26 de fev. de 2006
Procuradora e ministro são alvo de grampo ilegal
25 de fev. de 2006
Quem são os marqueteiros políticos
-Querida, estamos rezando por vocês. Vamos atravessar essa tormenta sãos e salvos.
Agora, adiante a indefinição:
-Querida, estamos torcendo por vocês. E ainda vamos levar no primeiro turmo.
-Ah, Marcito. Que os anjos digam amém.
-Amém!
23 de fev. de 2006
Na última estante do corredor à esquerda
-Marcinho!
-Oi! Madrinha!
-Filhinho, você quer aproveitar o carnaval para ler o livro?
-Adoraria.
- Vou mandar o Biel pegá-lo para você e depois vai buscá-lo lá em casa.
-Claro, perfeito!
-Soletra aqui para o Celinho, o nome do livro.
-Espera aí, Madrinha, eu tenho o endereço dele na instante.
-Não acredito. Ele é o cão, Celinho! Já vai ter dar o endereço o livro. Fale aqui com ele.
-Fica mais fácil com o endereço, né, Dona Fatinha.
Enquando lhe escrevo, rezo para que ele não se confunda. É o volume 2. Vol 2. Não fui enfático suficiente. Mas se ele pegar o volume 1, vai ser divertido também. A propósito, não pega bem dizer que estou lendo JJ. Ou as pessoas acham que sou um gênio, ou me acham metido; como havia comentado João Silvério Trevisan, ao participar do chat da sua oficina literária. (Se não suporto o sarcasmo, não nasci para escrever.) Nenhuma das alternativas acima. É dever-de-casa que faço com surpreendente prazer. Qualquer dia, publico minha opinião sobre Finnegans Wake (como se isso fosse importante). Ai, então, poderei voltar ao boxe.
Aguardando o chamado
Os Lábios-Carnudos pronunciaram meu nome ao sentir meus olhos procurando os seus. Meninas-dos-olhos âmbar. Dante sonhava com Beatriz, eu sonho com você. todas as noites é contigo que me deito. Não há como me sentir só no minúsculo quatro frio das nossas esperanças. São seus braços que me apertam quando imagino ouvir o rangido da porta, minutos após. A janela aberta alimenta minhas fantasias. Você ameaçou me visitar. Que venha, então, com a sirene ligada anunciando urbi et orbi o seu amor tolhido, encolhido, colido por mim. Fico feliz pela sua linda família. Pelo caminho que escolheu. E se não é feliz, conforme me confessou por e-mail, talvez seja pelo orgulho que me obriga a negar-te. Não sei dividir seus beijos com mais ninguém. Queria aprender. Sei que você está aguardando o meu chamado, um bizu (de acordo com seu jargão). Recomendo que leia um livro, enquanto espera, assim você não perde seu tempo pensando na gente.
Efeito Katilce
Luciana Gimenez entrevista Mick Jagger
22 de fev. de 2006
"Me sinto frustrado por não ter diploma"
(I Can't Get No) Satisfaction
Enquanto voltava da sessão, me perguntava se haveria um artista brasileiro capaz de reunir mais de um milhão de pessoas, aqui ou em qualquer lugar do mundo, num estreito calçadão, onde pés eram carinhosamente pisoteados. Não há. Principalmente, quando o único (?) motivo era cantar(?) com seu ídolo.
A propósito, quantos milhões de cópias eles já venderam no Brasil? Devem ter sido muitos, visto a quantidade de pessoas que se diziam fãs. Talvez, leitora, leitor, vocês estejam sentindo um ressentimento recender. Ele queria ter estado lá. Só se fosse para ser um homem-bomba. BUM! O Mr. Jagger não perderia o rebolado.
