14 de fev. de 2006

Abençoai-nos, São Valentino

Você se ausenta muito de Brasília? Não. Enfaticamente respondeu. Trabalho no Gabinete do Comando. Conheço gente lá. Quem? Isso é irrelevante. Para você! Quem você conhece lá? Tive que explicar que de fato não conhecia ninguém, apenas prestávamos serviços. Beijos sufocantes me obrigaram explicar como era a prestação de serviços, as compras, as vendas, a emissão de notas fiscais. (Como se ele já não soubesse. Queria apenas me forçar a falar.)

Você me saíra um perfeito espião. Trabalho na Inteligência. E você confia uma informação dessa a quem acabou de conhecer? Há meses estava na sua rota. A colisão seria a qualquer momento. Isso me cheira à Bárbara? Diríamos que ela seria nossa madrinha. Barbárie. Vou matá-la. Ela te disse que sou comprometido? An-ham. (Cínico!) Vou me aproveitar barbaridade do bárbaro vigor que ostentas e nunca mais vamos nos ver, pelo menos nus -- suados e agarrados, refletidos no espelho do teto.

Fiz força para sair de debaixo do cavalo e mostrei-lhe quão gentil cavaleiro, eu estava disposto a ser. Estou acostumado a maiores, disse-lhe. O riso de deboche ecoou por todo quarto. A expressão de dor me traiu. Só agora me dou conta que meus parentes e amigos podem vir a ler isso. Imprimir e ler. Estupefatos. Decepcionados. Irritados. Atônitos. Estarrecidos. Não posso fazer nada. Sorry! Minha leitora me paga para eu ser imaculamente pornográfico. Onde eu estava mesmo?

O cu pedia água; a garganta, arrego. Implorei que jorrasse o que tivesse ainda para jorrar. Terminasse com a sessão de espasmos. Não tenho pressa. Não sei se vou ter esse prazer de novo. (Canalha!) Procurei seus lábios. Infligir um terço da dor que eu sentia, ao mordicá-los. Quer namorar comigo? O mito irlandês estava diante de mim. Fruto da ironia, do improvável. A dúvida. Hesitei diante a mudança. Preciso pensar. Saber como vou fazer para devolver as chaves sem despertar a erupção do Vesúvio. Acalmar a fúria diante a provável separação. Estou me sentindo mal, por ter (estar traindo) aquele que me alimenta os sonhos. Mas essa solidão somada a essa ausência... Ele veio em boa hora. Posso voltar à minha leitura. Agora vou conseguir me concentrar.

Um comentário:

  1. Anônimo5:00 PM

    Pra que se preocupar tanto com o que os outros vão pensar?

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