31 de mar. de 2004

Sinto vergonha das prateleiras amassadas do meu nem querer ser. Inicia-se assim o aspiralidade multidirecional. São só cores. Amarelo, vermelho e no extremo, forte, agressivo e punhal o azul que antes era celeste, ainda pouco era piscina e hoje me parece que vai ser anil. Dentre três segundos a Anilada surgirá poluindo minha pele com cortisona. Assistirás a conversão de lírios laranja em cravos carmim. Tudo flor, nunca fruta. Já desconfias de onde estou? Pois é. Lá está o menino do muco condenado a arrancar letras do formulário. Culpa da adega, do vinho, da culpa e da vulgaridade. Vais mudar de assunto? Se me permite vou sim. Que a concomitância me rasgue do umbigo a cova do queixo.

Aceito morar nos braços do comandante máquina dois, mesmo sabendo que ele representa as arbitrariedades forjadas na quadra de basquetebol; a mesma que servi de goleiro. Ralava-me sobre o sangue de outros alunos ativistas exasperados e nem sabia. Preciso ler mais a história. Preciso ouvir a história com que ele me seduz e me apavora e me indigna. Quarenta e duas horas de Caramdiru. Meu Caramdiru se chama Papuda. E as impressoras ligadas, os telefones tocando, os faxes chegando, o fluxo a nos atropelar, nem vejo, nem sinto. O gosto do vinho tinto ainda me queima a língua. Disse, ontem, que não ligaria, mas minhas mulheres me jogam em masmorras de couro. Vai lá, Marcinho. Vai ser nossa isca. Golf automático prata filmado. Sentei-me no estofado de couro, como se fosse de costume, tive a impressão que estava sendo filmado. Mantive-me cauteloso. O pertubado que chamo maldosamente de paranóico estava lá a me surrurrar palavras de seda. Continuo depois, está muito sujo aqui.

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