Irrito-me com esses estrangeiros que abusam do status e do poder econômico para nos seduzir e nos obrigam a realiar suas fantasias mais depravadas. Eu me recuso. A Literatura não me permite ser moralista, mas apoiado na crônica na qual nossa Clarice Lispector critica o programa do Chacrinha, declaro que preferiria o exílio, a ter que me sujeitar ao que pensam ter poder.
Lula tenta cortejar o voto evangélico
21 de fev. de 2006
Sonhar com lírios
20 de fev. de 2006
18 de fev. de 2006
17 de fev. de 2006
Puliças da Core realizam um churras pré-carnavalesco, um dia após carnificina na Rocinha.
Uma Leitura de Tristão e Isolda à Luz da Crítica Feminina
16 de fev. de 2006
Edmund Husserl
Aristóteles
15 de fev. de 2006
"Viagem de astronauta brasileiro é marketing, diz militar"
Pesquisa consolida recuperação de Lula
-- Tu votarias em mim?
-- Depende, você vai se lançar por qual partido? Eu voto no partido.
-- PFL
-- De jeito nenhum! A proposito, tenho um amigo da liderança jovem do PSDB, com pretensões ao executivo nacional, extremamente conservador. Nunca mais quis sair com ele. Hipocrisia me irrita.
-- Estranho. Era para ele ser liberal.
-- Progressista. O que mais existe é entendido com visão política retrógrada.
Ele virou-se de costas e terminou de tirar a espuma do corpo, sem me responder se nos encontraríamos hoje.
14 de fev. de 2006
Abençoai-nos, São Valentino
Você se ausenta muito de Brasília? Não. Enfaticamente respondeu. Trabalho no Gabinete do Comando. Conheço gente lá. Quem? Isso é irrelevante. Para você! Quem você conhece lá? Tive que explicar que de fato não conhecia ninguém, apenas prestávamos serviços. Beijos sufocantes me obrigaram explicar como era a prestação de serviços, as compras, as vendas, a emissão de notas fiscais. (Como se ele já não soubesse. Queria apenas me forçar a falar.)
Você me saíra um perfeito espião. Trabalho na Inteligência. E você confia uma informação dessa a quem acabou de conhecer? Há meses estava na sua rota. A colisão seria a qualquer momento. Isso me cheira à Bárbara? Diríamos que ela seria nossa madrinha. Barbárie. Vou matá-la. Ela te disse que sou comprometido? An-ham. (Cínico!) Vou me aproveitar barbaridade do bárbaro vigor que ostentas e nunca mais vamos nos ver, pelo menos nus -- suados e agarrados, refletidos no espelho do teto.
Fiz força para sair de debaixo do cavalo e mostrei-lhe quão gentil cavaleiro, eu estava disposto a ser. Estou acostumado a maiores, disse-lhe. O riso de deboche ecoou por todo quarto. A expressão de dor me traiu. Só agora me dou conta que meus parentes e amigos podem vir a ler isso. Imprimir e ler. Estupefatos. Decepcionados. Irritados. Atônitos. Estarrecidos. Não posso fazer nada. Sorry! Minha leitora me paga para eu ser imaculamente pornográfico. Onde eu estava mesmo?
O cu pedia água; a garganta, arrego. Implorei que jorrasse o que tivesse ainda para jorrar. Terminasse com a sessão de espasmos. Não tenho pressa. Não sei se vou ter esse prazer de novo. (Canalha!) Procurei seus lábios. Infligir um terço da dor que eu sentia, ao mordicá-los. Quer namorar comigo? O mito irlandês estava diante de mim. Fruto da ironia, do improvável. A dúvida. Hesitei diante a mudança. Preciso pensar. Saber como vou fazer para devolver as chaves sem despertar a erupção do Vesúvio. Acalmar a fúria diante a provável separação. Estou me sentindo mal, por ter (estar traindo) aquele que me alimenta os sonhos. Mas essa solidão somada a essa ausência... Ele veio em boa hora. Posso voltar à minha leitura. Agora vou conseguir me concentrar.
