava. Minha carne chorava. (Nossa, imagine se meus parentes souberem que eu escrevi isso? Serei motivo de chacota até o carnaval, quando todos assumimos nossas máscaras) Meu tempo agora, corpo estendido no chão. Aquele lá sou eu, meu amante de nado borboleta, e uma menina prometi lhe dar. Adoção, querido, adoção. Meu tempo acabou. Eu o matei. Nunca pensei que uma taurus pesasse tanto na consciência de alguém. Ela parecia tão cromada. Acabei com o tempo que me sustentava ao fio estreito da rua. A leveza que sinto, chamo de felicidade. Estou livre, condenado a minha liberdade -- seja lá o que isso possa vir a significar.
Lágrimas iluminam meu olhar. Então, possível verdade esperando-me empoeirada na estante laminada. Estou enamorado. Elaborei mentalmente várias hipóteses, que daqui a pouco serão testadas. Lá vou eu, ensimesmado no meu passo longo, para que minha madastra não me alcance. Me desculpem, mas não tenho tempo para mais ninguém, este (meu tempo) jaz na relva seca do postinho. Recolham as mesas, as cadeiras, as garrafas de cerveja, as primeiras encontram-se escondidas dentro do porta-mala. Cleptomaníaco. (Tem certeza que você não bebe?) Chamem os bombeiros. Há uma alma esvaindo-se de corpo que até ontem à noite, eu chamava de "meu amor". Suas espáduas me seduziram, eu rebobinaria toda fita, só para sentir seus pensamentos esfolando minhas vísceras novamente. Ele parecia um fruto seco caído do Olimpo. (Não faz mal misturar cerveja com caipirinha?) Eu não sabia de nada. Nem beijar seus olhos azuis, eu conseguia. Nem a dor, sempre dilacerante, eu suportava. Minha carne chorava. (Nossa, imagine se meus parentes souberem que eu escrevi isso? Serei motivo de chacota até o carnaval, quando todos assumimos nossas máscaras) Meu tempo agora, corpo estendido no chão. Aquele lá sou eu, meu amante de nado borboleta, e uma menina prometi lhe dar. Adoção, querido, adoção. Meu tempo acabou. Eu o matei. Nunca pensei que uma taurus pesasse tanto na consciência de alguém. Ela parecia tão cromada. Acabei com o tempo que me sustentava ao fio estreito da rua. A leveza que sinto, chamo de felicidade. Estou livre, condenado a minha liberdade -- seja lá o que isso possa vir a significar.
24 de nov. de 2004
Anteontem, acordei-me salgado. Ontem, durante a aula, senti-me doce. Hoje, ao banhar-me descobri-me azedo. Amanhã, caminharei ácido por folhas de papel sulfite. Porque não só de freadas atrasadas vivem o meu pescoço, coração. (Depois penso no que eu quis dizer. Agora tenho que sair para procurar emprego.)
22 de nov. de 2004
20 de nov. de 2004
Fraudes
* * * * *
2 uísques
Amuiraquitã
Bob Bactéria
Sabedoria da Mentira
Senso Incomum
eraOdito
Jornal do Blogueiro
Caderno Branco
Just think about
* * * * *
AMAN
Kombato
* * * * *
Oral Ancient Greek
Latim Básico
* * * * *
2 uísques
Amuiraquitã
Bob Bactéria
Sabedoria da Mentira
Senso Incomum
eraOdito
Jornal do Blogueiro
Caderno Branco
Just think about
* * * * *
AMAN
Kombato
* * * * *
Oral Ancient Greek
Latim Básico
Se fosse em outra época, teria que justificar minhas escolhas, os links, essa tarefa deixo para minha crítica literária (?). Pois é! Estamos brincando a valer e a menina de olhos azuis se dispondo a explicar nossos fluxos intermitentes. Ela se decidiu mesmo pelo curso de Letras (Habilitação Francês). Será que sua opção decorreu do meu duplo argumento? Só queria ouvir vossa sincera opinião, Alteza, antes de entregar minha crônica aos portugais. Até a minha correspondência, ela quer ter acesso. Calma! Deixa eu primeiro aprender a ter a quem escrever. Socialização em mesa de bar, no Barraco Chique, "às 14 quero te ver lá". Falando assim, o meio-irmão não se tornará meu cunhado. Quem sabe um livreiro, protegido por Apolo, mas não meu cunhado, como ele gostaria. Não me chamem para sair. Me deixem apodrecido mofar dentro do meu casulo. Metamorfoseando. Meta. Lingüística. Je t'ai adore beaucoup! (ainda sei escrever em francês??) Sim.
19 de nov. de 2004
O Astrólogo dissera: "(...) e ele chegará te atropelando." Eu até brinquei com o Mestre: "e nos braços dele morrerei, não sem antes pedir um beijo na boca." (quem manda ficar lendo Nelson Rodrigues? Depois fica aí com essas fantasias ridículas de comum). O Bruxo me repreendera com rispidez: "Mais cuidado com o que você fala. As palavras são mantras." Realmente, saudoso Joe, me dói ouvir o mecânico pronunciar "menas". Mas que saber, há uma porção de palavras nas quais tropeço: meteorologia, por exemplo. Tenho muito a aprender: não se apavorar quando estivermos a 120km/h. Será que eu poderia ser preso ao presenciar um pega? Vide o que fizeram com o Duda Mendonça. E ele, cavalheiro, me chamou para irmos embora, antes de sabermos como terminaria aquela história na qual moças e rapazes deliravam ante o êxtase de motores harmoniosos. E para ter certeza da gentileza camufladoa de real interesse, o mecânico me perguntara, quase me pedindo permissão: "Você curte Zé Ramalho?" Se eu não o apreciasse, me tornaria, a partir de então, fã crítico-analítico. "Anh-ham".
18 de nov. de 2004
O que não sou fisicamente, posso ser descrito. Desvalido de Poder, mesmo estando plantado na Alvorada, procuro Imaginação, abstrata, desconexa,dislexiana. Perco por ser um afungentador de significados. É que estou atrás de sentimentos e sentidos irrelevantes de tão adjetivos. Para mim, me basta uma Idéia-Estética. Não vejo veracidade nenhuma nos silogismos caucásicos-latinos-subsaarianos e das frases primarias que me algemam, sentirei saudade. Importante contar-lhes: sou neófito, efebo, filho de escultor (seus dedos pareciam cinzeis ao dobra as brancas pétalas de rosas ). Ao escrever, salto além da verossimilhança (único risco que me inflijo). Daqui uns minutos, por exemplo, serei uma mulher com a obrigação de dizer ao noivo: sim. Às vezes, quase sempre, a paranóia me repete, repetitivamente. Com sorte reencontro-me momentos de surtos psicóticos, com ajuda, única, de signos lingüísticos vernaculianos. Escrever tem sido meu coquetel, meu álcool, meu puro gim fumegante servido com cubos de agramaticalidade. Com isso aprendo a equilibrar as frases, pratos prestes a cair, do final do primeiro capítulo até o funeral da Dona Morte.
