16 de mar. de 2004

Acordei atrasado. O Naz nunca toma banho cedo. Que invasão de privacidade foi aquela? Ignorei o roçar de pernas. Eu tinha responsabilidades. Deixei-o falando para os azulejos. Divido os lençóis, não o chuveiro. Meu creme de barbear nas suas mãos, me dizia que a experiência da noite passada não deveria se repetir. Vamos desmontar o cenário. A encenação acabou. Volto para casa com a mentira de que estava acampado em Itiquira. Nem sei mais quais são minhas meias. Meu mundo está sendo sacudido por um tornado e não tenho nada em que me apoiar. Na pia restos de barba, saboneteira da pia cheia de espuma; detalhes que invalidam as confissões proferidas ontem à noite. Não! Eu não estou vendo a toalha molhada em cima da minha camisa branca. É uma alucinação que a droga da persistência insiste em me causar. O cheiro de café sendo coado ressoa pelo apartamento. Não vem aqui agora, é surpresa. Surpresa é o que eu tenho para te dizer, agora mesmo, diante croissants, papayas e ricotas. Ao vê-lo trazendo a bandeira em minha direção, engoli minha raiva. Achei por bem colocar minha máscara e voltar ao palco. Não foi hoje que tive coragem de fazer feijoada do porco que estou domesticando.

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