Um pouco de cultura e munido de boa vontade, assim estou enfrentando Finnegans Wake (Ai, ai, só quer ser o culto), doravante FW. Deseja-me sorte. Nessa salada de frutas, sirvo morangos amassados; caso contrário, o torto fumegante sobe na cama para dizer bom-dia-meu-amor.
Há cinco dias o romance-poema estava me esperando sobre o criado-mudo. Entrei no apartamento, como se estivesse indo salvar, das chamas do incêndio, um idoso. O molho de chaves zombava de mim. Perdi uma sexta-feira, um sábado e um domigo de leitura. (Por que será que ele insiste?) Gritei, ao saber por telefone que eu deveria (logo) buscá-lo. Pensei que ele também estava lá. Tranqüilamente, me despedi dos meus pares e decolei em direção da Lua. Disfarcei minha euforia. Não queria mostrar-lhes minha frágil felicidade. Aqui é proibido sorrir, já que ser feliz tornou-se impossível (Por quê? Explica-nos se for capaz).
Quando se fala ou recomenda muito algum romance, filme, exposição, o que se seja; das duas uma: ou você se decepciona, ou derrete-se de gozo. (Haveria a opção da indiferença, esqueceu-se?) Não me decepcionei, contudo (cuidado com essas vírgulas), a leitura gaguejada está longe de me lembrar o foda de ontem à noite: a leitada escorrendo pela minha bunda, o cacete batendo no meu rosto, com a glande sendo esfregada nos meus lábios; o indicador grosso me rasgando o cu. O dedo médio, depois o anular. Prazeres distintos, baunilha. Nenhum possui a pretensão de substituir o outro. Até porque, parece que o dia de ontem não anoiteceu. Nem a agenda sobre a cama prova que encontrei alguém que só diz me querer. Só se for nu, de cabeça pra baixo com as pernas a procura de apoio. Não achei graça. De novo, não faço. Meu nariz escorrendo sangue, um pedido safado de desculpas. Mesmo assim, ele consegue ser mais carinhoso que os outros.
13 de fev. de 2006
No convite estava escrito: 20h. Cheguei às 17h para ajudar no que fosse preciso. Posto a mesa, fui ao supermercado comprar uns kalanchoes para enfeitar os banheiros. Branco, amarelo, laranja e vermelho. Acabei por comprar, também, duas echeveria laui para as mesas de centro e um pachypodium lamerei de um metro e meio de altura (eis auma das vantagens em se morar perto de um hipermercado). O canto da sala respirou aliviado. A anfitriã se atrapalhara com o assado. Na garrafa de Chandon restava uns quatro dedos, se muito. Você não vai beber nada. Esqueceu-se que não bebo. Sugeri ao garçon que utilizasse uma bandeja menor. Passa uma sensação de informalidade. Os convidados chegaram prontualmente, visto o fato de todos terem que se levantar cedo no outro dia. O rapaz que entrou por último, atrás da moça de vestido esvoaçante de flores azuis, chamou minha atenção Chamaria de qualquer um. Fotogênico, ombros largos, rosto quadrado, uma garrafa de vinho na mão, Luigi Bosca. Respire fundo, Marcinho. Não olhe mais na direção dele. Minha amiga me procurava com os olhos, movendo discretamente a cabeça. Chamou-me com um balançar de mão. Refugiei-me no banheiro. Quando abri a porta, fui surpreendido por ela segurando o rapaz pelo braço. Marcinho, esse é o Mucuri. Prazer. Estendi-lhe a mão. Sorri contrangido. Prazer é todo meu. Você, lavou essa mão? Cala boca, Bárbara. Ela não perdia a piada.