16 de nov. de 2004
De:"U." (...)@(...).gov.br
Data:Sun, 14 Nov 2004 19:44:20 -0200
Para:marcio.silva@(...)org.br
Assunto: Re: Re: Corpo desaparecido...
Estou baixando o messenger, aguarde...
Data:Sun, 14 Nov 2004 19:44:20 -0200
Para:marcio.silva@(...)org.br
Assunto: Re: Re: Corpo desaparecido...
Estou baixando o messenger, aguarde...
Data: Sun, 14 Nov 2004 19:23:45 -0300 (ART)
De: "marcio.silva@(...)org.br
De: "marcio.silva@(...)org.br
Assunto: Re:(...)
Para: "U." <(...)@(...).gov.br>
Chuchuzão,
Pardon, mon cher. Tenho estudado muito. É a faculdade, a correria no min. e a loja. Ufa! Quero férias. (ao seu lado se possível) Mas em momento nenhum deixo de pensar em você e na sua proposta, minha carta na manga. Bem que vc poderia ter o MSN do Hotmail, nesse exato momento estou on line. Se puderes, me adicione: [(...)@hotmail.com.br]. Você não sai da minha cabeça, até pelo excelente trabalha que vocês (PF) estão realizando. Parabéns! Você merece que eu (...) ( vc deve se lembrar que sou perito nisso, né?) e (...), ou melhor, (...). (...). E mesmo se não fosse. Eu faria de novo, de graça. Essa sua simpatia me domina. ainda bem que eu tenho juízo. (hehehe)
Para: "U." <(...)@(...).gov.br>
Chuchuzão,
Pardon, mon cher. Tenho estudado muito. É a faculdade, a correria no min. e a loja. Ufa! Quero férias. (ao seu lado se possível) Mas em momento nenhum deixo de pensar em você e na sua proposta, minha carta na manga. Bem que vc poderia ter o MSN do Hotmail, nesse exato momento estou on line. Se puderes, me adicione: [(...)@hotmail.com.br]. Você não sai da minha cabeça, até pelo excelente trabalha que vocês (PF) estão realizando. Parabéns! Você merece que eu (...) ( vc deve se lembrar que sou perito nisso, né?) e (...), ou melhor, (...). (...). E mesmo se não fosse. Eu faria de novo, de graça. Essa sua simpatia me domina. ainda bem que eu tenho juízo. (hehehe)
Beijos,
Chuchuzinho.
De: "U." <(...)@(...)gov.br>
Data: Sun, 14 Nov 2004 19:13:59 -0200
Para: marcio.silva@(...)org.br
Assunto: Corpo desaparecido...
Oi, Chuchuzinho,
Data: Sun, 14 Nov 2004 19:13:59 -0200
Para: marcio.silva@(...)org.br
Assunto: Corpo desaparecido...
Oi, Chuchuzinho,
Você nunca mais me escreveu, desapareceu... Espero que esteja amando, assim eu ficaria feliz por você... Mas é importante que também esteja sendo amado, se não eu arranco as bolas dele, certo??? Afinal para ter uma pessoa como você tem que saber ama-lo muito bem. Mande notícias. Quanto a eu, estive muito atarefado nos últimos três meses, operações e mais operações, nunca trabalhei tanto. Acho que deveria ter sido médico para fazer tantas operações...
Beijos...
Chuchuzão
13 de nov. de 2004
Ainda não entendi como será a saida daqui de casa. Chamo por Sameul: Samueeeeeel... A leitora me ligara para me alertar o erro: você escreveu Clarice com dois erres. Há! há! há! Risos de deboche como se finalmente houvesse me superado. Priminha, um dia serás muito mais do que eu. Afinal não segurei na tua mão para menos do que isso. Imagino-te: uma linda professora universitária de literatura comparada fazendo seus alunos implorarem por mais um verso, já que aquele emprego no Supremo estava muito ruim. Só para te matar de inveja: bem que eu podia me inscrever no mestrado de literatura da UnB. Escolho esta, por estar ao alcance da minha janela. Seríamos colegas. Abandono de vez essa geografia amazônica e não me irrito mais por ter planos de manejos recusados. Acho uma palhaçada desperdiçar dinheiro público contratando consultores a peso de ouro, para depois dizer que tudo se trata de decisão política. Hmmm...sinto a catinga do maldito populismo. Espero estar enganado. Anjo Samuel terminaste a seleção dos post preferidos? A oração do perdão não conhecerá sem sua presença.
12 de nov. de 2004
11 de nov. de 2004
Seria o último se ele não fosse implicante pirracento, adolescente temporão mimado e manhoso. Sim, ele era um personagem de si mesmo construído na verticalidade da sobrevivência. Ele se enfadou a si e não tinha mais a mínina idéia do que fazer com a personagem, matá-la? Solução desprovida de originalidade, como se suprimisse três quartos da vontade de sentir. Resignado continuava remando até alcançar a margem esquerda do lago. Convites da Brisa Atrevida floreciam (lembranças): alguns, declinados pelo Sol Escandaloso; outros, aceitos pelo Céu Despido; o Lago Homicida esnobava sorrisos diante da perna arranhada do rapaz (nosso herói). Ele aceitou trazer-se de volta, desde que pudesse organizar-se dentro de um esprimido, porém aconchegante, flat de onde poderia todos os dias observar o presidente fazendo sua caminhada matutina. Sentia-se mais prostituído que antes, melhor do que dormir numa parada de ônibus correndo o risco da morte.
6 de nov. de 2004
QUEM DEIXOU O PORTÃO ABERTO?
O Mal venceu! Essa rodada de cerveja é por minha conta. Vamos comemorar o meu bota fora. Cansei-me. Há meses meu peito dói comprimido. Odeio meus pais, sempre os detestei, não há nenhuma novidade nisso. Relendo o que acabo de escrever percebo as frases soltas. Não tenho condições psicológicas para corrigí-las; ou descarrego a Taurus na cabeça daquele infeliz ou me jogo na repressa do Descoberto. Fico com a segunda opção. Não quero mais causar constrangimento a ninguém. Antes que algum incauto pense que isso é uma carta suicida. Lembro-lhe: Quem vai se matar não avisa, just do it. Admito, simbolicamente, que daqui há algumas horas, estarei tomando cicuta, mas antes...
