24 de mai. de 2004

Parecem finos esporos de samambaia chorona a planar sobre a água da piscina. É o nosso herói, com o estômago recheado de coração de galinha. Domingo de céu nublado. O Sol está em Beijing. Hidromassagem sem graça, pensou meu Marcinho. Como reclama! Como desdenha! Nada borboleta para se exibir. Quer dar uns pega com amiga da irmã. Lábios carmim, o confunde. Só uns beijos profundos, melados, demorados. Porque, o que ele quer, e já obteve, está diante da churrasqueira, com uma lata de cerveja na mão e com a outra, girando o espeto de picanha.

-- Tira um pedaço para mim, maninho -- disse Marcinho ao cunhado, entregando-lhe a faca. Ainda não entendi porque sempre ele aperta minha mão quando lhe entrego algo.
-- Que cara é essa, maninho? --perguntou-lhe o cunhado dando um cutucão.
--Pirou? --respondeu, Marcinho. Estou muito bem. Com tanta mulher de biquini, você acha que tenho direito de ficar triste?
--Olha lá, maninho, que te entrego para o Naz. -- advertiu-o. Meu diarista abraçou o cunhado pelo ombro e sussurrando lhe colocou a par dos acontecimentos.
--Sua irmã já está sabendo disso?
--Já. Ficou indignada. Prometeu me apresentar alguém interessante.
--Poxa, maninho, sei de meia dúzia de meninas que dormiriam comigo em troca do seu telefone.
-- Deixa de exagero, maninho! Se fosse assim. Eu já havia agarrado a Lis. Douglas desatou a rir para logo em seguida dizer: --Desculpa, maninho, mas eu acho que você não dá conta dela, não. Morenona de engavetar o trânsito. Imagine você perdido na selva da morena. Ia pedir resgate. -- riu alto, chamando atenção das visitas.

-- Queria estar em Manaus... confidenciou-lhe, meu diarista, levantando o queixo para a lágrima não cair.
-- Relaxa, maninho. Leva esse prato de lingüinça para as meninas, pediu-lhe, entregando o prato fundo de bordas douradas para o Marcinho. Titubeando, ele pegou o prato, olhou para a farofa de uva passas com pêssegos. Se eu soubesse que era para isso não teria picado. Sem que ele se desse conta, sua irmã lhe abraçou pelas costas e lhe perguntou o que tanto cochichavam.

-- O de sempre. -- segredou-lhe -- O de sempre. -- Vou à boate, hoje à noite.
--Mas não vai mesmo! -- gritaram em coro os cúmplices.
--Vem. --puxou-lhe a irmã pelo braço. -- vou te apresentar à Aline.
-- Maninha, deixa para lá. Ela não tem o que eu quero.
-- Hiiii, maninho, sua criatividade também foi solicitada à Manaus?

Caminharam os dois em direção à borda da piscina de braços dados segurando com cuidado, a Marcelle, o prato de farofa (eca!) e o meu adorável idiota, o de lingüiça, cujo o prato pingava gordura. A mãe ia brigar quando visse as pedras-de-pirinópolis manchadas de gordura de frango. Mas isso não lhos preocupavam. De jeito nenhum.

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