Ele tinha um dôssie sobre mim, conforme me confessou na varanda, antes de brindarmos aos noivos: o que estava lendo no momento, cineastas preferidos, a razão das minhas cólicas, meus planos para 2006. Vou degolar a Bárbara. E mudo de tão calado, sem conseguir organizar o raciocíno, fitava-lhe o cinza que lhe coloria os olhos, podia ver o vazio que se tornara minha mente. O garçon passou por nós e nos ofereceu da bandeja. Ele se esqueceu do forro. Antes que eu recusasse a gentileza, o Mucuri pegou uma taça e me entregou. Seria grosseria recusar? Provei do vinho antes de brindar a nossa saúde. Esse seria o primeiro vexame da noite. O segundo foi lhe dizer que gostaria de vê-lo novamente. Quer ir ao cinema, amanhã? Você gosta de acampar? -- me perguntou. Vamos para varanda. O som alto não nos permitia mais conversar. Se permiti que me abraçasse, foi descuido. Se perguntei o que seria aquele volume debaixo da jaqueta foi pura inocência alimentado por um hálito de gengibre. Eu me assustei com sua resposta, ele ficou constrangido. Não deveria andar armado. Concordo. Vim direto de uma missão para cá. Ah... Tá! Ele mentiu tão bem, que senti vontade de acreditar.
11 de fev. de 2006
Oui. J'ai une blog. A maturidade adquirida me permite confirmar suas dúvidas. Sim. Eu tenho um blog. Não há mistério, apenas uma vontade arroxeada de forrar com flores de bougainville o caminho que deixarei para trás. Despedidas podem comprometer nosso contrato. Não ouse me chamar pelo meu primeiro nome.
10 de fev. de 2006
Agudás: O Brasil no Benin
9 de fev. de 2006
Cronologia da crise das caricaturas de Maomé
Apoiado na sátira, pode-se atacar os que estão no comando das instituições. O ataque deveria vir de quem está dentro do sistema e não de quem de fora tem uma imagem distorcida. Quem ver de fora ver melhor. Depende das intenções. Parafraseando Comte-Sponville, uma coisa é um judeu contando piada sobre judeus; outra coisa é um neonazista contando a mesma piada. O humor pode aliviar, ou pode nos humilhar. Serve para alimentar a esperança (A Vida é Bela) ou reforçar o preconceito. Admiro-me Copenhague passando por esse vexame. E eu que pensava que a Europa fosse educada. Queria só saber quem está por trás das publicações charges? Estou a correr atrás de hipóteses.
8 de fev. de 2006
7 de fev. de 2006
"A Estética da Desgraça" ou "Os Figos"
O que tenho a dizer sobre a XV Feira Internacional do Livro de Havana (XV FILH 2006)
Olha só como resgato uma informação, diário: Qual é mesmo o nome daquele escritor cubano renegado pelo regime?Filmaram suas... confissões? O protagonista do filme foi indicado ao Oscar de melhor ator... ele era espanhol... Huevos de Oro. Bigas Luna... O telefone tocou. Realizei uma venda. Não me pergunte para entregar onde, pois já me esqueci. Quando voltei ao editor de texto, já tinha um nome: janvier. Pesquisa no Google. Nome de semana?! (Segunda-feira em francês, Márcio! Paris ainda povoa teu inconsciente? Safado! Que decepção!) Nenhuma referência à cinema. Respiro fundo. O movimento dos meus olhos demostram que estou tentando me lembrar de alguma coisa. Ah! Ele foi o protagonista de Carne Trêmula. No quinto link, seu nome: Javier Barden (rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm, rabiêre báredêm). Volto ao Google. Nova pesquisa: Javier Barden. Pesquisa avançada. Espanhol. Teria ganhado tempo, se tivesse pesquisado logo quando me veio "Huevos de Oro". Pára de se lamentar, que te sirva de experiência para acreditar na tua intuição. Ele clicou no primeiro link, sem se importar com o que se abriria. Droga! Volto à página anterior. Quarto link. Comercial demais. Achei! "Antes que Anochezca (Before night falls, 2000)". Página demorando a carregar. Reinaldo Arenas. Google. R e i n a l d o A r e n a s. Eita! REYnaldo Arenas.