Se me perguntarem a razão -- sempre aparece um corajoso para incomodar um rotweiller enquanto este rói uma tíbia fresca -- responderei: é marketing, meu amor, apenas marketing. Isso se eu tiver de bom humor, caso contrário, emputecido direi: "PORRA, CARALHO! Vá cuidar da tua vida!" Ainda não sei qual desculpa darei para os telefonemas que não atenderei, para os e-mails que não responderei, as cartas que rasgarei, para os comentários... relaxa, estes serão em off (onde guardei meu passaporte?).
De pronto, não responderei a ninguém. Meu profile no orkut, talvez o apague, talvez o abandone. Não! Absolutamente, não! Reprovo fazer com os outros o que fizeram comigo (ui, coitadinho!). O MSN vou arrancar da máquina. Se quisserem que o instalem...(Maria, das drogas que me você oferecera, aquela me estimulara sem igual. Obrigado por me ajudar a atravessar madrugadas esfumaçantes. Nosso sexo virtual foi tão gostoso quanto ao vivo. Pena que a WebCam não tenha funcionado conforme esperávamos.
Tuga, meu brother, nosso projeto segue adiante, conte comigo sempre. Sou agora um afluente do Rio Tejo. E aos meus amigos virtuais, obrigado pela parceria, pelos comentários elogiosos, pelas dicas, sugestões e ajudas com as mudanças no template. Desculpem-me pela fúria, pela erupção. Natureza humana. Larvas a nos assuntar, cinzas a sujar o céu delator. Óbvio, não? O óbvio também deve ser escrito, ao menos essa lição em aprendi. E aprendi mais... (tudo menos chorar nessa hora) EU ODEIO MEUS PAIS. Quereria que a morte fosse um test drive, não o alívio. Com que cara eu vou olhar segunda-feira para o pessoal da faculdade. Não estou fazendo literatura, este foi meu último post. Só não pensei que doesse tanto. Eu não deveria ter conversado com meus pais sobre minha orientação sexual.
P.S.: Estava tão atordoado que me esqueci: Meu querido diário, tu foste o companheiro que jamais imaginei amar; muito obrigado não é suficiente. Teríamos que inventar uma expressão mais significativa, na falta de uma melhor, vai ela mesma: muito obrigado.
Minha vontade era de mostrar dedo à motorista do Mercerdes Classic Branco. Melhor não. Nunca se sabe quando estamos diante de uma autoridade do estado, vai que é um juíza. Preso por desacato. Mas o nº da placa eu guardei de memória. A vaca de escovinha ridícula poderá em breve ter surpresas (hehehe), assim quem sabe ela não aprende a parar na faixa de pedestre sem ficar reclamando dentro do carro.
3 de nov. de 2004
Sinto-me extremamente culpado. Prosas curtas não mais me proporcionam o prazer de outrora. "Postar" transformara-se na obrigação. "Blogar", na ditadura. Gostaria de me sentar diante do teclado para tecer um romance de um mil quinhentas e cinqüenta e sete páginas. Não sei quantos de vocês, leitores, já passaram por isso ou ainda irão passar; é como se meu Co-Orientador, me dissesse, novamente: chega de trabalho de gabinete, Márcio (em outras palavras, coleta de dados/leitura), comece o esboço da dissertação. E dissertação é sempre melhor que monografia. Se nesta, eu fazia um apanhado dos quatro anos da graduação; naquela eu exercitava o Método, ao menos essa foi a idéia que o X. me passou. Idéia que pode ser contestada (que seja!).
E antes que eu comece a discorrer sobre o outro assunto, comunico-lhes, queridas leitoras, amados leitores e DiCla fofinho do coração (ainda vou acabar levando uma balaço na testa por causa dessas efeminadas demonstrações de carinho) que a partir de hoje atualizarei, não mais diariamente, esse nosso pessoal diário íntimo. Com sol, ou com chuva; com velório, ou batizado, aos sábados estarei aqui, publicando uma prosa. NÃO! Esqueçam tudo! Desconsideram meu desatino. Blogar, minha segunda pele, tornou-me minha epiderme. Não tenho outro motivo para me levantar da cama de manhã se não for para escrever no meu íntimo diário pessoal. Eu preciso gritar no meio da multidão: IVETE! IVETE! Encher de calabresa o pão de forma que jaz sobre o tampo de mármore rosado da mesa de pé quebrado.
A CL dissera: pura repetição ou obsessão. Como se tais comportamentos não fizessem parte do seu temperamento. E o Albalat chamara-nos a atenção no sonho da madrugada passada. A Profª. M.ª Teresa Cristina também estava lá. Ele, aberto em cima da escrivaninha do escritório; ela, me ouvindo atentamente explicações sobre mimados posts datados. Após minha explanação, ela abriu a bolsa e me deu uma nota de mil dólares enrolada num cheque de duzentos reais. "Cuidado com o cheque. Não o desconta na boca do caixa." Eu já pensando no Finnegans Wake e ela me vem com essa preocupação em não deixar lastro. Dinheiro sujo lavando minha alma, saciando meu desejo oculto. Eu sei, professora! Estou acostumado a emitir notas frias.
Na livraria, na ponta dos pés, tentava pegar a tradução do prof. Schüler, localizada na prateleira que tocava o céu estreito. Cricri, impiedosa doutora em Crítica, me mostrava um revista que eu não reconhecia. "Foi você que escreveu esse texto, Márcio? "Drão, o amor da gente é como um grão"...
Acordei ao som da melodia; as crianças correndo em volta do divã. A sala infestada de gente ruidosa. Saudade. Ciúme. Parentes de cabelões lisos beijando minha bochecha barbuda. "--Calma, aí, gente, calma! Deixa-me ir ao banheiro, pelo menos (enxaguar a boca)." Gritaria geral, sufocando meus berros nervosos. Vamos, todos no banheiro, então! A dona da infeliz idéia, minha prima, muitas vezes me cobrara um post em sua homenagem. (Só escrevo porque seus esmeraldos olhos fechados me seduzem.)
