5 de mai. de 2004

Novamente, hesitei. Minha mãe e sua amiga glorificam o filho da vizinha aprovado no concurso do STF. Deveria ter servido lesmicida no vinho delas, ao invéns de ter me inforcado com uma rama de hera babatais. Matrícidio é o que esperam de mim. A visita ao solo dinamarquês me deixa assim: confuso, atordoado, perplexo. De terno, lembro o cidadão que abriu minha testa com seu cheiro de cardamomo. Tonto, beijei o pé do meio-fio. Acho que gostei da visão passageira, pois até agora, sinto seu cheiro de violeta (ou seria noz moscada?) entranhado no meu intestino grosso. Todas as dúvidas e só a certeza de que estou desabotoando minhas algemas. Os fiordes me chamam. É o taxista. Se o adido cultural me negar asilo, estarei de volta daqui cinco dias -- na segunda-feira de lua verde -- com o orgulho esmagado, com os olhos marrons, verde de ressaca, amarrotado de tão descabelado, fechando os olhos ao ver uma parede. Entretanto, entusiamado por ter conseguido essa outra entrevista. Nada disso minha mãe vai saber. Ninguém vai se promever as minhas custas. Não se preocupe, Dicla. Levarei-te comigo, escondido no bolso do paletó, o que acontecer de relevante, prometo publicar.

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