Percebi um certo estigma, por trás das "reportagens" e "resenhas". Porque ressaltar SOMENTE o sofrimento e as dificuldades? Até parece que só as minorias são perseguidas. Senti também certo folclore sobre a prática sexual. Se as mamães não encontram escondido nos pertences dos seus filhinhos objetos simulacros de vagina, assim como os agentes de polícia dizem encontrar na casa de homossexuais executados vibradores e chicotes, ora é porque seus filhinhos, mamães, não encontram algo que pudesse substituir uma boceta. Até porque, conformamo-nos resignados com a mão macia, a bananeira fria, a cabra fedida. Aliás, leitora, permita-me esta digressão: quando minha psicóloga criticou a avidez com que as minorias sexuais (ficou bem melhor!) copulam, não consegui replicar-lhe. Apenas um sentimento me dizia: ela não tem razão. Eu sentia dentro de mim seu ranço estereotipado, fustigando minha auto-estima. Hoje, tenho gana de bater na porta do consultório dela. Doutora, a senhora já testemunhou o desembarque, na Base Aérea de Brasília, ou em qualquer outra Base, de algum pelotão do Exército oriundo de missões internacionais? Não?! Nossa! Estou surpreso, tratando-se de uma consultora da ONU. Os casais se cumprimentam de um jeito tão familiar. Gritam, pulam, se jogam para cima, se abraçam (e não se soltam), se beijam de deixar a língua aparecer. Indiscrição total. Se fosse permitido arrancariam a roupa por ali mesmo. Perdem para a recepção feita pelo labrador quando o dono vai buscá-lo no hotel (nem sei se hotéis para cães podem ser chamados de hotéis), após as férias no litoral norte daquela ilha no Pacífico. Na hora do coito. Jesus! A ponto de nos esquecer que somos feito de carne. O desejo é tão intenso que anestesia tudo. Não há dor no prazer. Se as minorias comportam-se com voracidade, especulo eu, permita-me, Doutora, seria vontade sinceramente contida. Vontade de estar lá, participando da Feira, na condição de observador, apesar da arbitrariedade (peixe duro, este, danado de rasgar). Eu sou feliz, o que não que dizer que esteja satisfeito. Quanto mais me repreendem, veladamente, mais forte me sinto.
P.S.: Reconheço a irrelevância da minha opinião. Cumpro apenas meu dever.
6 de fev. de 2006
4 de fev. de 2006
Entre o lençol e o travesseiro
O mármore branco, liso, puro e limpo. Minhas mãos de alpinista agarrando-se ao frio das lágrimas em propensão. Corre, rápido. Salta, alto. Bloqueado. Estrada interditada. Não pára. Ultrapassa os carros pela direita. O sonho acaba aqui. Queria contar-lhe tudo, mas o espaço acabou. F!-se Como eu ia dizendo, o monumento de mármore era ínfimo diante minhas viagens carne-siderais. Onde você vai passar o carnaval? Na p! que te p! As moças fitam-me gulosas os cacos que se desprendem de mim. Vem no colo da mamãe. Do colo do útero à laringe gripada. Atchim! Espirros intermináveis. Cheiro úmido de própolis. P! Eu sou g! Berlim deserta testemunhava a profunda expedição à Rua das Flores, estreita, longa, polens de rosas suspensos no ar. Respiro a essência fálica sem provar do néctar adocicado, nos cachaceiros; salgado, nos maconheiros; insípido, nos anjos que ruflam suas asas sobre a cidade. Com se diz obrigado? Não precisa, basta sorrir. Perdi-me nas frestas do museu. As pessoas, preocupadas, procuravam pelo artilheiro. Quero um Goethe. Brilhar em Frankfurt. Desejos válidos na megalomania dos humildes. Leio a Cabala, deixada sobre a sobrea mesa. Meu fundamento torna-se válido. Permito que o rio circunscreva por dentro das minhas entranhas, gozo. Relaciomentos fechados. Você sabe fazer feijoada? E preparar caipirinha. Só não sei amar. O que a rua não me ensinou, o que na escola não aprendi. Berlim, Berlim. Ao subir a escadaria da universidade, na fachada de entrada, li: Seja bem-vindo à Berlin.