E agora não me sinto mais culpado, a prosa parece um salsichão de couve, que poderia muito bem ser usado para bater NA CARA da Tatá. Isso mesmo! Interromper meu sono vespertino na terça-feira disfarçada de domingo para me dizer: sonhei com você. Foi crueldade premeditada. Minha vontade naquela hora, Tatá, era de estrangular teu pescocinho desnudo. Diga lá, meu amor, que sonho foi esse (eu puto espumando):"--Sonhei que você havia ido para S. Petersburgo aprender russo." Eu abri o maior sorrisão. Quem não abriria? "--Oh, meu Deus! Você sentiu medinho, sentiu? Se eu fosse para longe, muito longe para além de lá, todos os dias você receberia, uma e-carta minha. Longa, carinhosa, repleta de pormenores, embriagada de saudade .
Quem sabe até lhe daria o endereço do meu brogui (ela desconhece tua existência, DiCla) para você me deixar um comentário. Não! Melhor não. Talvez você não saiba distinguir a ficção da realidade. Se você passar na FAC, te prometo de presente o original do romance de mil quinhentas e cinqüenta e sete páginas. Pronto, de promessa, te fiz dívida. Um livrinho vai ter que sair, nem que eu peça ajuda aos ghost-writers do Congresso Nacional. O compromisso agora é com a nanoaudiência.
1 de nov. de 2004
Estou de volta ao lugar de onde não pude sair. Tragam-me logo o horário de verão. Nem são seis horas direito, olha só o solaço, lá fora. Foram as palavras dele; as minhas: mudo. Quando me ponho diante do improvável, me emudeço. Elogios me castram. Mas enquanto não me sento meus detendos glúteos na cadeira de amendoim ou enquanto não me dedico a desmontar o romancista irlandês, xingamentos sacanas me assustam. Onde se encontra o punhal carnudo espumando mordacidade com o qual eu feria o coração da Maria Luísa? (Dessa vez, Luísa com "esse", pois não quero mais problemas.)
O primo me perguntando quem é o DiCla, quem é o DiCla, esbouçando um sorriso cínico de quem já resolvera três ou quatro abortos bem pagos (médico-legista comungando sua própria ética). Ouço-me Dionísio dizer que estou/estive/sempre estarei impossibilitado de escrever para mim mesmo. De mim para eu mesmo, falando sobre mim mesmo. Não pode, Marcinho. Não posso, DiCla. Sempre aparece a terceira pessoa de ninguém, de alguém, de aquele lá acolá. Ele me diz [o primo] que minha prosa soa filosófica. Eu lhe respondo: "--você não sabe o que é Filosofia." Peço-lhe dois segundos, olho para esquerda, oops!, direita.
O agente da ABIN (hoje tão em moda) dissera, segurando-me pelo pescoço: "PORRA! Fala direito: gloggle, gloggle..." Coitado do Sr. Investigador (bem que ele podia entrar para família), ele não sabe que para cada vírgula, cada erro, cada palavra queimada, eu tenho uma justificativa pronta (desculpas, mera desculpas): "--Nunca nenhum amigo meu reclamou dessa minha dislexia." --respondi-lhe, sem encará-lo. Ele puxou o revólver, eu lhe mostrei dedo. Ele saiu com raiva. Eu? Todo meu desejo suprimido. Se ele estudasse, realmente, Psicologia da Aprendizagem, ao invés de manipular fotos, contestaria com veemência a abobagem que eu havia lhe dito. Ainda sim, eu teria uma resposta. Pronta. Feita. Engatilhada. Esta é minha arte de viver.
E um churras sob a pia fechará nosso feriado mucho. Aliás essa é minha nova paixão: "churras". Palavravinha deliciosa que não me atrevo a empregar. Signo saboroso encontrado, por acaso, entre os louquinhos do iogurt Orkut Yakult. Ela chega a ser mais linda do que "la compu", computador para los porteños. E mesmo sem poder sair de frente do computador, de trás do balcão da loja, de dentro do meu quarto(?) dou um jeito de sentir prazer imediato: clímax substituidor de medicação importada.
Os laboratórios estadunidenses desaprovam. A Dr. Durex me responde diante da minha alegria antecipada: "--eu vou ter que tomar remédio, Dra? Não! Você não precisará tomar remédio (por enquanto)."
Ela foge do meu olhar, com medo das minhas perguntas. Queria ver meu prontuário; fazer algumas anotações; perguntar por pelo Dr. Psiquiatra alemão: "--Outro no seu lugar sairia dando tiro por aí." Ele queria reconstruir minha auto-estima, abalada pela jubilamento iminente. Agora ficou bem mais fácil concluir a graduação. Que o diga o agente da ABIN, volta e meia, me solicita uma resenha, sobre temas que me reviram as tripas secas de cristais. O que não faço por R$1,00 e uns murrinhos na altura dos rins de troco. Assim, me obrigo a escrever aristotelicamente, assim contemplo belos olhos azuis me mandando calar a boca. Vou trocá-lo pelo holandês, quem sabe não consigo aprender a pronúncia de "pretty". Só volto semana que vem e dessa vez não me alimentarei de scrapsbooks. Estou cansado de pequenos orgasmos. Quero-los múltiplos, prolongados, esfoliantes, mil páginas rascunhadas. Não serei capaz de consumá-los, percepção irrelevante. Diagnósticos também se equivocam.
25 de out. de 2004
As poucos vou-me revelando o filme da minha alma. A camuflagem não me serve mais. Nunca serviu. Estou entrando de recesso, DiCla. Seja educado com quem possa vir a te visitar. Preciso dormir, assim te manterei acordado. Segunda-feira, 1º de novembro, retorno. Não se apavore. Estarei pelas cercanias. Que mês longo foi esse outubro, encerrado esteja.
23 de out. de 2004
22 de out. de 2004
A Descoberta do Mundo passa antes pela curva dos olhos azuis puros galáxios. Eles me perseguiam, me filmavam, me observavam atentamente. Kate, importada porcelana para me fazer duvidar das minhas verdades. Mulher, angorá, jaguatirica, leoparda, suçuarana, Lince (canadense?), onça de unhas pintadas de rosa claro, leoa, tigresa siberiana (tomarei aulas do seu russo imergido em tonéis de vodca) . Ela com olhar fixo, compenetrado nos meus movimentos. Meu plug parcialmente solto. Olhava mesmo, desavergonhadamente, como se fosse deleite de efebo o marulho dos rastos de condensação que eu desferia na boca do caçador de nuvens.
Levantai-me bem vagabundo, perfumado à salsa, em direção a gatinha-tigresa. Procurei seus lábios para lhe mostrar o que eu acabara de aprender. Cumuloninbos estralando pela minha laringe fora sua resposta ao meu atrevimento. Ensinar o quê? Sou todo aprendizagem, aprendiz à margem.
Acorda do sonho leitor! Não estou aqui para fazer ninguém viagar na imaginação libidinosa do iniciante. Quero-me todo metaliteratura. Sou entusiasta apaixonado pelo pêlos que vão além (meta), além da meta. Transpassar. Projéteis a atravessar corpos de rígida moral. Transpor. Frases a nos enviar ao complemento do sentido. Não me pergunte, leitor, de onde me veio esse quadro (?). Simplesmente, abro o editor e me ponho a digitar aleatoriamente sem me permiter a resposta das minhas sinapses. Cansei-me ! Volto mais tarde, para corrigir os erros (invisíveis enquanto escrevo). Aproveito o intervalo cheio de vazios para... Pára de para, Pará! Para arrebentar a cara do idiota que fica lendo enquando escrevo. Se ele não recebeu educação em casa, irá recebê-la aqui na loja. Não passei meses me torturando numa sala de enferrujados aparelhos à toa. Aos poucos, passo a adotar o argumento da força, também.
21 de out. de 2004
Incrivelmente particular. Os telescópios cercando a natureza dos telefones desamarrados. Priminho, você não passa de um personagem criado por mim. Obrigado por dissecar meu temperamento. Time over?! Uma hora não será suficiente para largar os acidentados acentos acenos pelo ciberespaço. Envio sinais na esperança que Nova Iorque me responda. By the way, planos compartilhados hipertextualmente:
Passarei o Natal em Salamanca,
o Réveillon em Copacabana
e o Carnaval em Salvador.
--Sonha, Marcelino desmarcionado, as estrelas são apenas três. Quem sabe se amordaçares tua moral, e passar a freqüentar a sauna do Oswaldo, ou a do Setor Comercial Sul mesmo , ou ainda aquela da W 3, inaugurada recentemente; quem sabe tuas pretensões não se realizem? Por enquanto, te aguardo na Esplanada. Possivelmente. Eu, nos bastidores; tu, levando respingo de champagne.
19 de out. de 2004
DiCla,
Venha! Festa de aniversário na qual somos nós os presenteados. Acabo de escolher os meus: Mollmann´s Song: Presente para um Futuro Passado
Venha! Festa de aniversário na qual somos nós os presenteados. Acabo de escolher os meus: Mollmann´s Song: Presente para um Futuro Passado
18 de out. de 2004
Nunca vi tanta gente bonita reunida, num lugar só. Meu Deus, havia sido eu mesmo o promoter daquela festa. Com certeza, não. Tive ajuda dos Anjos. Nossa, que arrepio! Anjos, desculpa o texto improvisado, é o que minha cabeça permite escrever. Além de beijar muito bem, teu beijo sacia qualquer paladar refinado. Tchau, Coração, tenho que pegar a estrada. Estrada, não! Céu. E lá se foi o Anjos rasgando nuvens indolores, mas antes dele embarcar, me beijou demoradamente. Meus convidados fingiram estarem acostumados com demostrações espontâneas de afeto e carinho e consideração. Eu, para consertar o possível constrangimento de alguns conservadores, tentei contar-lhes que na Itália, no sul da Grécia e em algumas partes da Espanha, homens se beijam em público. Não sei se costuma ser melado como aquele fora, mas que se beijam, se beijam. Não consegui contar-lhes, o que eu havia mostrado em lá sustenido fá maior. E o fulaninho prometera me empalar, se eu faltasse a inauguração do Tático. Será que o Anjo viria me resgatar, se aquele lá, me mandar novamente "falar sujo". Quero correr o risco, mesmo sabendo que se trata de uma fantasia.
16 de out. de 2004
A menina de olhos verdes, lamenta por me ver trabalhando aos sábados. O Iate Clube seria nosso destino, se eu conseguisse abrir as algemas que me prendem ao gazebo forrado de petúnias vinho. Esse outono, mês de estréia da Orquestra Sinfônica das Cigarras Esplanadas, me empalidece, me torce, me afoga.
Entretanto, consigo encontrar felicidade às margens do lago. Antecipo alegrias. Descubro que monólogos são válidos; que ridículas cartas de amor saciam minha volúpia; que o Quebra-Nozes, vulgo soco-nos-rins-de-filho-de-coronel-que-puxa-pistola22-para-mim, se entumece ao ouvir minha voz gravada na secretária eletrônica do seu celular. Soltos polissílabos dissonantes: ensimesmado, historicidade, desterritorializado, cataclisma, anacrônico etc.
A menina dos úmidos olhos verdes valentes, que me perdoe; sinto diálogos verdejando debaixo das minhas unhas comidas. Eles se emudecem com receio de serem chamados de advogadinho. Foi assim que o soldado me chamou após lhe explicar que seu apreço pelas palavras tinha triplo sentido duplo. Expliquei-lhe também que ele deveria ler poesias. "--Não posso. O conteúdo programático do CFO é muito extenso." E para consolidar minha fama de advogado (?) argumentei: "--Ora! Redação deixou de ser eliminatório?"
Enquanto, ele pensava na réplica, enchi seu copo, cuidadosamente, para não formar colorinho. Não sei servir, no resto da garrafa havia só espuma. Ele a tomou das minhas mãos e a balançou para o garçon. Este sim, excelente profissional.
15 de out. de 2004
O polidor de cristais retornou numa nova canoa desprovida de furos tortos. Daqui em diante, nova gerência se impostará acima das vozes desafinadas. Meu quebra-nozes tritura castanhas de avelãs importadas da Noruega sem saias.
Nossa! Já é Natal? Sim. Aqui, todos os dias se deseja feliz Natal. Excelente estadia desejo à contralto imberbe. O sorvete derretido não manchará vossos lábios carmins, alteza, sem antes mordiscar minha verde glande amarelada.
Sobre o que você está falando? -- me perguntaria ela se pudesse gemer. Nem imagino, Princesa Natália, nem imagino. O professor nos pediu que escrevêssemos um texto provido de sentido e cor e perfume e sabor.
Há! Há! Há! Não vejo sentido nas meladas camisinhas jogadas debaixo da cama, como se aquilo lá, fosse uma privada particular exclusiva. (Ah! Me esqueci. O texto deve ser elegante. Aquela frase deverá ser suprimida no momento da revisão do estilo.)