Mulheres nos campos de futebol
3 de fev. de 2006
Deu branca
O relógio da parede marcava 4h12. Estava ajudando não sei quem a carregar uns pacotes. Vamos parar aqui, preciso ir ao banheiro. Vamos naquele outro bar. -- disse-me--, apontando o outro lado da rua. Vamos! Levantei-me abruptamente da cama, joguei o coberto de lado e encurvado me dirigi ao banheiro. No escuro. Doía demais. A contração não cedia. Vontade de me deitar no chão. O que jantei, ontem à noite? Refrigerante, um pequeno pedaço de mussarela. Você não se alimenta corretamente. -- acusaria-me o gastroenterologista. Os intervalos entre as refeições são muito espaçados. -- comentaria a nutricionista. Você recusa comida? -- inquiria a psicóloga. Inútil, ouvir suas vozes. A louça gelada do sanitário. Preciso de uma toalha. A água morna (quente mais do que de costume) desviava minha atenção. Agachei-me, encolido feito um feto. Contrito, puxei uma Salve Rainha. Várias. Sempre em momentos extremos clamo por Ela. Já havia rogado por muitos nomes da Mãe, quando um filete de sangue coloriu de vermelho o fundo da banheira. Calma. (Há! Há! Há! Ele está com parvovirose.) Com o dedo no orifício, procura estancar o sangue. Amanhã (no caso, hoje), eu vou ao médico, nem que tenha que passar oito horas na fila do Pronto-Socorro. Poderíamos classificar sua prosa como literatura gay? -- perguntou o entrevistador. Sinceramente, -- respondi --, estou mais preocupado em saber, se o que eu escrevo pode ser considerado literatura. Assim fui me desvencilhando do entrevistador, diante uma platéia ávida por um autógrafo. Todos a portar o meu mais recente romance. A capa grossa, o encadernamento de luxo. Os murros na porta. O relógio da parede marcava 6h50.
2 de fev. de 2006
Amores-perfeitos provocam dor de cabeça
Colecionava notas falsas de 20 reais. Provas de amor. Posso ser presa por falsificar sentimentos. Rodas perfumadas. Toma tudo, amor, para você se recuperar logo. Dormiu. Posso ir embora. Ahn?! Preciso dormir, sonhar que essa noite existiu. Quanto mais me escamoteiam, com mais intensidade retalho minha carne. Pisoteio descalça cacos de vidro. Sobras do pára-brisa. Sou uma puta, dessas que preocupam quando seu rufião passa o final de semana sem dar notícias. Pega-se virose quando se sobe o morro? Atchim! Excesso de trabalho. Ele está em missão, me dizia a escrivã. Descansa por mais uma semana, querido. Podemos ir à ponte JK, fotografar o nascente. É lindo. Você a espreguiçar, quando entro no quarto. Meu nascer-do-sol às duas horas da manhã. Para que buscar lá fora, o que eu tenho aqui dentro? Chove intensamente, fraco se comparado a tempestade que desorganiza meu raciocínio, ao preparar suas malas. O que você me perguntou, mesmo? Olhos verdes acinzentados tosse. Cobre a boca com a mão, boceja, brinca de alisar a cabeça raspada. Deixa o cabelo crescer, paixão. De jeito nenhum. Cansei. Olho pelo janela do ônibus. Os carros nos ultrapassando em alto velocidade. Apostando pega? Você não existe mais. Me esquece, falou! Sim, senhor. Me esforço para esquecer a xícara de chá quente entornando em cima do cobertor. Ah, os cactos. Secaram. Amarro a boca do saco de lixo, com a impressão de ter jogado algo mais junto com os vasos. Aos poucos me desfaço DO QUE VOCÊ CHAMOU DE LAR. Cavouco com graveto a terra estorricada do canteiro da varanda do que era nosso quarto, quatro paredes azuis claras a sufocar nossas pretensões. Deveria deixar isso para profissionais. Talvez, se molhasse... Confiro a data de validade do saquinho de sementes. Corre-se o risco delas morrerem antes de germinar. Abro os sulcos, semeio as sementes, sem ânimo para cubri-las. Olho para elas e me pergunto: para quem?