Levanto o dedo educadamente: Professor tenho uma (várias) dúvida.
"--Pois, não."--responde-me ele.
Por telepatia lhe envio mensagem clarividente, e meus pensamentos se colam anexo ao resto do sabor do etanol arrepiado. Eles se prendem também à linha que se solta da descosturada bainha da saia da sua alteza. Linha. Fiasco, que me lembra (gostaria de esquecer) o pêlo loiro esquecido na minha cafajeste barba perfumada por lírios salmão.
As vadias me convencem a tomar achocolatado sem gelo. Sushi sem shoyu. Café da manhã servido nu sob o sol castanho de outubro. Corpos besuntados de protetores solares com prazo de validade vencida servindo fatias de salgados melões docimente perfumados.
"-- Vossa Senhoria, mudou novamente de assunto" -- geme sua alteza.
"--De forma alguma, querida Natasha, estou apenas catando os cacos que observaram nosso crime iluminado. Não quero testemunhas.
13 de out. de 2004
TRÉPLICAS SOTEROPOLITANAS: RAZÕES PARA MUDAR DE SOBRENOME
Simplesmente insurpotável! Preciso permanecer deitado até que minha cabeça pare de se expandir e se contrair. Deveria ter recusado aquela dose de gim. Destilado com fermentado, definitivamante, não se misturam no meu sangue. Mas fui querer fazer bonito, agora estou aqui: matando aula, vomitando água de coco, espremendo meu cérebro para te atualizar, DiCla. Na verdade, queria nunca mais ter que escrever, ou queria que não fosse uma obrigação inadiável. Ai! Vou arrancar minha cabeça. Auto-decapitação. Não! Quero um harakiri pós-moderno. Ligue tua webcam. Espera aí, antes que eu me rasgue com uma faca de pão suja de manteiga, rasgo tuas falsas páginas pessoais, Diário Clandestino, que mais me complicam do me que relevam.
--Ora, ora! Agora sou culpado pelos excessos e fracassos de um diarista proxeneta. Chega para lá, Azimute codificado. Deixe coberta para mim. Vá se deitar no sofá. E só voltes quando fores capaz de "descrever um estábulo visto por um homem que acabara de perder o filho na guerra." Sem referir ao filho, nem guerra, tampouco à morte e muito menos fale do homem. Aproveite para aprender a escrever. Estude o vernáculo. Te fará bem. Jamais volte a me ameaçar com mordidas fanhosas, até porque tua especialidade, é mordiscar, não morder. Já me basta o ostracismo causado pela concavidade do teu convexo. Já me basta teu desafinado bafo de gim falsificado (teu sensível paladar, nem para isso serve mais). Minhas páginas, mesmo as mais displicentemente escritas, não te pertencem; nunca te pertenceram. Quem lhas sussurraram, lhe chamam de ingrato. Eu lhe chamo de burro. Burro, não! Idiota. Relaxe, meu diarista querido, tua doença tem nome, só não tem tratamento. E não há mais o que lamentar.
--Tenho direito a réplica, DiCla?
--Claro! Somos democrático, Baby!
--Então, gostaria de esclarecer que o fato de eu ter ido buscar as meninas não prova que eu seja proxeneta. Nunca aliciei ninguém, nem passou pela minha cabeça a turva idéia. Quando que eu ia imaginar que elas eram do frevo? Quanto ao resto, o resto que sobrar, vou rasgar sim. Rasgar, apagar, se me vier o bom humor, revisar. Olha, só diário. Acabou saindo nosso falso epitáfio. É a dor debaixo das unhas dos pés, casqueadas e esmaltadas, traduzida. (Pretensioso!) Peço-te paciência, DiCla. Tu sabes o quanto sou um tanto quanto mau-humorado. No mais, a orgia ainda me comprime o crânio. Culpa. Muita culpa por ter me excedido no gim.
8 de out. de 2004
6 de out. de 2004
4 de out. de 2004
2 de out. de 2004
O amigo estadunidense lhe pedira que lhe enviasse qualquer texto registrado por ela. Ele, por certo, queria avaliar suas lingüísticas habilidades artísticas, suponho. E se a poetisa lhe dissesse, logo que não as possui; que eles (seus textos) apenas se encontram num borbulhante processo de incubação. Deixou que ele chegasse as suas próprias conclusões. Paratextualidade mais atrapalha que ajuda. Se o empressário, realmente, viesse a ler seus textos, ela poderia se considerar uma privilegiada. O ritual, finalmente, se iniciara. E se ele pedisse outros mais, bastasse escolher algum soneto escondido na memória do computador. Nesse caso específico, era impossível voltar atrás.
1 de out. de 2004
Várias linguagens drenadas compondo um nó de escadas abertas. Onde vai ter lá? Dominó, dama, xadre, amarelinha. Vamos jogar amarelinha? Jogo que se joga sozinho, no qual os vencedores cruzam os dedos antes de se despedir. E se houver sonegação de beijos, a seca cercará implacavelmente nossos corações, digo nosso porque o meu já se perdeu na outra era de cotas. Mas deixemos de nhém-nhém-nhém. Conte-me o ocorrido, me diz:
-O rapaz de músculos forjados chorou diante dos seus lábios, antes de lhe dizer que precisava muito te amar?
-Não, ele não desprendeu nenhuma lágrima.
-O moço era todo paixão desprendida?
- Ah! Se era. Ele cabia todinho numa bolha de pétalas vermelhas arredondadas. O Fornazze configurou claramente meu hipertexto perfurado, mostrando-me o quanto estou suspenso por seus braços cuidadosamente desenhados por Apolo. Eu não faço por onde. Não mereço vê-lo sucando laranjas às duas horas da manhã, só porque não posso beber leite.
30 de set. de 2004
29 de set. de 2004
Vamos recapitular as hipóteses:
1ª Entrevistar o voluntário branco sangue de prata.
2ª Preparar-me em fatias delgadas para o Juiz de contas (lógicamente formal).
3ª Apresentar-me a Dona Benta (banho de arruda ajuda).
4ª Pedir ajuda ao Jota, mesmo estando eu mal passado.
5ª Continuar a ler Tolstói.
6ª Prosseguir perseverante com a teoria (literária).
7ª Vislumbrar o campus pela janela do caixote.
8ª Ir à pizzaria do Lucão papear com o Flores (reservar mesa para cinco. Não! Seis sobreviventes).
9ª Buscar informações sobre o visto perdido do embaixador.