1 de fev. de 2006
Depois do mergulho
Senhor Alberto, a moça que caser-se com esse menino vai ser muito feliz. Basta, dizer que quero me casar para chover pretendentes. Oxalá, em Barcelona, seja igual. Como diria o faixa marrom de jiu-jitsu: ff de qualidade. ?????. Foda fixa, mané. Pow! Um dos motivos que deixei de freqüentar sua casa. Pá! Aiêee. Que brincadeira mais sem graça. Boxer só aceita carinho, quando o dono está por perto. Caso contrário: nhac! E meus ossos espalhados pela garagem. Você é veado, mas é gente boa. Nunca consegui sentir mais do que afeto de amigos de colégio pelo Eduardo; por mais que massageasse seus ombros, coluna, lombar, coxa e panturrilha. Os pé, me recusava. O rosto, desejava. Ele é enrustido, mas é gente boa. Me dá pigarro, quando estou chupando a Giulia. Parace que engoli um pentelho. Você tem cabelos no céu da boca. Gargalhadas ressoaram pelo jardim. As ráfis tremeram assustadas. Um décimo do timbre grave, me faria milionário. Corajoso é você. Meus amigos têm uma imagem distorcida de mim. Inteligente, bonito, corajoso. Não sou nada disso. Por mais que eles tentem reanimar meu coração, fracasso todos os dias quando me deito. Sou vencido, todas as manhãs quando acordo. Ao ser perguntado, se havia tomado anabolizantes esteróides, Eduardo me detalhou todo processo, com orgulho de quem venceu um toreiro na arena. Não era sobre isso, que queria conversar. Lápis e papel esquecidos na mochila. Gravador envelhecendo no criado-mudo. Que escritor queria ser eu, se não portava lápis e papel. Nomes de remédios desconhecidos para serem lembrados. Pesquisa no Google. No Orkut. Sondo minha memória, imprecisão. Vou preparar um dose para você. Depois, é só levantar uns pesos. Vou te acompanhar de perto. Montar sua série. Você está muito magro. Olha só essas saboneteiras. Na micareta, vamos pegar todas. Meu olhar denotava desconfiança. Ele falava sério. E aquele rapaz que morreu? Não soube fazer o negócio. Tomaria, apenas com acompanhamento médico, -- disse-lhe, ao calçar o tênis. E o que eu sou?-- perguntou-me, fitando-me com raiva. Se der complicação, rasgo meu diploma. Vou fazer um ciclo para você... E antes que ele concluísse a fala, disse-lhe que meu problema não era aquele. As pessoas teriam que me aceitar exatamente do jeito que eu sou. Com tudo de ruim e de bom que eu trago. É, mas nem você mesmo se aceita. Ele estava aprendendo comigo a ser cruel. Para não sair nocauteado: A maior prova de resignação foi ter recusado enganar os olhos azuis da moça do Xsara branco. Ele riu, jogando a cabeça para trás. Como se fosse possível esconder um desejo que provoca cobiça nas mulheres. Sonhei com ela, madrugada de hoje, servindo-me leite condensado com os dedos. A Cínthia vai se remoer de ciúme. O Naz vai pedir para conhecê-la. E o Eduardo, achou que eu estava desconversando.