10ª Descrever minuciosamente as anatomias sob a meia-luz, antes que Miami nos envie cartões de Boas Festas.
Fui embora frio entre bolhas de sabão hexagonais. A brisa secava meu nariz verde, com gentileza que nem mais se recusa. As paredes de papel precisando das continuidades prensadas nas lombadas rosáceas, fenômeno presenciado pelo menino de olhos castanhos claros. Técnicas assimiladas parcialmente. A porta da oficina cerrada, decisão tomada por olhos conscientes da tempestade de folhas nervosas descobridoras de corações fósseis. Ritual planejado após metódico estudo de todas as entradas e saídas. Depois eu explico. Vamos bater bola no campinho do quarto dos fundos. Quase todas lá presentes. Sejamos humildes, de nada adianta espalhar bolas de gudes pelo jardim. É a repetição, da repetição, da repetição, até contar dez. Até o Jota compreender as confissões emporcalhadas por mim mesma durante à tarde de sol enviesado. Era melhor não dizer, não contar, não participar. Aos modificar o código de ética perdi meus contados, meus amigos, minhas referências. Suspiro fundo, sabor maracujá.
28 de set. de 2004
Havia lhes prometido pendurar os patinhos estragulhados na rebaixada janela filmada. As línguas me atrapalharam. É o russo em guerra melada com o francesa. Depois daquilo, aquilo lá foi brincadeira. Traduzir as canelas vermelhas deixará a Branca de Neve confusa. Mas ela sabe que cada um é cada um e cada dois pode ser três, quatro ou ainda cinco. Chega, estas derretendo minha paciência. Calma, Dy, é brincadeira para mostrar aos proxenetas que nada é subtraído sem culpa. Os portais bancários invadidos e eu rodoviário de pé maior sentado no meio fio partido enquanto espero um programa passar levantando névoa seca.
Voltemos à língua almiscarada, perfuradora de cordas vocais. Língua perfumada percorrendo a espinha dorsal da égua que eu nem mais podia ser. Ah! Se ela me deixar em casa ganha pontos extras. "Recuperei de vez minha auto-estima" (obrigado, Simone) Foi apenas cortante passarada. Mãos moldando o tijolo dos meus ombros. Mãozinhas coladas na libido do dual ser tipo o positivo. Conservamos sobre tudo, menos sobre o papel de bala jogada na Copacabana perdida. Havia eu mudado de país. Estava eu a corrigir a sintaxe da fonte. É cada encontro bizarro. Nem há como se proteger atrás de sobrenomes alemães. É judeu! Jura!? Definitivamente a língua não pronunciava símbolos hebraicos laicos. Língua morena de tatuagem no bíceps. Que significa esse ideograma? -- disse-lhe. Amor, amor, foi a resposta sussurrada no coração. Respirei fundo e comecei a entrelaçar as mãos em cabelos raspados a fundo. Observava a água pingando dos patinhos pendurados no varal...
-- Posso te perdir um favor?
-- Claro.
-- Quer esquentar um lasanha para nós?
-- Claro.
-- Quer esquentar um lasanha para nós?
-- Bolonhesa ou aos quatro queijos?
27 de set. de 2004
Já se passava da meia-noite e eu ainda não havia terminado de revisar a carta. Fui dormir cansado, mas aliviado por ter escrito que era preciso escrever. Até sonhei, em inglês californiano. Hoje de manhã, nem me importei em me levantar às quatro da manhã. Teria tempo de sobra para reler a carta e enviá-la por e-mail. Mas a tecnologia não ajuda. O disquete não abre. A PORRA do disquete não abre! Ah! Marcito relativiza, os haitianos morrendo e tu atormentado por causa de um arquivinho besta que cismou de te implicar. O fulaninho que espere mais um dia. "Quem esperou muito, que espere mais um pouco." Venha terminar de encher a mala. Solidariedade também pode ser terapia ocupacional.
25 de set. de 2004
21 de set. de 2004
20 de set. de 2004
18 de set. de 2004
17 de set. de 2004
16 de set. de 2004
Amados leitores e leitoras,
Tentei escrever uma carta aberta. Fracassei. Senti minha disposição melhorar após saber o nome daquele cheiro insuportável: sinusite crônica. Quando chegar em casa, Marcinho, faça uma hora de nebulização com solução salina. Beijou-me e arrancou-me a promessa de que o encontraria, sábado, no churrasco de aniversário do Feioso. Mas o que me curou de fato, foi ele me alertar que Bandeira rima com Pereira. E para mim, isso é fundamental de importante.
Abs e bjs,
M.Pereira
11 de set. de 2004
10 de set. de 2004
Foda-se! A vontade que se apodera do meu ser é muito mais forte do que qualquer reprimenda. Sim, poeta, eu morreria se eu fosse impedido de escrever. "Mas até então, Marcito, tu não escrevias nada". "Então, Diário, por isso adoeci". (Re)ler-rascunhar-(r)escrever-publicar-reler-rescrever-reler-rescrever-reler-rescrever tem sido muito mais eficiente do que aquela porção de comprimidos que eu me nego a tomar. "Ok, Mamau, quem sou eu para te contestar, Rei dos Contra-Argumentos. Mas até quando vamos levar essa vida de formiga cortadeira"? "Até eu ser capaz, querido diário, de tecer um anzol com a ponta dos dedos". "Mas, Meu Amor, ouço isso todos os dias e não te vejo fazendo nada de concreto para que o tal anzol apareça sobre minha escrivaninha, de preferência". "Meu amigo, talvez, por não seres capazes de captar meus pensamentos". "Há! Há! Há! E tu és capaz"? "Claro, que não, Dicla, tenho plena consciência das minhas limitações..." "Pois é, caro colega, o Tempo não vai te esperar e eu desconfio (falo isso, porque és meu considerado) que ele te combrará muito caro por seus sucessivos ATRASOS". Droga! Nem dormir em paz eu posso.
8 de set. de 2004
Ninguém no MSN, tampouco no ICQ. Celulares fora do ar. Secretárias mudas. Preciso conversar com alguém. Sozinho seria uma opção, mas nem escrever quero mais. A Dr. me dissera: "porque não foi ao pronto socorro, sempre tem um psiquiatra de plantão". Se eu for ao Hospital eu tenho certeza absoluta que ficarei internado. Resta-me assinar o 151 para ver se ainda o topor me diz sim.
6 de set. de 2004
Quando vieres nos visitar, prezadíssimo leitor, amada leitora, pode ser que eu esteja saudando um oficial que julgo anônimo. Todo 7 de Setembro tem sido assim. Eu aceno, ele finge me ignorar, para depois agradecer minha presença respeitosa. Se Deus me conceder o prazer de encontrá-lo em casa, vou lhe dizer: minha pátria é onde podemos gozar com liberdade. Dificilmente, ele desatará os nós do lençol de alecrim. Paciência. Não posso deixar passar essa oportunidade de magoá-lo. Não que eu seja vingativo, de jeito nenhum, mas, em memória dos que vieram antes de mim, devo agir assim.
3 de set. de 2004
2 de set. de 2004
O franco anjo atirador passa por entre meus lábios sem tempo de eu entender o significado da piscadela de nada. Grito-lhe. Inútil esforço. Longe vejo a carroceria da caminhonete que lhe serve para esconder nossos segredos. Da porta de casa até o estacionamento do parque vou catando moléculas de monóxido de carbono pela trilha deixada por ele. No parque, meu seco coração táxi bate na relva minutos seguido, a poeira me sufoca. Procuro uma boca qualquer para me aliviar. Nossa! Rosados lábios carnudos sequiosos pela minha saliva; beijo-lhes sem notar que de longe o anjo me observa, reprovando meu exibicionismo.
O Anjo passando apressado por entre meus lábios. "Você está usando óculos"? A piscadela significativa antes de sair de mim. O sinal se abre, grito-lhe. Esforço inútil. Longe se vai, na roda da caminhonete, deixando pelo caminho fósseis trazidos do Museu Nacional. Da porta de casa até o parque fui cantando moléculas de monóxido de carbono. Meu coração seco para bater relva, seco para sentir a miligrama do néctar dos Deuses. Oh, que lábios! Que rosada boca carnuda! Perfeita se tivesse sido a do Anjo que nos observava de longe, reprovando a avidez com que me entregava à turquesa gramínea esturricada de seca pelo sol de setembro.
1 de set. de 2004
"(...) jornalismo, atividade industrial cada vez mais orientada pelos interesses de mercado, ao lado das eternas pressões e contrapressões do jogo político. Mas, por outro lado, não é uma "indústria" qualquer, por se ancorar em princípios ético-políticos que remontam à proclamação originária dos direitos universais da cidadania. " (grifo nosso)
SODRÉ, Muniz. Bom conselho, novo jornalismo.
T., espero que assim eu tenha lhe ajudado.
Beijos.
31 de ago. de 2004
De onde mesmo surrupiei essa foto? Escapa-me o pensamento para qualquer resposta. Nenhuma das alternativas anteriores. Todas as anteriores. Pare! Aqui é no canetão: escreve, escreve, escreve, escreve. Quem sabe surge do lixo que você (eu) não separa mais, ocorra uma idéia-frase reciclável. Que THC era aquela? (Ha! Ha! Ha! Ha!) Schut? Era isso. Minha memória não ajuda, porque ela (eu) quer mesmo ligar para o Fulaninho: "Amor, qual era o nome daquela droga"? Correria o risco dele (o oficial carioca) me voltar a pergunta. Responderia, sem titubear, para mostrá-lo que continuava sob seu efeito: respiro pólen de ciclâmen para sentir seu sêmen de poeta gola sobre mim. Pronto! Minha homenagem a Charles Baudelaire (só o conheço de estampa). As flores no vaso (rosas rosa, goivos azuis, girassóis de miolo amarelo) compradas para lixar o poema dele são do bem; a rinite alérgica é que é do mal, mal adquirido. Para saber mais clique aqui.
Acabo de ler no Blog do Neto Cury que ele depende da boa vontade da D. Sorte para conseguir convites para Gmail, webmail gratuito do Google. Não quero parecer metido, exibido e tal, mas eu tenho seis convites para o Gmail (Isso mesmo!) e não sei o que fazer com eles. (Aaaaaaagh!) Alguém quer um convite para o Gmail? Quem quer uma convite para o Gmail? Calma, galera! Calma! Não precisa arrebentar os portões. São apenas seis convites, não tenho mais. Caaaaaaaaaaaaalma. Vamos fazer o seguinte: um concurso. Sobre o quê? Não sei; ainda. Alguém teria alguma sugestão? Vou pensar, amanhã, às 7h, estaremos de volta. E podem me acusar de marqueteiro. Conhecimento é para se aplicar, fazer circular, senão fica estagnado. (E eu que maldizia o pessoal da Publicidade: "retórica ferramenta impossível de ser ignorada".
30 de ago. de 2004
Acabo de ler no Yahoo! Notícias que o Grupo Pão de Açucar vai premiar o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima (n. 1969) com o prêmio de duzentos mil reais reservado caso ele trouxesse a medalha de ouro para o Brasil. Pode-se, assim, dizer que esse bronze vale ouro. O patrocinador brasileiro assumiu seu lado alquimista: transformou bronze em ouro. Compensou o bronze? Me pergunto se o que motiva o desportista são os prêmios. Ou quais os valores que estariam implícitos na busca de uma premiação? Eu particulamente nunca me imaginei "ganhando" um B.O.N (se é que aquilo pode ser chamado de prêmio.) Não vivo (escrevo) por recompensas. Vivo por gratidão. Escrevo por desejo em aprender a escrever. Cíclico. E haverá sempre algo por aprender, mesmo sendo muito complicado respirar esse ar de sangrar o nariz. Sem lamentos, como nos ensinou o maratonista. Sem choro, como nos ensinou a ginasta. Sem prêmios, porque a motivação componente do oxigênio das minhas artérias vale por si só; motivação que especula:
E se o maratonista fosse estadunidense?
E se tivesse ocorrido uma fatalidade?
E se fosse no cu de um jornalista?
(Há meses deixei de trabalhar com fatos para me dedicar a ficção, porque o risco é o que me interessa. O risco do croqui, o risco na folha pautada, o risco de viver.
26 de ago. de 2004
Administrar egos ciumentos. Avós, madrinha, tias, primas, sobrinhas, amigas, vizinhas, empregada. Os homens da sacada se divertiam com meu aperto. Imagine, vocês, queridos leitores, o que tive de fazer com o primeiro pedaço do bolo de chocolate. Eu poderia ter dito: "esse primeiro pedaço será em homenagem àquela que sentiu as dores para que eu pudesse estar aqui hoje recebendo vocês". Mas estavam todos e todas tomadas por vinho tinto seco! Poderia despertar nelas e em mim ausência do amparador suporte materno geral. Misteriosamente...
25 de ago. de 2004
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